Conto Erótico - Delicioso (Des)conhecido - Capítulos 43, 44 e 45 (Final)




Autora: Letícia Bastos Mendes
Capítulo 43
O restante da nossa viagem de lua de mel foi perfeito. Apesar das partes do corpo quebradas e das fotos feias que tiramos por causa dos gessos, nós ficamos ainda mais grudados um ao outro. Nos amamos, nos conhecemos mais. Henrique mostrou ser extremamente carinhoso, preocupado e amável. Ele cuidou de mim como se eu fosse uma princesa e eu nunca seria capaz de retribuir tanto carinho. Eu estava ainda mais apaixonada por ele e percebi que meu sentimento crescia a cada dia. Henrique é o homem dos meus sonhos mais perfeitos e lindos, e saber que ele ficaria comigo até o resto de nossas vidas senão eu mato ele, me deixava radiante e satisfeita. Apesar de todos os contratempos que tivemos, eu finalmente estava cem por cento feliz.
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A volta para casa foi um pouco deprimente. Saber que teríamos que voltar a rotina de novo me deixava desanimada, mas feliz por saber que Henrique estaria lá compartilhando cada momento comigo. Maria mandou mensagem dizendo que estava indo para o Caribe para uma segunda lua de mel e que em breve daria mais notícias e eu não tinha como não ficar feliz por ela. Nossa vida finalmente voltou ao normal. e estávamos cada vez mais conectados um com o outro. Só de termos afirmado o nosso relacionamento, nos deixou mais confiantes de que nada de ruim iria acontecer. O que é uma bobagem, sendo que uma festa não muda um relacionamento, mas no nosso caso, mudou e muito para melhor.
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Um mês e meio depois de casados, senti um mal estar repentino no trabalho. Pedi para minha chefe para ir embora e assim que cheguei, mandei uma mensagem para Henrique avisando que estava em casa e que não havia sentido bem. Em questão de uma hora, Henrique já estava em casa completamente desesperado e querendo me levar para o hospital.
-Deve ser alguma coisa que eu comi. - respondi. -Não! Não é isso! - Henrique falou pensativo. -Como você sabe? -Ai Meu Deus Amora! - Henrique levou as mãos no rosto e sorriu largamente. -O que foi!?!??! -Nós estamos grávidos! -Não estamos não! -Estamos sim! -Não estamos não. - afirmei mais uma vez! -Quer apostar? - Henrique me desafiou. -Quanto? - respondi animada. -50 reais que tem um bebê aí dentro! -Fechado! Prepare sua carteira camarada! Hoje ficarei 50 reais mais rica! Henrique gargalhou e me puxou para ele me beijando em seguida. Fomos para a farmácia comprar o teste de gravidez e no fundo eu torcia que fosse verdade. Sorri com a idéia, mas não falei nada a Henrique para não criar falsas esperanças.
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Henrique e eu ficamos encarando o bastão a nossa frente por longos minutos. Nós não conseguimos dizer numa palavra sequer. Henrique sorria assustadoramente enquanto eu só conseguia arregalar cada vez mais olhos. -Vamos ao médico! – decidi. -Por quê? -Por que isso pode estar errado. -Sete exames errados Amora? -Eu fiz seis! Um era seu Henrique! - cruzei os braços.
-Verdade! - revirei os olhos enquanto ele gargalhava. -Eu quero ir! Você vai comigo? -Claro né meu amor? Fomos até o carro de Henrique e antes de abrir a porta, Henrique me puxou de encontro ao seu corpo enorme. -Eu quero que saiba que independente do que resultado eu vou te amar igual. E que estou muito feliz com a possibilidade de termos um bebezinho nosso. Se não for agora, vou ficar feliz quando isso acontecer! -Você está dando pra trás na nossa aposta? - perguntei divertida. -Um pouco! - comecei a rir. -Obrigada por estar comigo! Eu te amo e sei que Deus tem grandes planos para nós! Se for um filho agora, vai ser muito bem vindo! E se não for, será quando vier. -Agora entra com essa bunda gostosa no carro antes que eu te pegue aqui mesmo! Henrique sorriu ao dizer aquilo e eu senti uma vontadinha de que ele fizesse aquilo que estava dizendo. -Vamos Amora! Faço isso quando a gente chegar! Tenho 50 reais pra ganhar hoje! Henrique entrou no carro rindo e o que me restou a fazer foi a mesma coisa. Fomos para o hospital que Monique não trabalhava e aguardamos a nossa vez de sermos atendidos.
