Conto Erótico - Tudo por ele - Capítulos 27, 28 e 29


 


Tudo Por Ele

Capítulo 27


Tomávamos café na cozinha no dia seguinte. Diogo parecia tranquilo, mas me lançava olhares. Por fim, indagou:

— O que você tem, Júlia? Está tão calada.

— Nada.

Depositei minha xícara no pires, encarando-o, buscando respostas.

Contudo, Diogo não dava sinais de saber o que tinha acontecido. Estava calmo demais.

— Lembra-se de ontem?

— Claro. Estava bêbado como um gambá! — sorriu, bem-humorado.

— Mas me lembro. Voltamos de táxi para casa e demos uma rapidinha

gostosa. Por quê?

Incomodada, alisei a toalha da mesa, sem saber se dizia ou não. Mordi

os lábios. E se não tivesse engravidado? Ele ia ficar preocupado à toa. E podia mudar comigo, mas se não dissesse nada e estivesse? Depois se sentiria traído.

— Júlia?

— A camisinha estourou ontem. Tinha esperma dentro de mim —

contei num atropelo.

Seus olhos azuis ficaram fixos nos meus. Era óbvio que estava

surpreso, realmente não se dava conta disso. Sua expressão se fechou, eu podia notar sua mente trabalhando, tentando recordar. Por fim, recostou-se na cadeira.

— P*rra! Não acredito nisso! — disse. Passou a mão entre os cabelos,

um tanto pálido. Olhou-me acusadoramente: — Por que não me contou logo,não me mostrou?

— Você apagou! Nem se deu conta, Diogo! Só percebi quando fui ao

banheiro e o esperma desceu — fitei-o, irritada. — Agora a culpa é minha?

— A culpa é nossa! E da p*rra do preservativo! Está no seu período

fértil?

— Não sei direito. Lembro que a menstruação veio no final do mês

passado. Pode ser. Não me preocupei muito, sabe que não posso tomar anticoncepcional e nos garantimos sempre na camisinha.

Diogo se levantou, esfregando as mãos no rosto. Estava realmente

nervoso, tenso. Acabei me levantando também, preocupada. Tentei amenizar a coisa:

— Agora não adianta a gente se desesperar. Talvez seja só um susto.

Foi só uma vez.

— Quando Antônia engravidou, também foi só uma vez. Não acredito nisso!

— Calma, Diogo.

— Calma? — fitou-me, transtornado. — Temos cinquenta por cento

de chance aí de você estar grávida, Júlia. Como posso ter calma?

— Exatamente. E tem outros cinquenta de que eu não esteja.

— Meu Deus!

Passou de novo os dedos entre os cabelos. Eu nunca o tinha visto

assim, muito perturbado.

— Vamos esperar para ver — aproximei-me dele, segurei seu braço,um tanto assustada.

Diogo me olhou, muito sério, fechado. Senti que o momento que eu temia se aproximava. O de tomar decisões. Tentei ser bem franca, pelo menos tensão estava lá, presente. E os dias passavam, cada vez mais próximos de uma resposta definitiva. Eu me desesperava cada vez mais, vendo minha felicidade se desfazer e sem poder fazer nada para segurá-la.

Continuamos nossa rotina. No sábado, quando descobriu que eu podia estar grávida, Diogo não fez amor comigo. Dormimos lado a lado como estranhos. Foi horrível, frio, distante. De manhã, no entanto, acordei com ele me beijando, puxando-me para os seus braços, amando-me. Entreguei-me desesperadamente. Foi intenso, forte, único, mas sem palavras. Só nossos corpos falaram.

Depois disso, o sex* ficou ainda mais febril, enlouquecedor. Era como se só na cama conseguíssemos extravasar, entregar-nos e nos amar. Queria muito dizer o que sentia, mas o silêncio de Diogo acabava me impedindo. Ele era uma incógnita. Devorava-me, olhava-me, às vezes, de um jeito como se quisesse me engolir viva e, então, recuava. Nesses momentos, eu me dava conta de como seu casamento fora uma prisão, um tormento para ele. E não havia nada mais que eu pudesse fazer.

