Conto Erótico - Romeu: Um conto de fadas quase perfeito - Capítulos 35, 36 e 37 (Final)
ROMEU:
UM CONTO DE FADAS QUASE PERFEITO
Autora: MARI SILLVA
CAPÍTULO 35
JULIENE
Romeu mal abriu a porta de casa, e Romeuzinho veio correndo nos
receber. Eu estava morrendo de saudades do meu bichano, parecia ter crescido tanto no curto período que passamos separados. Seus belos pelos negros estavam mais brilhantes do que nunca, em seu pescoço balançava o pingente dourado com seu nome gravado pendurado na coleira vermelha.
Tinha certeza que aquilo havia sido coisa do meu namorado, deve ter pedido para Constância arrumá-lo para me recepcionar.
- Miauuuu. - Ele miou animado assim que o peguei no colo, esfregou a cabeça na minha blusa, todo manhoso.
- A mamãe tem novidades, meu amor, em breve você vai ganhar uma irmãzinha. - Meu tom foi de pura euforia, estava ansiosa para meu bebê começar a mexer na minha barriga.
- Sua mãe quis dizer que você vai ganhar um irmãozinho, bola de pelos.
- Romeu o tomou do meu colo e começou a bajulá-lo jogando o pequeno para o alto. Não admitia, mas adorava nosso gatinho como um filho de verdade.
- Vai sonhando, amor. - Gargalhei bem alto subindo as escadas, nunca pensei que um dia poderia me sentir tão livre e feliz.
E Romeu dividia da mesma alegria, saber que eu sou responsável por
aquilo era de fato muito gratificante.
- Que tal um banho quente, meu anjo? Vai esfriar muito à noite. Vou
pedir à Constância para fazer um chocolate quente bem gostoso, depois vamos dormir de conchinha.Você precisa descansar, o dia hoje foi tenso, a partir de amanhã vamos viver uma vida nova. Nossa vida, juntos e mais
apaixonados que nunca. Abraçando-me por trás, Romeu, deslizou os lábios quentes pela curva do meu pescoço perigosamente.
- Eu não estava pensando bem em dormir, amor, mas em outra coisa bem diferente. - Virei de frente para ele e comecei a desabotoar os botões da sua camisa marrom, mas Romeu me impediu assim que cheguei ao terceiro.
- Nem pensar, baixinha, tem que fazer repouso, acabou de ganhar alta do hospital e… - O interrompi, sabia exatamente onde queria chegar.
- Se você acha que vou ficar em abstinência se#ual durante o período da minha gestação, está muito enganado, Romeu Alcântara. Uma vez vi um documentário na TV falando que o desejo da mulher pelo seu parceiro dobra, os orgasmos são mais intensos, principalmente o se#o. - Deixou escapar um sorriso cafajeste iluminado como o nascer do sol, ele assim como eu, devia estar subindo pelas paredes.
Não estranhava nem um pouco o Romeu ter me engravidado, afinal, nos últimos meses, fazíamos amor o tempo todo. E eram várias vezes durante o dia, escondidos nos intervalos de trabalho, e em toda parte da casa, até mesmo no carro. Enfim, simplesmente não conseguíamos tirar as mãos um do
outro quando estávamos sozinhos.
- Não me tente, menina. - Deu um tapa na minha bunda e saiu me
empurrando em direção ao banheiro, depois fechou a porta ficando do lado de fora para não cair em tentação.
Aposto que vai ser um daqueles pais lunáticos que deixam a mulher louca durante a gravidez toda, fazendo-a sobreviver a base de verduras saudáveis e vitaminas malucas, meu estômago embrulhava só de imaginar. Mas, na verdade, viver isso ao lado de Romeu seria de fato incrível. Nunca fui o centro da atenção de ninguém, vou amar ser mimada pelo meu futuro marido.
