Conto Erótico - Química Perfeita - Capítulos 17 e 18


 Química perfeita 

Capítulo 17

Rafaello 


Não consegui me conter quando Sol se tocou na minha frente!


Estava tentando ir devagar, sem afobação, embora a urgência estivesse gritando dentro de mim – ainda está –, mas bastou que ela se mostrasse para mim daquele jeito, tocando seus peitos perfeitos, brincando com seus mamilos rosados com um sorriso para eu perder completamente o controle e sentir sede.


Sim, eu senti sede, e a única coisa que poderia matá-la era o corpo dela. Precisava beber o seu desejo, chupá-la até ouvi-la gritar meu nome em desespero, lambê-la até que urrasse de prazer – o que ainda estou fazendo.


O cheiro da sua pele parece me viciar, aumentando em níveis inimagináveis a minha vontade. Aperto suas coxas e as saboreio com os lábios, língua e dentes. O cheiro da sua boceta pingando de tesão, como já constatei com meu dedo, atrai-me diretamente para o meio de suas pernas, mas ainda consigo manter um resquício de perversidade; mesmo louco para abocanhá-la toda, apenas vou lambendo sua virilha.


Sol se deita sobre o tampo da mesa onde a coloquei, e aproveito o melhor acesso e arreganho suas pernas, dando-me a visão privilegiada de sua boceta exposta pela calcinha de lado.


A peça impede que eu a veja toda, então enfio a mão por baixo de sua bunda. Meu pau pula feito um touro na cueca quando sinto suas nádegas, e puxo a peça íntima sem nenhuma delicadeza a ponto de ouvir o tecido se rasgando. Tiro-a toda do seu corpo, mas não a jogo no chão. Gosto do cheiro dela, e a calcinha molhada está completamente perfumada com todas as notas aromáticas de uma mulher cheia de tesão.


Aspiro forte esse perfume antes de a colocar no meu bolso, então paro um momento apenas para contemplar a perfeição à minha frente. Sorrio, tocandoa devagar, solenemente, desfrutando de sua pele arrepiada de prazer. Suas coxas são firmes como eu imaginei, mostrando que, em algum momento, ela pratica exercícios. Sua boceta é exatamente como eu imaginei e, ao mesmo tempo, muito melhor.


Eu ficava pensando nos pelos dela, se seriam tão ruivos quanto seus cabelos, mas, ao que parece, ela não vai me deixar descobrir isso. É tudo branco e rosado, como uma mistura clássica de morango e chantili. Boceta carnuda, de lábios contornados em tons do rosa mais claro até – abro-a um pouco para conferir e sorrio – o vermelho brilhante.


Não resisto mais e coloco a língua bem no centro daquele botão de rosa perfeito. Minhas papilas gustativas tão treinadas para sentir todas as nuances de sabores da uva são agraciadas pelo gosto de mulher. Gemo, adorando, e fecho a boca para comê-la como merece.


Seguro firme seus quadris e a faço rebolar enquanto a sugo com força. Mamo o seu clitóris, recebendo em troca gritos extasiados e puxadas de cabelo, forçando-me a ir mais e mais. Relaxo a pressão, ela faz um muxoxo, que dura pouco, pois logo ataco seus lábios íntimos, fazendo-os vibrarem com a ponta da minha língua. Puxo-a mais para a borda da mesa e enfio minha cabeça por baixo, alcançando seu rabo perfeito, lambendo seu cuzinho devagar. Quando está bem molhado, reteso minha língua para que ela o penetre e fico aqui, abrindo-o lentamente, segurando meu pau com força – ainda contido pela roupa –, controlando-me para não gozar na calça feito um guri.


Ergo-me e faço o mesmo com as pernas dela. Sorrio, aparecendo entre suas coxas para o alto, pisco um olho, e Sol gargalha, apontando para baixo.


— Peça! — provoco-a.


Ela ergue a sobrancelha.


— Continua a me chupar, Raffaello!


Sua voz autoritária, seu rosto sério, seus olhos nublados de desejo são os estímulos necessários que preciso para voltar à minha tarefa deliciosa. Não sou delicado com ela, não mais, esfrego minha língua, toda para fora, do seu cu até o clitóris e então o chupo com vontade.


— Ah... isso... — Sol resfolega.


Os gritos de prazer, os espasmos em seus músculos me aceleram a tal ponto que não tomo conhecimento de como tirei a roupa toda, mas só me dou conta de que estou nu quando sinto a ponta do meu pau deslizando no charco entre as pernas dela.


