Conto Erótico - Pecador - Capítulos 09, 10 e 11
PECADOR: (Livro único)
Capítulo 9
Alexander
Mas que merda falo irritado, assim que o segurança termina de me informar.O que esses malditos querem aqui?pergunto indignado. O homem moreno e alto, quase da minha altura, com uma imensa cicatriz na bochecha, usando terno preto e cabelos raspados, olha-me seriamente e responde:Eles disseram que têm um mandado de busca e apreensão para vasculhar o local. Trinco os meus dentes, nervoso, e me seguro para não ir até lá e quebrar a cara dos dois. Tenho que prosseguir com calma, não seria conveniente para a minha imagem ter que responder criminalmente por dois corpos decapitados em frente à boate. De canto de olho, vejo Rodolpho aproximando-se com sua tradicional carranca estampada. Pela expressão carregada, ele ouviu cada mísero detalhe do que o segurança havia dito e, conhecendo-o como conheço, sei que vai fazer outra besteira. O que está havendo? pergunta.Exatamente o que você ouviu, Rodolpho. Espero seriamente que você não tenha deixado nenhum vestígio da última carga de drogas que foi enviada para a América do Sul, do contrário, estamos em uma bela enrascada. Rodolpho me encara, possesso. Sei que ainda não digeriu todas as verdades que joguei na sua cara há poucos minutos.Não se preocupe, Alexander, tenho tudo sob controle fala ríspido, abotoando os botões do terno branco caríssimo que lhe cobre o corpo. Pode liberar a entrada.diz ele ao segurança. Sim senhor! O homem de terno preto segue a passos firmes até a entrada da boate. Segundos depois, retorna acompanhado de dois homens usando os uniformes do FBI. Observo, encostado no balcão, os dois investigadores na minha frente, enquanto Rodolpho conversa com ambos e responde a algumas perguntas. Recebemos uma denúncia sobre tráfico de mulheres aqui dentro do estabelecimento e viemos cumprir um mandado de busca e apreensão — diz um dos homens, com um semblante de poucos amigos, apresentando uma identificação do FBI. Ele é loiro, de tamanho mediano, queixo quadrado e postura arrogante. Seu colega que está logo à sua direita; é um homem negro de expressão fechada e um pouco mais alto e forte. Rodolpho estreita os olhos, parecendo desconfiado, assim como eu, já que todas as garotas da casa trabalham aqui por livre e espontânea vontade, e inclusive ganham muito bem para isso. Seja quem for que estiver por trás dessa denúncia, está indo pelo caminho errado. — Isso aqui é uma boate, por que estaríamos traficando mulheres? — Rodolpho responde com outra pergunta. O investigador olha ao redor e volta a falar: — Sabemos que o submundo do crime esconde muitos segredos, e se recebemos a denúncia, é nosso dever investigar. Como já disse, temos um mandado de busca e apreensão para o seu estabelecimento, e já que vocês "não devem nada à justiça" — ele diz, fazendo um sinal de aspas com os dedos —, então não teremos problema nenhum para realizarmos nosso trabalho, não é mesmo? — diz, entregando-nos o documento em questão. — Fiquem à vontade — confirma Rodolpho abrindo os braços. — Qualquer dúvida, estarei disponível para esclarecer — completa. A conversa é breve e, com a vigilância constante de Rodolpho, os dois começam a vasculhar por alguns lugares bem improváveis de se achar alguma mulher traficada. Encaro os homens, enquanto ambos analisam ao redor das mesas e do balcão. Eles não parecem estar muito interessados nas respostas do Rodolpho, tanto que nem ao menos respondem à sua última fala. Eles andam pelo espaço amplo da casa, como se procurassem alguma pista nos móveis, vez ou outra analisando os cantos e o balcão de bebidas. Isso me faz ficar em alerta. Eles não deveriam estar vasculhando os quartos e o porão? Que espécie de investigadores são esses que perdem tanto tempo procurando coisas em lugares nada lógicos? Se a vida de alguém dependesse do trabalho desses dois, com certeza já estaria acabada. Os homens dão-se por satisfeitos com o trabalho realizado na parte de baixo da boate e caminham rumo às escadas que dão acesso aos quartos. Sigo logo atrás, observando de perto todos os passos que dão, caso seja necessária uma intervenção cirúrgica da minha parte. Não vou pensar duas vezes antes de mandar os dois para o inferno caso encontrem algo que possa prejudicar os negócios da família. Mas, de repente, algo inusitado faz meus ponteiros se alarmarem ainda mais, instantaneamente. Os dois passam pelos quartos onde algumas garotas de programa recebem seus clientes, mas não se importam em entrar; eles andam diretamente em direção ao escritório de Rodolpho, como se já conhecessem o caminho. Como assim? Eles não vão vasculhar os quartos? Que porra está acontecendo aqui? Rodolpho abre a porta do escritório e permite que os dois entrem, aproveitando para sentar-se em sua cadeira de honra. Um deles revira algumas gavetas dos armários e o tampo da mesa, espalhando papéis pelo chão, enquanto o outro continua vasculhando o restante das gavetas da mesa. Mas não passa disso. A busca no