Conto Erótico - Romeu: Um conto de fadas quase perfeito - Capítulos 30 e 31
ROMEU:
UM CONTO DE FADAS QUASE PERFEITO
Autora: MARI SILLVA
CAPÍTULO 30
ROMEU
12/06/2013
A vida nunca me pareceu tão bela como naquele momento, eu tinha tudo que um homem poderia sonhar em ter para ser feliz. Muito bem-sucedido no trabalho, dono de uma marca de carros importados com filiais por todo o Brasil e fora do país também. No entanto, isso era o de menos, meu maior
tesouro era a minha amorosa esposa e o meu herdeiro que não demoraria muito para vir ao mundo. Faltava pouco menos de um mês para poder ter meu primogênito, Pedro Henrique Alcântara, nos braços. Fazia anos que eu e Vanessa estávamos tentando realizar o sonho de sermos pais, mas devido a um problema que tenho, o médico disse que seria muito difícil conseguirmos.
Mesmo sendo através de inseminação artificial, a chance era quase que escassa. Por isso, muito tempo depois, quando recebemos a notícia que estávamos grávidos, quase não acreditamos, passamos o resto do dia comemorando.
Sempre saímos para comemorar datas especiais, naquele dia, por exemplo,era dia dos namorados e eu convidei Vanessa para um jantar romântico.
Havia reservado um restaurante inteiro para nos servir os pratos
especialmente escolhidos por mim, mandei decorar com centenas de flores e contratei uma orquestra para tocar para nós durante o jantar, e o melhor chefe de cozinha do Rio de Janeiro. Trabalhei duro nos mínimos detalhes para que
tudo corresse perfeito, o meu grande amor merecia tudo do bom e melhor.
Sempre fiz o impossível para satisfazer todas as suas vontades, vivia para fazê-la feliz.
Contudo, minha esposa tinha passado a manhã toda indisposta e não queria sair de forma nenhuma, mas eu, teimoso, insisti tanto até convencê-la a ir. Fiquei sentado na cama observando-a acabar de se arrumar, Vanessa era
uma mulher linda e sedutora.Tinha certeza que quando visse absurpresa que preparei, daria pulos de felicidade e tiraria fotos de tudo para mostrar depois para as amigas do grupo de socialites que participa todos os sábados à noite.
- Amor, você acha que eu engordei muito? - pergunta, ela estava em
frente ao espelho que tinha fixado na parede do nosso quarto, virando a barriga farta, de um lado para o outro.
- Você está linda, querida. A mais bela de todas e única mulher da minha vida - declarei cheio de amor, apoiando o cotovelo na perna, levando a mão no queixo que estava prestes a cair a qualquer momento diante de tanta beleza.
Vanessa era linda de morrer, vinha de família nobre. Muito alta e magra,durante a gravidez só havia ganhado barriga. Tinha a pele naturalmente bronzeada e os cabelos lisos castanho-claros quase loiros, compridos na altura da cintura, soltos do jeito que eu gostava, seus olhos cor de pistache me hipnotizavam. Vestia um dos seus vestidos de grife, a maquiagem leve,porém muito bem-feita. Traduzindo: estava linda de morrer. Em qualquer lugar onde íamos, os homens babavam em cima dela, descaradamente, na
minha frente. Mas nunca senti ciúmes, afinal confiava no meu taco. Além de ser podre de rico, digamos, que os meus pais capricharam quando me “fizeram”.
- Você é muito mentiroso, amor, eu posso até vestir um saco de lixo
preto todo furado que vai dizer que estou linda. - Cruzou os braços fazendo um biquinho lindo, andava muito sensível por conta da gravidez do filho que já amávamos com todas as forças.
- Não sou mentiroso, Vanessa, apenas te amo muito e não consigo ver nada em você além de beleza. - Levantei e fui andando até ela fazendo charme, beijei os seus lábios, depois a barriga.
- Vamos antes que eu desista de vez de ir nesse bendito jantar, por mim passávamos o dia dos namorados na cama agarradinhos. - Pegou na minha gravata de seda preta com riscos e saiu me arrastando, rindo maliciosamente.
E era sempre com aquele sorriso que ela me ganhava, por completo.
Ela era a minha razão de viver…
No meio do caminho, Vanessa sentiu um pouco de enjoo, parei um pouco no acostamento para ela se recuperar. Seguimos caminho depois de meia hora, ela afirmou que o mal-estar havia passado. Como estávamos atrasados,
não queria que o jantar feito especialmente para nós esfriasse. Resolvi aumentar a velocidade já que não tinha muito trânsito. Como se fosse coisa do destino, desviei o olhar da estrada por um minuto para ligar o rádio e estava tocando a nossa música. A mesma que a chamei para dançar juntinho
em uma boate de luxo quando nos conhecemos, seis meses depois estávamos nos casando.
(É isso aí…)
Como a gente achou que ia ser
A vida tão simples é boa, quase sempre.
