Conto Erótico - Innocence - Capitulos 23, 24, 25 e 26
Innocence
Capítulo 23
Dante
Angélica demora cerca de dois minutos para me responder. Já estou
pronto para gritar, quando ela finalmente solta um som.Senhor Dante,
desculpe ter ligado, mas foram ordens suas falar diretamente com o
senhor,antes de tomar qualquer outra atitude quando o assunto fosse a
Innocence. O que aconteceu?Fale logo!interrompo-a, deixando-a sem
completar o restante da frase. Ela começa a gaguejar. Angélica, onde
está Innocence? esbravejo, nervoso. Ela... ela está trancada no quarto.
Já tentei de tudo para ela abrir a porta, mas...Estou a caminho.Desligo o
celular. Assim que me viro em direção à porta do quarto, encontro dois
olhos castanhos me encarando, estáticos.O que faz aqui?pergunto com a
voz brusca.Você conhece as regras. Está tentando me testar, syka? Passo
por ela apressado, não tenho tempo para castigos agora.Quem é Innocence?
Por acaso o Senhor está pensando em me substituir? Ela é tão especial
assim que está em sua casa... por quê? Por que, Senhor? Sou a sua
submissa mais...Cale-se, syka insolente! Dou dois passos em sua direção,
seguro-a pelos braços e exclamo, furioso:Você não tem direito algum de
fazer perguntas esbravejo, friamente, fitando-a com raiva no olhar.Não
comece com cobranças ou revogo o seu contrato. É isso que quer? Ela
baixa os cílios, e logo lágrimas começam a cair. Seu corpo trêmulo e a
respiração pesada me dizem que minha estupidez funcionou.
Perdoe-me...perdoe-me,Senhorbalbucia, temorosa. Não! falo cruelmente.
Não, eu não a perdoo, e só não a castigo agora porque preciso ir, mas no
nosso próximo encontro você não perde por esperar.Solto-a, empurrando
seu corpo brutalmente.Por favor, Senhor, não vá... Não me deixe, eu...
eu faço o que o Senhor quiser... Joana se joga no chão e agarra minhas
pernas, impedindo-me de andar. Bravo com a cena, eu a chuto, jogando-a
para trás, e ela cai de costas, sustentando o corpo pelos antebraços,
fitando-me com desespero no olhar. O temor dela é meu alimento, minha
energia. Em dois passos, estou segurando-a pelo rabo de cavalo e
puxando-o com força, fazendo-a se levantar. Ela não para de chorar. Cego
de raiva, ergo seu corpo e o seu rosto fica bem próximo ao meu. — Syka
desobediente dos infernos, estou a um passo de rasgar o seu contrato.Ela
engole o choro, limpa as lágrimas com o dorso da mão, e eu afrouxo o
aperto do seu cabelo, deixando-a ficar de pé. O que há com você, hein?
No contrato está claro, eu mesmo fui muito claro com você. Entre nós...
entre nós é só DOM e SUB — esbravejo ferozmente. Você me dá o que eu
preciso e eu lhe dou o que precisa. Nosso único compromisso é o que está
escrito no contrato, não romantize a nossa relação, syka. Não vou me
apaixonar por você, nem por ninguém, não sou homem de romance, tampouco
de piedade. Não se iluda, se não estiver satisfeita é só revogar o
contrato. Tanto eu quanto você podemos fazer isso a hora que quisermos,
sabe disso. Solto-a e fito-a de cima a baixo com desdém. Depois viro-me,
pego minha chave e sigo em direção à porta.Eu sou a única...ela
interrompe meus passos com suas palavras trêmulas. Paro, mas mantenho a
mão na porta.A única que nunca disse a palavra de segurança, aceito tudo
o que vem do senhor. Será que a sua nova sub vai lhe dar o que eu dou,
Senhor? Ela tem coragem. Isso é admirável, mas perigoso para ela. Um mês
sem vir aqui. A partir de hoje, você será somente minha assistente e a
Francine irá em seu lugar aos eventos deste mês. Se disser mais alguma
palavra, seu contrato será cancelado.Abro a porta e, antes de sair,
completo: Você não tem permissão para dormir aqui hoje, vá para
casa.Fecho a porta atrás de mim e sigo para o elevador. Só escuto o seu
choro de lamento e um grito abafado. Conheci a Joana em um evento de
investidores em Santa Catarina. Fiquei fascinado com sua beleza
estonteante e sexy. Assim que pus os olhos nela, eu soube que ela não
era nada do que aparentava. Quando olhamos para a Joana vemos uma mulher
decidida, forte, fria e temperamental. Descobri, através de alguns
comentários masculinos, que a Joana era uma mulher difícil de se
conquistar. Era voluntariosa demais e não gostava de homens
conquistadores, gostava de conquistar, gostava de ir à caça. Quase caio
