Conto Erótico - Dona do meu Prazer - Capítulos 22, 23 e 24


 
Capítulo 22
Bento

Fiquei na sala, esperando a Diana terminar de se arrumar. Ela escolheu
uma calça jeans desbotada para mim, juntamente com uma camisa
vermelha, xadrez; enrolou um pouco as mangas da camisa, me olhou séria e
me analisou da cabeça aos pés. De repente me olhou animada.
— Você está um gato. Se olhe no espelho. Meu Deus! Você está muito
lindo, Bento. — Seus olhos brilharam quando me elogiou.
— Você acha mesmo que essa roupa ficou boa em mim? Eu gostei
muito.
— Claro que ficou! Combinou muito bem com você. Agora deixa eu
me arrumar. É a minha vez de arrasar.
— Vai precisar que eu lhe ajude em algo?
— Quando terminar, vou até você. Me espere na sala. — Me beijou
nos lábios e, eu saí do quarto.
Diana apareceu na entrada da porta e, eu me levantei do sofá para
olhar mais de perto. Estava muito linda. Sorri para ela, sem acreditar no que
estava vendo. Ela estava usando um vestido preto curto, que mostrava suas
coxas grossas; olhei para seu decote, quase babando. Ficou perfeito nela.
Seu salto era tão alto que pensei ser impossível de ela caminhar. Ela andou
até mim virando de costas. Suspirei pesadamente tendo pequenas
palpitações no coração. O vestido mostrava toda as suas costas. Seus lábios estavam em um tom vermelho; a maquiagem deixou os seus olhos verdes
mais em evidência. Fiquei admirando-a por alguns segundos e pensando na
sorte de que essa mulher linda e com aquele sorriso feliz era toda minha.
— Você está perfeita. Acho que é a única palavra que cabe nesse
momento, perfeição. Estou me sentindo um sortudo da porra. — Disse
tocando seu rosto. Eu era maluco por essa mulher, cada dia me apaixonava
mais por ela.
— Não me olha dessa forma senão a gente não sai de casa. — Bateu
no meu ombro me fazendo sorrir.
— Estou apaixonado por você novamente. — Falei pegando em sua
cintura fina.
— Você é muito romântico. Sou tão sortuda por ter você na minha
vida... te amo. — Seus olhos brilharam. Encostei os meus lábios nos seus
beijando-a brevemente.
— Agora vamos, não quero me atrasar. Vou chamar o Uber.
Nos despedirmos de Lupi e saímos. Logo em seguida, entramos no
carro que tinha acabado de chegar.
Em poucos minutos o carro parou em frente a uma casa noturna toda
iluminada; tinha várias pessoas do lado de fora, na fila. Paguei o rapaz do
aplicativo e saímos de mãos dadas, seguindo na direção da entrada.
Avistamos o Bob conversando com alguns homens que ficavam na entrada;
ele acenou para irmos em sua direção.
— Uau! Você foi naquele programa onde mudam o visual das pessoas?
Está irreconhecível, Bento. Agora você, patroa, não deixa a desejar, sempre
linda. Com todo o respeito, Bento — disse brincando.
— E você nem parece aquele homem durão que fica observando todos
no bar. Está até bonito. — Todos nós sorrimos do meu comentário.
— Vamos entrar. Já falei com uns conhecidos, que liberaram a nossa
entrada.
Entramos na boate passando no meio da multidão de pessoas; a música
estava tão alta que não dava para ouvir nada. Subimos uma escada e
ficamos em um lugar mais calmo. Diana pediu dois drinques. Bob já estava
rodeado de mulheres. Começou a tocar uma música agitada e Diana
começou a dançar sensualmente; se aproximou mais de mim, virou de
costas e começou a rebolar encostando-se ao meu corpo. Pousei a minha mão em sua barriga e ela rodeou o meu pescoço com uma das suas. O
barman trouxe nossas bebidas e começamos a beber.
— Está gostando? — Perguntou e, em seguida, sugou a metade da
bebida do copo pelo canudinho.
— Estou me acostumando. Mas estou gostando muito. — Tomei a
metade da bebida sentindo o líquido gelado descer pela minha garganta.
— Vem, vamos para a pista dançar. — Deixou o drinque pela metade
em cima da mesa e pegou na minha mão me arrastando para baixo onde as
pessoas estavam todas amontoadas e dançando coladas umas as outras.
