Conto Erótico - Bodas de algodão - Capítulos 01 e 02

 




CAPITULO 01

Mateus

DOIS ANOS DEPOIS…

Encaro o porta-retratos em cima da mesa de vidro do meu escritório, observando uma das dezenas de fotos tiradas naquele dia memorável na praia em que renovei os votos matrimoniais com minha esposa. Sem me conter, eu o pego na mão para analisar melhor. Minha pele toda se arrepia com a emoção que toma meu corpo aos poucos. As recordações vêm como ondas marotas em minha mente, distraindo-me completamente do trabalho. O fotógrafo conseguiu captar quase o impossível; o retrato do amor. Foi exatamente no momento em que eu tinha deixado os lábios de Isabella para lhe sussurrar um “eu te amo”. Você deve estar se perguntando como sei disso, mas para mim é muito simples… É como se eu vivesse aquele dia cada momento. Sei que será assim pelo resto da minha vida. Ainda consigo me lembrar dos olhos verdes brilhantes de Isabella, radiantes pelo momento. Ela estava tão emocionada quanto eu. É como se ainda pudesse sentir sua pele quente e arrepiada, fazendo pequenas faíscas de choques elétricos percorrerem a minha mão a cada toque em seu corpo. Instintivamente, passo um dedo em uma mecha rebelde esvoaçante na foto, assim como fiz no dia. Sorrio com meu momento de insanidade. Quem pode me julgar? Têm dias que eu mesmo me belisco para ter certeza de que não estou vivendo uma ilusão. Aposto que você também tem momentos que custa acreditar que possa estar tão feliz, que fica se perguntando se tudo é sério mesmo, que pensa se tudo não passa de loucura da sua cabeça. É como se nunca estivéssemos preparados para admitirmos que podemos ser felizes. Cada um tem sua resposta, ou sinal, para saber que a vida não é imaginação ou delírio de uma mente fértil. A minha resposta é quando vejo Isabella e seu sorriso, que demonstra que ela está feliz comigo também. É quando sinto sua boca na minha; morder seus lábios é o que faz isso tudo se tornar real. Sentir seu coração pular quando encosto meu peito no dela ao abraçá-la é o que faz nosso casamento crível. E olha que existem vários sábios que afirmam que o amor não pode ser visto, sentido ou tocado. Ah, mas se eles tivessem a honra de ter Isabella apenas um dia em suas vidas, suas convicções cairiam por terra, porque eu vejo, sinto e toco o amor. Um toque de telefone me tira dos meus devaneios melosos. Sem soltar o porta-retratos, atendo a ligação. — Perdeu a hora novamente? — A voz carregada, cheia de impaciência, de Isabella soa antes mesmo de eu dizer “alô?”. Olho de imediato para o relógio de ouro em meu pulso e constato que realmente já passam das seis horas, mas apenas três minutos. — Estava um pouco ocupado — respondo depois de um tempo. — Estou descendo, minha amada esposa, para enchê-la de abraços e beijos. — Hum… — Escuto o som pesado de sua respiração. — Estou te aguardando na recepção. E desliga. Assim, sem se despedir, sem qualquer demonstração de carinho. Apesar da noite quente e surreal que tivemos ontem — parecia que iríamos incendiar o nosso quarto —, Isabella pareceu ter acordado com o pé esquerdo. Nem mesmo quis receber meu beijo de bom-dia, simplesmente partiu direto para tomar banho, sozinha. Uma falha grave em nosso acordo para dividirmos o chuveiro sempre que possível. Em seguida, ela comeu muito no café da manhã e ficou melosa em meu colo no trânsito a caminho da Classe A. É… Minha esposa está contraditória. Apressado, coloco o porta-retratos no mesmo lugar e desligo o notebook, fechando o projeto que estava olhando antes de ser distraído. Saio da sala, despeço-me da minha assistente e chamo o elevador, torcendo para que ele esteja ao meu favor. Não quero deixar Isabella esperando. Ah, quem eu quero enganar? Quero mesmo é saciar minha vontade que tive o dia todo de tomar sua boca na minha. Chego a salivar ao imaginar sua língua grudada na minha. Meu pau cresce na cueca boxer, chegando a esticar o