na gargalhada ao escutar tal comentário, pois, olhando-a com os meus
olhos experientes, eu soube na hora que ela era uma mulher que gostava
de ser dominada. Ela só não tinha encontrado o homem certo para fazer
isso... até então. Deixá-la atraída por mim foi mais fácil do que
pensei. Algumas mulheres me temem e leva algum tempo para lhes
conquistar a confiança, mas sempre consigo o que quero, principalmente
em se tratando de levar uma mulher para a cama. A mulher certa, claro,
já que nem todas servem para um homem com gostos tão peculiares quanto
os meus. Joana já havia me colocado na sua lista de conquistas. Ela
gostava de homens difíceis, e eu sou conhecido como tal. Então foi muito
fácil deixá-la ansiosa, desesperada e vulnerável. Sabendo que Marlon
Sobral tinha interesse em fechar contrato com uma das minhas empresas de
telecomunicações, preparei o terreno e o convidei para conhecer nossa
logística. Ele estava tão interessado que nem se importou com os
valores, fechamos negócio e, para comemorar, ele me ofereceu um jantar
em sua residência. Não precisei representar, não gosto mesmo de mulheres
oferecidas, e quando a Joana percebeu que não estava interessado nela,
partiu para o ataque. Suas insinuações foram tão diretas que eu precisei
intervir, pois corria o risco de que eu perdesse o interesse em
dominá-la. Fui embora da sua casa com um simples aperto de mão e deixei a
bela Joana com um olhar de desapontamento. Dois dias depois, mandei uma
passagem de ida e volta de primeira classe para sua residência, com a
seguinte mensagem: “É pegar ou largar. Seja pontual, se atrasar um
minuto não perca nem seu tempo em me procurar. Volte para o aeroporto e
me esqueça.” No horário certo ela estava me esperando na suíte de luxo
que eu havia reservado. E como eu já sabia do que ela precisava
sexualmente, não escondi o meu lado dominante e a deixei durante dois
dias algemada à cama, nua e amordaçada. Claro que ninguém entrou na
suíte durante esse tempo, só eu a visitava, fodia, humilhava, alimentava
e banhava. Depois dos dois dias, a libertei. Durante o seu tempo de
cativa, ela bradou, e quando estava sem a mordaça, ameaçou me denunciar à
polícia por cárcere privado e estupro. Gargalhei das suas palavras e
bati com meu membro em seu rosto, obrigando-a a devorá-lo. Quando a
libertei, fui muito claro. Ela poderia me denunciar se quisesse, ir
embora para sempre, ou trabalhar como minha assistente e ser uma das
minhas submissas. Já sabendo qual seria a sua escolha, eu estava com o
contrato em mãos. Ela o assinou. O contrato seria renovado a cada seis
meses, e a partir daquela data ela seria minha propriedade. Como
proprietário do seu corpo eu tinha a responsabilidade de cuidar dela. No
entanto, Joana sabia quais eram os seus direitos e obrigações enquanto
minha submissa. Estamos juntos há quatro anos e durante este tempo ela
nunca me desafiou. De todas as minhas submissas, ela era a única que
nunca disse a palavra de segurança, a única que aceitava tudo o que eu
fazia, sem questionar. Até hoje eu nunca encontrei um motivo sequer para
querer revogar o contrato, e se ela estiver mesmo apaixonada por mim,
não terei outra saída a não ser destituí-la da função de submissa. Chego
em casa, as luzes estão acesas. Isso não é um bom sinal, pois já é
quase uma hora da manhã. Entro e nem procuro a Angélica, sigo direto
para o quarto da Innocence. Encontro Angélica encostada na porta,
batendo levemente nela e chamando pela Innocence. — Desde que horas ela
está aí? — Angélica se afasta assim que me vê, dando-me lugar. —
Innocence, abra a porta. — Bato levemente com o punho na madeira. —
Desde que o senhor saiu. — Angélica me encara, preocupada. — Eu pensei
que ela estava dormindo, mas já passou muito tempo e ela nem jantou. —
Merda! — praguejo, com raiva. — Innocence, abra a porra da porta ou eu a
abrirei e será pior. — Esmurro a porta com violência. — Senhor, assim
vai assustá-la! — Angélica me encara com censura. — Angélica, pode ir.
Não preciso mais dos seus serviços — falo com rispidez. Ela continua me
encarando. — Chispa daqui, pode ir dormir. — Fico de frente para ela e a
encaro ameaçadoramente. — Desculpe-me, senhor, eu só quero ajudar. —
Ela baixa os cílios, provavelmente sentindo o meu olhar frio e perigoso.