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Henrique me acompanhou para fazer o exame de sangue e assim que pegamos o resultado voltamos ao consultório do médico que nos atendeu anteriormente. Ele deveria ter aproximadamente a nossa idade e era extremamente educado. -Bom.... Vamos ver se tem um bebê aí dentro? - doutor César falou abrindo o resultado do exame. Apertei a mão de Henrique em expectativa e ele sorriu em resposta.
-Bom, parabéns! Vocês vão ser papais! Assim que o Doutor terminou de falar, Henrique se levantou da cadeira gritando de alegria. Ele chegou perto de mim me puxou na cadeira me levantando pela cintura me deixando no ar e completamente envergonhada. Olhei de relance para o Doutor que ria da atitude de Henrique. -Podemos ver se é menino?
- Henrique perguntou ao médico depois de me colocar no chão. -Eu acredito que seja muito cedo, mas vamos fazer o ultrassom para ver se está tudo bem. Henrique afirmou e o Doutor César me encaminhou para a sala de exames. Depois de vestir aquela camisola horrorosa e me deitar na cama de exames, Doutor César pediu que eu colocasse ásperas no suporte para que ele pudesse realizar o exame. Ele explicou que por ser uma gravidez recente, ele teria que fazer o ultrassom transvaginal, mas que o incômodo não seria muito grande. Ao iniciar o exame, Henrique segurou minha mão para me tranquilizar e não conseguia tirar o sorriso do rosto e aquilo fez com que eu amasse Henrique um pouquinho mais. -Bom... Meus parabéns mais uma vez! Estão vendo essas bolinhas aqui? Doutor César apontou para a tela. -Uhum. – Eu e Henrique respondemos juntos. -Essas duas bolinhas são os bebês de vocês! Meus Parabéns! Olhei de olhos arregalados para Henrique que sorria ainda mais. Ele apertou minha mão essas falou alto demais. -Não falei! Chupa mundo! Você me deve cem reais!
Henrique esticou a mão me deixando constrangida enquanto o doutor simplesmente ria. Comecei a rir também, mas era de nervoso. Ao perceber minha reação, Henrique se aproximou de mim e beijou minha testa. -Vai dar tudo certo Amora. Estamos juntos nisso! Concordei com a cabeça e voltamos os olhar os pontinhos minúsculos que transformariam nossas vidas em uma completa bagunça. Mas eu não poderia estar mais feliz.
Capítulo 44
Henrique ria sozinho no caminho para casa. Depois do exame, o médico nos informou que eu estava com aproximadamente um mês e meio de gestação que coincidiu exatamente com a nossa lua de mel. Chegamos a conclusão de que engravidei quando quebrei o nariz e tive que tomar o antibiótico, sendo assim anulando o efeito do anticoncepcional. Eu e Henrique sempre usamos preservativo, e na lua de mel decidimos parar de usar já que eu tomava o anticoncepcional regularmente. -Eu não acredito que esquecemos disso Henrique! - lamentei. -Você não está feliz? - ele perguntou desapontado. -Estou sim! Só estou surpresa por tudo! Ainda não caiu a ficha! -A minha já caiu e já estou pensando nos bebês andando! -Uau! - ri de sua alegria. -Posso escolher os nomes? - Henrique perguntou pela milésima vez. Revirei os olhos e nem respondi. Henrique sabia ser chato as vezes. Ele continuou a rir e falar sem parar.
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Os meses seguintes passaram voando. Henrique decidiu que queria mudar de casa para uma que tivesse um quarto a mais e tive que concordar com ele. Os bebês tinham que ter um quarto só deles. Os bebês. Essas palavras me seguiam noite e dia. Dia e noite. Tudo o que todos falavam era sobre os bebês. Maria, Bartolomeu Joseph e Henrique faziam diversos planos para as crianças enquanto eu só ficava ouvindo. A minha ficha ainda não havia caído, mas Henrique fazia questão de força-la a cair.