— Vem... — Sol implora, contorcendo-se sobre a mesa, ainda à mercê do orgasmo. — Vem, Raffa!


O apelido me faz sorrir, mas me contenho. Acaricio meu pau devagar, o sangue correndo dentro das veias, por baixo da pele fina e quente. Sinto-o pulsar, latejar, a cabeça vermelha e inchada brilhando com o gozo dela.


— Não tenho camisinha — falo puto, entredentes.


Sol se ergue, olha para mim e geme ao me devorar com os olhos.


— Você tem tatuagens! — Ela toca meu ombro e desliza a mão até o cotovelo. — Eu nunca poderia imaginar isso. Sua mão continua a me explorar todo, deslizando pelos músculos do meu abdômen, voltando para tocar meu peito, excitando meus mamilos, para depois tornar a descer.


— Você está me torturando! — resmungo, e ela faz um biquinho.


Não resisto e a beijo, dividindo com ela o seu próprio prazer.


— Quero você dentro de mim... — ela geme ainda em meus lábios.


— Eu sei — lamento. — Mas não tenho nenhuma aqui comigo e não acho seguro fazermos isso sem proteção, eu nunca faço sem.


Ela concorda e olha para minha mão, esfolando meu pau feito um adolescente.


— Você quer gozar? — pergunta toda safada e se afasta.


Rio e paro de me masturbar.


— Desesperadamente!


Ela morde o lábio.


— Precisa de ajuda?


Gargalho. Ela só pode estar brincando! Se eu espirrar aqui, o gozo já sai junto. Não preciso de ajuda, mas gostaria de uns estímulos.


— O que você pode fazer para me aliviar? — brinco.


Eu esperava tudo, menos o que ela faz!


Sol se apoia no tampo e abre as pernas, os calcanhares na borda da mesa. Ela desliza a mão por seu abdômen até chegar em sua boceta, esfrega-a devagar, encharca os dedos e depois os estende em minha direção.


Inclino-me para frente e chupo seus dedos, o gozo fazendo minhas bolas tremerem. Ela volta a se tocar, safada, dando prazer a si mesma enquanto eu me masturbo.


— Vem aqui! — chamo-a, mas ela não se move, massageando seu clitóris freneticamente. — Vem agora!


Puxo-a para o chão, e Sol se ajoelha à minha frente, recebendo-me na boca. O prazer é tão foda que sinto o corpo todo se retesar. Trinco os dentes para me controlar e a deixo foder meu pau com a boca um pouco.


— Vou daqui direto para uma farmácia! — informo-lhe ofegante.


Sol ri e me olha, ajoelhada, o vestido em sua cintura, a pele toda vermelha por onde eu beijei e toquei, sua boca fechada em volta do meu pau. Puta que pariu, não dá mais!


Puxo-a para longe pelos cabelos e em seguido derramo todo meu leite em seus peitos. Tremo inteiro, coração acelerado tal qual se tivesse corrido uma maratona, suor frio e cabeça rodando.


Fecho os olhos, busco ar e equilíbrio e, quando os abro, vejo-a sorrir, suja com minha porra, tirar o vestido e ficar ali, nua, gloriosamente nua na minha frente.


— Farmácia!


Ela gargalha.


— Ora, ora, quem é vivo...


Viro-me para cumprimentar Amália e a vejo olhar curiosa para a cestinha de plástico em minha mão. O arquear da sobrancelha é suficiente para eu saber que ela viu, junto às aspirinas e desodorante, os pacotes de camisinha e o lubrificante.


— Boa noite! — cumprimento-a.


Ela me fita, curiosidade brilhando em seus olhos, mas dá um sorriso.


— Programando uma festinha? Espero ser convidada!


Não tenho culpa se minha mente fértil já a imagina na cama comigo e com a Sol, porém, no mesmo instante rejeito a ideia. O que acontece entre mim e Sol só pertence a nós dois, ninguém mais precisa saber ou participar, mesmo porque ainda teremos que lidar com todas as outras coisas pendentes que temos.


Sim, foi uma foda – ou quase, né? – épica, mas não anula todas as dúvidas que tenho acerca do relacionamento dela com meu irmão, nem sobre a paternidade de Tomás ou do motivo pelo qual Peppe nunca falou dela.


Está tudo como antes, embora tudo tenha mudado.


— Precaução. É sempre bom estar prevenido, não é?


Ela concorda e abre a boca para falar algo, mas o caixa me chama.