Sorrindo feito uma boba, tomei um banho demorado, queria tirar o cheiro de hospital do meu corpo. Ao terminar, saí do banheiro enrolada em uma toalha, caminhei até o guarda-roupa e escolhi uma das camisolas sexy que Romeu comprou para mim no dia que me levou em uma boutique para
comprar um vestido para a inauguração da sede do nosso projeto social e acabou comprando a loja toda. Queria ficar atraente para ele.
Graças ao bondoso Deus, meu noivo garantiu que o show da minha tia não atrapalhasse em nada o sucesso do evento. Sua família havia segurado as pontas durante o resto da festa, pediram desculpa pelo imprevisto e tudo ficou bem.
- Esse chocolate quente está com uma cara ótima, amor - disse com a voz sexy assim que cheguei à sala, enfiando o dedo no chocolate quente e levando à boca sensualmente - talvez não tanto quanto eu queria -, não sou boa nisso de “sedução”.
Meu noivo estava sentado no tapete macio bege que tinha em frente à lareira, que se encontrava acesa naquele momento, com labaredas vigorosas,trazendo uma luz amarela ao redor do seu rosto, deixando-o mais lindo do que já era, o homem mais atraente e charmoso da face da terra. Ao seu lado havia uma bandeja com duas canecas de chocolate quente soltando fumaça e o cheiro estava esplêndido.
- Sim.Delicioso!- Ele diz passando a língua pelos lábios,me secando de cima a baixo por cima do ombro.
- Você tem que provar primeiro para saber se está realmente delicioso,
não acha? - Ousei jogando o cabelo para o lado, deslizando as mãos pela minha cintura, Romeu logo percebeu meu jogo e soltou uma gargalhada.
Filho da mãe!
- Você está tentando me seduzir, baixinha?
- Eu já te seduzi há muito tempo, querido. - O observei levantar e vir
até mim com aquela cara de “quero te fo#er agora”.
E eu estava louca que ele fizesse isso.
- Desde o dia que te vi pela primeira vez, Juliene. - Beijou meus lábios
docemente como se eu fosse uma rosa, todo cheio de amor e cuidado. - Não faz ideia do quanto queria fazer amor com você nesse momento, mas hoje quero apenas cuidar da mãe do meu filho, alimentá-la e depois ficar
abraçadinho com ela em frente à lareira, fazendo carinho no seu cabelo até que pegue no sono.
- Puxou-me pela mão e me colocou sentada em seu colo, os fios grossos do tapete fizeram cócegas nos meus pés, ele era grande e
macio.
Depois de espalhar beijos na minha nuca, ele me entregou a caneca de
chocolate quente.
- Não podemos fazer amor primeiro, depois fazer isso tudo que você falou? - Joguei verde para colher maduro, vai que colava.
- Nada de se#o antes do casamento, fiz essa promessa antes de pedir a sua mão. Como a sua resposta foi sim, tenho que cumprir à risca.
- Você só pode estar de brincadeira, Romeu! - Praticamente gritei, horrorizada.
- Estou falando muito sério, então durante as duas próximas semanas
mantenha essas suas mãos assanhadas longe do meu corpinho. - Deitou de lado usando a mão como apoio para a cabeça, totalmente à vontade.
- Duas semanas? - indago em um fio de voz, horrorizada.
Pela forma que meu noivo me olhou, eles deviam estar brilhando forte como dois faróis das estrelas, ele falava sério mesmo.
- Exatamente! Faltam quatorze dias para realizarmos nossos votos na
frente do juiz de paz, já pode ir escolhendo suas madrinhas e o vestido de noiva.
- Mas por que casar assim tão rápido? - indaguei feliz, mas muito
curiosa.
- Não está sendo rápido coisa nenhuma, amor, já faz mais de um mês que estou mexendo com a papelada em segredo. - Deu de ombros, eu comecei a gritar feito uma louca e pulei em cima dele.
Romeu planejava me pedir em casamento há muito tempo, meu coração parecia que ia explodir de alegria a qualquer momento.
- Prometo te fazer o homem mais feliz desse mundo, você e o nosso filho são meu mundo agora - jurei através do olhar, Romeu sabia que eu viveria para cumprir meu juramento.