Uma música começou a tocar, não era muito lenta, mas também não
era daquelas que faziam as pessoas pularem que nem loucos. Diana rodeou
as mãos em volta do meu pescoço, eu segurei a sua cintura e dancei
conforme ela estava dançando; segui o seu ritmo. Senti quando seus dedos
massagearam meu pescoço. Começamos a nos beijar nos envolvendo na
melodia da música; senti o gosto da bebida nos lábios de Diana. Nosso
beijo foi se aprofundando mais e meu pau começou a endurecer conforme
Diana chupava a minha língua. Uma música com uma batida mais alta
começou e Diana se virou de costas esfregando o bumbum sobre o meu
pau. Uma das minhas mãos desceu pela sua barriga e a outra apertou o seu
bumbum amassando a sua carne. Eu queria fodê-la, e queria muito. Meus
lábios mordiscavam a pele do seu pescoço; encostei minha boca bem perto
do seu ouvido e sussurrei:
— Se você não parar rebolar desse jeito, não vou aguentar e vou gozar
nas calças.
A música parou de tocar e Diana pegou na minha mão nos levando
para um local escuro. Entramos em um quartinho onde tinha vassoura e
vários produtos de limpeza.
— Você está louca?! Se alguém entrar e nos pegar aqui dentro vamos
ser expulsos da boate — falei baixo com medo de alguém ouvir.
— Ninguém vai entrar aqui. Não se a gente continuar falando baixo e
sem fazer barulho. Eu estou excitada e quero que você me coma aqui e
agora. — Ela disse suspendendo o vestido e revelando a sua boceta. Estava
sem calcinha. Meu pau ficou mais duro.
— Como assim você está sem calcinha? Quer me matar? — Sorriu
safada, mordendo o lábio inferior.Diana caminhou até mim, sem dizer nada e abriu o botão da minha
calça descendo o zíper. Logo, tirou meu membro todo para fora e
massageou a cabeça. Sem pensar duas vezes, a ergui em meu colo
encostando-a na parede, deixando uma vassoura cair. Diana começou a rir,
mas parou quando meu pau entrou todo dentro dela; senti sua boceta
molhada receber todo o meu pau.
Suas pernas apertaram a minha cintura e comecei a investir mais forte
dentro do seu interior. Nos beijamos com urgência tentando impedir que
nossos gemidos chamassem a atenção de alguém, nunca pensei que faria
sexo em um local com gente passando para lá e para cá; descobri que isso
me deixava mais excitado. Diana gemia baixo e senti o exato momento em
que gozou. Sua respiração foi se acalmando e gozei logo em seguida. Senti
o suor escorrer da minha testa; só então percebi o quanto aquele lugar era
quente. Desci Diana do meu colo devagar e vi o exato momento em que o
meu pênis saltou de dentro dela.
— Preciso me limpar. — Avisou tirando a pequena bolsa que estava
dentro do seu vestido, entre os seios. De dentro, ela tirou pequenos lenços e,
em seguida, se limpou. Me entregou um e fiz a mesma coisa comigo. Diana
baixou o vestido ajeitando-o em seu corpo, e eu fechei o zíper da minha
calça. Isso foi uma verdadeira loucura.
Saímos do local como se nada tivesse acontecido. Algumas mulheres
que estavam na fila do banheiro nos olharam e começaram a cochichar.
Diana não deu a mínima para elas. Já eu? Fiquei morrendo de vergonha.
Todos ali sabiam o que nós dois estávamos fazendo dentro daquele
depósito.
— Nem vou perguntar onde os dois pombinhos estavam. Porque não
me interessa. — Bob disse antes de nos entregar mais dois copos de
drinques. Duas mulheres estavam ao lado dele.
— Estava só esperando vocês chegarem para me despedir. Vou deixar
essas duas princesas em suas casas. — Disse piscando para elas, que
sorriram sem jeito.
— Nós também estamos indo, não é, amor? Não aguento mais voltar
para casa somente as seis da manhã, estou ficando velha. — Diana disse me
olhando.— Se quiserem, posso deixar vocês em casa. — Bob se levantou
deixando dinheiro em cima da mesa.
— Não, pode ir levar as suas amigas. Eu e Bento vamos voltar de táxi.
Entrelacei meus dedos nos de Diana e descemos a escada nos
desviando das pessoas que estavam subindo. Algumas, já bastante alteradas.
Já fora da boate, nós nos despedimos de Bob entrando em um táxi que
estava em frente à casa noturna. Demos boa noite ao motorista e eu disse o
endereço para ele.