A nossa nova casa era perfeita. Ela tinha três quartos com suíte sendo assim não haveria briga entre as crianças quando elas crescerem. A sala era grande e me recordei de quando conheci Henrique e em como tudo em sua casa era enorme. Tudo mesmo. Comecei a rir sozinha com a lembrança e Henrique se aproximou querendo saber o porquê de eu estar rindo. -Me lembrei de como tudo na sua antiga casa era enorme! -Sim! - ela sorriu largamente. -Você tem fetiche por coisas grandes? - perguntei rindo. -Nem tudo! -Eu fiquei perdida naquela casa! - sorri ao lembrar da manhã que fugi da casa de Henrique. -Eu lembro de você fugir. - Henrique falou sorrindo e me abraçando. -Eu não fugi. Eu deixei um bilhete. -Mesmo depois de tantos anos você ainda diz a mesma coisa? -Claro! Henrique me virou de frente para ele e passou a mão em meus cabelos. -Tem horas que eu nem acredito que isso tudo está acontecendo! Que você está aqui me fazendo o homem mais feliz do mundo. -Eu tenho a mesma sensação! Passou tanto tempo e ao mesmo tempo para e que nada passou. Que estamos na época em que nos conhecemos. -Apesar de todo o sofrimento de passamos, se estamos soubesse que tudo terminaria assim, não teria mudado nada. -Eu também. No fim, tudo valeu a pena! -Valeu sim! Henrique me beijou e ao passar os braços ao redor de seu pescoço, ele falou baixo em meu ouvido.
-Quer ver outra coisa enorme? Gargalhei ao responder. -Achei que nunca perguntaria! Henrique me carregou para o quarto onde eu pude ver a henriconda de pertinho.
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O dia do parto chegou. Apesar de ser raro uma gravidez de gêmeos completar os 9 meses sem nenhuma intercorrência, a minha completou os dias todinhos e os sinais de trabalho de parto estavam aparecendo. Comecei a sentir leves contrações que mais pareciam cólicas que iam aumentando a intensidade e diminuindo o tempo conforme íamos para o hospital. Henrique estava tão desesperado que ficou dando voltas no quarteirão sem conseguir lembrar o caminho hospital. Voltou para casa duas vezes para ir ao banheiro de nervoso e quando finalmente conseguiu se acalmar fomos para o hospital em paz. Eu tentei manter a calma para que Henrique ficasse calmo, mas essa atitude causou o efeito contrário. Ao entrarmos no hospital Henrique começou a gritar como se eu estivesse tendo um AVC ali mesmo. Tentei esconder o rosto de tanta vergonha, mas já era tarde, pois todos da recepção nos olharam assustador. -Senhor, fique calmo. - a recepcionista falou para Henrique que a olhou como se ela tivesse três cabeças. -Meus filhos estão nascendo! Você acredita nisso? -Meus parabéns senhor! O senhor poderia preencher a ficha? -Claro! E você acredita que ela ainda não escolheu os nomes? Onde já se viu isso? As crianças estão nascendo e ela não sabe os nomes!
-A ficha Henrique!!!! -Taaaa já vou!
Revirei os olhos para não agredi-lo ali mesmo e procurei uma cadeira vazia para me sentar. Assim que encaixei meu traseiro no assento da cadeira, um alívio passou por mim como se fosse uma onda quente calor que desceu por minhas pernas. Suspirei por sentir que a dor havia diminuído quando as pessoas que estavam sentadas próximas a mim, começaram a levantar. Sem entender o que estava acontecendo, fui abordada por dias enfermeiras que me colocaram em uma cadeira de rodas e me carregaram pelos corredores infinitos Eu fui levada direto para o centro cirúrgico e me explicaram que o calor que senti foi da minha bolsa que rompeu. Morri de vergonha por ter sujado a recepção, mas a vergonha passou quando uma contração iniciou ainda mais forte e intensa que as outras. Olhei ao redor procurando por Henrique que apareceu correndo pelo corredor vestido com uma roupa do hospital que o deixou muito sexy. Sorri com a visão a minha frente e Henrique sorriu já sabendo o que eu estava imaginando. Fui encaminhada para a sala de cirurgia e Henrique permaneceu ao meu lado o tempo todo. A médica de plantão conversou conosco e disse que tudo estava encaminhando para o parto normal. Quando as coisas estavam sendo preparadas, Henrique se afastou um pouquinho para espiar e eu o puxei pela gola da blusa. -Se você olhar a minha perereca enquanto essas crianças estiverem saindo, eu te mato! Você ouviu bem? Eu te mato e faço picadinho assado de você! Eu não vou ter de muito menos piedade! Eu acabo com você entendeu? Henrique me olhou apavorado e não se moveu nem um centímetro do lugar de onde ele estava. Fiquei aliviada quando a Dra Vivian me fez a pergunta mais fácil da minha vida.
