Conto Erótico - Romeu: Um Conto Erótico - Romeu conto de fadas quase perfeito - Capítulos 28 e 29

 

ROMEU: 

UM CONTO DE FADAS QUASE PERFEITO


Autora: MARI SILLVA 


CAPÍTULO 28


JULIENE


Eu havia acordado no meio da noite com uma sensação horrível, o coração batendo tão forte que parecia sair pela boca a qualquer momento. O rosto molhado de suor e as mãos trêmulas. Fazia muito tempo que não sonhava com a minha prima, melhor dizendo, tinha um pesadelo horrível do dia daquele maldito acidente que levou embora o resto de energia positiva que me restava. Não contei ainda sobre o meu passado para Romeu, mas desse final de semana não passa. Vou aproveitar que ele organizou uma viagem para Fernando de Noronha para um passeio romântico, seremos só eu e ele.

Logo, pensei:

“Momento certo para contar que minha prima e um rapaz inocente

morreram por uma irresponsabilidade da minha parte, e eu levaria essa culpa comigo pelo resto da vida.”

Mas fraquejei na mesma hora, decidi pensar nisso em outro momento.

Deixei Romeu dormindo, levantei silenciosamente indo em direção ao banheiro. Coloquei a banheira para encher, depois permaneci dentro d’água com os olhos fechados por um bom tempo. Eu estava tão feliz com a inauguração do abrigo, meus planos eram montar vários grupos de resgaste

aos moradores de rua, abrigando o máximo possível de pessoas. Era a

realização de um sonho e ao lado do homem que eu amo. O que mais poderia querer? Tenho tudo que preciso para ser feliz, mas…

Sempre tem o bendito “mas”.

Sentia como se algo de muito ruim fosse acontecer em breve. Antes de conhecer Romeu, acreditava fielmente que eu havia nascido destinada a sofrer. Coisas ruins acontecem com as pessoas que amo, pensar nisso me apavorava. Se algo de ruim acontecesse com ele, eu morreria de tristeza.

Estava com muito medo que desistisse de mim quando descobrisse o passado sombrio que carrego nas costas há tanto tempo, cheio de tragédias e

sofrimento.

Depois de um banho demorado, voltei para cama e deitei-me ao lado do meu namorado, porém não consegui dormir mais. Vi a noite virar dia abraçada bem forte com Romeu. Chorei muito, ao ponto de molhar o lençol,nem sabia ao certo o porquê, só tinha que colocar para fora aquela angústia ou morreria. Depois de algumas horas, acabei pegando no sono sem ver,quando abri os olhos deparei-me com raios de sol inundando todo o quarto,

trazendo uma luz forte em torno do corpo do meu namorado parado de pé ao lado da cama como um ser celestial. Lindo demais! Só de cueca boxer branca justinha segurando uma bandeja linda de café da manhã decorada com um

pequeno arranjo de flores, quase enfartei de tanto amor por esse homem gentil e carinhoso.

- Bom dia, namorada. Pronta para um dia incrível? -perguntou

sorridente, sentando bem próximo a mim.

- Ao seu lado, todos os dias são incríveis, namorado. - Pisquei para ele cúmplice, deslizando o corpo para apoiar as costas na cabeceira da cama para que Romeu colocasse a bandeja no meu colo. 

- Bom dia, amor, dormiu bem? 

- pergunto desviando o olhar para as torradas com geleia de morando,não queria que percebesse que andei chorando ontem à noite.

- Eu, sim, mas pelo visto você não. Que olhos vermelhos são esses,

baixinha? - Seu tom foi sério, mas gentil. Com as pontas dos dedos alisava bem de leve meu queixo passando conforto, já me conhecia tão bem que eu não conseguia mais esconder nada nele.

- Tive um pesadelo horrível, depois não consegui dormir mais. - Só de

lembrar do pesadelo senti meu estômago revirar ao beber um pouco de café,esse mal-estar nunca passaria até que contasse toda minha história para ele.

- E sobre o que foi esse pesadelo? 

- questionou em um pigarreio.

- Não sei. Nem lembro direito mais sobre o que foi. - Dei de ombros,

mentindo descaradamente, mas me arrependi logo depois.

Porém não desmenti.