— Sabe o que eu estava pensando, amor? — Levei a mão de Diana até
os lábios e beijei.
— Quero te levar para conhecer Santana. Vem comigo? Podemos
planejar a viagem, primeiro. Você pode deixar o bar nas mãos de Júlio. Ele
com certeza vai cuidar de tudo como se fosse dele.
— Sério, amor? Você quer que eu vá conhecer as suas origens? Nossa!
Fiquei tocada agora. Para falar a verdade, eu nem me lembro da última vez
que viajei para passear, espairecer ou esquecer um pouco da vida agitada
que levo. Posso conversar com Júlio e Bob. Tenho certeza de que eles me
darão a maior força.
— Você vai se encantar com o pessoal de Santana, povo humilde e
acolhedor. Quero muito que você esteja ao meu lado. Sempre — sussurrei
para ela.
— Eu sempre vou estar ao seu lado. Sempre. Nunca se esqueça disso.
Diana sempre fazia o meu coração bater forte como se fosse a primeira
vez que ela me dissesse isso. Ela era a pessoa que sempre sabia me deixar
como um bobo apaixonado. Nosso amor e, nossa cumplicidade eram
recíprocos. Eu a queria como minha mulher e mãe dos meus filhos, não
tinha dúvidas disso.
.
.
Capítulo 23
Bento
Depois de uma semana organizando nossa viagem, ela finalmente saiu.
Estávamos partindo para Santana, o lugar onde nasci e cresci. Júlio e Bob
nos deram todo o apoio e ficariam cuidando do bar enquanto estivéssemos
fora por alguns dias. Lupi ficaria com Júlio e Tereza; sim, ele resolveu
assumir o amor que sentia por ela, e os dois até decidiram morar juntos.
Fiquei feliz, pois ele não estaria mais sozinho; teria alguém para conversar e
dividir os problemas. Espero de coração que ele fosse feliz. Nós ainda
estávamos nos aproximando aos poucos como pai e filho. Torcia para que,
cada vez mais, pudéssemos derrubar essa barreira que se ergueu entre nós
dois.
O ônibus já estava para partir, nos despedimos de todos e entramos no
ônibus. Diana se sentou na poltrona, e eu, logo sentei ao seu lado. Dessa
vez o ônibus tinha ar-condicionado, não foi como o que peguei, tão quente e
barulhento. Saímos da rodoviária às oito da noite, com previsão de chegada
ao meia dia do próximo. Eu estava ansioso... será que algumas pessoas
ainda se lembrariam de mim? Será que a casa onde eu e a minha mãe
morávamos ainda estava de pé? Eram tantas perguntas.
— Está tudo bem, amor? — Diana me olhou, enquanto segurava o
livro que estava lendo.— Sim. Apenas estou nervoso. Na verdade, ansioso pela viagem.
Depois de quatro meses longe de Santana, sem ter contato com ninguém de
lá, é estranha a sensação de voltar lá sem ter ninguém me esperando. —
Minha voz saiu embargada, eu estava emocionado.
— Aposto que quando os seus vizinhos te verem vão ficar felizes por
você ter voltado para saber como todos estão. Tenta relaxar, ouve uma
música. Quer ler? Eu trouxe mais de um livro, gosto de ler quando tenho
tempo. Vamos ficar na estrada por horas, então é bom se distrair com algo.
— Vou ficar quietinho, prometo. Se quiser dormir pode pôr a cabeça
no meu ombro. — Disse colocando uma coberta nas nossas pernas. Por
mais que estivéssemos de calças sentíamos frio do mesmo jeito.
Diana largou o livro, bocejando, e se aconchegou mais a mim; eu a
abracei e ela encostou a cabeça no meu peito. Fechei meus olhos e tentei
dormir um pouco, mas estava difícil.
Pela manhã, o ônibus parou para abastecer, então aproveitamos para ir
ao banheiro e comprar um lanche. Depois retornamos para o ônibus; a
próxima parada seria somente na rodoviária de Santana. Minha barriga
gelava por dentro em pensar que estávamos chegando.
∞∞
— Chegamos! — avisei assim que avistei a rodoviária. Lembrei-me do
dia em que cheguei ali somente com uma mochila nas costas e o coração
dilacerado pela perda da minha mãe. Meu coração continuava doendo pela
falta que ela me fazia. Mas naquele momento a dor se amenizou e só restou
saudades.