Aproveito a deixa, pago pelas coisas que comprei e me despeço dela com um aceno. Não quero alongar o assunto e nem ficar de conversa aqui na farmácia, preciso voltar para casa urgentemente para terminar algo inacabado.


Dirijo sorrindo, satisfeito – parcialmente – com a ideia de passar a noite toda trepando com a Sol. Às vezes, durante essa excitação toda, bate-me uma dor na consciência ao me lembrar de quem ela é e o que pode ter representado na vida do meu irmão, mas sempre a ignoro.


Em algum momento terei que digerir isso tudo, mas não agora. Por enquanto quero explorar essa atração louca, essa química perfeita pela mulher que entrou na minha vida inesperadamente.


Estaciono o carro e, pasmem, só de olhar a casa, meu pau já fica duro. Entro praticamente correndo e subo as escadas para o segundo piso. A porta do quarto dela está fechada, então bato, porém não responde.


— Sol — chamo-a baixinho, com medo de acordar Tomás, que dorme ao lado.


A porta do quarto do garoto se abre.


— Tomás está passando mal. — Seu rosto, cheio de preocupação, faz com que eu vá rápido até ela. — Acordou dizendo que estava com dor na barriga e vomitou muito.


— Está com febre?


Ela nega, e eu me sinto mais aliviado.


— Foi algo que comeu na festinha ou talvez por ter brincado ao sol o dia todo — continua, dando de ombros. — De qualquer forma, preciso ficar aqui com ele para ver a evolução disso. Se for só um mal-estar, amanhã ele acordará novinho em folha.


Lá se foi a noite inteira de trepada!, penso, mas sorrio e a abraço.


— Fique com seu filho. — Falo em seu ouvido depois: — Comprei camisinhas o suficiente para um ano inteiro de sexo!


Ela ri, e eu a beijo.


Sol suspira.


— Vamos mesmo fazer isso? — Não entendo a pergunta, e ela esclarece: — Ficar trepando enquanto você estiver aqui no Brasil?


O prolongamento no tempo é um incômodo para mim, não posso negar. Não gosto que essas coisas sejam definidas assim, porque me causam a sensação de compromisso, e não é assim que nos vejo.


— Vamos trepar enquanto estivermos com vontade. Se isso durar até que eu vá embora, que seja, se não, cada um segue sua vida sem arrependimentos ou recriminação. — Ela concorda. — Somos adultos, Sol, e não tem ninguém aqui prometendo nada ou criando ilusões.


— Eu sei. — Sorri. — Eu me preocupo com ele. — Faz sinal para dentro do quarto do filho.


— Seremos discretos — acalmo-a. — Boa noite, espero que amanhã ele acorde cheio de saúde.


Ela ri.


— Eu também! Boa noite!


Não a beijo, embora tenha vontade. Sol tem razão sobre nossa situação. Temos uma criança em casa – que pode ser meu sobrinho – e precisamos ser discretos para que o guri não crie expectativas ou fique enciumado.


Sinceramente, não sei lidar com isso, porque nunca tive um envolvimento assim, como também nunca senti essa atração toda por alguém, então estou me arriscando. Serei discreto, teremos muito trabalho à frente e, à noite, poderemos relaxar fodendo até perder as forças.


Sorrio.


É um bom quadro!


Capítulo 18

Sol


Depois que Raffaello saiu apressado para a farmácia da cidade, eu voltei ao meu quarto e ao chuveiro. É estranho como a água funciona como uma terapia para mim. Fiquei ali, sentindo os jatos da ducha lavarem meu corpo e analisando tudo o que está acontecendo comigo.


O firme propósito de não me envolver com Raffaello foi, como eu olhava acontecer com a água do banho, por ralo abaixo. Perguntei-me se eu tinha alguma escolha naquela situação toda, se tinha formas de lutar contra minha sina. Sim, eu acredito em destino! E, pelo modo como nossa relação está se desenvolvendo, acredito que seja isso. Eu preciso passar por essa experiência por algum motivo.


Estremeci ao pensar que arrisquei tudo o que mais prezo por um momento de prazer, mas, ainda assim, não consigo me sentir arrependida. Foi incrível, algo que nunca senti com ninguém e que sempre imaginei como seria quando ocorresse. Raffaello me faz sentir a mulher mais gostosa desse mundo. O jeito como me olha, a forma como seu corpo estremece apenas ao tocar o meu, e o modo como se dedicou ao meu prazer me fizeram sentir muito desejável, fatal, poderosa.