- Se não lembra, como sabe que foi horrível? - Ele me apertou contra a

parede arqueando a sobrancelha, Romeu estava começando a perder a paciência em esperar que eu contasse sobre meu passado.

Fiquei tensa.

- Espera aí, que horas você disse que são mesmo? - Fiz-me de boba,

espero que cole.

- Já são quase treze horas, mas não lembro de ter dito. - Cruzou os

braços sobre o peito másculo me encarando de cenho franzido, totalmente desconfiado.

- Meu Deus, Romeu! Por que não me acordou antes? Tenho um monte de coisas para organizar para a festa de inauguração, vou tomar um banho rápido e já volto. 

- Entrei em desespero, exagerada como sempre.

- Calma, baixinha, tome seu café sem pressa. Já liguei para a empresa e estão ajeitando tudo, não se preocupe. - Proferiu no seu habitual tom mandão, nem insisti, ele era meu chefe, se disse para não me preocupar, então era isso que eu faria. - Depois tome seu banho, daqui a uma hora algumas

pessoas virão te visitar. - Arregalei os olhos, mas que visitas eram essas?

Odeio surpresas, a maioria que tive em minha vida foi desagradável.

- Quem? - perguntei assustada.

- Daqui a uma hora saberá, não seja curiosa, meu anjo - disse e saiu do

quarto antes que eu pudesse usar “meus meios” para arrancar o que quisesse dele, espertinho!

Terminei meu café - da tarde - e fui correndo tomar meu banho, ao

terminar, vesti uma bermuda jeans e camiseta preta. Mal pisei no andar de baixo e a campainha tocou, corri para atender passando pelo Romeu, com Romeuzinho no colo, morrendo de rir da minha ansiedade toda. Ao abrir a porta, uma comitiva de pessoas foi entrando segurando bolsas e mais bolsas nas duas mãos, andando uma atrás da outra em uma marcha rítmica numa sintonia precisa. Fiquei sem entender nada, ainda mais quando um homem

negro alto com os cabelos na altura do ombro, todo cacheado, começou a me virar de um lado para o outro, cheguei a ficar tonta.

- Ela já é naturalmente linda, mas depois que passar pelas minhas mãos mágicas ficará espetacular para o jantar beneficente de hoje. 

- Seus olhos me avaliavam minuciosamente. Envergonhada, abaixei o olhar para os seus pés, deparando-me com um par de sandálias vermelhas de salto alto assassino lindas no pé dele, combinando com a cor do batom que usava.

- Você disse jantar beneficente? 

- indaguei sem encará-lo, ele tinha

tanta personalidade e passava um ar de confiança que me intimidava.

E nem vou falar da sua maquiagem deslumbrante, esse “homem” era a

sofisticação em pessoa.

- Eu convidei os empresários mais ricos do Brasil para a inauguração da sede do Instituto Senhor Marley hoje à noite e para um luxuoso jantar de gala, minha intenção com isso é mostrar a proporção do nosso projeto e incentivá-los a seguir o exemplo na cidade onde moram - revelou meu namorado todo animado ficando de pé, o brilho dos seus olhos refletia nos

meus. - Nós seremos o início de uma corrente do bem, sabe? Pode virar até um projeto internacional, quem sabe, ajudando milhões de pessoas pelo mundo. - Quando ele terminou de falar eu já estava aos prantos, sabia que tudo o que disse se concretizaria, afinal, Romeu era um empresário de sucesso, tudo o que tocava virava ouro.

A cada dia tem se mostrado um homem maravilhoso, romântico.

Companheiro excepcional. Bom filho, irmão e amigo. Porque além de um relacionamento estável, construímos uma enorme amizade. A cobra da Paulavaca continua trabalhando como sua assistente a tiracolo, mas se ele confia em mim trabalhando colada com Miguel, por que não lhe oferecer a mesma confiança em troca? É isso que falta nos relacionamentos de hoje em dia, o voto de confiança. Esse simples ato evitaria muito sofrimento desnecessário por aí, corações partidos.

- Você é incrível, Romeu. Te amo muito,sabia?- Ele assentiu, vaidoso.

Eu amava o sorriso que dava toda vez que declarava meu amor por ele.

- Eu também te amo, meu anjo. 