tecido da minha calça social de linho. O elevador apita e abre a porta. Com um passo apenas, estou dentro e aperto o botão do térreo. Leva três minutos para descer até a recepção, mas para mim e para minha ânsia foi praticamente uma eternidade. Nem preciso olhar ao redor para achar minha esposa. Já disse uma vez, mas tornarei a repetir: é como se fôssemos imãs. Ela sempre irá me atrair, não importa quantos anos passem. Não importa lugar ou hora, meus olhos sempre grudam nela. Caminho em passos longos até onde ela está, de costas, conversando com uma das recepcionistas. Ela sorri… Quer dizer, na verdade, gargalha, nem parece que estava impaciente minutos atrás. Não é somente isso que me chama a atenção. Meu pau que o diga. Ele se remexe ainda mais louco dentro das calças com a imagem da bunda redonda de Isabella esticando-se em sua saia, que completa seu traje formal de trabalho, mas muito fodástico em minha atual visão. Já havia notado há algumas semanas que minha esposa está com mais curvas. Suas pernas também estão mais grossas e roliças e os seios quase não cabem mais em minhas mãos. Como se possível, a cada noite ela está mais gostosa e fogosa ainda. Eu faço o quê? Isso mesmo… Pode ter os pensamentos mais libidinosos possíveis. Adiantando alguns deles, eu tiro tudo dela. Domo seu corpo e sugo até sua alma com muita força, vontade e desejo. — Assim você me mata — sussurro em seu ouvido, tomando cuidado para não encostar minha pélvis em seu quadril largo. Caso contrário, posso não aguentar e deitá-la bem aqui mesmo no chão espelhado da recepção, causando uma tremenda, explícita e proibida cena. Meu lado profissional nunca me perdoaria por tamanha depravação. — O quê? — Ela se assusta. Quase perco o controle de novo quando vejo os pelos de seu pescoço ficando todos eriçados. Porém, logo ela acaba com minha graça ao se virar. — Oi, meu amor. — Demorou — ela atira. Seus lábios fazem um biquinho infantil. — Achei que teria que subir, ir à sua sala e te tirar de lá puxando seus cabelos compridos. Balanço a cabeça. Com certeza não aconteceria nada disso. Exceto pela puxada de cabelo. Talvez ela puxasse meus fios ao me montar, dizendo que estaria perto de gozar. — Você sabe que não aconteceria somente isso — digo com um tom de malícia, piscando para minha esposa, que instantaneamente enrubesce. Apesar da brincadeira, isso é um fato, ainda mais considerando todas as visitas que ela já me fez esses anos. Minha mesa que o diga! Quantas vezes os papéis já voaram de lá para que eu deitasse o corpo de Isabella e me afundasse nele. A cadeira também provou toda sua resistência ao ser testada se era capaz de suportar uma mulher cavalgando no colo do marido como se estivesse montando em um touro louco. Assemelha-se bastante, afinal, fico louco, completamente insano, quando sou dominado pela excitação. Meu apetite sexual nunca passará vontade. Faço tudo que tenho vontade e agradeço por minha esposa ser tão alucinada quanto eu. — Vamos, estou faminta. — Ela estende a mão para mim, provavelmente querendo mudar de assunto. — Ah, eu também estou faminto. — Pisco para que ela entenda qual o grau da minha avidez. Ela não responde nada. — Até segunda, meninas. — Apenas acena para as meninas da recepção e eu faço o mesmo, mas logo Isabella sai praticamente me arrastando para fora do prédio. Estaciono o carro em frente a nossa casa, vendo o jardim todo bem iluminado e cuidado. Já está bem escuro quando desço e vou abrir a porta do carona para Isabella sair. Seguro bem sua mão e subimos os poucos degraus que levam até as portas duplas da entrada. Nosso novo lar. Nosso novo porto seguro. Faz apenas alguns meses que decidimos sair do apartamento para morar em uma casa mesmo. Mesmo que nossa antiga moradia fosse muito grande, capaz até mesmo de abrigar duas famílias inteiras, senti a necessidade de buscar um lugar que não tivesse nenhum vestígio do que foi antes, do nosso