— Já ajudou. Agora eu estou aqui, pode ir dormir. — Ignoro-a,
virando-me para a porta. — Innocence, abra a porta, é uma ordem. —
Continuo batendo forte. Angélica vira-se e sai, cabisbaixa. Não me
importo, ela é paga para cumprir minhas ordens e ponto final. Angélica
me conhece o bastante para saber o quanto posso ser impiedoso com
aqueles que não me obedecem. No entanto, apesar de ser um filho da puta,
ela sabe que jamais a machucaria, tampouco seria ingrato. Eu a conheço
desde o dia em que coloquei os pés no Brasil, por algum tempo fiquei
hospedado em sua pensão no interior de São Paulo. Eu precisava me
esconder, precisava de paz para pensar no que faria. Ela nunca fez
perguntas, nem quando viu as intermináveis tatuagens que cobriam minhas
cicatrizes. Quando eu finalmente soube o que deveria fazer, os passos
que deviria seguir, ela largou tudo para me acompanhar. Angélica não
tinha família, o único parente que tinha – seu marido abusivo – eu
matei. Arranquei suas bolas e o fiz comê-las antes de cortar suas duas
mãos. O traste batia nela e a estuprava quase todas as noites. Assim que
descobri, o matei. Comprei uma excelente casa em um dos melhores
lugares de Salvador e coloquei em seu nome. Ela tem seu próprio
automóvel e um salário de dar inveja a qualquer pessoa. Angélica tem uma
boa vida, mas isso não quer dizer que possa se meter na minha. Tenho
regras, e ela as conhece... Ela me conhece. — Não vai abrir a porta,
Innocence? Ok, então não tenho escolha. Pego meu chaveiro e procuro a
chave mestra. Abro a porta, e o que vejo não me deixa nada satisfeito.
Innocence está encolhida na cama em posição fetal, não se mexe.
Instintivamente corro em sua direção, e sem pensar direito a pego nos
braços, trazendo seu corpo de encontro ao peito. — Innocence...
Innocence — sussurro com os lábios colados em seu ouvido, minha mão
alisando seus longos cabelos negros. — Innocence, acorde. Ela arde.
Gotas de suor brilham em sua pequena testa, escorrendo por suas
têmporas. Sua respiração está tão fraca que eu mal posso senti-la. Suas
roupas estão molhadas, grudadas em sua pele fria. Ela está lânguida,
pálida... Parece morta. — ангел4— Beijo sua testa fria. — ангел — repito
a palavra russa que significa anjo. Não sei por que a chamei assim,
devo estar enlouquecendo. Como eu disse antes, não sou um homem dócil,
tampouco amoroso. Mas era sempre bom repetir, talvez assim a realidade
voltasse a tanger em minhas veias. Monstros não têm sentimentos, porém
demônios atraem anjos. Foi o que minha mãe disse um dia. Sim, ela estava
se referindo a mim, quando eu matei a filha da nossa governanta com
apenas uma mão em seu pescoço, só precisando pressionar os meus dedos em
volta dele. Ver seus lindos olhos castanhos perderem o brilho da vida
foi revigorante, indescritível. Ela pediu para morrer assim que cruzou o
meu caminho e sorriu para mim. Anjos pensam que podem tudo, eles acham
que têm o poder de transformar algo ruim em bom. Talvez até possam fazer
isso, mas nem todos podem ser salvos, e eu sou um deles. A linda e doce
Shaya achava que podia me salvar e se entregou a mim, aceitou todas as
minhas condições, e eu a transformei em uma escrava obediente. Sempre
que tinha oportunidade dizia me amar e acreditava que um dia o seu amor
me transformaria em um ser humano amável, e assim, então eu a amaria.
Pobre infeliz, nunca me atraí por mulheres doces, eu as repelia. Gostava
de mulheres brutas, indomadas, aquelas que diziam não e, no final, se
entregavam à dor. No entanto, Shaya não lutava, só me dava o que eu
queria, prazer... É, ela até suportou as torturas por muito tempo, até o
dia que o anjo resolveu voltar a voar. Quanta inocência, ela realmente
pensou que poderia ir embora. Antigamente minhas escravas não partiam,
só a morte — ou eu — as libertava. Então o anjo desolado resolveu fugir e
eu a capturei, trouxe-a arrastada e acorrentada. Ela pediu clemência,
seus pais pediram clemência, e eu lhe dei sua tão sonhada liberdade. Eu a
matei na frente dos pais e das suas duas companheiras de calabouço. Em
meu reino eu era a lei, os únicos que podiam ir contra mim eram os meus
pais. Mas eles me criaram para ser um assassino cruel, sem coração, sem
piedade e sem clemência, e episódios como esse só os enchiam de orgulho.