- Inclinou para me dar um beijo, mas o homem com saltos assassinos se enfiou entre nós.

- É tudo muito romântico e lindo, mas já chega porque tenho que

trabalhar muito em você nas próximas horas. Prazer, meu nome é Michelli.

- O homem, esbanjando elegância, saiu me puxando pela mão a passos largos escada a cima.

O conduzi até meu quarto, durante o caminho revelou que seu nome era “Michelli Evanoviche” com dois L mesmo.

É mais chique, segundo ele.

- De onde saiu isso tudo? - Fiquei de boca aberta quando abri a porta

do quarto e vi cinco mulheres pendurando uma imensidão de roupas no cabide do closet, logo reconheci não somente as peças como as atendentes da loja que meu namorado me levou no dia anterior para comprar apenas um

vestido.

Pelo visto, ele havia voltado lá e mandou que enviassem metade da loja aqui para casa. Que louco! Mas muito romântico da parte dele, e me fez amálo ainda mais.

Se é que isso é possível.

- Seu bofe é um sonho de consumo, né, miga? Porque te dar esse monte de presente em uma tacada só, e ainda trazer a cabeleireira e maquiadora mais

requisitada do Rio de Janeiro - no caso euzinha aqui -, só para arrumar a sua namorada em casa para um jantar de gala, minha flor, não é para qualquer um mesmo.

- Gabou-se Michelli enquanto tirava seus apetrechos da maleta e colocava sobre a cama, sem nenhuma cerimônia.

- Ele é incrível, sim, o homem mais perfeito do mundo. - Suspirei cheia

de amor.

Eu era uma mulher de sorte por tê-lo em minha vida.

- Está bem, cinderela, agora esqueça do seu príncipe encantado um pouco e venha aqui dar um jeito nesse cabelo. - Assim eu fiz, passando a tarde toda ao lado de uma pessoa maravilhosa e muito divertida como Michelli.

Ela era ótima profissional, descontraída e hilária. Apesar de ter passado uma barra quando mais nova ao assumir sua orientação sexual para a família,

levou uma surra do pai que era pastor, depois foi mandada embora com uma mão na frente e a outra atrás. Morou nas ruas, passou fome, frio e sede. Hoje é dona de uma rede de salão de cabeleireiros que só atende gente podre de rica, celebridades e tudo mais. Conseguiu tudo através de muita luta e força de vontade, fiquei emocionada com sua garra. Quando contei melhor para ela

sobre o abrigo e que teria o nome de um grande amigo que perdi

recentemente, ficou extremamente tocada, assim como eu. Lembrar disso doía, senhor Marley sempre teria um lugar enorme no meu coração.

Michelli não quis cobrar um centavo pela maravilha que fez no meu cabelo e a maquiagem digna de noite de Oscar. Disse que é cortesia pelo que estamos fazendo pelos necessitados e ainda, através de um cheque gordo,doou uma quantia consideravelmente generosa. Foi uma visita incrível de um ser maravilhoso que se tornou uma grande amiga minha.

Depois que ela foi embora, o tempo passou voando, não deixei que Romeu me visse até que eu estivesse pronta. Queria fazer surpresa e estava torcendo

para que ele gostasse, a essa altura meu namorado já estava arrumado batendo na porta a cada dois minutos dizendo que chegaríamos atrasados.

- Espero que você goste, amor. 

- Pensei alto alisando as laterais do meu vestido, dando uma última conferida no meu visual pelo espelho enorme fixado na parede do quarto, eu era pura ansiedade.

Respirei fundo enquanto abria a porta lentamente, ao ficar no seu campo de visão, Romeu me olhava de um jeito como se ele fosse o lobo mal e eu a chapeuzinho vermelho que ele ia devorar ali mesmo. Perfeito! Meu namorado

havia amado, fiquei extremamente feliz com isso.

- Você está divina, baixinha! - Ele me pegou pela cintura imprensando na parede cheio de segundas e terceiras intenções, deslizando a mão pela saia do meu vestido até encontrar o tecido de renda da minha calcinha.

O vestido que escolhi ontem, apesar de ser elegante, não tinha nada de muito glamoroso. Era branco com o tecido fino brilhoso, longo de alças finas que davam um efeito especial quando eu andava. Optei em colocar saltos médios, não tenho costume de usar isso, mas como meu namorado me deu

um monte de presentes, tinha que me acostumar para estar, pelo menos, um pouco perto da sua altura quando for acompanhá-lo nos eventos importantes como o de hoje.