-Preparada?
Olhei para Henrique que assentiu e sorriu me dando apoio. Sorri por estar ansiosa para conhecer os furacões que habitaram minha barriga nos últimos meses, respirei fundo e respondi. -Pronta! -Legal! Agora empurre!
Bônus
FIM
Capítulo 45 (Final)
Henrique permaneceu ao meu lado o tempo todo e não se atreveu a espiar o que estava acontecendo. Eu não queria que aquela visão horrível digna de filme de terror ficasse na mente de Henrique, então fiz o que pude para impedir que isso acontecesse. Eu posso dizer que graças a mão divina que sempre me acompanhou a minha vida toda me ajudou a ter meus bebês sem que eu virasse do avesso como imaginei que aconteceria. Eu senti dor, é claro, mas a emoção de ouvir o choro do meu bebê fez com que toda a dor fosse embora. Mentira! A dor foi insuportável e eu tentei fechar minhas pernas para enfiar aquele pequeno ser torturador e terrorista de volta para dentro, mas a Dra Vivian me impediu. Conforme a dor ia aumentando eu comecei a fazer mais força e a gritar junto. Henrique segurou minha mão e quando eu parei de gritar para respirar o gritou continuou e percebi que quem mais gritava era Henrique que estava suando, pálido e em pânico. Todos ao redor começaram a rir de Henrique que nem se importou e continuou a gritar e só parou quando o choro do bebê invadiu o ambiente. -Parabéns! Vocês têm um garotão! Dra Vivian entregou o bebê para uma enfermeira que o trouxe para perto de nós para que pudéssemos vê-lo melhor. Assim que ela se aproximou, Henrique ficou tão empolgado que chegou a ser assustador. -Esse é mesmo meu filho! Olha o tamanho do negócio dele Amora! Ele é lindo! Henrique falou tão emocionado e feliz que não tive coragem de lhe dar uma bronca pelo o que ele havia dito. Todos riram de sua reação e uma nova contração tirou minha paz. Alguns gritos e xingamentos depois, um novo choro invadiu o ambiente me deixando ainda mais emocionada. Dra Vivian entregou a bebê para outra enfermeira que fez a mesma coisa que a primeira e trouxe aquele pequeno ser para vermos de perto. Henrique como sempre me fazia passar vergonha, não se conteve e falou mais alto do que deveria. -Graças a Deus ela não puxou a mim Amora! Ela tem a coisinha bem pequenininha igual a sua! Henrique falou aliviado e eu comecei a chorar de emoção e vergonha ao mesmo tempo. O choro da bebê era tão forte que cheguei a conclusão que eu passaria diversas noites em claro, mas isso não importava. Só de saber que eles estavam bem e saudáveis, todo o sacrifício valeria a pena. Antes de voltar para o quarto e aguardar os bebês, Henrique não se conteve e fez mais uma vez a perguntava que estava me tirando do sério. -Posso escolher os nomes? Todos riram de sua pergunta e como eu já estava sem paciência respondi. -Que inferno Henrique!
Pode escolher os nomes!
Fique à vontade e pare de reclamar! Eu estava dolorida, irritada e sensível, mas aquela foi a pior decisão da minha vida. Henrique abriu um sorriso satisfeito e aquilo me deixou desconfiada de que ele tivesse planejado tudo para que escolhesse os nomes.
