Conto Erótico - Viúvo da noite - Capítulos 09 e 10
V̑̈Ȋ̈Ȗ̈V̑̈Ȏ̈ D̑̈Ȃ̈ N̑̈Ȏ̈Ȋ̈T̑̈Ȇ̈ 

Ȃ̈Ȗ̈T̑̈Ȏ̈Ȓ̈:T̑̈Ȏ̈M̑̈ Ȃ̈D̑̈Ȃ̈M̑̈Z̑̈
Ȇ̈D̑̈Ȋ̈T̑̈Ȃ̈D̑̈Ȏ̈ P̑̈Ȏ̈Ȓ̈ D̑̈Ȋ̈Ȋ̈V̑̈Ȃ̈S̑̈ L̑̈Ȋ̈T̑̈Ȇ̈Ȓ̈Ȃ̈Ȓ̈Ȋ̈Ȃ̈S̑̈ 

Capítulo 09 

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POR VIEGO BLOODSTONE..
Pela primeira vez, em quase cinquenta anos, me vi além dos portões do castelo. Deixei-a em casa com a sua “mãe”, que me recebeu
educadamente, apesar do susto.
— mais uma vez, quero agradecer ao senhor, Viego, por trazê-la até em casa. — ela disse, assentindo com a cabeça.
— Não precisa agradecer. — sacudi a cabeça e respirei fundo. — Fiz apenas o meu trabalho.
— Pedirei a ela para entrar em contato assim que acordar. — disse,
acompanhando-me até a porta.
— Agradeço. — respondi com um breve sorriso, ainda encucado com aquele nome.
Femme Satan.
Se não estou enganado — e nunca estou —, o nome é uma tradução
do francês, referindo-se a figura de Satanás como uma mulher ou também
podemos simplificar com diaba.
Em todo caso, ela é uma mulher diferente. Creio que deva se encaixar
no conceito de mulher trans; que não nasceu com o que sexo que se identifica, mas que fez a transição ao longo dos anos.
Bom, cada um é feliz a sua maneira, não é? Quem sou eu para questionar o diferente? O resultado do amor de um vampiro e um arcanjo.
O mais intrigante dessa visita é que, por acaso, acabei descobrindo,
atrás de uma das portas, Jason, espiando a minha conversa com Femme
Satan. Ao que tudo indica, ele é um dos hospedes do hotel.
— Interessante.
— ajeitei o terno e adiantei o passo pela calçada,
decidido a avaliar o quanto a cidade mudou desde a minha última visita.
O Rio de Janeiro apresentava dois opostos, onde um lado esbanjava
liberdade e luxo, tendo em contrapartida, prisão e pobreza.
Claramente, o ser humano não mudou. A sua ambição sedenta segue
causando destruição. A cidade cresce engolindo a mata atlântica, cujos
moradores, boa parte em extinção, se apertam no espaço que lhes sobra; isso
quando não invadem a cidade e acabam sendo eliminados.
O homem ainda não aprendeu a viver em harmonia com a natureza e,
em algum momento, a natureza irá eliminar o homem.
Eis o triste destino da humanidade, que em sua arrogância, ainda não
entendeu a sua posição no ciclo da vida...
Depois de muito caminhar, dei-me conta de que estava na hora do chá
da tarde e, em sua ausência, optei por tomar um café em um Bistrô, que havia
encontrado.
Sentei-me em uma das mesas aconchegantes, do lado de fora e, fiz o
meu pedido. O garçom não se demorou, trazendo um café com creme.
— Algo mais, senhor?
— Por enquanto, só isso. — ele assentiu com a cabeça e se retirou.
Nunca fui amante de café, sempre preferi chá, dos mais diversos
tipos. Em contrapartida, Alicia, trocaria qualquer coisa por café.
Sorri ao me lembrar daquilo e abaixei a cabeça, voltando a minhamente a Yslai. Provavelmente, contar a ela, quem e o que eu sou, lhe causou
muita confusão. Tamanha, que ela desmaiou.