- Você também não está nada mal, garotão. - Sorri, o jeito que

esfregava o nariz no meu pescoço fazia cócegas.

- Não sei se é seguro te deixar sair tão linda assim, vai chamar atenção por onde passar. É muita beleza para uma pessoa só. Estou excitado só de olhar para você, baixinha. - Enfiou a mão dentro da minha calcinha alisando meu monte de vênus, não acreditei que ele queria transar logo naquele

momento.

- Pensei que estávamos atrasados… - zombei tirando sua mão de onde estava, ele foi e colocou de novo, descendo mais para baixo na minha entrada, que a essa altura, molhada era pouco para definir seu estado.

- Vai ser rapidinho, amor, se eu não estiver dentro de você agora, eu

morro. - Sua voz era puro desespero, ergueu minha perna colocando em volta do seu corpo.

Deus! Que homem cheiroso.

E delicioso.

Estava dentro de um dos seus ternos bem alinhados, lindo e elegante.

Tinha uma postura superior, atraente. Parecia um deus grego com o cabelo todo puxado para trás, tipo esses magnatas da máfia italiana, só faltou o charuto cubano na boca.

- Melhor não, Romeu. Não quero estragar meu cabelo e amassar minha roupa antes mesmo de chegar ao evento, então abaixa o facho, homem.

- Relaxa, baixinha, vou ser cuidadoso, por favor, vai? - Mordeu o lóbulo da minha orelha, sabia que ali era meu ponto fraco.

- Cuidadoso, né? Sei…- resmunguei. Mas cedendo a ele como sempre…

No final da história, eu cheguei toda desalinhada no evento e ele com nem um único fio do seu cabelo sedoso fora do lugar. Filho da mãe!

- Nossa! Como a decoração de inauguração da festa ficou linda, Romeu.

Vendo agora com calma, estou encantada. - Sorri assim que passamos pela porta do salão de alimentação, como era o maior cômodo do lugar, optamos em usar para o evento de inauguração.

As mesas haviam sido forradas por dois tipos de tecidos nas cores branco e dourado, sobre elas, belos arranjos de flores. As paredes - em algumas partes - pintadas de vermelho, davam um belo contraste com as demais.

Enfim, estava tudo muito bem-arrumado e bonito. E lotado, gente que de longe notava-se que eram podres de ricas.

As primeiras pessoas que encontramos foram os meus padrinhos, Melissa foi deixar os gêmeos na casa dos avós paternos e viria mais tarde.

- Como você está linda, Jujuba. 

- Meu padrinho me puxou para um

abraço forte, eu o amava demais, era o pai que Deus me deu. Não poderia ter outro melhor, não mesmo.

- A sua bênção, padrinho, muito obrigada. Que bom que vieram, não

seria o mesmo sem vocês aqui.

- Deus te abençoe, filha. Até coloquei meu único terno, só usei uma vez no dia do casamento com sua madrinha.

- Seu padrinho não gosta de usar roupa social, Juliene, mas quando

coloca, fica se achando. - Brincou madrinha Ester, beijando o rosto dele depois o meu, eram tão fofos juntos.

- Boa noite, que bom ver os dois aqui. - Romeu esticou a mão para

cumprimentá-los, cavalheiro como de costume.

- O prazer é todo nosso, Romeu. Parabéns pela iniciativa de montar esse projeto lindo, a estrutura do lugar foi muito bem projetada. 

- Elogiou meu padrinho, visivelmente impressionado com tudo ao seu redor.

- Eu apenas financiei, o mérito do sucesso da construção do Instituto

Senhor Marley é da sua afilhada, que pensou nos mínimos detalhes para abrigar da melhor forma possível os moradores de rua. 

- Fiquei vermelha devido ao olhar fraternal que meus padrinhos lançaram sobre mim, capaz de

aquecer meu coração de um jeito indescritível, os olhos da minha madrinha estavam cheios de lágrimas.