- Eu já sou o homem mais feliz desse mundo só de estar ao seu lado,Juliene. - Eu me derreti toda, confesso.
- Eu te amo, meu amor, obrigada por ser tão perfeito para mim.
- Eu também te amo, baixinha - declarou, era quase possível ver amor jorrando dos seus olhos.
“O amor só é valido quando é recíproco.”
CAPÍTULO 36
ROMEU
Eu estava contando cada segundo para virar oficialmente marido de
Juliene Sullivan, não consigo acreditar que estávamos esperando um filho. Às vezes tenho medo de tudo não passar de um delírio da minha mente e a qualquer momento despertar, sozinho e triste como vivo há muitos anos. Era uma felicidade tão grande que não cabia no meu peito. Tirei uma licença na empresa apenas para cuidar da minha noiva, depois que me contou todos os
absurdos que a minha assistente Paula disse a ela, fiz questão de demiti-la pessoalmente.
No final de semana foi a minha vez de acertar as contas com meu passado,fiz uma visita ao túmulo da minha esposa e do nosso filho. Juliene foi comigo, mas ficou de longe, próxima a uns arbustos, virada de costas para me dar privacidade. Levei flores para eles, foram enterrados um do lado do outro,no dia do acidente, os médicos fizeram uma cesárea de emergência para ver se salvavam pelo menos o bebê. Tive esperança até o último minuto, mas não adiantou. Minha mãe foi a portadora da triste notícia que meu filho morreu também, ainda na barriga da mãe, por falta de oxigênio.
Receber essa notícia foi um baque tão forte que pensei que não aguentaria,vivi com essa dor me corroendo por anos. Sentia-me culpado pela morte dos dois, Vanessa não queria sair naquele dia e eu praticamente obriguei. Custei a superar isso, só consegui, de fato,depois que conheci Juliene.
Agora minha esposa e filho descansariam em paz, seguiriam em frente onde quer que estivessem. Acredito que no céu. Felizes me olhando lá de cima, vendo-me seguir com a minha vida, pois sei que queriam me ver feliz.
Por isso, eu disse a eles o quanto os amava e sempre iria amar
independentemente de qualquer coisa. Deixei as flores e fui embora de mãos dadas com Juliene, deixando, enfim, meu passado triste e solitário para trás.
Um futuro feliz nos esperava, o primeiro passo seria selar nossa união diante de Deus e as pessoas que amamos.
•
O grande dia de selar nossa união chegou mais rápido do que pensei,
contei cada segundo que passava. Eu era puro nervosismo, acho que o noivo mais ansioso de todos os tempos.Ao terminar de me arrumar, caminho pelo corredor e entro no quarto na segunda porta à esquerda, sorrateiramente, para
que minha presença não fosse descoberta e quando vi a mãe do meu filho, foi à mesma coisa que ver a imagem de um anjo celestial no paraíso.
- Minha nossa, Juliene! - Foi a única coisa que consegui dizer
praticamente babando em cima dela.
- Vai embora daqui, Romeu. O noivo não pode ver o vestido da noiva
antes da hora do casamentodizem que dá azar de verdade
-resmungou minha futura esposa gravidíssima do meu herdeiro, meu instinto paternal dizia que seria um menino.
Já o instinto maternal de Juliene dizia que seria menina, em breve
saberíamos onde isso daria através de uma ultrassonografia.
Ela virou outra pessoa depois da verdade ser revelada, explodindo em nossas vidas como uma bomba. A tristeza atrás dos seus olhos havia se dissipado como fumaça ao vento, indo embora para nunca mais voltar. Vivia o tempo inteiro sorrindo, parecia que sua alma ficou leve depois que acertou
as contas com os tios. Eu a tinha por completo, de corpo, alma e coração.
- Depois de tudo o que passamos para ficarmos juntos, não existe azar que nos separe, amor. - Eu a trouxe para perto de mim pela cintura,roubando um beijo, ela estava tão linda.