Quando faltavam apenas uns dias para meu retorno a São Paulo, já

estava desesperada, sem poder disfarçar. Nós nos tornávamos cada vez mais distantes. E, numa noite, sem suportar mais aquilo, resolvi pôr as cartas na mesa.

Estávamos na cama, suados, após uma maratona de sex* quente e

pornográfico, mas a tensão continuava a me remoer. Recostada ao seu lado em uma pilha de travesseiros, falei para saber o que seria decidido:

— Vou embora na segunda-feira.

Diogo virou o rosto e me olhou. Fiz o mesmo em direção a ele.

— Mas precisa esperar. Saber se a menstruação vai descer.

Ele não me pediu para ficar porque queria. Senti um baque por dentro.

Corajosa, continuei:

— O pior é que não sei, Júlia.

A esperança queria renascer dentro de mim, pois achava que estava

sendo sincero. Todavia, como poderíamos ter certeza de algo com todo

aquele clima entre a gente, além de eu não saber realmente como Diogo se

sentia?

Deixei que me abraçasse e recostei a cabeça em seu ombro. Controlei-

me. Haveria muitos momentos para lágrimas.

Na segunda-feira, depois de muita discussão, Diogo me levou até o

aeroporto com todas as minhas coisas. Eu ia voltar para São Paulo de ônibus,

mas ele não deixou e comprou uma passagem de avião. Depois, cismou de ir

comigo e me acompanhar até em casa, mas não aceitei de jeito nenhum.

Não queria que visse o quartinho horrível em que eu vivia no campus

da Universidade. Nem que sentisse pena de mim. Ia querer alugar

apartamento e me ajudar, porém eu não queria nenhuma esmola dele, nem

que me sustentasse. Era tudo ou nada. Sem falar que seria uma despedida

ainda mais difícil. Se era para se livrar de mim, que fosse nos meus termos.

Eu me sentia morta por dentro, arrasada. Entretanto, aparentemente

estava firme.

Na noite anterior fizemos amor de forma especial, romântica e lenta,

longa, uma verdadeira despedida. E, de novo naquela manhã. Era quando nós entregávamos sem reservas, sem precisar de mentiras.

Eu me perguntava se Diogo sabia que o amava, se sentia no modo

como eu o olhava ou fazia amor com ele. Achava que sim, mas que se enganava, não querendo ver ou ter responsabilidade sobre aquilo.

Quando anunciaram meu voo, nós nos levantamos e paramos perto do portão de embarque. A vontade de chorar veio do fundo, ardida, pesada. Mal ousei respirar. Fitei seus lindos olhos azuis, indagando-me se seria a última vez que os veria, sem saber como eu poderia suportar dali para frente. No seus olhos e disse apenas uma palavra, antes de me virar e praticamente fugir dali:

— Adeus!


Capítulo 28


No início da faculdade eu já havia dividido meu quarto com outros

estudantes, mas há um ano o conseguira só para mim,

temporariamente. Não era muito, porém supria minhas necessidades principais. Quando me formasse, teria que sair dali e pagar aluguel. Arrumar um canto para viver.

Naquela semana, foi difícil me readaptar àquele local e às aulas. Eu

sentia muita falta de Diogo, da sua chácara, de Dirce e Cosme, de Aninha e dona Leopoldina, dos cachorros. Sentia falta da felicidade que vivi por seis meses. Entretanto, agora minha realidade era outra, e eu fazia de tudo para me acostumar.

Era um tormento. Durante o dia eu me ocupava, corria de um lado para

o outro, tentava seguir em frente. Quando chegava à minha casa e parava, aí vinha o desespero. Chorava, encolhia-me na cama, chamava por Diogo.

Meu corpo ardia por ele. Meus sentimentos clamavam por estar em sua presença. Era tão horrível e doloroso que acordava sentindo como se tivesse tomado uma surra, arrastava-me para fora da cama para enfrentar mais um dia só por obrigação.