Depois que o ônibus parou, nós descemos. Ajudei Diana a descer,
coloquei a mochila nas costas e puxei uma mala com rodinhas. Diana
carregava sua bolsa com nossos documentos e dinheiro. As pessoas
passavam apressadas esbarrando umas nas outras. Não sabia que sentia
tanta falta disso até chegar ali.
— Vamos procurar um lugar para ficar. Tem alguma pousada aqui por
perto? Preciso dormir direito, fico péssima quando não tenho uma boa noite
de sono.
— Tem sim. Aqui na cidade tem uma pousada. Vem... vamos logo
resolver isso para descansarmos. No dia seguinte, quero passear em Santana. Quero te mostrar tantas coisas, você vai se apaixonar pelos
lugares.
— Você está feliz, não é?
— Estou mais feliz, porque você está aqui comigo.
Chegamos rápido à pousada, pois ela ficava perto da rodoviária. Ainda
bem que tinha quartos vagos; alugamos um quarto por uma semana.
— Vocês vão almoçar conosco? — a recepcionista perguntou para nós
dois.
— Não, vamos almoçar fora. Vamos descansar um pouco da viagem.
Agradeci a recepcionista, pegamos a chave do quarto e subimos a
escada. Encontramos o quarto de número sete e entramos. Diana deixou a
bolsa em cima da cama e se jogou em cima dela soltando um suspiro.
— Nossa! Como é bom deitar e esticar as pernas. Ai, amor, vou dormir
agora. Depois tomo um banho. — Ela disse ajeitando o travesseiro e
fechando os olhos. Em poucos minutos estava dormindo. Ela estava mesmo
cansada.
Aproveitei, tirei o seu tênis e os deixei no canto do quarto; peguei sua
sandália na mala e deixei perto da cama, pois quando se levantasse não
precisaria pisar descalça no chão. Me deitei ao seu lado e dormi também.
∞∞
No dia seguinte, nós saímos para passear, e eu quis levar a Diana na
feira onde eu e a minha mãe vendíamos frutas e verduras. Dona Rosa
vendia um café maravilhoso, cuscuz com queijo e ovo, bolo de milho,
mingau. Quando sobrava uma grana, eu comprava café para mim e mamãe,
ela amava cuscuz.
— Essa é a feira onde eu e minha mãe vendíamos as frutas e legumes
que colhíamos na plantação onde morávamos. Feira de Santana, o nome.
Aqui é onde a maioria das pessoas tiram seu sustento. Santana fica a uma
hora da cidade, então acordávamos as quatro da manhã para arrumar as
caixas de frutas pra levar até o ônibus, que saía às cinco. Se perdêssemos,
nós tínhamos que pagar um carro de frete. Ou era isso, ou as coisas
estragariam.
— Nossa! O trabalho é pesado mesmo. O admiro muito por nunca ter
deixado a sua mãe sozinha. Você é um exemplo de filho maravilhoso.Vamos tomar café aqui mesmo? Confesso que estou morrendo de vontade
de provar um pouquinho de cada coisa.
— Vamos sim. Quero que você prove o cuscuz, é uma delícia. Aposto
como vai gostar.
Chegamos à barraca da dona Rosa e ela estava sentada olhando para o
nada. Nem percebeu quando eu e Diana paramos em sua frente. Ela já era
idosa, mas era muito sábia.
— Ainda tem cuscuz, dona Rosa? — Ela ficou me olhando e sorriu ao
me reconhecer.
— É você, menino Bento? — Ela perguntou com os olhos cheios de
emoção.
— Sou eu sim, dona Rosa. Vim visitar Santana e trouxe minha
namorada comigo. Essa moça linda aqui é a Diana. — Dona Rosa se
levantou e pegou nas mãos da Diana, sorrindo.
— Mas ela é uma mulher muito bonita, menino, parece até uma
boneca. Seja bem-vinda a Santana, minha filha. Vêm, sentem-se aqui que
vou servir o melhor café da região.
— A senhora que é linda, dona Rosa. — Diana disse fazendo carinho
em seus cabelos brancos.
— Sou não, minha filha. Já estou muito velha. — Ela disse nos
fazendo rir.
— Mas então, menino Bento... você encontrou seu pai na cidade
grande? — Dona Rosa perguntou colocando duas xícaras de café na mesa;
ela sabia que meu pai morava em São Paulo, certamente que minha mãe
tinha desabafado com ela. Não me surpreendi nem um pouco com sua
pergunta.