escritório dura apenas alguns minutos. Nenhum investigador que se preze revira algumas gavetas e fica por isso mesmo. Esse prédio deveria ter sido revirado de cabeça para baixo nessa investigação fajuta. Fecho os punhos, irritado. É óbvio que esses babacas não estão investigando tráfico nenhum. Aposto minhas bolas que são tiras comprados pela máfia inimiga para espionar nossos negócios, ou sequer são federais. Então resolvo não intervir e dou corda para se enforcarem. Não há nada aqui — diz o loiro, dirigindo-se para Rodolpho. Deve ter sido algum engano, isso acontece muito. Rodolpho me olha disfarçadamente, enquanto os homens se dirigem para a saída do escritório. Até mesmo ele, que é burro, percebeu a farsa aqui dentro, debaixo do meu nariz. Mas isso não vai ficar assim, ninguém que tenta brincar com a minha cara sai ileso. Não vou permitir que coloquem os negócios da família em risco, muito menos que denigram a minha imagem. Malditos! Minha vontade é estourar os miolos dos miseráveis com um tiro, porém eu tenho um plano mais elaborado para isso. Assim que retornamos ao andar de baixo, o loiro faz alguns sinais para o colega e vira-se para mim e Rodolpho. Obrigado pela colaboração. Tenham um bom dia. Sorri cinicamente. Pra vocês também, senhores, um excelente dia. Sigo-os até a porta de metal e, assim que saem, viro-me para Rodolpho. Eles são espiões, e tenho absoluta certeza que implantaram alguma coisa aqui dentro. Você precisa ser rápido digo seriamente. Ordene que seus homens vasculhem os locais que os imbecis colocaram as mãos, eu vou tirar essa história a limpo agora mesmo.O que vai fazer? pergunta Rodolpho, deixando-me ainda mais irado. Que pergunta mais idiota respondo e viro-lhe as costas, saindo em seguida. Na posse da minha Uzi, pego o carro de um dos seguranças, para não ser reconhecido, e sigo os dois homens pelas movimentadas ruas de Nova Iorque. Como havia imaginado, em momento algum eles seguem em direção a uma das sedes conhecidas do FBI. Só preciso saber qual o destino dos dois e quem é o mandante por trás de toda essa palhaçada. Nas proximidades do Columbus Park, percebo que seguem em direção à ponte do Brooklyn, uma das mais famosas do mundo, que nos levará para fora de Manhattan. Contínuo seguindo-os, aproveitando o grande fluxo de carros na ponte para manter-me camuflado, sem levantar suspeitas. Eles atravessam todo o Brooklyn, indo em direção ao condado de Nassau, uma área mais afastada do centro, rodeada por florestas. Diminuo a velocidade ao ver que o carro dos dois entra em uma estrada improvisada no meio do mato. Ao chegar no desvio, estaciono o sedan preto no acostamento, alguns metros depois da entrada de terra, deixando-o atrás de algumas árvores. Desço do veículo e sigo andando pelo desvio. Caminho por mais ou menos meia hora, até chegar a uma cabana velha de madeira apodrecida. Há dois carros estacionados logo na frente, reconheço um como sendo a viatura dos federais disfarçados. O outro é uma picape de cor vermelho-sangue. Escondido atrás de um olmo gigante, vejo uma movimentação lá dentro, pelas frestas da madeira podre, mas não sei ao certo quantas pessoas têm dentro da cabana. Passa-se cerca de uma hora até que vejo outros três homens usando ternos pretos e escutas no ouvido saindo pela porta quebradiça e, logo atrás, a pessoa que eu mais desejava encontrar e fazer picadinho com o corpo: Robert Lucky. Meu sangue ferve quando o vejo, e essa parece ser a oportunidade perfeita para dar fim ao traidor. Eu deveria imaginar que tinha dedo do maldito nessa história. Destravo minha Uzi e miro bem em seu peito. A essa distância, não tenho uma mira precisa, mas eu não posso errar, não me permito errar, do contrário, seria suicídio, pois percebo que todos os cães de guarda do maldito estão armados até os dentes. Logo os outros dois que estavam na boate saem da cabana, já sem os disfarces, e seguem Robert Lucky em direção à picape. Quando estou prestes a atirar, a merda do meu celular toca e eu sou obrigado a pegar o aparelho e desligar para não correr o risco de ser ouvido. Que porra! Os três segundos que perco fazendo isso são suficientes para Robert entrar na picape, acompanhado dos seus seguranças, mas felizmente um fica para trás e volta a entrar na cabana. Esmurro o tronco do olmo com tanta força que meus dedos sangram e a casca da árvore começa a se soltar. Estou louco de raiva por ter falhado pela primeira vez em uma missão tão importante. Seguro a Uzi firmemente e sigo andando a passos rápidos em direção à cabana. Paro ao lado da porta e espio lá dentro. O local cheira a morte, exalando um odor insuportável de sangue e excrementos, além de estar praticamente caindo aos pedaços. No centro da cabana, há uma cadeira enferrujada e suja de sangue. Do lado esquerdo, próximo a uma pequena janela, tem uma mesa grande contendo algumas facas de diversos tamanhos. Do lado direito, um dos homens de Robert está de costas conferindo algumas notas de dólares que estão dentro de uma pasta