Entendo que é tudo novo e, ao mesmo tempo, surreal. Como uma
humana pode acreditar na existência de vampiros? Isso, automaticamente, a
leva crer em outras criaturas e, cá entre nós, não seria nenhum delírio.
Sabem a razão de eu amar tanto os escritores e seus livros? Eles são
os registradores da história. Nada passa despercebido na ponta das suas
canetas e se foi escrito, há sustentação.
Acabei pedindo outro café e, enquanto aguardava, uma garotinha se
aproximou. Deveria ter entre cinco e seis anos. Os seus olhinhos estavam
arregalados e, havia um sorriso bobo em sua face, enquanto ela me analisava.
— Olá, criança. — sorri ao dizer aquilo e ela sorriu de volta.
— Oi. — respondeu, balançou o corpo e, depois de muito pensar,
apontou o indicador em direção aos meus olhos. — O seu olho é lindo, tio.
— Acha mesmo? — ergui as sobrancelhas, unindo os lábios em um
pequeno sorriso. Ela assentiu com a cabeça. — Bom, o que posso dizer;
obrigado.
— De nada. — deu de ombros.
Não demorou muito para que a mãe surgisse logo atrás. Assim que me
viu, arregalou os olhos. Primeiro, espanto e, em seguida, curiosidade, mas ela
não tocou no assunto.
— Desculpe por isso, senhor.
— Fique tranquila, ela não está incomodando.
Em seguida, estiquei uma das mãos fechadas em direção a garotinha
e, quando a abri, fiz um botão de rosa branca surgir. A pequena deu pulinhos,
gargalhando, enquanto a mãe manteve a expressão de surpresa.— Viu só, filha, ele é um mágico.
— Sim, mamãe. — a pequena concordou com um aceno e pegou a rosa.
— Tchau, tio. — despediu-se com um aceno.
— Tchau, criança. — respondi, voltando a apreciar o meu segundo
café com creme.
Há algumas décadas, ter o olho com uma cor incomum, era um sinal
ruim. As pessoas ficavam alardeadas e com medo, pois era antinatural. E tudo
que se encaixava nesse critério, derivava do demônio, assim como foi
instituído pela santa igreja.
Contudo, desde que inventaram as lentes de contato, isso deixou de
ser um problema. Imagino quantas criaturas de imenso poder, devem estar,
nesse momento, andando juntamente com os homens; se passando por eles,
convivendo com eles e, até mesmo, procriando com eles.
O mundo realmente mudou...
Quando o dia deu sinais de sua ausência, dando espaço a noite, segui
para casa. O som começava a se pôr no horizonte, enquanto eu caminhava,
pensando em tudo e em nada.
Em determinado momento, durante a minha caminhada, senti o aroma
de Yslai invadir as minhas narinas e, naquele primeiro instante, imaginei que
fosse lembranças, trazidas pela minha mente, mas quando a fragrância se
tornou intensamente forte, concluí que não.
Isso ficou ainda mais claro quando, apenas pelo seu aroma, senti a
sensação medo. E foi naquele momento que eu soube que ela estava em
perigo eminente.
Aquilo era o suficiente para eu saber em que direção ela estava e, nãohesitei. Num piscar de olhos, surgi na orla da praia. Passei os olhos pelo lugar
e, estava praticamente deserto, exceto pela presença dela e, de alguns homens
que a perseguiam.
Precipitei-me em sua direção e, mesmo a distância, consegui ouvir os
seus batimentos cardíacos desesperados, em angústia e, foi quando eles
atravessaram a linha tênue entre a minha tolerância e a minha fúria.
— O que pensam que estão fazendo, rapazes? — havia uma ira
escondida na minha pergunta educada, pois eu queria despedaçá-los, um a
um.
— Viego.
— quando a ouvi suplicar o meu nome, o meu coração se
acalmou por alguns instantes, mas.
— Não se mete, tiozão.