Eles só não sabiam que eu, apesar de gostar de ter o poder de vida e
morte, não queria esse destino. Não queria ser um assassino, não queria
ser o rei de porra nenhuma, na verdade. Eu só queria ser livre, fazer o
que bem entendesse, viver com as minhas próprias regras e ser um rei de
um único súdito, eu. E enquanto a minha liberdade não vinha, eu
torturava e matava todos os que ousassem me desafiar, fossem eles
culpados ou inocentes. Eu tinha que mostrar ao meu pai que nasci para
substituí-lo, e ele precisava saber que eu era pior — ou melhor— do que
ele. E até pouco tempo atrás estava vivendo confortavelmente com o meu
monstro interior, ele estava adormecido. Quando tenho a necessidade de
ser cruel, luto com o Mudjong ou extravaso no sexo. Mas a porra do
destino resolveu me desafiar outra vez, trouxe-me outro anjo. Certamente
o destino quer me foder, ele esperou meu inferno esfriar, esperou eu me
tornar um pouco humano. Estou muito ferrado, pela primeira vez em minha
vida não faço ideia do que fazer nem de como agir diante do inesperado.
Innocence será a minha cura ou a minha total destruição.É, Ангел(anjo),
estou fodido mesmo... sussurro enquanto meus dedos acariciam suavemente
o seu lindo rosto. Innocence embola o corpo e a sua mão pega a minha,
levando-a para perto do seu peito e encaixando-a entre os seios. O
inferno dentro de mim começa a borbulhar labaredas. Meu pau, que não
pensa, pulsa na frente da minha calça. Apenas com esse toque ínfimo em
seus seios, sinto a excitação correr através do meu corpo, deixando-me
completamente à beira de um mar de chamas. Que porra está acontecendo
com você, Dante? Onde está o seu controle? Não consigo entender por que
com ela o meu domínio não funciona. Sempre controlei meus instintos, mas
desde que conheci Innocence ando um pouco disperso. Preciso
urgentemente reequilibrar os meus chacras, ou não responderei pelos meus
atos. Tento afastar a mão da sua com cuidado, mas não sou cuidadoso o
suficiente. O movimento que fiz, apesar de leve, faz com que ela
desperte, e quando seus olhos azuis se levantam para os meus, o brilho
que vem através deles me hipnotiza. Por um segundo, nenhum de nós fala
nada e a atmosfera congela. Ela pisca os olhos rapidamente e finalmente
sorri, trazendo-me de volta da hipnose. Meu olhar cinzento e frio se
fixa em seu rosto lindo. Dan... Dante murmura, fitando-me com os
olhinhos apertados de sono. Meus lábios se esticam um pouco com um leve
sorriso. Tento disfarçar minha excitação por finalmente vê-la bem e
sorrindo. Oi...Por instinto, minha mão corre para os seus cabelos longos
e pretos e os meus dedos os escovam suavemente.Por que trancou a porta?
Não faça mais isso, entendeu? Mudo o tom da minha voz abruptamente,
percebo isso assim que ela estreita os olhos, assustada. Limpo a
garganta e corrijo meu tom.Innocence, você assustou a Angélica e a mim
também. Ela sorri e, em seguida, senta-se, encostando-se na cabeceira da
cama. Um pequeno suspiro me escapa quando sua mão espalma minha coxa.
No entanto, controlo-me imediatamente e a frieza da minha mão cobre a
sua. Afastando sua mão da coxa, seguro-a firme com os dedos e detenho
meu olhar cinzento em seu rosto.Vo-você gritou comigo. Eu não entendo...
Ela baixa os cílios por alguns segundos, e quando seu olhar encontra o
meu outra vez está nublado pelas lágrimas.Por que eu não posso tocar em
você? Por que eu não posso entrar em seu quarto? Uma lágrima desce
preguiçosamente em sua bochecha, morrendo entre os seus lábios rosados.
Isso me quebra, pela primeira vez na vida ver uma mulher chorar não me
dá prazer.Por que, Dante? Fito-a seriamente e pensamentos atordoados
invadem minha mente neste momento tão perturbador.Porque eu sou um
idiota respondo, fixando meu olhar em seu rosto, avaliando cada
centímetro dele e estudando sua linguagem facial. Boquiaberta, pensativa
com o que eu acabara de dizer, ela pisca os olhos rapidamente.Como
assim, idiota? Você não disse nenhuma palavra feia. Quase gargalho com a
expressão de espanto do seu rosto. Às vezes, nem precisamos abrir a
boca para sermos idiotas, simplesmente fazemos coisas idiotas, entende?