Sempre tive boa autoestima, sempre cuidei muito bem de mim e me amei, mas foi ótimo sentir o desespero na carne de outra pessoa, a forma como ele me queria, a urgência e, ao mesmo tempo, o zelo. Ele ter mantido o controle por causa da camisinha foi algo especial, pois a maioria dos homens não pensaria nisso.


Eu não me protejo, nunca gostei de tomar hormônios, e pensei sinceramente em colocar algum tipo de dispositivo que impedisse a gravidez, mas, como nunca surgiu a oportunidade – talvez eu nem a tenha dado a mim mesma – de começar um relacionamento após o parto de Tomás, não vi necessidade de utilizar um método contraceptivo.


Além da gravidez, há riscos de doenças. Ele não me conhece direito, nem eu a ele, e ambos temos experiências sexuais anteriores, então, nada mais justo nos preocupar com a possibilidade de contágio.


Respirei fundo debaixo do chuveiro, abri um sorriso e percebi o quanto meu corpo estava desperto. Sensível, marcado, satisfeito, com aquela languidez maravilhosa de quem foi bem tratada. Prazer!, isso era algo que eu não sentia havia muito tempo!


Resolvi deixar de lado as preocupações e apreciar o momento. Ainda não sabia como iria encontrá-lo depois que processasse o que fizemos, afinal, havia Peppe na história, e, pelo que Raffaello me falou, nunca pensou em substituir o irmão em nada ou na vida de ninguém.


Meu coração se contraiu ao pensar nisso. Tudo o que se semeia, colhe-se, e eu tinha plena consciência de que nada permaneceria oculto para sempre. Em algum momento todas as minhas decisões, as minhas promessas estariam prontas para ser colhidas, e eu precisaria lidar com as consequências de cada uma delas.


Fechei os olhos, sentindo antecipadamente a dor que isso poderia me causar.


— Eu aceito meu destino seja como for — falei olhando minha imagem refletida no espelho. — Minhas escolhas, minha responsabilidade.


Estava escolhendo alguma lingerie sexy – missão ingrata, diga-se de passagem, pois só encontrava coisas confortáveis e nada provocantes quando escutei Tomás chorando.


Achei que fosse outro pesadelo, mas, assim que entrei em seu quarto, percebi que não era.


— Dói minha barriga, mamãe. — Ele pôs a mão sobre o abdômen. Dói!


Deitei-me ao seu lado e conferi se eram gases. Descartada essa possibilidade, pensei em preparar um chá digestivo para ele, mas, antes que eu pudesse decidir qual erva usaria, ele disse que estava tonto, e eu soube que iria vomitar.


Levei-o a tempo para o banheiro, auxiliei-o e o acalmei enquanto colocava tudo o que estava lhe causando o mal-estar para fora, depois o coloquei no chuveiro, dei-lhe um banho morno e o coloquei de volta na cama, com pijama limpo e muito carinho.


Fiz um chá de camomila para ajudar a digestão e o acalmar, e, assim que bebeu tudo, Tomás voltou a dormir. Sorri diante da novidade que era ter um homem esperando para fazer sacanagens comigo a noite toda, mas sendo relegado pelo meu filho.


Prioridades!, pensei, esperando que ele entendesse.


Ah, e ele entendeu, pelo menos pareceu que sim! Gostei de como Raffaello reagiu quando lhe disse o que tinha ocorrido com Tomás. Vi a decepção pelos planos frustrados, mas também a compreensão de que eu sou mãe e que preciso estar ao lado do meu filho quando precisa.


Ele me beijou, tratou-me com um carinho que eu não esperava e que era perigoso, por isso fui logo perguntando como funcionaria entre nós. Precisava me situar, proteger meu coração e, acima de tudo, resguardar meu filho.


Raffaello é tio de Tomás, embora ainda não acredite nisso. Sempre teremos essa ligação, então tudo precisa ser feito de forma limpa e sincera entre nós. Cartas na mesa, como diria mamãe.


A resposta que ele deu à minha pergunta foi a que imaginei ouvir. Sem promessas, sem expectativas, somente vivendo a experiência que o tesão e a química absurda que temos nos proporcionará. Sem tempo, sem vínculos e com discrição. Não seremos um casal, não andaremos juntos, de mãos dadas, ou compartilharemos coisas simples como cinema ou um passeio qualquer. Não será um namoro, nem mesmo um relacionamento, apenas curtição, e eu tenho que estar nessa mesma sintonia, pois está tudo muito claro.