— Perguntei o que estão fazendo! — trovejei, sentindo o meu corpo
ser tomado pelo fôlego do meu ódio, que a cada respiração, incendiava o meu
corpo em chamas.
Eu estava pronto para trucidá-los, mas sabia que se fizesse isso, as
coisas entre nós ficariam ainda mais complicadas.
Os covardes fugiram, mas, em algum outro momento, longe da
presença dela, eu os encontraria e, eles encontrariam o destino que todo
violador merece.
— Vou te levar para casa. — respirei fundo, procurando me acalmar.
— Quer me tratar feito um animal? Primeiro me alimenta, cuida de
mim e depois, me abate? Afinal, é isso que sou, uma presa.
Sacudi a cabeça, tentando deixar claro que não era isso. Nunca se
tratou de alimento, mas, sim, de amor. Afinal.
— Não seja tola, Yslai. Há séculos não provo sangue.
— quis rir,quando lhe confessei aquilo.
— Então, o que você quer de mim? — ela gritou, parecendo confusa
e, consigo entender perfeitamente a bagunça que a sua cabeça se encontra.
— Quero você. Ainda não entendeu?
— Por que?!
— Por que eu amo. A amei quando era Alicia e sigo a amando como
Yslai.
Dizer aquilo, extinguiu a minha fúria de minutos atrás e aqueceu o
meu coração. Sim, eu amo essa mulher mais que qualquer coisa em toda a
minha existência milenar.
E, depois daquilo, dei-lhe respostas que não me lembro, pois o meu
coração havia levado a minha mente, ao passado. Eu me deliciava com as
suas risadas e, me sentia agraciado com a sua presença.
— Milady
. — sussurrei, enquanto caminhava ao seu lado,acompanhando-a até em casa.
Deixei-a em casa e atendi ao seu pedido para tirar uns dias de folga. É compreensível que ela precise pensar um pouco e, tomar uma decisão.
Tudo pode mudar, para bem ou mal.
De volta ao castelo, caminhei pelos seus corredores vazios e
silenciosos, dirigindo-me até o meu escritório. Sentei-me no banco e deslizei
os dedos pela tecla do piano. Respirei fundo e iniciei o meu cântico.
E, pouco a pouco, penas brancas começaram a cair do teto,arrancando-me um pequeno sorriso. Respirei fundo e fechei os olhos.
— Eu estava com saudades, mamãe. — disse, cessando a sinfonia. E,
ao abrir os olhos, percebi que as penas já não caiam mais.O meu pai sempre me disse que a minha mãe nunca saiu, por um
instante sequer, do meu lado. E eu o questionava como isso era possível, pois, faz tantos milênios que não a vejo, que já não consigo me lembrar muito
bem.
Então, ele me dizia para olhar para o alto, pois quando penas caíssem
do céu, era ela, voando em seu corcel e, de lá do alto, me guardava como um
tesouro.
Não me recordo da sua aparência, nem do seu rosto, mas, certamente,
me lembro da sensação de tê-la por perto. Exatamente como agora, quando as
sombras parecem dominar o meu coração, diante da incerteza com o amor,
surge a faísca de ternura, que sempre me guia em direção a luz.
Há uma história encantadora e, cheia de batalhas, envolvendo o meu
nascimento. Quem sabe, em outro momento, eu não a leia novamente.
Respirei fundo e levantei-me, seguindo em direção a sala principal.
Ao parar em seu centro, mirei o quadro com o rosto de Alicia e sorri,
sentindo um aperto no peito, em meio as lágrimas que brotavam em meus
olhos.
— O nosso tempo foi cheio de alegrias e sonhos, mas é hora de recomeçarmos, mais uma vez. — girei o indicador, fazendo a sua imagem
desaparecer e, em seu lugar, fiz surgir a de Yslai. — O seu físico mudou, mas
você continua a mesma, Milady.
— sorri, curvando-me cordialmente diante
do seu retrato.