casamento por contrato. Como eu disse na praia, com o sol como testemunha, queria tudo novo. Eu mesmo desenhei o projeto da casa e escolhi os melhores profissionais da Classe A para colocar o esboço para fora do papel, para dar asas ao meu sonho e de Isabella. — A senhora Ávila está com tanta fome assim ou aguenta um banho? — pergunto, parando na nossa sala, bem nos pés da escadaria que leva até o andar de cima, onde está nossa suíte. Sinto um frio na barriga, antecipando a resposta. Para testar meus limites, minha esposa faz um gesto pensativo, como se ela precisasse de muito tempo para tomar tal decisão. Eita que mulher gosta de ver o sofrimento de um pobre homem sedento. — E como seria esse banho? — interroga. — Como você acha que será? — Devolvo com outra pergunta. — Pelo seu estado… — responde fraca, olhando propositalmente para o grande volume que está formado em minhas calças. — Eu diria que seria um banho à moda Mateus Ávila, com muita espuma e, claro, com muita, mas muita gritaria e safadeza. — Bingo. — Passo a mão por sua cintura. — Vai querer? — E eu seria doida de recusar? — Ela pisca. — Mas vai ter que me alimentar depois. Não demoro a puxá-la ainda mais para mim, com mais pressa do que antes. Aperto meus braços fortes em sua cintura fina, envolvendo seu corpo com meu poderoso abraço. Como um homem das cavernas, levanto-a em meu colo e bato em seu traseiro sensual, que tomarei hoje, pois estou sentindo falta. Meu coração tremula rápido e minha respiração fica irregular quando ela passa seus braços em meu pescoço e diz: — Eu amo quando me pega assim, quando mostra o homem da porra que é. — Você ainda não viu nada. — Aperto as polpas da sua bunda e ela se curva para trás, desejosa. — Prepare-se para o melhor banho de sua vida — rosno alto. Nem sei como seguimos o caminho, só sei que entramos com tudo pela porta do banheiro. O tesão está tomando conta de mim. Parece que estou há anos sem sexo, sendo que fizemos na madrugada de hoje. Com cuidado, deixo o corpo de Isabella deslizar pelo meu até chegar ao chão. Abaixo um pouco minha cabeça para ficar na altura de minha esposa. Ela encara meus olhos e sinto-me mais que desejado, sinto-me amado. As ondas de excitação e amor percorrem todo meu corpo. Com pressa, começo a tirar a camisa social. Com mais pressa ainda, chuto os sapatos e tiro minhas meias, jogando-as longe. Em seguida, arranco a calça e cueca que estavam aprisionando a fera que quer se romper em mim. Sinto-a engolir em seco quando meu pau salta para frente. Ela nem consegue desviar os olhos. Não quero ser pretensioso, mas sempre faço do ato de despir um belo espetáculo. Com um olhar pervertido e sacana, tiro seu terninho escuro, deixando-a apenas com uma camiseta de alça fina. Meus olhos brilham quando percebo que ela não está de sutiã. Abaixo um pouco da gola de sua camiseta. Os seios estão duros e os mamilos parecem querer saltar de tão em pé que estão. Prendo a respiração e olho bem para os bustos saborosos. Isabella me seduz e atrai desde a primeira vez. Meus dedos fazem um caminho perigoso até um de seus mamilos. Aperto-os e puxo enquanto ela mia, oferecendo-me mais, fechando os olhos verdes. De repente, uma ideia mais sensual atravessa minha mente. — Não vou te tocar agora. — Ela abre os olhos, surpresa. — Tire sua roupa — digo, a voz rouca já tomada pelo desejo. — Quero desfrutar desse ato para depois a tomar com prazer. Um pouco confusa, ela se afasta. Tudo em meu estômago se revira quando ela começa a fazer o que pedi, olhando-me e me seduzindo. Não deixo barato e devolvo seu olhar com uma promessa velada de comer seu corpo quando ela estiver nua. Ela sorri, ciente da minha jura. — Devo me preocupar com esse seu olhar feroz? — pergunta quando baixa a saia, dando-me a visão de sua pequena calcinha de renda rosa. Porra! Ela é a própria personificação do prazer. Eu vou mesmo devorá-la. É importante que eu deixe