Seu vestido de noiva era tão delicado, assim como ela. Branco, tomara que caia, com a saia pomposa que cobria seus pés. O cabelo preso todo para o lado com uma presilha brilhante, e a maquiagem bem leve. Era linda de
qualquer jeito. Optamos em fazer uma cerimônia simples no nosso
casamento, apenas para minha família e amigos no quintal da nossa casa nova no campo. Bem menor, mas com uma área enorme para o nosso pequeno brincar.
- Para com isso, Romeu, os convidados estão esperando lá embaixo.
Sossega, homem! - Ela tentava me afastar, mas era pequena demais, não tinha força o suficiente.
- Não se preocupe, baixinha. Eu dispensei seu padrinho Chicão, disse que eu mesmo viria buscar minha noiva para irmos até ao altar juntos. - E assim fomos nós dois de mãos dadas, quebrando completamente o protocolo,nosso amor é assim mesmo, sem regras.
Passando sobre o tapete vermelho que dividia a fileira de cadeiras onde os convidados estavam sentados, uma mão de Juliene segurava a minha com força e a outra o buquê de rosas vermelhas na altura do peito. Sorríamos para
todos, mas com o rosto coberto de lágrimas. Não tinha como não se
emocionar, estando ao lado da mulher que se ama esperando um filho seu.
Pensei que não realizaria o sonho de ser pai, estou louco para pegar meu herdeiro nos braços. Pelo caminho, observei meus pais, entre eles estavam meus dois irmãos e meu tio Joaquim que veio de Nova York com a família apenas para o meu casamento.
A cerimônia foi linda,romântica e muito emocionante,principalmente no momento dos votos.Juliene me fez chorar como um menino.A cada palavra que ela dizia,acertava meu coração em cheio com uma enxurrada de amor, companheirismo.
“Romeu, não existe a menor possibilidade de eu não te amar. Não existe a menor possibilidade de eu não te fazer feliz, porque nasci para te amar.
Confesso que nunca fui o tipo de garota que sonhava com o príncipe
encantado, mas acabei sendo presenteada com um que me amou plenamente.
Tenho certeza que nunca haverá dois corações mais abertos, nem gostos mais semelhantes ou sentimentos mais em sintonia. Muito obrigada… pela vida
que nunca imaginei ter um dia, pelo amor que eu nunca imaginei que fosse capaz de sentir. Principalmente, por acreditar no nosso amor mesmo quando
tudo dizia para desistirmos de ficarmos juntos. Em breve, nosso milagre virá ao mundo, a família vai crescer assim como a nossa felicidade. Obrigada por me fazer a mulher mais feliz desse mundo, te amo!”
Quando o juiz de paz perguntou se eu aceitava Juliene Sullivan como
minha esposa, eu gritei um SIM bem alto para que o mundo inteiro soubesse que ela era minha. Só minha. Estávamos tão felizes, em paz. Depois da cerimônia teve a festa, com muita música boa, comida e bebida, até meu pai
encheu a cara e caiu na pista de dança. Ele e minha mãe estavam radiantes com a chegada do neto em breve, meus irmãos eram pura ansiedade para que o sobrinho nascesse logo, eles também apostavam que seria menino.
- Eu não acredito até agora que vou ser tio, cara. Já sonhei com o
moleque correndo para todo canto, comprei até uma camisa do flamengo e entreguei para minha cunhada, ela te mostrou? - Pedro sorveu um gole do seu champanhe, enquanto observávamos minha esposa se acabando de dançar
com nossos pais e a família dos padrinhos de Juliene, os gêmeos eram uma graça.
Juliene nunca mais falou dos tios sanguessugas, pelo que veio ao meu conhecimento eles se divorciaram e foram morar na casa de parentes. A tia dela, Margô, está em fase terminal, os médicos deram a ela menos de seis meses de vida, mesmo assim, a mulher não se arrependeu de nada do que fez ou veio pedir perdão a sobrinha antes de morrer. Não a julgo mais, está nas mãos de Deus agora.