O único momento feliz que eu tinha era quando Diogo ligava. Fazia isso todos os dias, geralmente à noite. Eu agarrava o celular, fechava os olhos

e saboreava sua voz, imaginando-o, sentindo-o.

No início,havia um clima estranho entre nós,como se não soubéssemos bem o que dizer, mas então a conversa se estendia, eu perguntava das coisas e pessoas, dos animais, dele. Estava tudo bem. E me desesperava, pois o mundo dele seguia bem sem mim.

Com o tempo, nós ficamos mais à vontade. Mesmo assim, não era

a mesma coisa. Havia uma barreira entre nós, algo que nos mantinha apenas no aceitável. E, no final, eu sabia que ele só ligava para saber da gravidez. Se tinha dado algum sinal.

A menstruação não tinha descido ainda, apesar de já ser final do mês.

Contudo, eu também não sentia nenhum sinal de gravidez. Estava normal,sem enjoos nem nada. Resolvi fazer um exame na segunda-feira e resolver isso. Ter logo uma resposta definitiva.

O que me deixava mais arrasada era saber que, se estivesse grávida,

Diogo com certeza me daria apoio e participaria, mas eu seria obrigada a

conviver com ele sem tê-lo. Fingir que estava tudo bem, quando o queria mais que tudo. E quando ele estivesse com outra mulher? Eu sorriria e fingiria não sentir nada? Ah, certamente morreria um pouco a cada dia.

Rebeca tentava me animar. Levava-me para sair e me via todo dia,

procurava não falar do pai, mas sentia seu olhar de pena. Não contei nada para ela sobre a suspeita de gravidez, pois ela me cercaria de cuidados, iria querer falar com Diogo... Ia dar mais confusão. Primeiro, eu precisava ter certeza.

No final de semana, eu estava mais para baixo que nos dias anteriores.

Em uma tristeza profunda, fiquei na cama o sábado inteiro. Diogo não saía da minha mente e eu me remoía, sabendo que ele, do jeito que era fogoso, com certeza já estava com outra mulher. Ou outras. Ou em orgias. E eu, totalmente esquecida. Foi quando o telefone tocou e vi o número dele.

Sentei, com o coração disparado, a dor me consumindo, um misto de

tristeza e raiva.

— Alô!

— Oi, Júlia!

Sua voz grossa e baixa fez minhas entranhas se contorcerem. Lágrimas

pularam dos meus olhos. Eu sabia que não aguentaria aquilo muito tempo.

Era uma tortura cada vez maior, ainda mais sabendo que, provavelmente, ele só me ligava para saber da gravidez. E que, a cada ligação, apesar de esperar aquilo ansiosamente, eu me arrasava mais. Era um lembrete de que tudo

terminara e da distância entre nós. No auge da dor, falei sem pensar direito:

— Minha menstruação desceu.

Seguiu-se silêncio do outro lado. Apertei o celular, fechei os olhos,

dando-me conta daquela loucura, mas não conseguia lidar com aquilo. Não do jeito que eu estava.

— Foi melhor assim, Júlia — ele disse baixo.

— Eu sei.

— E como você está?

— Bem.Mais tranquila agora— menti de novo, arrasada. Tranquila?

Que piada!Eu queria morrer.— Agora pode ficar também.

— Estava muito preocupado. Tem algo que eu possa fazer?

Me amar? Ficar comigo?

— Não, está tudo bem mesmo. E aí? Os cachorros estão se adaptando

ao novo veterinário?

— Não muito. Sentem sua falta. Até Sansão já tinha se acostumado

com você.

— Com o tempo tudo se ajeita.

— Verdade. Olha, se precisar de alguma coisa você me avisa?

Havia preocupação genuína em sua voz. De resto, não dava para notar

mais nada.

Estaria aliviado, sabendo que eu não seria um estorvo em sua vida,

com um filho a tira colo? Ou sentiria um pouquinho de tristeza? Só um pouquinho?