Sem ilusões!, penso sorrindo, lembrando-me de ontem à noite, esticandome na cama de Tomás. Abro os olhos, vejo o dia lindo que está lá fora através das vidraças das janelas do quarto e me viro de lado para abraçar meu pequeno.


Sento-me assustada ao perceber que Tomás não está na cama. Com um pulo, levanto-me e vou até o banheiro, mas ele também não está lá. Vou para o meu quarto, mas também não o encontro. Lembro que Ida não está em casa e que aquele moleque pode estar enfiado em qualquer canto deste enorme mausoléu de 15 quartos.


Merda!


— Tomás! — dou um berro, ainda sonolenta, assustada e temendo qualquer coisa ruim, afinal, ele é só um bebê!


Desço as escadas de madeira escutando os degraus rangerem, mas ainda não o avisto na saleta. Passo pela sala de visitas e o chamo novamente.


— Estamos na cozinha! A voz de Raffaello me faz parar por um segundo antes de sentir alívio por meu filho estar com algum adulto enquanto eu dormia feito uma pedra.


Entro na cozinha disposta a questionar por que não fui acordada e dizer que tomei um susto por não ter visto meu filho no quarto, mas todas as palavras morrem quando vejo Raffaello fazendo panquecas e Tomás rindo e comendo, sentado em sua cadeira preferida, à mesa.


— Queca voadora para a mamãe! — ele pede animado, seus olhinhos escuros brilhando.


Raffaello sorri, dá de ombros e faz o que meu menino pede, virando a panqueca no ar e a pegando perfeitamente de volta com a frigideira. Tomás aplaude, e um bolo se instala em minha garganta diante desta cena tão bucólica, tão comercial de margarina.


Não somos uma família... quer dizer, somos, mas não esse “tipo” de família!, obrigo-me a lembrar quando me sento à mesa ao lado de Tomás, e Raffaello me serve uma xícara de café e sua panqueca voadora.


— Bom dia! — cumprimento-o. — Ele o acordou ou te encontrou quando acordou e fugiu do quarto?


Raffaello ri.


— Alguém pulou na minha cama bem cedo e disse que estava com fome. — Ele parece divertido com isso. — Amigos também alimentam!


Gargalho imaginando a cena e beijo a cabeça de Tomás, ainda concentrado na panqueca com calda.


— Desculpa por isso — digo a Raffaello quando ele se senta para tomar seu desjejum conosco. — Tomás é confiado demais, e você ainda disse onde dormia.


— Não tem problema, precisava mesmo acordar cedo, tenho que começar a procurar a equipe de adega.


Concordo. — Eu gostaria de ajudar se não tiver nenhum inconveniente para você. Ele franze a testa e mastiga um pedaço da panqueca.


— Problema nenhum, você já está envolvida desde que desenvolveu aquele projeto com o Gleyson, além disso... — Raffaello olha Tomás — você é parte interessada também.


Essa confissão me surpreende, não o imaginava aceitando a possibilidade de eu estar dizendo a verdade. Será que a noite passada teve alguma influência no seu julgamento?


— Naquele dia em que nos encontramos na praça, Arthur me disse que você aceitou fazer o exame de DNA. Ele ligou há pouco informando que já providenciou um laboratório — Raffaello comenta, e eu entendo sua mudança de atitude. — Fiquei preocupado em como se daria para que pudéssemos saber sobre a paternidade, mas, como ele me explicou, o que vamos deixar claro é o parentesco. — Concordo, pois já sabia disso. Com Peppe morto, o modo mais fácil de fazer o DNA é comprovando que Raffaello e Tomás são consanguíneos. — Se você não se importar, pedi a ele que marcasse para quinta-feira desta semana.


— Sem problema — digo com sinceridade.


Ele parece sem jeito, come e bebe parecendo agitado, então para, respira fundo e me encara.


— Eu não quis ofender você com esse pedido de exame, mas...


— Eu entendo, Raffaello — interrompo-o. — Não estou ofendida. Estava disposta a fazer assim que Tomás nasceu, mas seu avô não pediu e ainda serviu de testemunha para lavrarmos o registro de nascimento.


— Ele confiava em você — Raffaello conclui.


Eu costumava pensar que sim. Todavia, depois que descobri sobre o testamento, começo a pensar que Don Genaro viu minha gravidez como uma saída para que Raffaello não pusesse as mãos na vinícola sozinho. Talvez ele não se importasse em deixar a maior parte de sua propriedade para um suposto bisneto, filho de seu neto favorito, ainda que não tivesse total certeza da paternidade, desde que Raffaello não herdasse tudo sozinho.