preta. Percebo que é o loiro que se disfarçou de federal, ele está agachado no chão, concentrado, perto de uma poça de sangue coagulado. Caminho devagar em sua direção, tomando cuidado para não fazer barulho e, assim que me aproximo perto o suficiente, falo: — Que surpresa, federal. Ele vira-se bruscamente, arregalando os olhos ao me ver. Ao tentar levantar-se, acerto-o em cheio com um chute certeiro e forte na boca. Ele cai de cara na poça de sangue, mas logo se mexe, tentando reerguer-se. Por favor, não me mate. Eu estava apenas seguindo ordens — implora. Seguro-o pelo colarinho da camisa e o ergo do chão, vendo o sangue escorrer da sua boca. — Eu não vou te matar, imbecil, mas você vai me implorar para isso! Jogo-o no chão mais uma vez e acerto-o com outro chute, ouvindo seu maxilar trincando. — Você se meteu com a pessoa errada, e vai pagar caro por isso! Ele tosse, cuspindo o sangue e alguns dentes no chão.Por favor, para. Eu falo tudo o que você quiser. Agacho-me, próximo ao seu rosto, seguro nos seus cabelos e ergo a sua cabeça, fazendo o homem me encarar. — Assim tão fácil? Mas eu nem comecei! Choco seu rosto contra a madeira do piso, vendo o homem praticamente desfalecer. Sigo até a mesa e pego uma das facas que eles mesmo colocaram ali. Escolho exatamente a que tem a ponta mais afiada. Com a minha experiência, sei que confissões tão rápidas não são confiáveis. Para obter informações verdadeiras, é necessária uma demonstração mais convincente. — Agora você vai me dizer exatamente o que foram fazer na boate ordeno, voltando a me agachar. Ele continua em silêncio, provavelmente recuperando-se da dor física que eu proporcionei no seu rosto. Ergo a faca e passo a lâmina pelo seu pescoço, vendo-o arregalar os olhos pelo medo. — Não faz isso sussurra —, eu tenho família. Gargalho em alto volume. Chega a ser engraçada essa tentativa de comoção. — Eu não ligo — respondo e desço a faca, cravando-a na sua perna esquerda. — Ahhhhhhh ele grita, desesperado. — Maldito — rosna, fazendo-me ficar ainda mais furioso. Arranco a faca da sua carne, vendo-o respirar um pouco mais aliviado, e, logo em seguida, volto a cravar o objeto cortante na sua perna direita. — Ahhh, porra. Miserável! — grita, arqueando o corpo. — Vai dizer, ou não? — pergunto. — Sim, eu vou dizer, mas, por favor, para — responde ele, com a respiração pesada. — Estou ouvindo. Levanto-me e puxo a cadeira, sentando-me na sua frente. — Foi Robert Lucky… Ele que me enviou até lá para implantar uma bomba no andar de baixo e uma escuta no escritório de Rodolpho — diz ele, trêmulo. — E você achou que eu era idiota a ponto de não perceber a farsa, é? — pergunto, cruzando os braços na minha frente, abrindo um sorriso sarcástico. — Por favor, me deixe ir. Eu só estava fazendo o meu trabalho. Sorrio. — Te deixar ir? Está brincando com a minha cara? Levanto-me e desfiro outro chute no homem, dessa vez em cima do ferimento que fiz com a faca na sua perna esquerda. Ele urra de dor, contorcendo-se no chão. O que Robert Lucky está pretendendo? Diz logo, ou as coisas vão piorar para você e, acredite, eu tenho muito tempo livre para isso. Ele segura uma das pernas machucadas, em um movimento rápido de defesa do corpo, tentando amenizar a dor, mas é inútil. Percebo seus braços tremendo de dor, e eu estou disposto a fazer todo esse sofrimento prolongar-se por muito mais tempo. — Ele sabe que vocês têm alguma coisa a ver com o sumiço da filha dele, e ele a quer de volta, viva ou morto. Ele vai revirar o inferno para acabar com você, Alexander. Mas que interessante! O plano está dando certo mais rápido do que pensei. — Bom rapaz. — Abaixo-me novamente próximo à sua cabeça. — Diga ao seu querido chefe que a filhinha dele está muito bem escondida, mas ela pode sair com vida dessa história se ele resolver colaborar comigo. Diga a ele que estou disposto a libertá-la, em troca da liberdade dele. O imbecil vira o rosto machucado em minha direção e sorri, sarcasticamente. — Você vai para o inferno desgraçado — diz em tom ameaçador — Robert Lucky está no seu encalço, você não vai poder esconder a filha dele por muito tempo. — Então a gente vai se ver no inferno, federal. Eu sou o próprio diabo. Volto a me levantar e vou até a mesa. Pego outra faca maior e igualmente afiada, passo o dedo polegar pelo fio do metal, sentindo a precisão da lâmina; em seguida, viro-me para o infeliz agonizando de dor no chão e arremesso a faca em sua direção, bem no meio das suas pernas. Estou apenas garantindo que ele terá longas e intermináveis horas de sofrimento para que pense duas vezes antes de se meter em meu caminho. Desgraçado… Ahhhhhh… Maldito! — Ouço-o gritar em desespero, mas simplesmente viro-lhe as costas e saio, deixando-o à própria sorte. Se ele estiver falando mesmo a verdade sobre Robert Lucky estar me vigiando, preciso tirar a demônia daquela espelunca o mais rápido possível e levá-la para outro local mais improvável de ser encontrada: o meu apartamento no coração de Manhattan.