- Essa nossa filha mais velha só nos enche de orgulho, não tem o nosso sangue, mas, com certeza, todo nosso amor desde que nasceu - declarou madrinha Ester, deixando as lágrimas caírem, soltei a mão do meu namorado e a abracei bem forte.

- Eu te amo, madrinha, obrigada por tudo! - agradeci, padrinho Chicão

veio e se juntou ao nosso abraço.

Nesse momento, a família do Romeu chegou, tanto os pais como os irmãos muito bem-arrumados. Os cumprimentamos e apresentamos meus padrinhos a eles, e para minha surpresa, meu sogro e o padrinho Chicão se

deram muito bem. Engataram em uma conversa animada sobre futebol que parecia não acabar nunca, o assunto da copa do mundo de 2018 rendeu na boca dos dois, tinham o mesmo ponto de vista em relação ao assunto. Agora,o senhor Moacir até conversava comigo. Não tão amigavelmente como eu queria, mas, pelo menos, as ofensas ou provocações em relação à minha

idade acabaram.

Madrinha Ester e a mãe do Romeu também se deram super bem. Eu e o meu namorado deixamos nossas famílias se conhecerem melhor, fomos cumprimentar os convidados para ter certeza que todos estavam sendo bem

atendidos pela equipe do buffet. Ele me apresentou aos seus amigos como sua namorada, fiquei feliz que o seu médico, doutor Leonardo, veio. Afinal, se não tivesse me contratado para trabalhar como fisioterapeuta do seu paciente,não estaríamos juntos hoje.

- Que bom vê-los juntos, quando os apresentei logo percebi que ficariam juntos cedo ou tarde. 

- Doutor Leonardo abraçou seu paciente, era a primeira vez que o via usando algo que não fosse branco, parecia até outra

pessoa.

- O prazer em ver o senhor aqui é todo nosso, doutor. - Era visível o

mútuo respeito entre eles, depois de cumprimentá-lo, deixei os dois sozinhos para colocarem os assuntos em dia. Como a dor do meu namorado se curou milagrosamente, eles quase não se viam mais.

Passando perto do balcão de bebidas, esbarrei em um dos meus cunhados.

- E aí, cunhadinha, tudo em cima? 

- perguntou Junior no seu habitual

tom alegre, seus olhos azuis pareciam duas lagoas cristalinas.

Tinha cara de molecão, quem não conhecia, jamais pensaria que já é quase médico formado. Seus ombros largos davam ainda mais charme ao terno todo preto, sua postura esbanjava charme assim como os irmãos mais velhos,

Romeu e Pedro. Os três eram abusadamente lindos e juntos chegavam a ser ridículos de tão perfeitos.

- Tudo bem, sim, Junior. E você? 

- Sorri simpaticamente.

- Melhor agora, com certeza. 

- Proferiu com os olhos pregados na bela moça que apontou na porta dentro do seu vestido rosa na altura do joelho com a saia rodada, parecia uma princesa de verdade, com seus lindos cachos acastanhados à solta e os olhos cor do outono no seu vigor da estação.

- Ei, Melissa, seus pais estão aqui. 

- Acenei para ela, a filha dos meus

padrinhos tão queridos e minha grande amiga.

E agora, o novo “flerte” do meu cunhadinho querido. Ahh, mais se ele a magoar, irmão do Romeu ou não, acabo com a sua raça.

- Desculpe o atraso, vovô Joaquim quis jogar uma partida de xadrez

antes de eu ir embora. E você sabe, Ju, que eu não consigo dizer não para ele.

- Nem eu, adoro jogar xadrez com o vovô Joaquim. - Sorri, nunca

consegui ganhar uma vez daquele velho danado. Padrinho Chicão teve de quem herdar tanto carisma, o jeito brincalhão é o mesmo do seu pai.

- Não vai me apresentar sua amiga, cunhadinha? - Melissa corou

devido ao olhar do Junior medindo-a de cima a baixo, safado.

- Melissa, esse é o meu cunhado, Junior. Junior essa é a filha dos meus padrinhos e minha melhor amiga, Melissa. - Ela apenas ergueu a mão para cumprimentá-lo, mas Junior aproveitou a oportunidade para arrastá-la para um cumprimento mais fervoroso, depositando três beijinhos molhados em seu rosto.

- Prazer, morena. - Fez charme deslizando os dedos pelo cabelo,

sedutoramente.