claro que também é da vontade de minha esposa ser consumida e destruída pelo nosso desejo. De repente, ela começa a tirar minhas roupas na velocidade da luz, jogando as peças em qualquer lugar. Quando Isabella está toda nua, avanço sobre ela como se fosse um animal no cio, o que não duvido. Com força, cubro sua boca com a minha. O beijo gostoso apenas alastra as chamas de fogo em meu corpo e me deixa sem fôlego. Com maestria, ela empurra sua língua na minha. Como seu fiel escravo, deixo que ela faça comigo o que for de sua vontade, porque é isso que é um casamento: confiar no outro e, quando possível, ceder às vontades do parceiro. Rapidamente, empurro-a para dentro do banheiro e me apoio de frente para a bancada da pia. Vejo seus olhos verdes pegarem fogo e seu rosto todo vermelho. Ela devolve meu sorriso como se já previsse algo quente e obsceno. Isabella não está errada. — Hoje, faremos de vários jeitos, mas agora eu vou devorar minha mulher por trás — sibilo fraco, o som da minha voz ecoando nas paredes do banheiro. Espalmo minha mão direita em suas costas, dobrando-a calmante no mármore branco até que ela esteja toda curvada, com a bunda para cima. As duas nádegas ficam à minha disposição, ao meu querer. — Me tome… — sussurra. — Sou toda sua. — Ah, e eu sou seu. Todo seu. — Minha voz sai grossa. Então, estalo um tapa de leve na sua bunda, fazendo-a se tremer. — Isso… — geme. Ah meu Deus, eu não poderia viver melhor. Ou ter uma esposa melhor.


Capitulo 02

Isabella

Sinto pequenos calafrios em meu nariz, depois em minha boca e, logo em seguida, todo o meu rosto começa a formigar. Com uma vontade de gritar “merda”, eu desperto. Olho injuriada para todos os lados a fim de matar quem teve a coragem de me acordar. Nenhuma alma viva. Será que foi algum fantasma? Não. Não acredito nisso. Para mim, somente os vivos fazem mal. Então, percebo que a grande janela — que vai do piso até o teto — está aberta e o vento travesso de uma figa foi quem me tirou do melhor do meu sono. Ah, peste! Bufo, contrariada. Ninguém merece ser acordada. Ainda mais em pleno sábado. Quando tenho aqueles minutos a mais de sono, quando não tenho que me levantar para ir trabalhar. Estou igual àquele meme “Acordei, mas não recomendo”. Com a expressão fechada, tiro o grosso lençol do meu corpo nu e começo a buscar Mateus no quarto. Olho de novo a cama para ver se não fiquei louca e meu marido passou despercebido por mim, mas encontro somente o lugar vazio e remexido. No banheiro, somente a bancada toda revirada e algumas toalhas e cremes de cuidados no chão. Hum… Como fumaça, minha raiva se dissipa e é substituída por um frio gostoso na barriga. Identificado por mim como: tesão. Deus! Aqui cabe uma dica para vocês: fodam. Fodam muito com seus maridos ou namorados no banheiro. Não é coisa deste mundo. Parece que vamos subir nas paredes de azulejos feito uma lagartixa em uma parede quente. E, continuando no reino animal, ainda somos capazes de nos transformarmos em uma rã arreganhada, com nossa abertura excessiva de pernas. Juro que ninguém irá se arrepender! Só que agora não é hora das lembranças pecaminosas. De volta ao quarto, eu chamo: — Mateus? Nada. — Amor meu… Somente o silêncio. Onde será que ele se meteu depois de ter tirado meus couros ontem e de termos feito mais posições que as do Kama Sutra? Acho que irei até mesmo lançar o Kama Teus. Tenho certeza de que o livro esgotaria assim que fosse lançado. Eu me contorci mais que um acrobata do Cirque du Soleil naqueles tecidos. Imaginei que Mateus estaria cansado e ainda permaneceria roncando ao meu lado na cama, fazendo de tudo para me esmagar com seu corpo grande. Eu sei, estou exagerando. Ele não ronca. Mas é verdade que só sabe dormir colado a mim. É assim todas as noites. Falando em ronco… Jesus, Maria e José! Minha barriga faz o barulho de mil rinocerontes selvagens prestes a atacar, em seu ápice de fúria. Sinto meu