Capítulo 10
Angelina
Deitada sobre a cama de solteiro, embrulhada com um edredom um pouco áspero e gasto pelo tempo, fito o teto do pequeno quarto, imaginando que rumo mais estranho a minha vida havia tomado. Meu estômago ronca de fome, causando um barulho característico, e eu coloco as mãos em minha barriga instintivamente. Faz horas que não me alimento. O cômodo tem um espaço minúsculo e não possui janelas. Contém apenas um banheiro, a cama que range a cada movimento que faço e uma mesinha empoeirada do lado da cama. Já deve passar das dez da manhã, pois consigo ver os raios do sol que entram por entre as estreitas grades que há na parte mais alta de uma das paredes do banheiro. A luz bate no pedaço de espelho quebrado que está pendurado no azulejo encardido e reflete um rastro de iluminação no meio do quarto, passando pela porta. De repente, uma batida na porta que dá acesso ao quarto me assusta e os meus sentidos entram todos em alerta ao imaginar de quem se trata. Será ele? Não! Ele não seria tão cavalheiro assim. Em todo caso, me levanto apressadamente, jogo o edredom para o lado e ajeito o vestido azul de algodão que a dona desse lugar havia me emprestado na noite anterior. O tecido cai folgado pelo meu corpo, onde poderia caber duas de mim facilmente. Olho à minha volta à procura de algo que eu possa usar para me proteger, caso seja ele e tente se aproximar de mim novamente, mas não vejo nada que possa ser útil. Porém, uma ideia passa pela minha cabeça e eu ando rápido em direção ao banheiro para pegar o espelho quebrado. De uma forma ou de outra, não vou permitir que ele encoste em mim de novo. Ouço outra batida na porta, quando já estou colocando os pés dentro do banheiro de piso sujo, mas uma voz fina e suave me faz parar no meio do caminho e eu viro-me, confusa. — Moça, eu posso entrar? — pergunta a voz de um menino. Caminho devagar em direção à porta, tentando fazer o menor barulho possível e, assim que me aproximo o suficiente, pergunto com cautela: — Quem é? — Vim apenas te trazer um pouco de comida, a pedido da tia Alyssa — responde ele, tranquilamente. Alyssa? Forço meus pensamentos a se lembrarem onde ouvi esse nome, até que me recordo do homem que me arrastou para cá referindo-se à senhora que me trouxe para o quarto como Alyssa. Respiro um pouco mais aliviada por saber que aquela senhora não me faria nenhum mal. Apesar de ela não ter podido me ajudar durante a noite, quando passei horas na porta pedindo por socorro para sair daqui, ainda assim vi em seu olhar que ela não é uma má pessoa. Aquele homem que é um monstro e sabe-se lá Deus o que ele está fazendo para manter todos nós aqui, inclusive aquele garoto que vi correr no corredor. Franzo a testa ao me lembrar do garoto, mas sou novamente interrompida: — Eu trouxe comida, você não está com fome? — pergunta. A palavra comida faz meu estômago roncar mais uma vez. Eu realmente estou faminta, já que a última refeição que tive havia sido no convento, às seis da tarde do dia anterior. — Entre! — respondo e me afasto um pouco. Ouço o barulho da chave destrancando a porta que até então estava trancada pelo lado de fora, e um menino franzino entra no quarto, carregando uma pequena bandeja em suas mãos. É o mesmo garoto que eu havia visto no corredor. Ele usa calças escuras e uma camisa branca de mangas curtas, seu corpo é magro e sua pele é clara, com algumas marcas roxas que parecem machucados. Mas ele é um lindo menino. — Bom dia, Angelina — cumprimenta-me com um sorriso no rosto, permanecendo parado próximo à parede. Surpreendo-me. Como ele sabe o meu nome? Assim que abro a boca para questioná-lo, sou interrompida pela silhueta de um homem mal-encarado, usando terno preto, que entra logo atrás do menino, fazendo-me estremecer de medo. — Seja breve, garoto. O chefe não quer ninguém incomodando a madame — diz o homem, olhando o menino seriamente, a voz grossa como trovão. O garoto assente para ele e, logo após, o sujeito sai do quarto, mas permanece na porta parado como um cão de guarda. O menino vem em minha direção e me estende a bandeja, que contém alguns pães e suco de caixinha. — Tia Alyssa pediu que eu trouxesse pra você. É melhor comer tudo para que possa se recuperar logo. Pego a bandeja enquanto ouço-o atenta, mas não compreendo o que ele quer dizer com recuperar logo. — Me recuperar de quê? — questiono, voltando a fitá-lo. Ele me encara e vejo confusão em seu olhar, como se não entendesse muito bem onde quero chegar com essa pergunta. — Da fome, moça. A gente passa muita fome morando na rua — responde ele, sério. Fome…? Rua…? Do que ele está falando? — Você morava na rua? — questiono, à medida que meu peito se aperta e meu coração se angustia. Ele abaixa a cabeça, triste, parecendo envergonhado. — Como você se chama? — pergunto, sentindo-me cada minuto mais curiosa sobre o garoto. Ele volta a erguer a cabeça, encarando-me com lindos olhos escuros. — Me chamo John. E sim, eu morava na rua até alguns dias atrás, quando o Alex me achou e me trouxe para cá. Ele salvou a minha vida — diz, voltando a sorrir. Seu sorriso é fácil e verdadeiro, posso dizer que chega a ser contagiante. Porém, nada do que ele diz faz sentido para mim. Fito-o por um segundo, confusa, enquanto engulo um pedaço de pão, antes de questioná-lo mais uma vez. — Quem é Alex? O garoto me olha de lado, franzindo a testa como se eu fosse alguma espécie de louca. — O Alex, moça. Aquele homem que te trouxe pra cá. Ele também te tirou das ruas, não foi? Ao ouvir que o tal de Alex é o mesmo homem que me sequestrou, tenho um súbito e quase engasgo com o pão seco. — Moça, você está bem? — O garoto se aproxima, preocupado. Pega a bandeja das minhas mãos e me entrega o suco. Tomo um gole às pressas e, quando finalmente consigo desentalar, volto a fitá-lo. — O Alex te tirou das ruas? — indago mais uma vez, completamente incrédula. O garoto sorri. Seus olhos brilham ao falar dele, como se o tal de Alex fosse alguma espécie de super-herói dos quadrinhos. — Graças a ele, agora não sinto mais fome, nem tenho que revirar o lixo, nem brigar por restos de comida. Graças a ele, agora não sinto mais frio — ele fala, com tanto orgulho que chega a ser contagiante. — Meu Deus! — Coloco as mãos sobre a boca. Estou completamente chocada. Não pode ser a mesma pessoa; não, isso é impossível. Aquele homem cruel e sarcástico não pode ter sido a mesma pessoa que ajudou esse garoto, não pode. — John, você tem certeza disso? Ele estreita os olhos, encarando-me, e logo responde: — Tenho certeza — responde convicto. — Agora você precisa comer. Assinto e sento-me na cama, voltando a devorar o pão. Ele me olha com um semblante satisfeito no rosto. Assim que termino, o menino pega a bandeja das minhas mãos e sai do quarto, aconselhando que eu descanse. Vejo o