- O prazer é todo meu, Junior. - Eles se olharam daquele jeito…

Então saí de perto e deixei os dois se conhecendo melhor, já que eu estava sobrando mesmo e estava quase na hora de fazer minha apresentação,finalizando com um slide lindo que montei com várias fotos e vídeos que fiz com meu celular mesmo, mostrando a felicidade das pessoas no dia em que distribuí sopa para os moradores de rua. Montei um discurso longo também,quero passar para eles a grande emoção que é poder ajudar alguém.

- Você está bem, baixinha? - Meu namorado tocou meu rosto assim

que me juntei a ele e sua família na mesa, segurei seu braço e descansei minha cabeça em seu ombro.

Sua mão afagava meu cabelo carinhosamente, deu até um soninho bom.

- Só um pouco nervosa com a minha apresentação, não me preparei para falar na frente de tantas pessoas. Não imaginava que viriam tantos convidados, estou até com frio na barriga. 

- Sorri nervosa.

- Tudo bem, filha, eu também fiquei assim na primeira vez que tive que

falar em público. Lembro perfeitamente, foi a primeira reunião que conduzi no lugar do meu pai. O truque é manter o olhar fixo na prateia, você é uma garota forte, vai tirar de letra - ressalva meu sogro espontaneamente,

deixando todos na mesa de boca aberta. Inclusive eu.

Romeu e o irmão do meio, Pedro, conversaram através de olhares. Minha sogra, que estava sentada próxima a mim, segurou a minha mão sobre meu colo, feliz de o marido estar começando a abençoar o nosso namoro. Agora,

sim, nossa felicidade estava completa.

- Obrigada pela dica, senhor Moacir, vou usar com certeza. - O sorriso

estampado no meu rosto era o maior do mundo, assim como o do meu namorado. Nos beijamos brevemente, era a primeira vez que demostrávamos um contato mais íntimo na frente do pai dele.

- Você vai arrasar, querida, conseguindo um monte de seguidores para nossa corrente do bem. - Minha sogra era assim mesmo, sempre otimista.

- Amém, tenho fé que sim. - Minha boca se curvou em um sorriso

amplo que ia de orelha a orelha.

- Que bom, amor, porque já está tudo pronto para a sua palestra sobre amor ao próximo. - Olhei para ele tentando passar confiança, mas minhas pernas tremiam.

Respirei uma boa lufada de ar e me direcionei até o púlpito, o mestre de

cerimônia chamou pelo meu nome e minhas pernas tremeram ainda mais.

Antes de iniciar, perguntei ao técnico se estava tudo bem, tendo sua confirmação, segurei o microfone entre as mãos e iniciei o discurso.

- Boa noite! Meu nome é Juliene Sullivan, é uma honra estar aqui com vocês, obrigada por terem vindo. Primeiramente, gostaria de perguntar qual o significado de “amor ao próximo” no seu dia a dia? Porque no meu é olhar

para todas as pessoas que passam pelo meu caminho com muito carinho. Respeito. Seja um morador de rua, deficiente físico ou alguém que tenha a sua orientação sexual diferente da minha. Porque foi assim que meus padrinhos me ensinaram, amar ao próximo como a mim mesma. Não lembro ao certo quem disse, mas existe uma frase que cabe perfeitamente para essa noite que diz:

“O caráter e a inteligência podem impressionar as pessoas, mas é o amor que damos a alguém que nos faz inesquecíveis em sua vida… Porque o amor torna as pessoas indispensáveis. Assim, se você quiser acender um sorriso,iluminar um coração ou acordar a esperança em alguém, precisa lembrar-se de uma coisa: as pessoas se alegram com a sua sabedoria, apreciam o seu caráter, mas precisam mesmo é do seu amor. E principalmente, a bondade

que carrega no coração. ”

Ao terminar de falar, coloquei o slide para passar. A primeira foto que abriu foi a do senhor Marley sorrindo alegremente segurando um pratinho de sopa, não consegui conter a emoção e deixei uma lágrima cair. As pessoas

começaram a cochichar, lembraram que ele foi o morador de rua queimado vivo. Fico feliz em saber que quem fez essa atrocidade com meu amigo não vai poder fazer mal a mais ninguém por um bom tempo, todo mérito é do irmão do Romeu que é um ótimo advogado. Pedro deu um show no dia do

julgamento dos jovens.