Não, não entendo. É tudo tão confuso... tão... tão...Fica pensativa,
buscando a palavra certa.Complicado! Innocence volta a olhar para mim e
assente com a cabeça.Innocence, se tudo o que está vivendo agora é novo
para você, para mim não é diferente. Não estou acostumado a pessoas me
tocando, não sem a minha permissão, tampouco com invasores em meu
quarto. A única pessoa que tem permissão de entrar lá é a Angélica. Não
está sendo fácil me acostumar com você. Sua boca se abre de espanto
enquanto seus olhos se arregalam com minhas palavras.Então estou
tornando a sua vida difícil? É isso? Eu sinto muito, sinto mesmo...As
lágrimas voltam a molhar seu lindo rosto. Eu sou o puto de um demônio
mesmo. Não tenho ilusões sobre a escuridão da minha alma, sei que a
minha vida, desde o meu nascimento, é um abismo negro, mas vendo-a
assim, tão fragilizada, sei que não posso trazê-la para o meu mundo
cruel,frio e escuro.Ei aproximo-me e rapidamente a puxo para meu peito,
apertando seu corpo de encontro ao meu, tentando deter seus soluços.Não,
minha vida nunca foi fácil. Acredite, Innocence, não sou uma boa
pessoa. Nunca fui, já fiz coisas terríveis na vida, coisas... Não,
Dante!Levanta-se rapidamente, fitando-me com um olhar desesperado, e
circula meu rosto com as mãos.Você é bom, eu sei que é. Você é lindo...
Choque corre através de mim ao ouvir meu nome sendo dito por sua boca
tão suavemente, e como se não fosse o bastante, sinto seus delicados
dedos escorregarem na pele áspera do meu rosto, por cima da barba
aparada. Seus olhos varrem o meu rosto com atenção, e é a porra da
aproximação mais perturbadora de toda a minha vida. Seu toque inocente
arde a minha pele, acende labaredas dentro de mim, faz minha alma negra
gritar e o meu monstro interior revoltar-se. Então, estupidamente, eu
afasto suas mãos do rosto, segurando-as entre as minhas e fitando seu
rosto com dureza fria.Não se engane com a beleza de rosto e corpo, a
beleza é perigosa para quem tem e para quem a vê. O belo pode ser
perfeitamente feio e cruel, e é isso que eu sou... um monstro cruel.
Não! grita, desesperada, interrompendo-me. Suas mãos soltam-se das
minhas e outra vez sinto a maciez do seu toque em meu rosto. Ela me
prende, puxando-me para mais perto.Não, não, você não é um monstro. Você
é bom, você me protege. Seu coração bate forte quando estou perto de
você e seus olhos me olham com carinho. Eu sei que você nunca me
machucaria... eu sei. E o monstro em mim é domado quando sua boca
encontra a minha. Ela me beija ternamente, sua língua faz cócegas em
meus lábios, seduzindo-me com sua inexperiência, com sua inocência, com
sua ternura. Deixo-me ser beijado, ser seduzido. Gosto da sensação. Pela
primeira vez na vida, eu sou dominado.
Capítulo 24
Dante
É uma sensação nova, libertadora, no entanto, não sou uma pessoa
normal, não nasci para a submissão. Sou um dominador cruel, gosto de
provocar medo nas minhas vítimas, dos seus olhares assustados. Não, não
posso permitir tal afronta, não posso deixá-la se aproximar tanto. Será a
sua destruição, pois quando eu puser as mãos sujas em seu corpo, nem eu
poderei salvá-la de mim mesmo. Afasto-a bruscamente, seguro suas mãos
com firmeza enquanto meu olhar duro expressa minha fúria violenta. —
Não, não, Innocence. Quantas vezes eu já lhe disse que não podemos nos
beijar assim? Por que você é tão teimosa? — digo, quase gritando. — Não
grita, não grita... — ela puxa as mãos e as leva às orelhas,
pressionando-as com os olhos fechados, encolhendo-se, assustada. —
Diabo! — esbravejo todo o meu desespero. — Porra, Innocence, você
consegue me desequilibrar, mas que merda do caralho! — Nervoso, passo os
dedos entre os fios dos meus cabelos enquanto meus olhos avaliam a moça
encolhida diante da minha frieza. — O que é porra? — Ela finalmente
relaxa, seus olhos azuis encaram meu rosto. — Quando vai me explicar o
que é porra? — Não tente fugir do assunto — digo, relaxando os ombros
tensos. Ela tem o dom de me deixar completamente fora do controle. — Não