Um silêncio constrangedor ameaça nos deixar desconfortáveis, mas somos salvos pela inocência de meu filho:


— Mais! — ele pede mostrando seu prato vazio.


Rio e nego.


— Ontem sua barriguinha estava dodói, lembra? — Pego os pratos vazios e os levo para a pia.


— Tia Ida... — Tomás tenta ajuda com sua protetora, ciente de que ela o deixaria comer mais.


— Tia Ida precisou ajudar uma pessoa e ficará uns dias longe. — Os olhos de Tomás se enchem de lágrimas. — Mas ela não vai demorar.


Meu menino, malandro demais já para a idade, olha para Raffaello, sondando se nele terá apoio.


— Estou com sua mãe, guri! — ele diz, levando sua xícara para a pia e se encostando em mim. — Além disso, não quero que passe mal essa noite. Ele desliza o dedo pelo meu braço e depois olha para trás, para Tomás. Nada de barriguinha dodói hoje. Mais tarde vou te levar para andar a cavalo, o que acha?


Arregalo os olhos assustada, e Tomás vibra com a novidade.


— Ele ainda é pequeno e...


— Não se preocupe, não vou abusar, mas vi que temos um pônei no estábulo e imaginei que ele foi comprado para Tomás.


Suspiro e concordo.


— Ideia do seu avô. — Dou de ombros. — Ele dizia que todo Ferrero já nasce sabendo cavalgar.


Raffaello ri. — Isso é exagero, mas Peppe e eu, com a idade de Tomás, já andávamos sozinhos em nossos pôneis. — Ele ri da minha cara preocupada. — Venha conosco; se achar muito arriscado, prometo não incentivar mais.


Acho justo e concordo, ainda assim, a aproximação dele com Tomás me deixa um tanto incomodada.


— Você sabe que não precisa fazer isso, não é?


— Fazer o quê? Ensiná-lo a andar a cavalo? Não é trabalho nenhum, além do mais, posso só incentivar, não ficarei tempo suficiente para vê-lo progredir.


Sim, ele vai embora, e espero que, quando for, não deixe um vazio na vida do meu filho.


Nem na minha.


— Agora preciso ir até a cidade me encontrar com Gleyson. Combinamos de ir até uma cidade próxima onde ele disse que tem um conhecido que quer crescer dentro da vinicultura. Acho que está fazendo enologia e quer trabalhar numa vinícola.


Estranho, pois já temos um enólogo.


— Não vai trabalhar conosco?


Ele não faz uma cara boa e bufa.


— Vou, mas espero que, assim que a vindima terminar, eu possa retornar ao trabalho na Europa. Se ele for um bom gerente de cave, posso passar algum conhecimento prático que nenhuma faculdade lhe ensinará, e, então, mais tarde ele poderá assumir meu posto aqui na Don Ferrero.


É uma boa solução, ainda mais para quem não quer se comprometer.


— Nós ainda precisamos conversar sobre a herança — Raffaello volta a falar. — Eu não tenho como administrar a vinícola de longe, não tenho tempo e, embora haja pessoas qualificadas para isso, acho que a venda ainda é o melhor negócio. — Eu não sei, Raffaello, seu irmão amava este lugar, e seu avô me pediu para...


Ele põe um dedo sobre minha boca, impedindo-me de continuar.


— Vamos falar disso mais tarde, quando soubermos de todos os pormenores da herança.


Concordo com ele.


— Vou levar Tomás para escovar os dentes e trocar de roupa. — Saio de perto dele e pego meu filho no colo. — Você voltará para o almoço?


Raffaello arregala os olhos.


— Você irá cozinhar? — Assinto, e ele arregala ainda mais seus olhos escuros. — E sabe fazer isso bem? — Aperto os olhos, e ele gargalha. Aposto que sim, estou provocando. — A expressão dele muda. — Você já me provou que é ótima na cozinha.


Pisca safado e sai, deixando-me parada e vermelha como um pimentão. Olho para a mesa na qual compartilhamos a refeição matinal e me lembro da noite passada.


Eu fui sua comida!


Meu corpo esquenta. Balanço a cabeça para não pensar nisso agora e nem na noite de hoje, cheia de promessas sensuais, e levo Tomás para o andar de cima.


Continua amanhã 

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