homem que estava de guarda me olhar com um olhar de reprovação e então a porta se fecha. Ainda me sinto embaraçada e completamente perdida com as últimas descobertas. Como alguém pode ser um assassino e um bom samaritano ao mesmo tempo? Isso não tem sentido algum. Quem será esse homem? As perguntas surgem em minha mente, como pontos negros e indecifráveis, causando-me uma sensação de completo atordoamento. É como se eu estivesse sozinha no escuro e de repente caísse em um buraco sem fundo. Levanto-me e ando pelo quarto, pensativa, tentando encontrar uma maneira de escapar daqui, ainda que eu não saiba onde estou, nem como devo fazer para conseguir chegar até o convento. Com certeza qualquer lugar longe desse homem é mais seguro. Porém, qualquer tentativa de fuga me parece impossível. A porta sempre permanece fechada, não tem janelas no quarto e provavelmente há outros homens me vigiando do lado de fora na rua. O tempo passa em câmera lenta. Às vezes, ando de um lado para o outro, impaciente; às vezes, rezo ajoelhada no pé da cama, pedindo a Deus por uma luz. A angústia cresce dentro de mim e o medo se instaura em meu coração pelo que pode acontecer. Recordo-me das palavras da Madre sobre o orfanato. Deixo uma lágrima escapar dos meus olhos, por me encontrar em um momento ainda mais difícil, que me priva completamente de poder ajudar aquelas crianças inocentes. Algum tempo depois, ouço o barulho da chave sendo girada na porta e me alegro ao imaginar que possa ser John. Conversar com ele, mesmo que por poucos minutos, de certa forma havia me feito bem. Porém, sinto-me frustrada ao ver dona Alyssa entrar com uma bandeja na mão. — Seu almoço, menina — diz, pondo a comida sobre a mesinha. Pego o prato e remexo a comida de um lado para o outro, mas não sinto fome. — Cadê o garoto? — questiono, vendo-a soltar um suspiro. — Ele está estudando no quarto agora — responde. Aceno em concordância e volto a encarar o prato, contendo macarrão com queijo. — Não estou com fome — digo, voltando a colocá-lo na mesinha. — É melhor você comer, não sabemos o que te espera… — Ela interrompe a fala ao ver que abaixo a cabeça, receosa. — Tudo bem, vou voltar para a cozinha. Pega a comida e sai do quarto, deixando-me sozinha. Volto a me deitar de lado na cama e, após algumas horas, adormeço. Acordo um pouco suada devido ao calor da tarde e permaneço deitada por longos minutos, até ficar impaciente. Sento-me e começo a orar de cabeça baixa, mas estou tensa demais para conseguir me concentrar, então peço perdão a Deus por minha falha e resolvo seguir até o banheiro, na esperança de tomar um banho. Passo pela velha porta e a encosto, já que a mesma não tem fechadura. Observo a situação triste da banheira e não me animo muito. Há uma crosta grossa de sujeira impregnada nas laterais; até mesmo a cortina de plástico transparente está amarelada. Mesmo assim, decido usar apenas a água do chuveiro para tirar o suor do meu corpo. De frente para o pedaço de espelho, analiso o meu rosto jovem, que há tantos anos eu não via nitidamente, já que no convento não era permitido o uso de espelhos. As poucas vezes em que vi minha imagem nos últimos anos foi no reflexo da água do rio. Ao me despir completamente, fito-me da cintura para cima através do espelho um pouco embaçado. A curva do meu pescoço, os seios pequenos e firmes. Levo a mão até o meu ombro, sentindo a textura macia da minha pele, mas uma sensação diferente surge em meu íntimo, junto com um desejo repentino de tocar meus seios. Minhas mãos tremem de remorso ao imaginar tal ato obsceno, mas a curiosidade fala tão alto que permito descer minha palma e tocar-me no seio direito. Depois, levo a outra ao esquerdo, devagar, sentindo a textura aveludada como nunca me permiti antes. Fecho os olhos ao tocar os bicos, sentindo-os enrijecerem com o toque, e um gemido escapa da minha boca. Em instantes, a lembrança do beijo invade a minha mente, aquecendo-me o corpo ao imaginar ser tocada ali pelas mãos grandes dele. Levo os dedos trêmulos até os meus lábios, relembrando o toque macio e grosseiro na minha boca, cedendo mais uma vez ao instinto de uma mulher que anseia em ser tocada e desejada por um homem. Abro os olhos, horrorizada. Não! Como posso pensar isso? Afasto-me do espelho, completamente amedrontada, minha mente começando a girar em conflito com o meu corpo. Esquece isso, Angelina. Aquele beijo foi uma ofensa aos seus princípios religiosos e uma agressão física. Com o coração acelerado e o corpo ainda em combustão, sigo para a banheira. Subo e ligo o chuveiro, mas permaneço de pé devido às más condições higiênicas. Entro debaixo da água e começo a esfregar o corpo com minhas palmas, tentando tirar qualquer vestígio das mãos daquele homem na minha pele. É como se ele fosse o próprio pecado, em carne e osso, e sinto como se até mesmo a sua lembrança fosse capaz de me corromper. Deixo a água escorrer pelos meus cabelos e continuo esfregando até ver que minha pele já começa a ficar vermelha. Ao me dar por satisfeita, tiro o excesso de água dos cabelos, firmo-me na parede e passo uma perna para o lado de fora da banheira, pisando no chão. Porém, a outra perna, que estava dentro da banheira, escorrega. Ao me segurar na cortina, a mesma se rasga e eu caio com tudo no chão, fazendo um barulho estridente. — Ah! Solto um grito de susto e tranco os olhos ao sentir uma dor aguda despontar em meu joelho. Tento me erguer, colocando a mão sobre o machucado, mas nada é mais apavorante do que ver a porta sendo aberta bruscamente. Alex entra no banheiro a passos firmes, vindo em minha direção. Ele está sem camisa, usando apenas a calça jeans. Isso parece ser algo habitual dele, mas sua expressão séria e indecifrável deixa-me em completo desespero. Paraliso completamente ao dar-me conta que me encontro completamente nua e sem nada por perto com que possa me cobrir. Retiro a mão do meu joelho e tento cruzar as pernas, ao mesmo tempo que tapo os meus seios. — Por favor, não se aproxime — peço, sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas de vergonha. — O que aconteceu? — Ele ignora o meu apelo e se agacha, analisando o meu joelho que começa a sangrar. — N-não foi nada — gaguejo. Sinto uma das suas mãos tocar as minhas costas e a outra passar por debaixo das minhas pernas. — Me solta! Você não pode fazer isso! — grito, esperneando enquanto ele me ergue em seus braços. Minha pele nua e molhada toca na dele involuntariamente, contrastando com o calor que emana do seu corpo. Estremeço. Ele me leva até o quarto e deposita-me sobre a cama. Puxo os lençóis rapidamente e cubro-me, vendo-o analisar o meu corpo detalhadamente, mantendo-se sério durante todo o tempo.Fique aqui, vou buscar um kit de primeiros socorros diz, e sai logo em seguida, deixando-me atordoada.