Depois dessa foto, vieram diversas imagens de pessoas de várias idades, a parte mais emocionante foi quando começou um vídeo que eu gravei escondido no dia em que Romeu conversava com uma mulher na fila da sopa.

Foi extremamente gentil tirando o paletó do seu terno e colocando em volta da criança no colo da mãe que tremia de frio, deu dinheiro a ela e entregou seu cartão orientando-a a procurar por ele no dia seguinte.

- Nesse momento, quero chamar Claudia e sua filha Clara aqui na frente,para contar como suas vidas mudaram depois da ajuda do Romeu. - As duas vieram até mim sobre uma salva de palmas calorosa, a mãe revelou que elas

agora moravam em uma casa confortável e a pequena estudava em uma escola bacana e tinham um plano de saúde ótimo. A mudança das duas era visível, haviam ganhado peso e vestiam roupas novas. Mas acima de tudo,

estavam felizes.

E o responsável por isso era Romeu, salvou duas vidas de uma tacada só.

Ele foi pego de surpresa pela presença delas e acabou ficando muito emocionado, até chorou. Ao término da apresentação, todos ficaram extremamente encantados com o projeto. Não tinha como não ficar. Quando ameacei abrir a boca para me despedir, totalmente satisfeita com meu desempenho, do fundo da sala, alguém soltou uma gargalhada macabra que fez eu me arrepiar toda de medo.

- Quem escuta você falando bonito assim, Juliene Sullivan, até acredita que é uma boa pessoa. Não uma assassina, invejosa. - A voz da mulher de preto era tão amarga, assim como a expressão sombria em seu rosto.

“Eu nunca tive tanto medo na vida de te perder, como no momento que a verdade veio à tona”


CAPÍTULO 29


JULIENE


- Tia? - Eu disse com a voz embargada, quase não a reconheci devido a sua aparência debilitada. Mas a maldade evidente em seu rosto continuava a mesma.

A amargura.

Ela veio se aproximando pelo corredor como uma cobra peçonhenta,pronta para destilar seu veneno. Trajava um dos seus diversos vestidos pretos,pelo visto, continuava de luto pela morte da filha. Fazia tanto tempo, mas ela

fazia questão de não deixar ninguém esquecer do que houve nem um segundo. O que achei estranho era que seus cabelos estavam escondidos debaixo de uma espécie de turbante, pelo que sei nunca foi adepta a esse tipo

de apetrechos. Meu Deus! O que aquela louca estava fazendo ali? Por que aparecer logo agora para me humilhar? E por que em um momento tão especial da minha vida? Minha tia não podia fazer isso comigo, não podia!

- Eu mesma, sobrinha querida, quando vi a matéria no jornal sobre a inauguração desse lugar, logo vi que era a oportunidade perfeita para te desmascarar na frente de todos. Eles precisam saber a assassina que você é,matou a própria prima, agora está dando uma de boa moça. - Meu olhar foi

direto para a mesa do Romeu, ele me olhou de um jeito muito estranho que me fez entrar em total desespero.

Agora estava tudo perdido, como explicaria essa história trágica que

aconteceu comigo? Nunca vai me perdoar, principalmente por eu estar fazendo com que ele passasse esse constrangimento tão grande na frente dos amigos e sócios.

- Cale essa maldita boca, sua cobra! Sei muito bem o que veio fazer aqui,mas eu não vou permitir que estrague a vida de Juliene novamente, como fez durante todos esses anos. - Meu padrinho Chicão veio em minha defesa,

madrinha Ester aproveitou a deixa, correu até mim e me tirou lá da frente de todos, pedindo desculpas aos convidados pelo ocorrido.

Mas minha tia não desistiria tão fácil assim de me destruir, nos seguiu até um dos quartos onde madrinha Ester me colocou sentada na cama. Eu estava

tão nervosa que rezava para aquilo tudo não passar de um terrível pesadelo como o da noite passada. O qual eu acordaria a qualquer momento e meu coração ainda estaria inteiro, não em mil pedaços.