— Aviso, mas não se preocupe, sei me cuidar.

— Júlia...

— Sim? — disse e enxuguei as lágrimas que pulavam dos meus olhos,controlando-me para manter a voz serena, límpida.

— Vivi dias maravilhosos com você aqui. Espero não ter magoado você de alguma forma.

—Não magoou.Foi sempre muito sincero e agradeço por isso.—Eu

estava a ponto de cair em prantos, meu controle muito tênue.— Desculpa,Diogo, mas vou ter que sair agora.

Ele ficou em silêncio um tempo. Por fim, indagou, baixo:

— Vai sair?

— Claro. Hoje é sábado! — forcei uma alegria que não sentia.

— Está namorando?

— Ainda não. E você? — não me contive e aguardei, ansiosa.

— Não.

Isso não significava que não estivesse transando, porém não disse mais nada.

— Ligo depois, então. — Diogo afirmou, sério. — Divirta-se, menina!

Fechei os olhos, estremecendo com aquela maneira carinhosa de me

chamar. Como despedida, falei baixinho:

— Pode deixar, “tio”.

Desliguei o telefone, caindo na cama soluçando.

Eu alisei minha barriga ainda plana. Emoções conflitantes me bombardearam: medo, desespero, confusão, dúvidas. A única certeza forte o bastante foi o amor. Ali crescia o filho de Diogo. Eu seria mãe. O envelope aberto em minha mão comprovava isso.

Saí do laboratório e andei pela calçada tomada por um sentimento de irrealidade. Estava grávida. Era uma loucura total, dadas às minhas condições e, sobretudo, depois de ter mentido para Diogo, dizendo que a menstruação tinha descido.

Eu sabia que não tinha nenhuma condição de ter aquela criança,

morando num quartinho da faculdade e trabalhando como garçonete. Mesmo sabendo que ele me daria todo apoio financeiro, não era o que eu queria dele.

Só sabia que teria meu filho e o amaria. Nunca o deixaria como minha mãe fez comigo, nem se Diogo me virasse às costas. E, apesar de todos os problemas, sorri, encantada.

Das últimas vezes em que ele me ligara, eu não atendi. Sabia que

precisava me acostumar a ficar sem Diogo e, se continuasse a ouvir sua voz,a aguardar ansiosa por seus telefonemas,minha vida dependendo disso, eu nunca conseguiria me reerguer e seguir em frente.

Não contei à Rebeca nem a ele sobre a gravidez. Em algum momento,teria que fazê-lo. Todo mundo veria. E eu sabia que precisaria de ajuda, mas procurei primeiro encontrar meu equilíbrio, pôr minha vida no eixo,acostumar-me a viver longe de Diogo. Eu precisaria de forças para o futuro.

Decidi me cuidar e me alimentar melhor, para que o bebê viesse saudável. Eu já o amava com loucura.

Era difícil entender uma mãe largando seu filho. O meu ainda era uma sementinha dentro de mim e eu já me sentia uma leoa, pronta para defendê-lo.

Lembrei-me de Catharina, sua frieza, e realmente não consegui acreditar naquilo. Meu bebê seria amado e querido. Sorri ao imaginar Rebeca.

Tomaria um susto danado, porém depois se derreteria pelo irmãozinho. E Diogo...

Eu tinha medo da reação dele, mas tinha certeza de que assumiria o

filho. Só de pensar em ter que o ver pelo resto da minha vida sem poder tê-lo,o desespero me consumia. Todavia, eu me controlei. Cada coisa em sua hora.

Eu não podia me descontrolar mais. Um ser indefeso e inocente agora

precisava de mim.

— Você tem certeza de que está bem? — indagou Rebeca, enquanto

parávamos do lado de fora da Biblioteca do Campus, perto do carro dela.

Olhava-me atentamente.