Capítulo 11
Alexander
Chego na hospedaria em que deixei Angelina e entro, carregando algumas roupas que comprei para ela e para mim no caminho. Não posso correr o risco de tirá-la daqui sem estarmos devidamente disfarçados. Robert Lucky já está à espreita e desconfio que tenha informantes dentro da máfia. Entro na espelunca e sigo diretamente em direção ao cubículo onde ela se encontra trancada. Ao chegar próximo ao corredor, ouço um murmúrio. Apuro a audição e identifico a voz de um dos homens que deixei de vigia na porta do quarto. Ele fala praticamente sussurrando ao telefone. Por instinto de sobrevivência e experiência própria, diminuo a velocidade do passo e aguardo alguns segundos na curva do corredor antes de me aproximar mais, e o que escuto a seguir faz com que todos os meus nervos se tencionem de ódio. Quando chegar a hora… Não, tenha paciência, temos que agir com cautela, ele é perigoso ele diz baixo, porém alto suficiente para que eu escute. Maldito! Não tenho certeza sobre o telefonema ter alguma ligação com Robert Lucky, mas instintivamente entro em alerta máximo. Eu já imaginava que teriam mais traidores dentro da família, mas não posso permitir que haja infiltrados no meio dos homens escolhidos a dedo por mim. Inferno! Se eu avançar agora e colocá-lo contra a parede, poderei pôr o inimigo em alerta e meu plano de usar a demônia para atrair Robert para uma armadilha vai por água abaixo. Não posso correr esse risco agora. Respiro fundo algumas vezes para controlar os nervos e a minha vontade de partir o crânio desse infeliz em dois. Porém, se ele está infiltrado aqui, podem ter outros traidores no meio dos homens que estão lá fora. Preciso agir com calma e discrição; afinal, foi para isso que fui treinado: para matar e passar despercebido. Quando ele termina a ligação, espero mais alguns segundos e avanço pelo corredor a passos firmes, para que ele pense que acabei de chegar. Assim que entro em seu campo de visão, vejo-o arregalar os olhos, surpreso, e vir em minha direção. Chefe? Não pensei que viesse aqui hoje diz, mantendo-se com uma postura ereta, mas seu olhar vacila. Ele está nervoso! Ah, infeliz… Se você imaginasse o que tenho guardado para você, iria manter a porra da boca fechada. Vim ver como está a prisioneira digo. Vejo-o dar um passo para o lado, cautelosamente, e logo depois volta a falar: Vai tirá-la daqui hoje? pergunta, demonstrando um interesse mal disfarçado. Esse ser desprezível, além de tudo, é um péssimo ator; um canastrão. Fecho os punhos, possesso, mas mantenho-me firme em meu autocontrole.Não! Por enquanto, aqui é o local mais seguro para escondê-la falo com convicção. Preciso que ele esteja desprevenido quando eu der a cartada final. Pego a chave reserva em meu bolso e destranco a porta, mas, antes de entrar, vejo um sorriso discreto surgir em seus lábios. Pobre homem! Ao entrar no cômodo, sinto o sangue ferver em minhas veias ao notar que Angelina não se encontra ali, porém ouço o barulho do chuveiro ligado e respiro mais aliviado. Eu já estava preparado para fazer um rio de sangue caso ela tivesse fugido. Deixo as roupas sobre a cama e dou alguns passos em direção ao banheiro para surpreendê-la. Não posso negar que saber que ela está peladinha a poucos metros de distância atiça todos os meus sentidos e já fico doido para prensá-la na parede até resolver ceder e dar para mim. Nós dois sairemos ganhando. Ela, uma ex-virgem bem-comida; eu, satisfeito por ter traçado a filha do desgraçado. Porém, um barulho alto vindo lá de dentro me faz apressar o passo em direção ao banheiro e, sem pensar duas vezes, chuto a porta, deixando-a escancarada. Assim que entro, vejo Angelina caída no chão, completamente nua, com uma expressão de dor em seu rosto. Ando em sua direção apressadamente, ouvindo-a implorar para que eu não me aproxime, mas algum instinto protetor fala mais alto do que a minha razão ao a ver machucada e totalmente vulnerável no chão sujo do banheiro. Não sei que merda acontece comigo; não era para eu dar importância a isso, nunca dei. Porém, tudo que consigo fazer é seguir o que meu corpo e minha mente imploram para que eu faça: abaixo-me, olhando o seu joelho que começa a sangrar, sentindo uma vontade incontrolável de segurá-la em meus braços e tirar toda a dor que ela sente. Porra! Vejo-a lutar para esconder a nudez e sinto a minha voz falhar. Nada no mundo havia me preparado para o que seria ver essa mulher sem roupas. Ai, caralho! Prendo a respiração ao sentir meu pau inchar dentro da calça. Ela tem a pele tão clara como a neve; seus seios são pequenos, mas bem-feitos e firmes, caberiam perfeitamente dentro da minha mão. Sinto vontade de lamber os bicos rosados e fazê-la gritar de tesão, mas recobro a minha sanidade ao perceber que estou babando igual a um cachorro. Sem pensar duas vezes, ergo-a do chão em meio aos seus protestos e caminho para fora do banheiro. Sua pele molhada toca na