- Eu também não, irmão. Já era imensamente feliz do lado de Juliene,pensava que não precisava de mais nada para ser feliz, então Deus vem e nos presenteia com esse milagre, mal posso esperar para ver o rostinho do pequeno Thor.
- Que história é essa de Thor? - Ele arqueou uma sobrancelha.
- Meu filho já nasceu um herói indo contra 99, 999 % de não ser
concebido, então nada mais justo do que receber o nome de um. - De longe,pisquei para a grávida mais linda do mundo e ela sorriu toda tímida.
O seu amigo Marcelo, o “Superboy”, foi seu padrinho de casamento, não sinto mais ciúmes dele, viramos amigos.
- Justo! Estou contigo e não abro mão, irmão, o nome tem tudo a ver
mesmo com a história do moleque.
- E o Junior onde está que não o vejo desde o final da cerimônia?
-questionei, mas tinha lá minhas desconfianças…
- Não faço ideia de onde nosso irmão caçula está, mas a filha dos
padrinhos da sua esposa também sumiu faz tempo.
Trocamos olhares por alguns segundos.
- Espero que esse garoto não me arrume problema com o senhor Chicão,a Melissa ainda é menor de idade. Junior não tem um pingo de juízo.
- Olha quem está falando, o papa anjo de plantão. - Brinca Pedro.
Soltou uma gargalhada vigorosa, e eu acabei rindo também balançando a cabeça. Então, ele parou de rir do nada ficando totalmente sério.
- Você está bem, Pedro? - perguntei bastante preocupado, meu irmão
parecia apreensivo.
- Por acaso, essa semana apareceu alguma adolescente no Instituto
Senhor Marley? Ela é muito bonita, deve ter uns dezessete anos. Alta,
corpulenta e a pele em um tom de caramelo. Cabelos negros, lisos e
compridos como de uma índia. Aliás, ela parece uma - explica
detalhadamente, esperançoso que minha resposta fosse sim.
- Até recolhemos alguns jovens viciados em drogas morando debaixo de uma ponte, mas nenhuma das meninas com essas características. Sinto muito,irmão, onde a conheceu?
- Há alguns dias, passei por ela de carro vagando pelas ruas, parecia tão perdida, descalça e toda molhada, andando debaixo de um temporal enorme.
Então, estacionei no meio da rua mesmo, parti atrás dela e entreguei o cartão do abrigo para moradores de rua “Senhor Marley”. Ofereci para levá-la naquele momento, pessoalmente, mas a menina era arisca demais, pegou o cartão da minha mão e saiu correndo com medo de mim. Sei lá, parecia não confiar nos homens. Ou pior, ter medo deles. - Meu irmão deu de ombros,desviando o olhar preocupado para o nada.
- Não conseguiu descobrir mais nada sobre ela antes de ela fugir?
- Até consegui, antes de a menina sumir ligeira da minha vista, eu gritei perguntando:
- “Pelo menos me diz qual é o seu nome, ratinha assustada?”
- Ela respondeu?- questiono curioso com o desfecho da história.
- Sim! Ela parou de correr já bem longe e gritou de volta:
- “Meu nome é Yudiana Jackson, mas nem você nem ninguém pode me ajudar, só a morte.”
Conta, chateado.
- Então ela foi embora, a menina com os olhos mais tristes que já vi, com um nome tão exótico quanto a sua aparência. - Suspira bem fundo, sorrindo de um jeito diferente.
- Nossa! - Foi à única coisa que consegui dizer, agora entendo a preocupação dele com a menina, a situação era mesmo preocupante.
- Através dos meus contatos consegui descobrir mais sobre ela, é filha do chefe de uma igreja grande aqui no Rio de Janeiro, o Pastor Jackson. Fui falar
pessoalmente com o “homem de Deus”, tentando entender melhor a história,e fiquei chocado ao ouvir da sua própria boca que ele mesmo a expulsou de casa por ser uma vergonha para a família e esperava que ela nunca mais
voltasse. - Meu queixo caiu, literalmente.
Que tipo de pastor é esse?
Pai?
Sério, fiquei enojado com a atitude desse homem.