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Eu fui encaminhada para o quarto algumas horas depois e Henrique apareceu todo sorridente. Ele disse que não poderia estar mais feliz e que Maria já estava a caminho. Estávamos aguardando a vinda dos bebês e Henrique não tocou mais no assunto sobre os nomes dos bebês. Quando eu fui questioná-lo, bateram na porta do quarto. Maria entrou com Bartolomeu e um casal de adolescentes atrás. Meu coração disparou de felicidade. Maria e Bartolomeu Joseph adotaram um casal de gêmeos com 16 anos que ninguém queria. Eles cresceram no orfanato e ninguém nunca se interessou por eles, mas assim que Maria e Bartolomeu Joseph colocaram os olhos neles, foi amor a primeira vista. Eles seriam buscados hoje e todos nos conheceríamos pela primeira vez. -Sejam bem vindos! Falei assim que eles me abraçaram. Os dois sorriram sem graça e grudaram um ao outro. -Eu espero que meus bebês sejam lindos como vocês são! Os dois sorriram em resposta, mas ainda permaneceram em silêncio. -E se não forem, irei capar Henrique! - complementei. Todos riram quando Henrique curtiu suas partes íntimas com as mãos. Revirei os olhos e voltei a olhar para o par à minha frente. Eles eram lindos. Além de gêmeos idênticos, os dois tinham um belo par de olhos azuis que combinavam perfeitamente com os cabelos loiros. Me questionei porque ninguém nunca quis adotá-los, mas achei melhor não pensar nisso. Aos poucos eles foram se soltando e contando como era no orfanato e como eles sentiriam falta daquele lugar. Senti pesar por eles, mas tive esperança ao mesmo tempo. Por mais que eles tivessem sido bem tratados no orfanato, agora eles tinham uma família e saberiam o que é o amor de verdade. Quando Henrique abriu a boca para dizer alguma bobagem, a mão divina entrou em ação novamente e as enfermeiras do andar abriram a porta nos trazendo os bebês. Elas nos entregaram dois pacotinhos enrugados e de cor estranha, mas que se tornaram as coisinhas mais lindas que eu já vi em toda a minha vida. Eu segurei a menina e Henrique o menino. Ele me olhava emocionado me deixando tão feliz ao ponto da felicidade transbordar pelos olhos. Lágrimas escorriam em nossas faces. Não era de tristeza e muito menos arrependimento. Era de alegria e satisfação. Saber que aquelas duas coisinhas esquisitas se tornaram as coisas mais importantes do mundo pra nós, me deixou completamente sem palavras. Olhar seus rostinhos pequenininhos fez todo o medo de errar, o medo de não ser uma boa mãe ir embora pra bem longe. Eu seria uma boa mãe e daria a eles tudo o que eu e Henrique não tivemos. Eles seriam amados, cuidados, respeitados da forma que todo ser humano merece. E teriam sempre as melhores pessoas ao redor. Henrique me entregou o menino e fiquei segurando os dois em meu colo, olhando cada detalhe da perfeição que eles eram. Os dois puxaram ao Henrique o que me deixou extremamente aliviada. Assim eles seriam lindos quando crescerem. Peguei na mãozinha minúscula deles e vi a pulseirinha do hospital em seus pequenos bracinhos. Olhei primeiro a pulseira do menino e um grito de formou em minha garganta ao ler o nome que estava ali. Tentei me controlar e ao ler a pulseira da menina não consegui me conter. -MAS QUE PALHAÇADA É ESSA HENRIQUE? VOCÊ PERDEU A CABEÇA?
Os bebês assustaram com meu grito e começaram a chorar. Maria pegou a menina e Bartolomeu Joseph o meninos e os ninaram até que eles pegassem no sono mais uma vez. Levantei da cama mesmo com dor e comecei a ir atrás de Henrique que se escondeu atrás dos gêmeos. -Pare de ser covarde! Venha aqui agora seu bunda mole! -Calma Amora... -Calma nada! Eu vou te matar Henrique! Você não poe a mão na consciência? -Eu sempre gostei desses nomes! -Você é um babacão! Voltei para aqui cama furiosa. Eu queria jogar Henrique da janela. -Calma Amorinha.... você precisa se acalmar! -Me acalmar? Você viu o nome que ele escolheu? -Quais? -Simpliscio e Andrilina. - Henrique respondeu como se fossem os nomes mais lindos do mundo.