minha, fazendo o meu tesão subir nas alturas. Se não bastasse, olho sua boceta intocada, sem nenhuma depilação, com seus pelos naturais, e me sinto como um leão faminto que não come carne há vários dias. Isso só me deixa ainda mais doido. Saber que ela nunca foi invadida por outro homem faz nascer em mim um desejo de posse, como se eu fosse o seu dono e ela me pertencesse. Seguro-me ao máximo para não a colocar no chão e tomar sua virgindade à força, porém eu não sou nenhum maníaco tarado que ataca mulheres; prefiro seduzi-las e obter sua entrega e coparticipação. Vou fazê-la querer estar comigo de uma forma ou de outra. Essa demônia está pirando a minha cabeça desde que coloquei meus olhos nela pela primeira vez. Não vou conseguir ter paz até afundar todo o meu cacete dentro da sua boceta virgem, ouvindo-a gritar meu nome. Coloco Angelina sobre a cama e a observo mais um pouco, enquanto imagino cada detalhe do que vou fazer com ela. Ela puxa os lençóis bruscamente, tapando a minha visão do paraíso. Franzo o cenho, contrariado. Já tinha até me esquecido do maldito traidor que está na porta. Pensando bem, esse não é um bom momento para deixar minha cabeça debaixo tomar o controle. Ela solta um gemido de dor quando o tecido passa em cima do corte em seu joelho e, ao observar seu machucado, surge em minha mente uma boa ideia para despistar o maldito sem que haja riscos de ele contatar os outros infiltrados que provavelmente estão em alerta. Neste momento, não posso mais recorrer a nenhum dos meus homens, por não saber exatamente quais são fiéis a mim e quais são os capachos de Robert Lucky. Fique aqui, vou buscar um kit de primeiros socorros digo. Ela me olha assustada, mas não diz nada. Saio do quarto e encosto a porta. Em seguida, viro-me para o imbecil que me analisa com um certo deboche no rosto. Providencie um kit de primeiros socorros agora mesmo ordeno. Sei que levará algum tempo para que ele encontre tal item. Vejo o homem estreitar os olhos, olhando na direção da porta. Tá tudo bem aí dentro?questiona, deixando-me impaciente.Isso não lhe diz respeito. Apenas obedeça! falo, ríspido. Ele fecha a expressão em discordância, mas não discute. O homem sabe que não pode me dar muitos motivos para ficar nervoso. Ele só não imagina que já se encontra na minha lista negra das pessoas que vão direto para o inferno! Assim que ele sai, retorno ao quarto apressado, encontrando Angelina vestida com um vestido azul em que cabem duas dela. Não há tempo para análises críticas; preciso fazer com que ela vista as roupas que eu trouxe e siga as minhas instruções, do contrário esse lugar vai virar um depósito de balas perdidas. Tire isso. Precisamos sair daqui agora mesmo! ordeno, jogando um conjunto de saia jeans e blusa vermelha de alça, nada pudorosas, na direção dela. Angelina segura as roupas, trêmula, arregalando os olhos ao analisar o comprimento da saia. Eu não posso me vestir com isso! afirma. Aproximo-me bruscamente, mantendo os meus punhos fechados e a expressão acirrada. Não seja tola, garota. Se quiser sair daqui com vida, faça o que estou mandando. Do contrário, eu mesmo irei tirar esse trapo que você está usando! Ela se afasta um pouco, mancando devido ao machucado no joelho, e me encara. Você não pode fazer isso comigo, eu sou uma religiosa! Se não acredita em Deus, não posso fazer nada, mas não pode me impedir de seguir os ensinamentos da Igreja — diz, com os olhos marejados. — Já terminou o discurso? Você tem um segundo pra começar a se trocar ou eu rasgo suas roupas com minhas próprias mãos, a escolha é sua. Não entendo que fixação é essa que meu pau está tendo com essa menina insolente, quando tudo que ela consegue fazer é me irritar. Porém, preciso me apressar e sair com ela antes que o maldito retorne. Sem deixar de encará-la, desço o zíper da minha calça, vendo-a estremecer. Em seguida, desabotoo os botões. Angelina observa tudo embasbacada, sem conseguir desviar o olhar dos movimentos de minhas mãos em minha calça. Mesmo irritado, sorrio quando a vejo correr assustada em direção ao banheiro. Então a demônia tem medo de cobra? Não vejo a hora de fazê-la perder esse medo, apenas para alimentar o meu ego. Visto-me depressa com uma bermuda cinza e camisa preta de mangas curtas, amarro meus cabelos em um coque ridiculamente horrível, coloco um boné e óculos de sol. Logo depois, Angelina retorna ao quarto usando as roupas que a entreguei, lutando para puxar a barra da saia mais para baixo. Observo-a de cima a baixo, vendo-a corar de vergonha. Ela tapa o decote com as duas mãos e desvia o olhar, nervosa. Pego a minha pistola e encaixo no cós da bermuda, vendo-a engolir em seco. Seguro em seu braço e a puxo em direção à porta. — Seja discreta e não faça barulhos. Não me force a atirar em você! Ela balança a cabeça em concordância, seu corpo treme. Abro a porta com cautela, observando pelo corredor se há sinal de alguém à vista, mas nada