- E o que vai fazer a respeito? Afinal, disse que ela é menor de idade.
Isso é abandono de incapaz.
- Não vou fazer, Romeu, já estou fazendo, processando esse pastor. Mas,para dar continuidade no caso, preciso achar a menina, só que não faço ideia de onde começar a procurar. - Ele sorve toda a bebida do seu copo,frustrado.
- Relaxa, irmão, vamos encontrá-la e trazê-la para o nosso abrigo. - Ele
sorriu esperançoso, agora sim.
Esse era o meu irmão otimista de sempre.
- Vem amor, vamos dançar.
- Juliene veio e saiu me arrastando pela mão até a pista de dança, ela estava se divertindo muito. Depois eu a deixaria a par da história da menina que Pedro falou, ela melhor que ninguém saberia o que fazer para ajudá-la.
•
Durante o resto da festa eu e a minha mulher dançamos, bebemos e nos divertimos com os convidados.
Depois da festa de casamento, eu e minha esposa viajamos para Salvador,aluguei uma cabana em uma ilha deserta para passarmos nossa lua de mel isolados do mundo, para podermos nos amar à vontade ao ar livre a hora que
quiséssemos. Romeuzinho foi conosco, Juliene jamais deixaria a bola de pelos para trás. Eu também não, ele faz parte da família.
Os meses foram passando depressa, e a cada dia ficávamos mais ansiosos com a chegada do bebê. No dia de saber o sexo, não existia pessoa mais ansiosa do que eu nesse mundo. Já minha esposa era a calmaria em pessoa,
certa que seria menina.
- Você vai acabar furando o chão se continuar andando de um lado para o outro assim, amor. Já faz mais de meia hora, eu disse que era cedo para virmos para minha consulta - advertiu minha esposa sentada em uma das cadeiras da sala de espera, ela já estava com cinco meses e duas semanas de
gestação.
A cada dia sua barriga crescia inacreditavelmente mais, era com certeza a grávida mais linda de todos os tempos. Tinha certeza que seria um menino.
Mesmo assim, não conseguia esconder o nervosismo, não até a médica confirmar. Ser pai é uma bênção, pena que nem todos veem da mesma forma.
Infelizmente, apesar de procurarmos muito, não conseguimos achar nenhuma pista da adolescente que Pedro disse. Yudiana Jackson sumiu no mundo. Meu irmão está com medo de ela ter feito alguma loucura, mas não
tínhamos muito o que fazer, a não ser rezar por ela onde quer que estivesse.
- Eu não queria que chegássemos atrasados na sua consulta, baixinha.
Estou muito ansioso. - Sentei ao seu lado alisando sua barriga, eu adorava conversar com nosso filho, sempre mexia quando ouvia minha voz. Em especial, quando lia algum livro infantil para ele à noite todos os dias antes de dormir, virou uma espécie de ritual.
- Engraçado, pensei que tivesse certeza que é menino - alfinetou
achando a maior graça,ela também estava ansiosa, só sabia disfarçar melhor que eu.
- Tenho certeza que será, e teremos a confirmação agora. - Respirei
pesadamente quando a secretária veio nos chamar para entrar, fomos os dois pisando em nuvens.
Juliene teve que trocar de roupa, colocando um vestidinho verde estranho da clínica, depois deitou na cama e a médica passou uma espécie de gel em sua barriga. Foi emocionante quando ouvi o coraçãozinho do nosso milagre
batendo forte e rápido, não tenho vergonha de dizer que chorei. Nós dois chorávamos toda vez que ouvíamos durante as outras consultas. Era como se ouvíssemos pela primeira vez, não sei nem explicar. Apenas sentir.
- Preparados para saber o sexo do seu bebê, pais?- Assentimos,minha
mão segurou a de Juliene bem firme, eu estava em pé ao seu lado.
- Vocês terão um rapazinho, parabéns. - A médica disse rindo,
compadecendo da nossa alegria. Eu inclinei para beijar os lábios de Juliene.