- Você não pode se esconder de mim,Juliene. Vai ter que assumir na frente de todo mundo tudo o que fez, de como tirou a vida da minha filha tão linda. - Cobri o rosto,meu estômago embrulhava só de olhar na direção da minha tia.

- Por favor, Margô, vá embora. Deixe minha afilhada em paz, suma da vida dela de uma vez por todas 

- implora madrinha Ester.

- Pelo amor de Deus, Juliene! Quem é essa mulher? E por que ela está te acusando de ser uma assassina? - Romeu apareceu com a voz alterada, tão nervoso quanto eu, deslizando as mãos pelo rosto confuso.

- Perdoe-me, meu amor, não queria que você passasse por essa vergonha

- digo, rezando para que acredite em mim.

Ao levantar a cabeça,percebi que a família toda dele estava no quarto

também,se antes era difícil contar a verdade só para o meu namorado,imagina para todos juntos? Sabia que a felicidade não havia sido feita para mim, e que cedo ou tarde esse sonho viraria um pesadelo. Só não imaginava que seria da pior forma possível, com meu passado vindo à tona com tudo para me assombrar.

- Será que podemos conversar a sós, Romeu? Por favor, eu imploro,

deixa eu contar minha história e depois aceitarei qualquer decisão que você tomar. - Fiquei de joelhos aos seus pés me humilhando, mas antes mesmo de saber de tudo, sua expressão estava tão dura que me tirou todas as esperanças.

- Mas acontece, Juliene, que existe uma parte da história que você não

sabe e esse pobre homem ao seu lado precisa saber, a verdade sobre o acidente que matou sua esposa grávida e quase o deixou paralítico. - Eu me pus de pé na mesma hora, como minha tia sabia da morte da esposa do Romeu e do problema na sua perna? Será que andou pesquisando sobre a vida dele? Ou passou esse tempo todo me vigiando, e eu pensando que estava

livre desse demônio quando saí de casa.

- Eu já falei para calar essa boca, criatura, você vai embora agora nem que eu te arraste pelo pescoço. - Meu padrinho tentava arrastar minha tia para fora, mas ele era gentil demais para ser grosso com uma mulher, então

ela se debatia e conseguia se soltar facilmente.

Na confusão, o turbante dela acabou caindo, revelando sua cabeça lisa sem nenhum fio de cabelo, percebi que ela também não tinha mais sobrancelhas e

cílios.

- A senhora está com câncer, tia. 

- Por incrível que pareça, eu senti

pena dela.

Se o seu coração era amargurado antes, imagina agora sendo vítima dessa doença horrível. Minha tia podia me odiar, mas o sentimento não era recíproco, queria que encontrasse a paz algum dia.

- Sim, eu estou! E não posso morrer deixando esse coitado viver sendo

enganado, apaixonado por uma garota idiota, assassina! Estou cansada de ser obrigada a ficar calada pelo meu marido e por você, Chicão. Tudo porque a menininha problemática não podia sofrer mais, então deixaram você, Juliene,

acreditar que naquele dia que correu para o meio da rua com o sinal verde,fazendo birra sem olhar para os lados, causando aquele bendito acidente,tirou somente a vida da minha filha e do infeliz rapaz que dirigia a caminhonete. Mas houve outra vítima: uma mulher grávida de oito meses. 

-Fiquei totalmente tonta, meu coração batia tão rápido que era audível. Eu não podia acreditar naquele absurdo. - E hoje está se deitando com o marido da falecida, matou a coitada embuchada e depois roubou o homem dela. Parece até que fez tudo de caso pensado, sobrinha querida. - Suas palavras me deram ânsia de vômito, aquilo não podia ser verdade.

Não, não e não! Choro descontroladamente, eu não podia ser a culpada pela morte da esposa do Romeu, grávida de um filho que eles sonharam tanto em ter. Meu Deus! Por que tanto sofrimento? Isso não pode ser verdade, me recuso a acreditar nesse absurdo.

“Eu poderia suportar tudo, menos conviver com ele sabendo que destruí tudo o que mais amava"


Continua amanhã 

Comentários

  1. Não acredito q essa tia vai conseguir estragar esse amor

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  2. Nossa que judiação hein maldade dessa tia horrorosa

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  3. Meu Deus tadinha, mais tenho certeza que Romeu vai entender o que aconteceu

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