vejo. Avanço mais um pouco, mantendo Angelina presa ao meu corpo e a pistola armada, para o caso de aparecer algum inconveniente pelo meu caminho. Estou prestes a virar no corredor quando ouço passos vindo em nossa direção. Seguro Angelina mais fortemente e tapo a sua boca, impedindo qualquer chance que ela venha a ter de chamar por socorro. Abro a porta de outro quarto e a empurro para dentro. Encosto-me com ela na parede, ouvindo os passos se aproximarem. Alguns segundos se passam, e então não ouço mais nada. Abro uma fresta da porta, cauteloso, e espio o corredor, mas logo depois vejo o homem que estava de guarda sair do cômodo onde havia deixado Angelina trancafiada. Ele está visivelmente nervoso. Afasto-me da porta, ouvindo seus passos se distanciarem novamente, e aproveito o momento para sair do quarto e levar Angelina em direção à saída do fundo. Assim que passo pela porta da cozinha, vejo Alyssa com uma travessa na mão. Ela me olha apavorada e deixa o recipiente cair no chão. Faço sinal para que fique em silêncio. Vejo-a balançar a cabeça concordando e sigo até o pequeno corredor que dá acesso à porta de saída. Ao sair da hospedagem, dou de cara com um beco sombreado pelos muros em volta. O lugar fede a lixo decomposto e a esgoto. Já é fim de tarde, porém não é o melhor horário para sair na rua com uma garota sequestrada. Devido às circunstâncias, porém, não me resta outra escolha. Puxo Angelina por entre os sacos pretos de lixo empilhados ao pé da porta, assustando alguns vira-latas que brigam por um pedaço de osso velho, e continuo andando, mantendo-a presa a mim durante todo o tempo. Assim que chego na rua, puxo-a rente ao muro ao notar a presença de um sedan preto que está estacionado do outro lado. Talvez sejam os homens de Robert Lucky. O mais provável é que a pensão esteja cercada. Merda! Volto a olhar em direção ao carro. Vejo um homem de terno preto saindo do veículo e mantendo-se em estado de vigilância constante. — O que está acontecendo? Por que você está fugindo? — pergunta Angelina, enquanto tenta se soltar do meu aperto. — Você está me machucando. Ela não está facilitando em nada a minha vida. Seguro seu corpo de frente para o meu e passo o meu braço em suas costas, prendendo-a com uma mão, enquanto destravo a pistola com a outra. — Fica quieta, menina — sussurro em seu ouvido e miro em direção ao homem. Atiro, ciente de que o silenciador da arma evitará que identifiquem a origem do tiro. Vejo o infeliz cair no chão e sinto Angelina tremer em meus braços pelo susto. Ela chora copiosamente. — Você é um monstro! — sussurra trêmula. — É a lei da sobrevivência, Angel. Volto a puxá-la para a rua, no momento exato em que um ônibus escolar estaciona, tapando toda a visão que tenho do movimento. Aproveito que as pessoas correm em direção ao corpo caído no chão e guio Angelina pela calçada, em direção ao carro que deixei estacionado estrategicamente a uma quadra de distância. Ela tenta soltar-se, mas continuo segurando forte até chegar ao carro. Assim que abro a porta, ela começa a espernear, na tentativa de se esquivar do meu aperto. — Me solta — grita com a voz embargada pelo choro. — Papai virá atrás de mim — diz convicta, como se eu me importasse. Viro-a para mim, fitando seus olhos esverdeados como esmeralda bruta. — Na verdade, é esse o plano, Angel. Agora entra na merda desse carro! —ordeno. — Nunca! — Ela cospe no meu rosto, visivelmente fora de si, fazendo os meus nervos explodirem. — Nunca mais vou permitir que encoste em mim. Sorrio ao ouvir o tom da sua ameaça, mas sou surpreendido por um chute quase certeiro nas minhas partes baixas que, ainda assim, me faz ver estrelas de tanta dor por alguns segundos. Angelina consegue se esquivar de mim e sai correndo sem rumo, em meio ao tráfego de carros. — Porra! — Bato no carro, enfurecido, e forço-me a ir atrás dela, mesmo sentindo meus testículos queimarem por causa da dor. Sigo em seu encalço, vendo-a entrar em outra rua. Minhas bolas latejam, mas eu prefiro morrer a deixar essa demônia fugir assim. Apresso o passo o máximo que consigo e com muito custo consigo alcançá-la, puxandoa pela blusa. Ela grita mais uma vez, chamando a atenção de todos que andam pela rua, mas estou possesso demais para me preocupar com isso. Irritado, jogo-a no meu ombro, deixando seu traseiro virado para mim, enquanto ela contorce o corpo, tentando soltar-se, esmurrando as minhas costas. Quando chegamos novamente ao carro, abro a porta e a jogo no banco do carona, vendo o decote da blusa descer, revelando parte dos seios suculentos, e seus cabelos caírem por seu rosto, deixando-a incrivelmente sexy. Caralho! Ela me faz sentir tanta raiva que minha única vontade agora é levá-la para o meu apartamento e fodê-la duro e forte a noite inteira, até ela aprender que não se pode confrontar um homem como eu!
Continua amanhã
Continua amanhã
Uauu tá ficando bom
ResponderExcluirHummmmm
ResponderExcluir