Minhas lágrimas misturaram-se com as dela, de pura alegria. A verdade é que tanto fazia se fosse menino ou menina,seria um milagre bem-vindo do mesmo jeito.Nossa troca de olhares foi linda, romântica.
O caminho foi longo até ali, mas no final valeu a pena não desistir do
nosso amor.
- O time dos meninos cresceu, estou perdida! - Brincou minha esposa.
Limpei as lágrimas de alegria do seu rosto, sua voz era trôpega e chorosa,de pura emoção.
- Sinto muito, amor, sei que queria uma menina, até nome já havia
escolhido: Alice. - Fiquei um pouco triste, nem poderíamos tentar ter outro filho porque as chances eram pouquíssimas. Já havíamos recebido um grande milagre, pedir outro seria demais.
- Como as coisas são engraçadas, vocês querendo tanto ter uma menina,sendo que hoje mesmo uma recém-nascida foi encontrada na lata de lixo por um morador de rua. Ela está na UTI neonatal, toda a equipe de enfermagem está torcendo para que a pequena seja adotada por uma família que a ame
muito - comentou a médica, Juliene conversou comigo através do olhar
dizendo:
Podemos ficar com ela?
- Eu acho que ela já encontrou essa família, doutora, esse anjinho vai
crescer rodeada de muito amor. Eu garanto - afirmei.
- Hoje mesmo vou providenciar a construção de mais um quarto lá em casa para Alice, nossa filha do coração. - Juliene quase não conseguiu falar de tão emocionada, essa era minha esposa, sempre acolhendo com seu amor aqueles que não têm ninguém no mundo.
Aquele era o dia mais feliz da minha vida! Ter um filho já era perfeito,imagina dois? Fiquei extasiado de tanta felicidade. Tomado pela emoção,fechei os olhos e agradeci a Deus por me provar que tudo acontece no
momento certo, nem um segundo a mais ou a menos.
- Que Alice e Thor cresçam com muita saúde, pois já são muito amados por nós antes mesmo de conhecê-los. Será uma honra cuidar deles pelo resto da minha vida, porque eu os amos muito, assim como a mãe deles. - Até a
médica ficou emocionada com o nosso momento mágico, lágrimas brilhavam em seus olhos. Prometeu ajudar no que fosse preciso,a agradeci muito por isso.
- Obrigada por me fazer a mulher mais feliz desse mundo, meu Romeu.
Por me amar e me proporcionar a dádiva de ser mãe. - Minha mulher não conseguia esconder sua alegria, me aproximei dela novamente para nunca mais sair.
- E eu te amo, Juliene. Amo sua bondade. Sua alma. Simplesmente amo tudo que existe em você. E serei eternamente grato por ter me trazido de volta das trevas, salvando-me de mim mesmo.
Nos abraçamos e nossas bocas se tocaram com tanta delicadeza como se fosse nosso primeiro beijo. Saímos de lá de mãos dadas e sem conseguir parar de sorrir, estávamos indo naquele momento conhecer nossa filha mais velha, Maria Alice.
Nossa história de amor era um conto de fadas quase perfeito, afinal, se fosse perfeito não seria de verdade.
CAPÍTULO 37 (Final)
EPÍLOGO
Cinco anos depois…
ROMEU
Sentado na grama do belo jardim que eu e Juliene construímos juntos, vi nossos filhos correndo pelo quintal atrás do pobre gato. Romeuzinho havia se tornado um membro da nossa família, tanto que consideramos aquela bola de
pelo - hoje enorme gato preto
- como nosso filho mais velho. O pobre bichano sofria na mão de Thor e Maria Alice, eles o arrastavam para todo canto.
Meus filhos eram lindos. Nunca vou esquecer o dia que conversamos diretamente com o diretor do hospital relatando o interesse em adotar a menina que havia sido encontrada na lata de lixo, ele disse que seria muito
difícil, mas não impossível. Depois de muita luta, estávamos com Maria Alice nos braços. Lembro-me perfeitamente o momento que eu e Juliene a vimos pela primeira vez através do vidro na incubadora, na UTI neonatal, ela era um bebê tão lindo. A pele negra e as bochechas gorduchas, me apaixonei pelo seu cabelo todo enroladinho em cachos minúsculos.