— Encontrei sim. Estamos nos conhecendo. Sou muito parecido com
ele.
— Quando as coisas têm que acontecer não adianta tentar fugir do seu
destino. Uma hora tudo se encaminha... filho encontra pai e a vida segue
seu fluxo. Quando você se tornar pai vai entender tudo o que sua mãe fez
por você. — Dona Rosa colocou dois cuscuz na mesa e dois pedaços de
bolo de milho.Começamos a comer em silêncio, e eu fiquei pensando nas palavras da
velha senhora sábia. Uma coisa ela tinha razão, não adiantava fugir do
nosso destino.

Capítulo 24
Diana
Descemos do carro e chegamos a Santana, uma cidadezinha pequena,
mas muito acolhedora; os moradores quando passavam por nós sempre nos
cumprimentavam dando bom dia. Estava apaixonada por esse lugar. Assim
que entramos na rua onde ficava a casa em que Bento e sua mãe moravam,
ele parecia uma criança correndo para me mostrar. O lugar era lindo, cheio
de pés de frutas, legumes e tinha um jardim com vários pés de flores, todas
de cores diferentes. Bento corria e puxava a minha mão junto com ele; eu já
estava ficando cansada e ele estava normal.
— Não aguento mais correr, Bento. — Reclamei com a respiração
pesada.
— Vem amor, só mais um pouquinho. Sobe nas minhas costas que
carrego você. — Se abaixou e eu pulei em suas costas. Ele correu comigo
em suas costas me fazendo gritar; eu estava com medo de cair. As pessoas
nos olhavam e riam da cena.
Bento parou e eu desci abraçando sua cintura. Seus olhos ficaram
marejados e segurei sua mão tentando passar-lhe tranquilidade. Ele estava
tendo recordações e ficou emocionado.
— Está tudo bem? — Vi quando sorriu timidamente.
— É que voltei no tempo agora... era como se minha mãe estivesse lá
dentro me esperando chegar do campinho, todo sujo de lama. Em todas as vezes, ela me dizia que no outro dia, eu não iria brincar, porque sujava
muitas roupas. Mas era só eu pedir que ela abria o maior sorriso e me
deixava brincar. Ainda sinto muita falta dela. Meu peito aperta tanto que
parece que a qualquer momento vai faltar o ar. Quando saí de Santana para
ir a São Paulo, atrás do Júlio, deixei a metade do meu coração aqui, e
sempre vai ficar uma parte minha nesse lugar. Por mais que eu me mude de
cidade, Santana é o lugar onde está a mulher que me ensinou a ter
princípios e me criou com muito amor. Os anos podem passar, a minha vida
pode mudar, mas nunca vou me esquecer dela. Dona Ester sempre será meu
primeiro amor. — Solucei baixo, abraçando-o. Não sabia mais o que dizer
para confortá-lo.
— Eu sei o quanto essa dor aperta e a saudade dói. Suas palavras agora
foram as mais lindas. Nossos pais, com certeza, serão sempre o nosso
primeiro amor. — Vamos sentar ali debaixo daquela árvore — apontei. —
Daqui a pouco alguém chega para você entrar e matar a saudade do lugar
em que viveu. Vem.
Sentamos debaixo da árvore um do lado do outro. Bento ficou calado e
eu tentei respeitar seu silêncio. O vento batia forte contra meu rosto
bagunçando meus cabelos. Olhei para longe e vi montanhas e o céu estava
bastante azul.
— Está melhor agora? — Perguntei, passando a mão em suas costas.
— Sim, estava pensando em passar no cemitério depois. Se você não
quiser ir, pode me esperar na pousada.
— Não, vou com você. Só não vou se você preferir ir sozinho. —
Passei a mão tentando ajeitar o cabelo de Bento que o vento fazia questão
de bagunçar.
— Obrigado. Significa muito você estar comigo nesse momento. —
Seus olhos verdes estavam tristes, isso me deixou triste também, pois o
queria sempre sorrindo.
Uma mulher e duas crianças chegaram na casa; Bento se levantou
pegando minha mão. Andamos até a mulher, que sorriu para nós dois.
— Boa tarde, dona Inês. Não sei se a senhora se lembra de mim, mas
sou o Bento, eu e minha mãe moramos nessa casa, há quatro meses. Depois
que ela faleceu, eu fui embora. Hoje voltei para matar um pouquinho a
saudade.— Menino, você está mudado e tão bonito. É claro que me lembro de
você e sua mãe, acompanhei o seu crescimento e as lutas da Ester.