Com três meses de gravidez, eu tinha engordado pouquíssimo, mas

minha barriga já despontava arredondando. Os seios pareciam maiores e doloridos. Minha pele nunca esteve tão bonita, assim como meus cabelos, que brilhavam. No entanto, eu ainda disfarçava. Usava jeans, mas com o botão aberto, e camisas largas.

— Estou. Por que pergunta? — sorri para ela, ajeitando a mochila

sobre um dos ombros.

— Está tão diferente. Sei que continua sofrendo por meu pai, dá pra ver isso, mas anda tão calma ao mesmo tempo. Serena. E está diferente. Nao sei bem o que é. — Seu olhar me percorreu de novo, curioso.

Tive vontade de contar a ela, mas sabia que iria correndo a Diogo. E

eu ainda não estava preparada. A dor e a saudade eram recentes demais.

— Não se preocupe, tudo continua bem.

—Falei com meu pai ontem.Ele disse que não atende os telefonemas

dele. Perguntou por você. Sempre pergunta.

— É mesmo? — indaguei. Meu coração bateu acelerado. Engoli em

seco. — É melhor assim. Fico mal quando falo com ele.

— Imaginei.

— E como ele está?

— Bem.

— Está namorando?

— Perguntei isso. — disse, cuidadosa. — Papai disse que não, mas sabe como ele é. Deve estar nas suas farras.

— Eu sei. Bom, tenho que ir, Beca.

— Entra no carro, eu te dou uma carona.

— É aqui perto, prefiro caminhar. Está um dia lindo.

— Tem certeza?

— Tenho.

Trocamos beijinhos e acenei, afastando-me. Minha mente toda

preenchida por Diogo. Sentia uma falta absurda dele. Muitas vezes pensei em atender o telefone, apenas ouvir sua voz. Ou contar a ele da gravidez para poder vê-lo de novo, nem que viesse só por isso, mas me controlava,buscando me fortalecer e me preparar para aquele momento.

Tinha vivido só por muito tempo, aprendido a depender apenas de

mim mesma e a não esperar amor. Eu o queria, almejava,principalmente

vindo de Diogo. Todavia, a vida me ensinara a não esperar milagres e a ser forte. Era o que eu tentava fazer.

Virei na esquina, distraída por meus pensamentos. Já me aproximava

do prédio onde ficavam os alojamentos em que eu morava. Só no último instante vi o homem recostado no carro em frente à entrada do prédio,olhando fixamente para mim.

Parei abruptamente, achando que minha mente pregava peças. Eu pensava tanto nele que agora o via. Arregalei os olhos, sem ar, sem fala, com as pernas bambas. O homem de jeans e camisa cinza grafite se desencostou do carro e veio em minha direção, seu corpo forte e alto, bem real, seus olhos azuis como o céu, aquele andar másculo só dele, os cabelos negros despenteados.

Meu coração bateu tão rápido que o senti pulsar na garganta.

Estremeci, chocada, sendo arrebatada por todos os sentimentos violentos que despertava em mim.

— Júlia!

Era Diogo.Era ele de verdade.Parou à minha frente,seus olhos me consumindo, sua expressão dura, intensa.

Tive que recorrer a todo o meu autocontrole para não me jogar em

seus braços e enchê-lo de beijos, suplicar, declarar-me e nunca mais o deixar ir. Emoções violentas me faziam ter vontade de chorar, mas busquei meu lado racional. Respirei fundo.

— Diogo. Que surpresa!

— Nunca mais atendeu meus telefonemas — disse sério. Seu olhar era profundo, percorria todo meu rosto.

— Achei que seria melhor assim. — Era difícil manter uma conversa

civilizada quando meu corpo e minha alma gritavam por ele. — Por que veio?

— Senti sua falta.

Não acreditei.Um baque me acertou em cheio e mordi os lábios,trêmula. Parecia um sonho, algo totalmente irreal, inesperado. Tive medo de

acreditar.

Por um momento só nos olhamos, parados ali na calçada, perdidos um

no outro. Quis muito tocar nele, com um desespero que doeu, mas mal

respirei e continuei muito quieta.