estômago arranhar, como se fosse o chifre do animal no chão. Resmunga alto, parecendo que dezenas de ascáridas se atiram, furiosas, em uma luta desesperada contra as paredes da minha barriga. Credo, que fome! Dou dois passos, decidida a vestir algo que cubra meu corpo nu e ir atrás de alimento, mas, de repente, escuto um barulho e viro, vendo a porta do quarto se abrir. Então, paro. Prestem bem atenção no que vou descrever… Mateus, nu, como veio ao mundo. Espera! Claro que um pouco mais evoluído! Que prosperidade… A começar pelo seu corpo. Jesus! O homem é quase do tamanho de um cavalo puro-sangue — sim, eu ainda o chamo de cavalo, mas agora é por um bom motivo. Se é que me entende. Mas voltando! O peitoral dele faz inveja para qualquer lutador de muay thai. O abdômen é tão duro quanto uma pedra. Cada gominho de sua barriga parece que foi especialmente desenhado para causar frisson nas mulheres, especialmente na língua que quer lamber cada um deles incontáveis vezes. As pernas torneadas e grossas servem para sustentar toda a magnitude que é seu corpo. O rosto nem se fala! É tão belo. E por último, mas não menos importante, tem seu majestoso membro. Só de vê-lo agora já me sinto úmida. Pronta para dar uma de lagarã — inventei um nome para abreviar lagartixa com rã — de novo. Não me julguem. Babo sempre em meu marido mesmo. Aposto que até você está fazendo isso agora. Mas, amada, apenas fique na imaginação, porque o puro-sangue é meu. Somente meu. — Bom dia, dorminhoca. — A voz rouca dele ecoa em todo o quarto. — Pensei que não fosse acordar hoje. Franzo o cenho. — Como assim? — questiono, cruzando os braços. — Eu sempre acordo cedo. Minha voz vai morrendo aos poucos quando olho de relance para o relógio digital da cabeceira, que nos dias da semana usamos como despertador. Ele mostra que é quase meio-dia. Jesus! Nunca que dormiria até esse horário em estado normal. — É sua culpa! — acuso. — Quem mandou ficar com safadezas até de madrugada? — Isabella Ávila — ele diz com os lábios levemente dobrados em um sorriso. Um sorriso muito sacana para meu gosto. — Quer que eu lembre o quanto gritou ontem para continuar enfiando meu pau na… — Nãoooo! — grito, interrompendo-o. — Eu já lembrei. — Sabia que tinha uma boa memória. Agora… — Mateus se aproxima, trazendo uma bandeja de madeira nas mãos. — Sei que já está na hora do almoço, mas trouxe seu café da manhã preferido. Pão integral, pera, iogurte com granola e café preto bem adoçado. Um desjejum reforçado para a senhora que preferiu dormir ontem sem jantar. Quando ele fala isso, meu estômago se revira animado. Também pudera! Fiquei tanto tempo em jejum. Assim que Mateus para diante de mim, é como se tudo realmente fosse remexido dentro de mim. Lembra-se dos vermes que falei agora pouco, os que lutavam dentro de mim? Pois pronto! Os bichos agora parecem querer sair pela minha boca como se fosse o diabo fugindo da cruz. Um enorme bolo se forma em minha garganta e sobe até a boca igual uma bola de fogo ácida. Então, agora sou eu quem fujo como uma louca fugindo da Terceira Guerra Mundial. Entro no banheiro e só tenho tempo de me curvar na mesma pia que gemia ontem feito uma gata em cima do telhado. Mas agora, a cena não é nada bonita. Neste exato momento, pareço uma garota possuída por milhões de demônios ao expelir um jato de vômito verde pela boca. — Isabella? — Sinto Mateus ao meu lado. — O que é isso? Ele coloca a mão nas minhas costas, parecendo preocupado. Quem não estaria, vendo uma aberração bem à sua frente? Ao contrário disso, não seguro minha língua ao gritar: — Sorvete de pistache! — berro entre os sacolejos do meu corpo. — Quer um pouco? — Você não parece normal. — Segura meus cabelos rebeldes para não serem melados. Desta vez, não respondo mais, apenas continuo colocando até minha alma pela boca. Meu Deus, uma das coisas piores no mundo é vomitar. — Vou chamar um médico — Mateus fala