O passado é uma lembrança dos bons e maus momentos que vivemos,
mas não podemos viver nele. O presente, como o próprio nome diz, é uma
dádiva, nos dada para recomeçar.
É preciso aceitar que Alicia se foi e que, em seu lugar, veio Yslai. A mesma pessoa, em corpos diferentes.
Capítulo 10 

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POR YSLAI D’ALMEIDA...
— Pensou o suficiente? — fui interceptada por Femme assim que entrei. Ela estava sentada em um dos sofás da recepção, tomando chá.
— Não, mas estou melhor.
— assenti com a cabeça, arrancando-lhe um sorriso.
— Sei que homens não costumam te balançar, mas acredito que a razão de toda essa sua forma estranha de agir, tenha a ver com o senhor Viego. Estou enganada? ergueu as sobrancelhas, bebericando o chá mais uma vez.
Neguei com a cabeça e ela respirou fundo.
— Ainda bem que não são drogas.
Encaramo-nos por alguns segundos e, em seguida, gargalhamos.
— Não, não são! — franzi a testa, revirando os olhos.
— Sendo assim, fico mais aliviada.
— comentou, deixando a xícara
sobre a mesa de centro e mirou o teto, contando-me um pedacinho do seu
passado.
— Um dia também amei e, naquele tempo, eu cometeria loucuras
pelo meu amor. O ponto é.
— voltou-se a mim. — Gosta dele? Ele gosta de
você? O que impede?
— Essa foi uma pergunta muito confusa. — prendi a respiração e concordei com a cabeça.
Femme riu e sacudiu a cabeça.
— O amor é sempre confuso. Às vezes, penso que é um jogo. De azar
para alguns e sorte para outros.
— Acho que é isso mesmo... — respondi.
Depois de um breve silêncio, Femme sugeriu algo que me fez perder o ar.
— Diga a ele que eu nunca visitei um castelo e que adoraria conhecer
a sua propriedade. — arregalei os olhos com tal pedido e ela riu. — Não
precisa ser agora.
— Mais pra frente, né? — gesticulei com as mãos, um pouco nervosa.
— Isso. — assentiu com a cabeça.
Eu deveria dizer a ela que o meu patrão, o Conde Viego Bloodstone é
um vampiro? E não posso me esquecer do fato de que pedi uns dias de
descanso e, não faço a mínima ideia de quando e se vou voltar a trabalhar
com ele?
Não!
Claro que não!
Um pouco mais tarde, depois do jantar, subi para o meu quarto. A
cena dele queimando dos pés à cabeça, como uma coluna de fogo, não saia da
minha mente. Sempre imaginei que vampiros, fossem só vampiros, mas ele é
quase um personagem da Marvel.
Ri sozinha ao constatar aquilo e sacudi a cabeça. Contudo, outro fator
óbvio me veio a mente: como ele sabia que eu estava na praia? Viego estava
me seguindo?
Pisquei algumas vezes ao cogitar tal possibilidade, mas levando em
conta que ele é um vampiro, talvez ele tenha sentido que eu estava em perigoe...
Conexão.
A minha mente formou aquela palavra automaticamente e, prendi a
respiração. Ao sacudir a cabeça mais uma vez, tentando afastar qualquer
pensamento relacionado a ele, me virei para o lado na cama e, não demorei
muito para cair no sono.
Ainda de olhos fechados e sonolenta, senti uma brisa fria me fazer
tremular. Entreabri os olhos e vi a janela aberta. Remexi-me um pouco mais
embaixo das cobertas e, por fim, relutante, sentei-me na cama e fechei a
janela.
Pisquei algumas vezes e lá fora continuava escuro. Provavelmente,
ainda estava de madrugada. Espreguicei-me entre um bocejo e, paralisei
quando ouvi aquela voz.
— Alicia? Onde está você, Alicia?
Um arrepio sinistro percorreu a minha espinha e, ao virar para o lado,
não vi ninguém. Contudo, a voz seguia chamando pelo nome.