me beije na boca, nunca mais. Beijos assim são para casais que
compartilham intimidade, entendeu? Nós não somos íntimos. — E por que
não podemos ser? — Ela quer me desafiar, pois faz a pergunta olhando-me
com altivez. — O que é preciso para sermos íntimos? — Chega! Chega,
Innocence. Chega de perguntas. — Toco em sua testa com o dorso da mão. —
Você já está bem. Está com fome? — Desvio os olhos do rosto dela. —
Dante... — sussurra meu nome. Eu sei que ela está me olhando daquele
jeito suplicante. — Está com fome? — pergunto outra vez, fitando-a,
encarando aquele olhar sedutor e inocente. Innocence mantém seu olhar no
meu. É, Dante, está praticamente impossível viver ao lado desse anjo
sem poder tocá-lo. Meu ímpeto nesse momento é dar alguns passos adiante e
segurá-la nos braços, sucumbindo aos meus desejos ambíguos e
libertinos. Rasgar suas roupas, jogá-la no chão e fodê-la com força até
ver o seu sangue virgem manchar o tapete do quarto e o meu pau ficar
completamente marcado por ele. Sim, eu quero fodê-la como um animal,
quero marcá-la com os dentes, quero fazer coisas com ela que nunca fiz
com nenhuma outra mulher. — Não — diz, irritada, tangendo meus
pensamentos perniciosos para longe. Por enquanto, ela estava a salvo. —
No momento, eu só preciso de respostas — completa com a voz triste. —
Tudo a seu tempo, Innocence, tenha paciência. Você descobrirá o mundo em
menos tempo do que imagina. — Enfio as mãos nos bolsos da calça e a
fito demoradamente. — Depois da nossa conversa de hoje, começo a
entender que você tem receio de me tocar por achar que me machucará.
Essa sua ideia de que é um homem mau está afastando-o de mim... — Eu não
acho — interrompo-a —, eu sou. Sou mau e perigoso. Um dia você
descobrirá isso e me agradecerá por mantê-la distante. — Ela tenta vir
até mim. — Parada, nem mais um passo. — Mantenho o olhar frio em seu
rosto. — Olhe nos meus olhos, Innocence. Agora — exijo com a voz dura.
Ela obedece — Nada de beijos na boca e nada de desobediência. Agora vá
dormir. — Dou-lhe as costas e sigo para a porta. Abro-a e saio sem olhar
para trás. Assim que a fecho escuto um suspiro profundo, quase um
lamento. Espero que ela tenha entendido o recado. Depois de deixar o
quarto de Innocence, vou para meu quarto, tranco a porta e tento
conciliar meus pensamentos. Vou até a varanda, abro a porta de vidro e
deixo a brisa fria refrescar o meu rosto. Ainda sinto a maciez dos seus
lábios sobre os meus, ainda sinto o toque dos seus dedos em meu rosto, o
gosto da sua língua e o sabor da sua saliva. Estou travando uma luta
solitária comigo mesmo. Por mais que eu tente negar, eu a quero. Quero
possuí-la, entretanto, pela primeira vez eu quero uma mulher para dar
prazer. E este simples pensamento me deixa de pau duro. Você está louco,
Dante, ela jamais será sua. Quando seu monstro interior vir à tona, ele
a destruirá. Fará o mesmo que fez com a Shaya, roubará sua inocência e
tirará sua vida. Minha voz interior fala mais alto, acho que deveria
escutá-la. Volto para o quarto, dispo-me e sigo para o banho. Deixo a
água gelada cair em minha nuca, tento aliviar a minha ereção com os
dedos, massageando com força. Pensando em Innocence, deixo a imaginação
correr. Vejo-a de joelhos, alisando meu pau, beijando-o enquanto sorri
para mim. – Chupe-o, digo em voz alta, mantendo os olhos fechados. Ela
obedece, e sem desviar os olhos dos meus, suga-o completamente. – Porra,
isso é bom. Engula-o todo, Innocence – deliro outra vez. Ela obedece e
me leva até o fundo da garganta, minhas mãos seguram seus cabelos e
forçam o vai e vem da sua boca em torno do meu pau. – Boa menina.
Morda-o, chupe-o – alucinado com meu delírio, meu orgasmo vem em jatos
quentes e espessos, sujando todo o box. — Caralho! Estou fodido, muito
fodido. — Soco com força a parede com o punho. A pancada foi tão forte
que os nós dos meus dedos ficaram em um tom avermelhado. Solto um
grunhido de raiva. — Caralho! Dante, você precisa se concentrar, precisa
manter distância dessa moça. Ela nunca será sua, você nunca a terá...