apressado quando continuo as crises de ânsia. Ele até tenta se afastar, mas seguro sua mão. Acho que não é para tanto, ainda mais se sei a causa desse mal-estar. — Para quê? — Levanto um pouco a cabeça, agradecendo a todos os deuses o fato de a minha boca não querer mais expelir gosma. — Estou ótima. Se não fosse seu café com cheiro ruim, não estaria aqui. — Cheiro ruim? — indaga, confuso. — Mas ele está com cheiro normal. — Só se for para você. Com certeza ele está vencido. Se não está, algum rato morreu dentro dele e virou só o pó misturado com café. Mas que ele está podre, está. — Aponto para o quarto. — Vai se livrar daquilo. Não precisa incomodar médico nenhum. Veja, nem estou mais colocando o estômago para fora. Ele continua parado, olhando-me como se eu fosse alguma criatura de outro mundo. No final, balança a cabeça, como sinal de quem não quer discutir, e decide que o melhor a se fazer é mesmo acatar o meu pedido. Quando Mateus sai do banheiro, procuro rápido a minha escova de dente. Minha boca ainda está amargando como se tivesse engolido milhões de jilós. Depois de me livrar da acidez, decido que o melhor é tomar banho para tirar o cansaço do meu corpo. Já no quarto, finalmente livre do fedor, até respiro fundo de alívio. Vou direto ao closet, pois acho que já passou da hora de dar uma de Eva, perdida em São Paulo. Assim que me visto com roupas leves, meu Adão sarado volta. — Está bem mesmo? — Ainda sinto um leve toque de apreensão na voz dele. — Sim, como eu disse, foi só um mal-estar passageiro. Agora me sinto ótima. Ele vem até a mim, envolve-me em seus braços quentes e depois beija minha testa. Sinto-me como se fosse a mulher mais sortuda do mundo neste momento. Talvez eu realmente seja. — Fiquei muito preocupado. Ainda estou, na verdade… — Sinto seu coração acelerar. — Ficaria mais tranquilo se fôssemos a uma clínica. — Estou bem, eu garanto. Mateus se afasta um pouco, apenas a distância para que nossos olhares se conectem. As íris azuis investigam todo meu rosto com carinho e afeto. É a pura admiração do amor. Ainda assim, com ele me apertando em seus braços, olhando-me assim, sentindo seu calor em minha pele, custo a acreditar que isso é verdade. Tenho medo de um dia acordar e ver que tudo isso não passou de um sonho. Nesses dois anos, nunca deixei de ser feliz nem um dia sequer. Então, tomada pela emoção, sinto meus olhos arderem e não consigo evitar as lágrimas que escorrem por minhas bochechas. Choro de felicidade pelo homem, que é o amor da minha vida, ao meu lado, correspondendo meu sentimento. Choro por tudo que aconteceu do dia que nos conhecemos até o dia de hoje. — Está se sentindo mal? — ele pergunta, secando as lágrimas incessantes em minhas bochechas. Apenas sacudo a cabeça em negativa, incapacitada de falar. — Então não chore, meu amor — pede, beijando os meus olhos. Ah, não consigo mais me manter calada… — Eu te amo, tanto, tanto. — Minha voz sai mais grossa. Ele sorri e novamente seca as lágrimas. Então, sela seus lábios com o meu. É apenas um simples toque, mas repleto de sentimentos e candura. — E eu te amo, hoje, amanhã e para sempre. Para sempre estaremos juntos. — Sim… Deixo minha cabeça descansar em seu peito. Ele nu e eu me sentindo segura em nosso ninho de felicidade e amor. Na manhã seguinte, acordo depois do previsto de novo. Porém, hoje não tenho a desculpa de ter sido uma escrava sexual porque ontem, Mateus cismou que o dia era apenas de ficarmos abraçados trocando carinhos. Mesmo que durante essas trocas de carícias seu membro tenha dado sinais de que queria mais ação, meu marido se manteve firme e forte. Não reclamei. Às vezes, é bom ter um momento assim de ligação do casal. Olho para meu marido, ainda dormindo sereno ao meu lado. Não sei que horas ele foi dormir ontem, pois decidiu que assistiria a um filme, que pelas minhas contas já durava mil horas. Não aguentava mais e me rendi ao meu