— Sentiu a minha? — indagou, quase furioso. Não entendi aquilo.

— Sim.

— Está diferente.

Então, fez algo que me surpreendeu e me deixou de pernas bambas.

Ergueu a mão grande e acariciou meu rosto, enfiando os dedos em meu cabelo. Seu olhar profundo não me deixava nem por um minuto.

Estremeci com o seu toque, doendo de tanta saudade. Fechei os olhos por um momento, saboreando-o.

Diogo me puxou para si e me beijou na boca. Eu o agarrei sôfrega, abrindo os lábios, recebendo sua língua com paixão e desespero. Foi delicioso, quente, arrebatador. Apertei-o com força, sem acreditar que era real, que estava mesmo ali. Ao mesmo tempo, sabia que era e o segurei como se nunca mais pudesse deixar que escapasse.

Diogo não me dava espaço nem para respirar. Suas mãos em minha nuca e costas, seu peito esmagando meus seios, sua boca movendo-se contra a minha, devorando-me inteira, fundindo-me a ele. Roçamos nossas línguas com desespero. Eu tremia sem parar, fora de mim, louca de tanta saudade e amor.

Por fim, ele afastou os lábios e me fitou com os olhos escurecidos, as

pálpebras pesadas. Ordenou baixo:

— Leve-me para seu quarto!

Eu não queria nem podia dizer nada. Concordei.

Capítulo 29


Diogo pegou minha mochila, segurou minha mão e fomos assim até o alojamento. Eu mal podia pensar. Só conseguia me dar conta de que ele estava ali. Ele veio me ver. Porque quis.Sem saber da gravidez. Gravidez!

Parei de supetão, agitada, nervosa. Meu Deus! Eu precisava contar a

ele!

— O que foi? — Diogo parou ao meu lado no corredor.

— Nada.

Sacudi a cabeça.Nem sei como tirei a chave certa do bolso e abri a porta.

Entramos no quarto pequeno,apenas com uma cama de solteiro estreita, uma pequena mesa num canto com duas cadeiras, meu notebook,

alguns livros e cadernos em cima. Em outro canto, um fogão de duas bocas,uma geladeira velha, um armário embutido de duas portas. Restavam ainda um guarda-roupa pequeno e uma porta que levava ao banheiro minúsculo.

Diogo deixou a mochila sobre a cadeira, olhando em volta.

Eu tinha tentado dar um toque pessoal ali, pintei as paredes em um tom goiaba, pus belos quadros pendurados, uma colcha bonita na cama. Contudo,era tudo pobre, pouco, mal cabia num dos quartos da casa dele. Mesmo assim, não me envergonhei. Era meu lar. O que uma órfã podia ter.

— Quer beber alguma coisa?

— Não. — Ele se voltou para mim. Seu olhar me varreu da cabeça aos

pés. Franziu o cenho e me estendeu a mão, fitando meus olhos. — Vem aqui.

Eu fui, tremendo. Segurei sua mão. Diogo parecia a ponto de me engolir viva, seu olhar ardendo, feroz. Colou meu corpo ao dele e me levou

para a cama, fazendo com que eu andasse para trás. Consegui murmurar:

— Temos que conversar.

— Sim. Depois. — Parou quando minhas pernas encostaram na beira

do colchão. Suas mãos foram à minha camisa, abrindo os botões, seu olhar fixo no meu. — Preciso de você, menina. Agora!

— Também preciso de você, mas, Diogo...

Ele me beijou na boca, calando-me. Puxou a camisa por meus braços e se livrou dela.Abriu o sutiã e,quando envolveu meus seios com as duas mãos, parou com a boca na minha. Lentamente se afastou, franzindo o cenho.

Baixou o olhar para meus seios doloridos, inchados. Veias azuis estavam mais visíveis sob a pele, os mamilos mais escuros, ambos mais

redondos e pesados. Desceu o olhar para o botão da calça jeans aberta, o ventre mais arredondado.

Ficou imóvel. Quando seus duros olhos azuis encontraram os meus,

estremeci.