Você é um monstro, e monstros não são amados. Certa vez, escutei tio
Jakov me descrever. Ele estava falando com Olovisks, um dos nossos
soldados. Eu nunca vou esquecer a palavra que ele usou. Monstro. Na
época, eu não me considerava um, pois achava normal o que fazia. Nasci
em meio a assassinos, torturadores, estupradores. Era o filho do pior
homem da máfia, aprendi cedo a profissão, então para mim tudo aquilo era
normal. Contudo, em pouco tempo admiti que ele esteve certo o tempo
todo. O pequeno príncipe... Era um monstro. Savar orgulhava-se de mim e
por diversas vezes me forçava a ser pior do que um monstro. Ele
necessitava mostrar aos seus seguidores que o seu substituto era um
milhão de vezes pior do que ele, e eu sou. Meu pai fez coisas más. E
porque não faria? Afinal, ele era a porra da máfia, o senhor do submundo
russo. Eu iria substituí-lo, e este cargo tão honrado e desejado tinha
que ser conquistado com muito sangue nas mãos. Mas o tempo e as
aventuras que comecei a viver conhecendo o mundo, conhecendo outras
maneiras de ganhar dinheiro sem precisar sujar as mãos de sangue nem
arriscar a minha vida, e o mais importante, sem me preocupar com a porra
da minha retaguarda, fizeram-me mudar de ideia. Não, não, eu não queria
ser rei do reino de ninguém, eu mesmo criaria o meu reinado. Eles que
se fodessem. A minha liberdade era mais importante do que a família.
Família de merda, meus pais não se importavam com ninguém, só com eles
mesmos. Minha mãe era uma assassina cruel, sem coração, sem decência.
Casou-se com meu pai pelo poder, um casamento ambicioso para ambos.
Savar se uniu a ela pela beleza, ousadia e crueldade que possuía. E pela
necessidade de um herdeiro. Antes de mim, vieram três meninas. As três
foram sufocadas por ela assim que nasceram. Eles não queriam princesas,
queriam um príncipe. Eu. O substituto do grande Savar. Fodam-se os
Ziugánov. Eles pensavam que teriam minha lealdade, mas se enganaram
completamente. Em um “lar” onde só se pregava ódio, crueldade, e o
dinheiro era o alicerce de tudo, não havia como existir lealdade,
amizade... amor. Amor, o que é o amor? Nem sei se este sentimento existe
mesmo. Nunca amei, nunca fui amado e os poucos que me falaram sobre
este sentimento, tempos depois disseram que se arrependeram por amar, ou
acabaram trocando os seres amado por outros. Então, ao meu ver, amor
era algo tão mesquinho quanto o ódio. Mas, se o amor existir mesmo,
suponho ser algo infinito, uma força incontestável, sem dimensão, sem
razão. Transcendente, algo que eu nunca iria conhecer ou sentir. Bem,
foda-se o amor, também. Mesmo porque, eu nunca serei amado. Ainda que eu
tenha abandonado aquela vida, o passado nunca morre, ele me acompanhará
para sempre. Posso ser um empresário de sucesso hoje, com um rosto
novo, nome novo, mas minha alma é a mesma. A alma de um assassino.
Cruel. Detestável. Cometi crimes violentos, tudo em nome da família,
tudo para mostrar poder, e eu era apenas um adolescente... Fico
imaginando se eu não tivesse feito o que fiz, se tivesse aceitado o meu
destino, com certeza o mundo estaria perdido. Meu nome seria perpetuado
pelo universo e a dinastia dos Ziugánov seria invencível. Olho-me no
espelho, esfrego a toalha nos cabelos com força, como se este gesto
pudesse varrer todas as minhas lembranças. E enquanto faço isso, posso
escutar as vozes das minhas vítimas gritando, suplicando por
clemência... Balanço a cabeça ligeiramente. Sigo para o closet – merda! –
eu sou um estúpido. Visto-me com algo confortável, apenas a calça do
pijama de seda. Eu tenho que esquecer. Eu só tenho que esquecer essa
porra toda. Deito-me, viro-me de um lado ao outro. Os minutos passam...
vinte... quarenta... O sono não vem, e os meus pensamentos me
atormentam. Preciso de paz, preciso de calma e só posso encontrá-los em
um lugar. Levanto-me e sigo a minha necessidade. Abro a porta do quarto
lentamente e, antes que a claridade da luz do corredor entre por
completo, fecho-a imediatamente. Respiro fundo, sento-me na poltrona
próxima à cama, estico as pernas na chaise e deixo as mãos cruzadas
sobre o peito. Lá está a paz que eu tanto quero, deitada, encolhida, com
as mãos por baixo do rosto. Ela dorme tranquilamente, quase não se nota
sua respiração... Linda, terna, inocente. Minha protegida, a razão que
eu tenho para lutar contra meu monstro interior. Minha linda e pura
Innocence. — Dante... Penso estar sonhando, pois escuto uma voz meiga me
chamando ao longe. — Dante... Não, não é um sonho. Então eu pisco os
olhos rapidamente, abrindo-os, e encaro um par de olhos azuis,
sonolentos e curiosos. Devo ter cochilado, ou... Olho para a janela e a
claridade já envia pequenos raios luminosos através das cortinas
pesadas. Não, eu não cochilei, dormi profundamente. — Oi... — Ergo um
pouco o corpo, empurro a chaise para o lado e deixo meus pés sobre o
carpete. — Bom dia! — Ela me flagrou vigiando seu sono, e isso é
desconcertante. — Vo-você dormiu aí? — Ela aponta para a poltrona.