sono. Marota, faço uma pequena cócega em nariz, o que o faz despertar imediatamente. O seu instinto é automático e logo ele me abraça forte, mas não para me desejar bom-dia e sim para devolver de forma injusta minha brincadeira. — Para! — urro, sorrindo quando ele alcança minha barriga com seus dedos longos. — Começou, agora aguenta, senhora Ávila. — Mas eu fiz apenas uma! — Tento me defender. — Comigo a recompensa sempre triplica. Ele continua seu ataque brutal, enquanto eu me contorço, gargalhando feito uma hiena. Porém, logo vejo a luz no fim do túnel. — Hoje temos que almoçar na casa da mamãe — falo esganiçada. — Ela nunca o perdoaria pelo atraso. Muito menos Julinho. Pronto, é como jogar água no fogo. Ele para de imediato. — Está salva por ora, senhora Ávila — diz e pisca. — Mas, à noite, prepare-se. Você clamará pelos meus toques. Já chegamos à casa da minha mãe. Na verdade, é o apartamento que era de Mateus. Ele abrigou minha mãe aqui depois do despejo e fez questão de passar para o nome dela. Nós somos recebidos com muita festa. Dona Eva parece arroz de festa. Abraça e beija nós dois como se não nos visse há um bom tempo, sendo que, domingo passado, todos nós estivemos na mansão dos Ávilas. — Meus filhos… — cumprimenta, seus olhos com um brilho de felicidade radiante. — Quanta saudade! — Oi, mãe — digo, beijando-a em seus cabelos pretos. — Nem parece que estivemos juntos domingo passado. Ela estreita seus olhos para mim. — Rum — ofega, contrariada. — Para mim, parecem anos. — Tenho que concordar, Eva — o babão master começa. — Eu estava morrendo de saudade. — Da comida — falo baixo. — Não faça intriga, menina! — Minha mãe me deixa para ir se aconchegar nos braços de Mateus. — Mas já adianto, filho, fiz aquela feijoada que você gosta. — Mateus! — Um grito vindo da escadaria interrompe o momento babação. Julinho desce correndo e praticamente pula no colo do meu marido, que tem que ser muito rápido em segurá-lo para não causar um acidente. — Como está, garotão? — Mateus pergunta, abraçando meu irmão. — Estou bem! — Desce do colo dele e já segura na mão. — Vem, quero te mostrar o novo jogo que ganhei do vovô Damião na semana passada. — Opa. — A alma de menino aflora em meu marido. — Só se for agora. Os dois vão para o andar de cima assim, sem nem se despedirem das reles mortais da sala. — Ainda hoje não acredito que fui trocada — expresso, um pouco sentida. — Você viu que Julinho sequer me notou? — É apenas uma fase, filha. — Que já dura dois anos. — Deixa de ciúme. — Ela entrelaça seu braço no meu. — Venha me ajudar a montar a mesa. Minha mãe me carrega até a cozinha e, de repente, um cheiro fraco de café me deixa levemente tonta. — O que foi? — dona Eva pergunta quando me equilibro em seu corpo. — Uma leve tontura — digo. — Acho que passei a odiar o cheiro de café. Ela me analisa daquele jeito que só as mães fazem. Sim, parecendo que tem raios-x nos olhos. O que mais acho esquisito é quando ela me vira, fazendo-me dar uma volta em meu próprio eixo. — Bunda maior. Seios maiores. — Continua a me analisar. — Tem sentido vontade de vomitar? — O que é isso? — Responda, Isabella. — Somente ontem quando Mateus preparou um café vencido para mim. — Vencido? — É. Estava mais podre que carniça. Ela faz outra análise. Jesus! Agradeço por não ter nenhum tipo de segredo com minha mãe, caso contrário, a mulher descobriria agora mesmo. — Você não está com a menstruação atrasada, filha? — O quê? — Minha mente logo capta aonde ela quer chegar. — Não, não estou grávida. — Bom, não é o que os sinais indicam. — Que sinais? Eu tomo pílula anticoncepcional. Impossível. — Mãe não se engana. Paro e começo a fazer as contas mentalmente, igual aquele meme famoso da Nazaré Tedesco. Um com dois, mais cinco. Mais três e nove fora. Estagno. Dois meses atrasada. Será? Será que estou esperando um bebê?

Continua amanhã

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