O medo e a curiosidade travavam uma luta dentro de mim, mas
quando me dei conta, já havia me levantado. Adiantei-me até a porta em
passos lentos e, no meio do caminho, me vi em um imenso espelho.
Vi o meu próprio reflexo, usando roupas de outra época. Cheguei a
piscar algumas vezes, para conferir se não estava “vendo” errado. Então, a
voz mais uma vez ecoou.
— Aí está você, Alicia. — o reflexo sorriu e se virou, indo ao
encontro de outra pessoa, cujo rosto me era indecifrável. — Pronta para o
nosso jantar, milady?
Ouvir aquele milady me fez arregalar os olhos e, de repente, me vi
engolida por um buraco no chão, que parecia não ter fim.Despertei assustada e ofegante. Ao passar os olhos ao redor, eu ainda
estava no meu quarto e o dia havia amanhecido. Respirei fundo e esfreguei o
rosto, sacudindo a cabeça.
— Alicia? — franzi a testa. — Eu sou a Alicia?! — sacudi a cabeça,
tentando entender como aquilo poderia ser possível, ao mesmo tempo, que
poderia ser real, afinal, eu vivia tendo lembranças de uma outra vida.
Deixei a cama e segui para o banho. Após me aprontar, espiei na porta
do hotel e o senhor Jonas seguia, como fazia todas as manhãs, me
aguardando.
Concluí que evitar a praia em horários noturnos seria ideal, mas sabe-
se lá por qual motivo, senti vontade de ir ao jardim botânico. Lembro-me que
fui lá uma única vez, com a minha mãe, quando ela ainda estava viva.
— Bom dia, senhor Jonas. — disse assim que entrei no veículo.
— Bom dia, senhorita Yslai. — assentiu com a cabeça e mirou-me
pelo espelho do carro. — Para onde vamos?
— a pergunta me estranhou e ao
notar, ele prontamente se explicou.
— O senhor Viego me deu ordens para
que eu a levasse onde quisesse.
— Entendo... — uni os lábios e assenti com a cabeça. — Rumo ao
Jardim Botânico.
— Como quiser.
O veículo acelerou e, depois de um tempo, chegamos ao local.
Agradeci ao senhor Jonas e o dispensei, pois voltaria de ônibus.
Imediatamente, adiantei-me por uma pista de tijolinhos, cerceada dos
dois lados por grandes palmeiras. Passei um bom tempo caminhando, até que
encontrei o famoso chafariz das musas.
O som dos pássaros era um alento ao meu coração perturbado e aminha mente que voava tão longe, que eu nem sabia em quais ideias estava
perdida.
De repente, vi uma mulher ao meu lado. Tão linda que entreabri a
boca, ao admirar a sua beleza. Os cabelos loiros, presos por em única trança,
que lembrava uma grossa corrente de ouro. Olhos infinitamente azuis, como
o mar. O rosto pálido e de expressão gentil, mirou-me, esboçando um sorriso
tímido.
A mulher estava usando um vestido branco, não muito apropriado
para a ocasião, mas levando em conta que é muito costumeiro ter sessões de
fotos por aqui, ignorei.
— Parece preocupada, menina. — a voz soou tão gentil que aqueceu
o meu coração.
— Pareço? — ergui as sobrancelhas e ela assentiu com a cabeça. —
Bom, acho que tem acontecido muita coisa ultimamente.
— O amor nos pega de surpresa. — deu de ombros e sorriu, me
fazendo engolir em seco.
— Sim, eu acho.
— franzi a testa e respirei fundo. — A verdade é que a vida se tornou uma loucura em questão de poucos dias.
— O mundo é uma loucura e, nós, somos os loucos que o habitam. —
sorriu.
Ela tinha um jeito estranho de ver as coisas, mas, ao mesmo tempo,
fazia sentido.
— Em alguns momentos da vida, — a mulher prosseguiu. — nos
deparamos com a estranha sensação de já ter existido. — senti o meu coração
palpitar com tais palavras. — E, a verdade é que muitos de nós recebemos
uma segunda chance para vivermos a vida que deveríamos ter vivido, mas
alguma coisa deu errado.— Você acha?