Nós amamos aquele pequeno ser imensamente na mesma hora, não tinha o nosso sangue e nenhuma semelhança física, mas era nossa, e ninguém ousaria dizer o contrário. Foi mais um presente de Deus em nossa vida. Thor é louco
pela irmã mais velha. Tão linda e amorosa a minha menina de sorriso fácil.
Falando em Thor, ele é muito parecido com Juliene, olhos azuis grandes e expressivos como os dela. Tinha o coração bom e a alma pura. Mas quando contrariado, colocava a casa abaixo. Igualzinho a mãe. Às vezes passo horas
velando o sono dos meus filhos à noite, pensando em como Deus havia sido generoso comigo, logo eu, que passei um longo tempo não acreditando nele.
Tenho uma família linda, saudável e feliz. Quando perdi tudo que amava naquele acidente, pensei que nunca mais me sentiria completo novamente.
Minha vida se resumia em escuridão e dor, me mataram também naquele dia do acidente. Então uma baixinha abusada chega e me põe no meu lugar,prova que amor não tem idade nem momento certo para acontecer.
Simplesmente acontece. E que milagres acontecem mesmo com 0, 1111% de chances. Nosso amor não se desgasta com a rotina do dia a dia, pelo contrário, só aumenta. Às vezes nós brigamos feio, afinal nosso conto de fadas nunca foi perfeito, mas, sim, de verdade, e cinco minutos depois,
estávamos na cama nos amando, prometendo amor eterno.
Intenso e único.
- Olha, papai, que borboleta bonita.
- Minha menininha deu um pulinho
de alegria, fazendo seus cachinhos voarem como molas, tenho uma filha negra com muito orgulho. E não admitia ninguém fazer piadinhas em relação a isso, com meus filhos ninguém mexe.
Alice era tão linda, não precisava fazer nada para me fazer sorrir feito um bobo, bastava só olhar para ela, simples assim.
- Que lindo, filha, por que não mostra para o seu irmão? - Assente
animada e corre com seu vestido rodado cor-de-rosa até onde Thor brincava,na caixa de areia.
- Papaiêeee, eu posso ficar com a borboleta que a Alice achou para mim?
- Se eu fosse me levar pela euforia do meu filho, teria dito sim, mas apenas sorri, balançando a cabeça negativamente.
- Não, Thor, borboletas foram feitas para serem livres. - Ele fez biquinho, mas não chorou, também era valente como a mãe.
Minha esposa no ano passado foi premiada com o título de embaixadora da ONU, a maior parte da sua herança foi usada para ajudar os necessitados.
Seu padrinho Chicão virou seu sócio, ficando à frente de centenas de institutos “Senhor Marley” construídos pelo mundo. A maioria na África,levando comida, água e remédios. Também criou um projeto que patrocina os Médicos sem Fronteira, que já salvaram milhares de vidas em vários países.
Eu me orgulho muito de Juliene, é uma ótima mãe e esposa.
Ótimo ser humano.
- No que está pensando, amor?
- Juliene desviou os olhos do livro que estava lendo para olhar para mim, estava deitada com a cabeça apoiada no meu colo.
- Em como eu te amo, baixinha.
- Eu te amo mais, Romeu - afirmou.
- Impossível, Juliene! Nesse mundo não existe número para medir o amor que sinto por você, é algo que deveria ser estudado - rebati.
Juliene apenas sorriu balançando a cabeça e voltou à atenção para sua leitura entregando os pontos de vez, porque minha esposa sabia que o meu amor por ela era o maior do mundo, não perfeito, mas de verdade.
Ela sabia…
FIM.
Q final maravilhoso amei
ResponderExcluirFinal maravilhoso
ResponderExcluirLindo perfeito amei 👏🏽👏🏽👏🏽👌🏽👌🏽👌🏽🥰🥰❤️❤️❤️👏🏽
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