— Você não ia me contar? — a voz saiu áspera, rascante.

— Ia.

— Quando?

Soltou-me, deu um passo para trás. Engoli em seco. Ergui o queixo e

disse a verdade:

— Quando eu pudesse lidar com você.

— Explique-se.

— Tentei me preparar. Não estava aguentando viver sem você. Foi um

martírio a cada dia. Se eu falasse logo, você viria aqui só pelo bebê e me desprezaria. Eu não ia conseguir esconder como te amo, como estou 

desesperada longe de você! Desculpe, não quis te enganar.

As palavras saíram de uma vez,atropeladas,sôfregas,enquanto eu arfava,continha-me para não desabar em lágrimas.

Ele ficou imóvel. Por fim, acusou:

— Disse que a menstruação tinha descido.

— O que queria que eu fizesse, Diogo? A cada vez que ligava, eu

sabia que era só para saber da gravidez e ficava arrasada! Não comia nem dormia direito! — Eu me exaltei, com lágrimas nos olhos, as quais escorriam por meu rosto. — Depois fiz o exame e não falei para ninguém. Quis me fortalecer, mas acha que eu poderia esconder por muito tempo? Eu ia te falar.

— Era para ter me dito desde o início! — Diogo estava furioso e

segurou meu braço. — Eu tinha o direito de saber!

— Eu sei! — gritei, já em prantos. — Mas você não queria! Sabia que

me odiaria, que assumiria o filho só por obrigação!

—Não diga bobagens.—Diogo me puxou para si, abrandando, enxugando as lágrimas dos meus olhos. — Não fique assim, calma...

— Eu tive medo...

— Sua boba, passando por isso tudo sozinha. — Encostou minha cabeça em seu peito, acariciando ternamente meu cabelo. — Devia ter me contado, Júlia. Eu teria vindo aqui, teria cuidado de você.

— Eu sei, mas não quero sua pena. Nem que me veja como uma

obrigação — murmurei contra o tecido da sua blusa, fungando, abraçando-o forte pela cintura. Aspirei seu cheiro, inebriada, sem vontade de largá-lo.

— Nunca vou ver você assim, menina. Vim aqui, mesmo sem saber que estava grávida.

— Por quê? — perguntei baixinho. — Lá no Rio ninguém quer transar

com você?

Ele riu. Fez com que o fitasse e acabei sorrindo também.

— Você é louca.

— Sou. Por você.

Fitamo-nos nos olhos, agora sérios. Diogo indagou, rouco:

— Está apaixonada por mim?

— Sim.

— O quanto?

— Demais — murmurei com todo meu amor. — Eu amo você, Diogo.

Seus dedos pararam em minha face, amparando-me.Percorreu meus

traços com seu olhar.Por fim,seus olhos azuis tão límpidos e profundos,encontraram os meus. Disse, sem tentar disfarçar:

— Eu procurei esquecer você, menina. Nunca mais queria me envolver com ninguém seriamente, já te falei isso. Quando veio embora e me disse que não estava grávida, tentei retomar minha vida. Não vou dizer que fui santo,mas não senti por nenhuma das mulheres com quem saí nada parecido com o que tive com você.

Senti a pancada do ciúme, imaginando-o na cama com as outras.

Tentei me afastar dele, mas Diogo me segurou com força.

— Júlia...

— Se divertiu bastante?

— Não ouviu o que eu disse? — questionou e segurou meu queixo,

fazendo-me olhá-lo. — Se eu não tivesse saído com elas, nunca teria tido certeza de que com você era diferente. Só eu não queria enxergar. Quando não me atendeu mais, fiquei desesperado de saudade. Só conseguia pensar em vir aqui, atrás de você. Foi uma luta comigo mesmo, pois eu sabia que,quando te visse, ia querer você de volta em minha vida.

Fiquei imóvel, esperando, tentando engolir meu ciúme. Suas palavras

faziam a esperança me engolfar, quente e intensa, pura. Busquei as respostas em seus olhos.