Fechei os olhos tentando me acalmar. Henrique se aproximou e segurou minhas mãos, mas eu permaneci de olhos fechados. Se eu olhasse para ele naquele momento, eu arrancaria os olhos dele e comeria igual a balas de goma. -Amora. Eu posso explicar. Eu sempre quis esses nomes porque eles são junções. Andrilina é Adriana com Alina que era o nome da minha avó. e Simpliscio é Simples com Franciscio que foi meu avô. Eu sei que não faz sentido, mas nada na nossa vida faz. Nós nos conhecemos da forma mais inusitada e especial do mundo. Então eu queria que tudo nosso permanecesse assim. Eles vão ser esperais e diferentes como a gente e não vai ser um nome que vai fazer com que eles não sejam bons o suficiente. Mas se você odiou tanto assim, podemos colocar os nomes que você quiser. Eu só quero fazer você feliz. Abri os olhos e comecei a chorar. Henrique merecia um Óscar por saber escolher as palavras certas a serem usadas nos piores momentos. O puxei para um abraço e chorei ainda mais. -Eu estou feliz! Eu te amo e te odeio por fazer eu concordar com tudo o que você disse. Henrique sorriu e me beijou intensamente. Ouvimos Maria pigarrear e comecei a rir. Maria e Bartolomeu Joseph me entregaram os bebês mais uma vez entregaram todos se sentaram ao meu redor na cama. Olhei para todos e soube naquele momento que aquela seria a família mais diferente e feliz do mundo. Eu não poderia querer nada diferente daquilo. Tudo o que fiz e esperei anos para conseguir, eu faria novamente só para ter esse sentimento de felicidade, de realização e de amor. Eu não pensei muito no que iria acontecer no futuro e só foquei no que eu tinha agora. No amor das pessoas que estavam aqui comigo. No carinho de cada um presente e nos que já partiram. Nossa vida nunca foi normal e sempre será assim. Nada vai ser fácil e do jeito que queremos, mas iremos batalhar para que tudo ocorra bem e que todos sejam felizes o tempo todo.
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Sarah se tornou uma pessoa melhor. Aprendeu que nunca será feliz ao tentar ser superior a todos. Então pediu perdão a todos a quem fez mal e finalmente soube o que é ser feliz. Monique tentou enganar outro coitado com a história da gravidez, mas não deu certo e teve criar o bebê sozinha. Os pais dela abriram mão da bandida que ela era e a deixaram sozinha para aprender a ser gente. Meu pai e Simone estão cada vez mais felizes juntos. Ele percebeu que não era um bom marido e conseguiu se transformar em outra pessoa ao ver que Simone não queria mãos saber dele. Depois de muitas declarações de amor, Simone o perdoou de vez e eles viveram mais felizes do que nunca. Fauzer e Lucila assumiram um relacionamento e estão morando juntos. Ela disse que não poderia estar mais feliz e fiquei feliz por eles finalmente terem uma chance de encontrar alguém que os ame como eles merecem. Elik pediu sua amada namorada Sulamita em casamento e finalmente aprendeu como a vida é. Entre trancos e barrancos eles aprenderam a amadurecer juntos e tenho certeza que eles ficarão juntos até envelhecer Maria e Bartolomeu Joseph eram uma coisa de outro mundo. Bartolomeu entregava flores todos os dias a Maria como forma de demonstrar seu amor. Maria se derretia toda e me deixava ainda mais feliz por ela. Os gêmeos Vitória e Vitor se tornaram os padrinhos dos nossos bebês. Eles eram da família então não haveria ninguém melhor que eles para exercerem esse papel. A minha família era a melhor de todas. Somos diferentes, desastrados, estabanados e azarados, mas temos uns aos outros e isso é o suficiente independente do que acontecer. O amor sempre estará entre nós e nada irá tirar isso. Essa foi a vida que eu sempre quis.