— Ora, eu tenho absoluta certeza. — deu de ombros, começando a
caminhar ao redor do chafariz e eu a acompanhei, a distância, observando-a
tocar a água com a ponta dos dedos, enquanto falava. — A vida é o milagre
divino, concedido por Deus. Nada acontece se não for da sua vontade.
— Sim, nada.
— Há uma razão para cada um de nós estarmos aqui. Seja para
ensinar ou acrescentar. — pisquei algumas vezes, tentando entender aquilo,
mas não tive tempo. — Contudo, a vida é finita. Curta demais para
conseguirmos compreender o Senhor e a grandeza de toda a sua criação e,
por essa razão, nos foi ensinado a amar, pois, só o amor ultrapassa o limite da
existência e penetra em nossas almas. — subitamente parou e se virou para
mim, centrando os olhos nos meus. — Você está pronta para lidar com o
amor e as suas adversidades?
Aquela pergunta me fez corar, pois, imediatamente vi o rosto de
Viego em minha mente. Sim, eu sinto coisas estranhas e únicas quando estou
com ele, mas não sei se o amo e.
— Eu não sei.
— abaixei a cabeça e, quando a ergui novamente.
— Não se pode fugir do amor, pois o amor sempre irá te encontrar,
Yslai.
Quando ouvi o meu nome, arregalei os olhos e ergui a cabeça.
Assustei-me ainda mais quando percebi que a mulher que estava ali,
conversando comigo, havia desparecido. Passei os olhos ao redor e não havia
nenhum sinal da sua presença. De repente, grandes penas brancas começaram
a cair do céu, fazendo-me ser tomada por uma sensação quente, como se
estivesse sendo abraçada.
Pouco a pouco, algumas pessoas vieram em minha direção e, sem
dizer nada, ergueram seus rostos em direção ao céu, contemplando a mesma
visão que eu tinha. Os seus olhos chegavam a brilhar, enquanto suas bocas semoviam, mas eu não conseguia os ouvir, pois a sua frase não saia da minha mente não se pode fugir do amor.
Foi quando me lembrei, mais uma vez, de Viego e suas confissões,
sobre me amar, sobre querer se deleitar com meus lábios e.
Senti a minha respiração ofegar e o meu rosto corar.
— Sim. Talvez, fugir não seja o correto.
— sussurrei para mim mesma, sentindo o meu coração bater mais forte.
Prestes a deixar o jardim botânico e atravessar para o outro lado da
rua, encontrei-me com o senhor Jonas, sentando em um banquinho,
segurando um pacote de pipoca. Ele não demorou para me notar e veio em
minha direção.
— Aceita? — ofereceu.
— Não, obrigada. — sacudi a cabeça e respirei fundo. — Achei que já tivesse ido...
— Eu estava indo, mas pensei ter visto um conhecido. Estacionei o
carro e vim ao seu encontro, mas ele sumiu. Acabei sentindo vontade de
comer pipoca.
— riu, sacudindo a cabeça.
Abaixei a cabeça, esboçando um pequeno sorriso e quando ergui o
rosto, mirei o céu azul.
— Certo, vou parar de fugir. — disse para mim mesma, baixinho.
— O que disse, senhorita?
— Vamos para o castelo. — respirei fundo a dizer aquilo, sentindo o meu coração acelerar.— O carro está logo ali, senhorita. — o senhor Jonas apontou com o
dedo e se apressou na minha frente.
Acompanhei-o, enquanto sentia um frio na barriga, mas, apesar disso,
eu sabia que não existiam coincidências. Nossas vidas são guiadas por Deus
e, o nosso destino, traçado pelos seus anjos.
Eu estou pronta para ouvir a sua história, Viego Bloodstone. A nossa
história.
Amanhã tem os capitulos finais.
Amanhã tem os capitulos finais.
Aí q lindos ❤️❤️❤️
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