É isso aí… Os passos vão pelas ruas
Ninguém reparou na lua
A vida sempre continua…
Eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Não vou parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não sei parar
De te olhar…
(Ana Carolina & Seu Jorge)
Nunca imaginei que a minha vida viraria de cabeça para baixo de um segundo para o outro, a gente pensa que nunca vai acontecer com a gente até estar vivendo um pesadelo. Parei no sinal e quando virei o rosto para olhar para o meu amor, feliz pela nossa música estar tocando na rádio, Vanessa sorriu para mim lindamente, alisando a barriga. Como dizia no refrão,
simplesmente não conseguia parar de olhar para ela.
- Eu te amo. - Ela sussurrou, ainda sorrindo.
Antes mesmo que eu pudesse responder sua declaração de amor a altura,do nada apareceu um veículo desgovernado com tudo do lado da minha esposa, destruindo tudo que eu amava num piscar de olhos. Como se estivesse em câmera lenta,a minha Ferrari capotou várias vezes, arremessando a minha mulher para fora, ela havia esquecido de colocar o cinto de volta quando paramos no meio do caminho. Quando, enfim, o veículo parou de capotar, saí todo machucado, me arrastando para fora dele até onde ela estava. A minha perna estava num estado lastimável, em carne
viva. Se não tivesse de ser amputada, com certeza ficaria aleijado para sempre.
Por Deus!
Havia tanto sangue em volta do corpo da minha esposa que eu amava tanto, os seus lindos olhos verdes abertos e vidrados fixos no nada. Coloquei a mão sobre a sua barriga, mas o bebê não mexia. Não havia mais vida ali,eles haviam partido e me deixado sozinho.
Eu estava desesperado. Perdido…
Destruído!
A minha mulher e o meu filho haviam morrido e eu era o único culpado por tudo. Vanessa não queria sair de casa, não devia tê-la obrigado a vir comigo. Jamais me perdoaria por isso e nunca amaria outra mulher como a amei. Daquele momento em diante minha vida se resumiria a dor e trevas.
Debrucei sobre o corpo dela, alisando a sua face cheia de sangue e chorei, até a última lágrima que existia em mim. Passaria o resto da minha vida desejando a morte, não havia mais alegria no mundo. Perdi a fé em Deus.
Tudo perdeu a cor ao meu redor, a beleza. A minha alma estava perdida, em um caminho sem volta.
“Eu perdi tudo o que amava bem diante dos meus olhos”
CAPÍTULO 31
JULIENE
- Isso é mentira, tia Margô! Diga para ela, padrinho, que tudo isso não passa de uma ilusão da sua cabeça, eu não posso ser culpada por mais duas mortes. Não da mulher do Romeu, grávida do filhinho deles. - Corri até o padrinho Chicão pedindo socorro, o balançando pelo braço sem parar, ele chorava tanto quanto eu. - Ela está mentindo, padrinho, não está? - Disse quase suplicando, com a voz embargada por conta do choro.
- Sinto muito, filha. Eu só queria te proteger de mais sofrimento, já bastava a culpa que carregava da morte da sua prima e do rapaz que dirigia a caminhonete. Como desmaiou depois do acidente, não viu que a tragédia foi bem maior do que pensava e teve mais duas vítimas na via à direita. - Pude
sentir minha alma saindo do corpo, minhas mãos tremiam sem parar. Olhei na direção do Romeu, meu coração quebrou em milhares de pedaços ao ver seu rosto coberto por lágrimas.
Seus olhos estavam abertos, mas sem vida.
- Não fique com raiva de nós, filha. Eu te imploro, só queríamos o seu
bem. - A voz da minha madrinha saiu entristecida, quase em um sussurro.
- Nós te amamos muito. Em conversa com seu tio Rubens, decidimos manter isso em segredo e juntos obrigamos sua tia a manter a boca fechada.
Ela topou, mas em troca ficaria à frente do velório da filha e de todos os trâmites legais envolvendo o acidente. Aceitamos sua condição, afinal, na época não vimos mal algum nisso. - Senti a garganta ficar áspera, havia um gosto amargo se espalhando na minha boca. Minha cabeça rodava, por um
momento pensei que fosse desmaiar, minha vista estava turva.
- Eu pensei que vocês me amavam de verdade, mas quem ama não mente
- gritei tomada por uma fúria imensa.
- Ninguém nunca te amou, sua idiota, uma imprestável feito você devia ter nascido morta. Pelo menos, assim, não teria estragado a vida de ninguém.
- As palavras da tia Margô foram cruéis. Mas era a mais pura verdade,minha vinda ao mundo só trouxe destruição e dor.
- Cala a boca, Margô! Eu e o Chicão sempre amamos Juliene como
nossa filha de verdade. Tentamos pegar a guarda da menina várias vezes, mas você nunca autorizou, mesmo não gostando dela
-Madrinha Ester extravasou sua raiva, era a primeira vez que a via gritando com alguém.-Quando colocamos os olhos no Romeu, no jantar que teve lá em casa, logo o
reconhecemos, das fotos que saíram no jornal na época do acidente, como uma das vítimas gravemente feridas e que perdeu a esposa grávida, próximo a dar à luz. - Ela abranda o tom, tentando se aproximar de mim, mas não
deixei, dando um passo para trás.