— Essa é a minha namorada Diana. — Dona Inês apertou a minha
mão me dando um sorriso singelo.
— Vem, vamos entrar e tomar um café.
Entramos na casa simples, mas com uma arrumação impecável; tudo
estava limpo, o chão era apenas de cimento grosso. Nos sentamos em
cadeiras de madeira que ficavam na sala. As crianças ficaram nos olhando,
dona Inês voltou com duas xícaras de café. Tomamos e, em seguida, ela se
sentou perto do Bento.
— Se quiser ir até a plantação fique à vontade. Vou esquentar o
almoço. Cheguei da feira agora; você sabe muito bem como é a nossa vida
quando chegamos da feira. Almoçar para mais tarde colher verduras pra
deixar tudo pronto para o dia seguinte. Fique à vontade. Qualquer coisa me
grita.
— Obrigado, dona Inês. Ir até as plantações é muito importante para
mim. Eu e minha mãe cuidávamos de tudo, sozinhos, e a senhora manteve
tudo como era antes. — Bento deu um abraço na senhora gentil e pegou na
minha mão nos levando para a parte de trás da casa.
O quintal era enorme, tudo muito bem cuidado; caminhávamos no
meio das plantas. Bento pegou algumas acerolas do pé e me deu para
provar; fiz careta colocando uma na boca e mastigando em seguida.
— Esse lugar é lindo e traz muita paz. Acredito que vocês foram muito
felizes aqui. Você foi criado em um verdadeiro paraíso.
— Fomos muitos felizes sim, apesar das lutas diárias. Quando eu e
minha mãe vínhamos aqui para colher as frutas era como se nossa energia
fosse recarregada. Meu sonho era comprar esse pedaço de terra e dar para
ela. Mas não tive tempo. Porém tenho certeza de que o tempo que passamos
juntos foi suficiente. Quero pensar no futuro a partir de agora; fazer planos.
E você está incluída nesses planos. — Disse fazendo carinho no meu rosto.
Fomos na direção das roseiras, Bento colheu uma rosa vermelha e
estendeu em minha direção. Peguei a rosa e a levei ao nariz inspirando o
cheiro do seu perfume. Bento continuou me encarando e o olhei fixamente
também. Estendeu a mão e tirou uma mecha de cabelo do meu rosto
colocando-a atrás da orelha.— Quando eu disse que queria pensar no futuro, eu quis dizer nosso
futuro. Nunca tive tanta certeza de algo como tenho agora. Quero passar o
resto da minha vida com você. — Segurou minha mão e senti que ele estava
nervoso, mas continuou mesmo assim. Seus lábios se abriram e ele
continuou a falar: — Diana, você quer se casar comigo? — Coloquei a mão
na boca, admirada com sua pergunta. Claro que queria me casar com ele;
estava nas nuvens com seu pedido de casamento.
— Claro que aceito me casar com você! Quero ser a sua esposa. —
Bento me abraçou me suspendendo em seus braços e me girando entre as
roseiras. Se abaixou e fez com que deitássemos no gramado. Nos beijamos
ali mesmo selando o nosso amor.
∞∞
Antes de voltarmos para São Paulo, nós passamos no cemitério e
Bento fez questão que eu fosse com ele. Compramos flores na entrada e
seguimos para dentro procurando pelo túmulo da sua mãe. Andamos mais
um pouco e paramos em frente ao túmulo. Bento colocou as flores em cima
e coloquei as minhas logo em seguida. Estávamos em silêncio; senti quando
Bento puxou uma respiração profunda, apertei a sua mão encorajando-o a
falar:

— Mãe... fazem quase cinco meses desde que você se foi e não há um
dia em que não pense na senhora, a saudade é enorme. O buraco que se
formou em meu peito quando você partiu só aumenta mais a cada dia.
Mas... — olhou para mim com lágrimas descendo pelas suas bochechas.
— Encontrei uma mulher maravilhosa que vai se casar comigo. Juntos,
nós vamos formar uma família. Eu encontrei meu pai também e não a culpo
por nada, está tudo bem. Você foi uma mãe incrível. Tive a oportunidade de
te dizer isso ainda em vida, além de ter dito o quanto a amava e ainda amo.
Até um dia!
Depois de Bento se despedir da sua mãe, nós saímos do cemitério de
volta para São Paulo, para as nossas vidas. Para o nosso futuro juntos.

Continua amanhã

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