Bônus
(SEIS ANOS DEPOIS)
As crianças estavam cada vez mais parecidas com Henrique. Elas eram calmas, sorridentes e lindas, mas infelizmente puxaram meu lado desastrado. Quando fomos ao cartório para registrar as crianças, aproveitei uma distração de Henrique e coloquei um segundo nome mais normal para que as crianças não sofressem tanto durante a vida. Então os nomes ficaram assim: Andrilina Sofia Meireles Michelin e Simpliscio Gustavo Meireles Michelin. Quando Henrique descobriu a mudança dos, adorou e disse que combinava ainda mais com eles. Hoje era festa de aniversário dos gêmeos de Maria. Eles estão completando vinte e dois anos e eram apaixonantes. Eles cuidavam das crianças com todo amor e carinho como se fossem parentes de sangue. Os dois sempre foram carinhoso, educados e brincalhões como Maria. E se eu não soubesse que eles foram adotados, diria que são filhos legítimos de Maria e Bartolomeu Joseph. Durante a festa dos gêmeos todos nós tivemos uma surpresa. Maria e Bartolomeu Joseph levantaram a manga das blusas e mostraram duas tatuagens acabadas de fazer. Maria tatuou um coração com uma faixa escrita BARTOLOMEU JOSEPH em letras caligráficas. E Bartolomeu Joseph tatuou um coração também onde estava escrito MARIA. Todos nós ficamos completamente chocados. Um olhava para o outro esperando algum corajoso dizer qualquer coisa, mas ninguém teve coragem. -O que foi? Só por que sou velha não posso fazer uma tatuagem? – Maria perguntou irritada.
-Claro que não Maria! Só estamos surpresos! -Não sei por que... Maria respondeu com desdém e todos nos rimos. Durante todos esses anos, Maria e Bartolomeu Joseph sempre nos surpreenderam. Eles ainda estavam em clima de lua de mel e não se largavam um segundo sequer. Eles sumiam durante os almoços e jantares em família para namorarem sem falar nas lingeries escandalosas que Maria comprava. Vitória estava namorando e Henrique não gostou nada Daniela. Disse que ela era muito jovem para se envolver com alguém e agia como um pai ciumento. Já Vitor não queria saber de namorar. Ele tinha varia s namoradinhas ao mesmo tempo e não assumia um relacionamento sério com nenhuma delas. Durante o Parabéns, Andrilina e Simpliscio subiram na mesa do bolo e começaram a jogar os doces em todos convidados. Quando Henrique lhes deu brinca para que saíssem de lá, Andrilina tropeçou na toalha da mesa e caiu com o rosto no meio do bolo. Simpliscio que não é bobo nem nada afundou ainda mais a cabeça da irmã que destruiu o bolo todo com seu rostinho delicado. Corremos para evitar ainda mais estrago. Henrique pegou Andrilina e assim que puxei Simpliscio da mesa ele agarrou a toalha fazendo todos os copos, pratos, talheres, doces e o restante do bolo cair no chão. Os convidados falaram juntos “Ohhh” enquanto a gente não sabia o que fazer. Maria começou a limpar Andrilina que chorava sem parar enquanto Simpliscio fazia cara de paisagem como se não tivesse feito absolutamente nada. Maria que já esperava um contratempo, buscou outro bolo que ela encomendou já sabendo que aconteceria algum imprevisto. Apesar de todos os contratempos, das bagunças, choros, gritos e risadas, eu não trocaria de família. Aquela era a minha família na alegria e na tristeza. Mais na tristeza e bagunça, mas não existiriam pessoas melhores para enfrentar metade do que passamos. A cada dia uma temos uma nova surpresa, uma novidade, um susto e se não fosse cada um aqui para apoiar, levantar e ajudar, estaríamos todos internados em um hospício. Até criei o nome do novo hospital da cidade: “Hospício Michelin” Tive certeza que seríamos os primeiros pacientes e os melhores.
FIM
Amei kkkk
ResponderExcluirAí q lindo 🥰🥰👏👏👏
ResponderExcluirGostei! Mas nunca, jamais, deixaria alguém colocar esses nomes em um filho meu. Kkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirMuito lindo esse conto, final surpreendente.
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