Lágrimas encheram os seus olhos.
Meu Deus! Eu havia sido traída pelos meus padrinhos, agora entendia por que aquele clima pesado durante o jantar na casa deles, isso doeu mais do que todas as maldades que minha tia já fez comigo desde que nasci. Ela nunca me amou, já eles sempre diziam que me tinham como uma filha mais velha.
Bem que dizem por aí que a maior decepção vem daqueles que amamos.
- Como vocês puderam fazer isso comigo? Pensei que me amavam. Eu merecia saber a verdade, principalmente o Romeu. Que a mulher que estava ao seu lado era a pessoa que causou a morte da sua esposa e o filho que eles
tanto esperavam, destruindo todos os seus sonhos e a alegria de viver - disse com sangue nos olhos, arranhando meu próprio rosto com as unhas de tanto nervoso.
Sem mais condições de permanecer ali, saí correndo o mais rápido que pude, disposta a terminar com aquele sofrimento de vez, só havia um jeito…
Contudo, antes de conseguir sair do local, bati de frente com a metida da Paula, como ela era bem mais alta que eu e o corpo mais forte, eu caí sentada de bunda no chão, sendo mais humilhada em público.
- Para que tanta pressa, senhorita Sullivan? - Ela relinchou levando as
mãos à cintura, fitando-me com seu olhar superior. - Eu sabia que acabaria aprontando cedo ou tarde, ou Romeu se cansaria de brincar com a ninfetinha sem graça. Mas daí descobrir que matou a mulher e o filho do cara, caramba!
Foi melhor do que pensei, agora, sim, me livrei de você de vez, e ele será só meu, obrigada por limpar o caminho para mim. Ouvi toda a conversa atrás da porta, de fato, essa foi a melhor notícia que recebi nos últimos tempos -concluiu vitoriosa, rindo da minha desgraçada.
Depois de tanto lutar como uma guerreira valente, enfim, desisti,
entregando os pontos de vez. Tirei os saltos, joguei longe e saí correndo.
Corri e corri, cada vez mais e mais. Lágrimas de dor deslizavam pelo meu rosto, como uma faca atravessando minha carne. Meu coração estava em pedaços, nunca senti tanta dor antes, tão forte que cortava a alma, eu havia feito o homem que amava sofrer muito. Destruí toda a sua alegria, planos de um futuro perfeito ao lado da mulher e filho que lutou tanto para ter. Ele deve estar me odiando nesse momento. Eu estou me odiando. Se pudesse, voltaria
ao passado e não cederia à insistência da minha prima para acompanhá-la naquela maldita loja. Ou não cairia na sua provocação, já havia sido humilhada por ela tantas outras vezes e aguentei calada, por que logo aquele dia fui resolver revidar?
Se eu tivesse ficado no meu lugar, hoje, Romeu estaria vivendo feliz ao lado da esposa e filho.
Depois de andar não faço ideia por quanto tempo, eu me vi vagando sem rumo, descalça e chorando muito. Quando dei por mim, estava chegando ao ponto alto da cidade onde Romeu me levou, não ficava tão longe do local onde a sede do nosso projeto social tinha sido construída. Acho que por isso
ele havia escolhido aquele lugar para construir, e agora eu arruinei isso também. Não adianta, minha sina é estragar tudo por onde passo. Mas isso tem que acabar, já chega, não aguento mais! Não podia mais prejudicar a vida de ninguém. Tenho muitas contas para acertar com Deus e eu pagarei cada uma delas.
Certa do que fazer, me aproximei da beira do penhasco, luzes alaranjadas cortavam o céu dando indícios que o dia estava prestes a clarear. Olhei mais uns minutos para aquela vista linda do Cristo Redentor e pedi perdão a Deus
pela decisão que eu havia tomado, de dar um fim ao meu sofrimento. Por alguns segundos, fechei os olhos lembrando dos momentos românticos que eu e o meu amor passamos ali. A dor era grande demais e eu precisava fazê-la
sumir, para sempre.
Virei-me de costas com os olhos fechados e abri os braços lentamente,enfim meu sofrimento chegaria ao fim. Eu estava tão cansada, parecia que meu coração havia sido arrancado e ficou um buraco enorme no lugar. De toda forma, já estava morta mesmo, só faltava consumar o ato.
- Espero que um dia possa me perdoar por isso, Romeu. Eu te amo!
Obrigada por me proporcionar os melhores dias da minha vida, conhecer você e o Romeuzinho foram as únicas coisas que fizeram minha vida valer a pena. Cuide bem do meu bichano, ele é um bom gato. - Forcei o corpo para trás, e conforme ele foi inclinando na direção do abismo,senti a liberdade se apoderar de mim, rezei para Deus me perdoar por eu estar fugindo pelo caminho mais fácil.
O da morte.
“Eu preferia morrer do que viver sem você.”
Continua amanhã...
A não q triste
ResponderExcluirCoitadinha da Juliene, ela não merece estar passando por isso
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