— Estou louco por você, Júlia. É uma vergonha, sou muito mais velho,

já devia saber me controlar. Entretanto, você virou minha vida de cabeça para baixo.Se não quer que eu vire um monge, precisa dizer “sim”.

— Monge, você?

— Pode acreditar. — Sorriu de leve, expondo suas covinhas.

— Dizer “sim” a quê, Diogo?

— Nem acredito que vou dizer isso — ficou sério, olhos profundamente cravados nos meus. Sua voz saiu rouca: — Case comigo!

Apertei-o, emocionada, ainda ansiosa demais, abalada demais.

Murmurei, sabendo como ele se sentia sobre aquilo:

— Não precisa ir tão longe. O bebê...

— Não é o bebê, embora agora ele conte. Já vim aqui decidido a isso,

a levar você comigo. Pode pedir transferência para uma universidade do Rio,terminar os estudos lá.

— Não posso acreditar. Você...

— Essas desculpas todas são para dizer não? — acariciou meu rosto.

— Até parece! Só não quero... Tem certeza?

— Quer uma prova? — perguntou, segurando minha mão e a espalmando contra seu coração. Fitou-me no fundo dos olhos. — Amo você,menina!

— Ah, Diogo...

Nós nos beijamos apaixonados, com amor e desejo. Então, ele caiu de

joelhos aos meus pés, terminando de abrir minha calça, descendo-a por meus quadris. Parou-a em minhas coxas, deixando-me apenas com a calcinha branca. Suavemente, beijou minha barriga, emocionado, com carinho.

— Seja bem-vindo, meu filho!

Lágrimas vieram aos meus olhos. A felicidade foi tanta que pensei que explodiria. Enfiei meus dedos em seus cabelos negros e deixei que terminasse de me despir.

Quando se levantou de novo, tiramos suas roupas às pressas, beijando-

nos sofregamente. Ele se sentou na beira da cama e me pôs no colo, montada de frente, acariciando meus seios. Disse, safado:

— Vamos ter que ir com calma nas nossas sacanagens, por causa do

bebê. Entretanto, depois que ele nascer, vai me pagar por ter me escondido que estava grávida. Vou te pôr em uma coleira e espancar sua bunda por dias.

— Vou esperar ansiosamente — murmurei excitada. — Mas não vai com muita calma. Estou bem e saudável. E preciso muito de você, Diogo.

— Precisa disso?

Segurou o pau e me fez esfregar a buceta molhada nele. Gemeu baixinho, até que me penetrou. Entrou apertado e gostoso até o fundo.

Segurou firmemente meus quadris e me movi, arrebatada, louca de saudade,de tesão.

— Como é gostoso sentir você assim, sem camisinha. Estava com

muita saudade, menina.

Abracei-o pelo pescoço e nos beijamos, unidos, como devia ser.

Fizemos amor com paixão, com tesão e com doçura, beijando-nos

muito, mãos e línguas ansiosas, peles ardentes. Quando acabou, ficamos na cama estreita, nus, quietos, apenas sentindo um ao outro.

Fechei os olhos, sem poder acreditar em toda aquela felicidade. Tinha

passado os piores meses da minha vida com medo e saudade, cheia de

inseguranças e solidão. E, sem que eu esperasse, Diogo estava de volta à minha vida. Para ficar. Casar comigo, ser o pai do meu filho.

Passei a mão por seu peito, apreciei sua pele, até que ele beijou minha

face, disse baixinho:

— O bebê também está bem?

Ergui o rosto para encontrar seu olhar. Emocionada, expliquei:

—Fui ao médico,ouvi o coraçãozinho dele.

Diogo sorriu.

— Da próxima vez vou também. Fez exames, ultrassonografia?

O médico tinha passado, mas eu só conseguiria fazer na semana

seguinte, estava marcado.

— Vou fazer agora.

— Vamos juntos.

Sorri, amando aquela palavra: juntos!

Continua amanhã 



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