Senta-se na cama e seus olhos observadores me avaliam. — Fiquei
preocupado, temoroso que sua febre voltasse. — Não sei por que menti.
Aliás, eu sei, sim, não queria que ela percebesse o quanto olhar para
ela me acalmava. — Nossa! Você deve estar todo dolorido, essa poltrona é
pequena demais para o seu tamanho. Por que não se deitou ao meu lado? A
cama é grande, tem espaço suficiente para dois. — Não quis acordá-la.
Além do mais, a poltrona não é tão pequena assim. É muito confortável,
tanto que adormeci. Sou um idiota, estou me perdendo nas palavras, já
nem sei mais o que falar. Levanto-me, preciso fazer algo urgentemente
antes que ela comece com as intermináveis perguntas. — Bem, estou com
fome, você não está? — Estendo uma mão e ensaio um sorriso de canto de
boca. — Levante-se, e enquanto você toma um banho e se troca, vou até a
cozinha. O que quer comer? Ela aceita minha mão estendida. Eu a puxo
levemente, ajudando-a a se levantar. Assim que as cobertas deslizam pelo
seu corpo, percebo que não foi uma boa ideia convidá-la para sair da
cama. A pequena camisola de seda marca seu corpo curvilíneo, as coxas
roliças, os joelhos redondos... porra! Ela tem lindos joelhos. Já os
imagino vermelhos quando ralarem no tapete, enquanto sua boca carnuda
devora o meu pau. Merda! — Eu quero ovos, bacon, queijo, pão, café com
leite e bolo. — Estou duro, minha ereção pulsante, e ela nem percebe
minha excitação. E fica pior quando ela puxa a pequena camisola por cima
da cabeça, ficando completamente nua e me mostrando sua bunda redonda e
branca. — Innocence! — solto uma exclamação atordoada. Ela se vira,
fitando-me assustada. — O que eu fiz? — Seus inocentes olhos encontram
com o meu olhar hipnotizado ao ver seu corpo nu tão próximo.
Rapidamente, pego o lençol que está sobre a cama e em passos largos
cubro-a, girando-a em direção à porta do banheiro. — Já lhe disse que
você não pode ficar nua na frente de outras pessoas... — Empurro-a para o
banheiro e tranco a porta. — Estou a esperando na cozinha, não se
demore. — Saio antes que as perguntas venham. Antes de chegar à cozinha,
já escuto o tintilar das louças batendo umas nas outras. Angélica
certamente estava pondo a mesa do café da manhã. — Bom dia, Angélica! — O
cheiro do café fresco vem até as minhas narinas. Feliz, eu o inspiro,
satisfeito. — Bom dia, senhor! O café já está pronto, sente-se —
cumprimenta-me cordialmente com um sorriso nos lábios. Seu olhar segue
na direção das minhas costas, à procura de alguém. — Ela já está vindo,
está no banho — informo, enquanto sigo para a mesa e começo a servir o
café nas xícaras. — A propósito, ela quer ovos e bacon. Angélica já está
servindo os ovos e o bacon, quando Innocence surge lindamente, com um
vestido floral soltinho e um pouco acima dos joelhos. Observo-a
atentamente, fico imaginando-a em um vestido de grife feito sob medida,
sapatos altos e maquiada. Acho que o assassino que se esconde dentro de
mim viria à tona, era melhor nem pensar nessa possibilidade. As roupas
simples que eu comprei eram suficientes, eu serei o único a conhecer sua
beleza estonteante. Possessivo. Você é um escroto, ciumento e
possessivo, Dante Salazar. Cale-se, seu idiota. Sussurro para a voz
interior. — Estou usando calcinha, senhor Dante. — Certamente foi a
minha avaliação demorada do seu corpo que a fez suspender a saia do
vestido e mostrar a calcinha preta. — Menina! Baixe essa saia. —
Angélica larga o prato na mesa e corre em direção à Innocence, baixando a
peça de roupa. — Você não pode levantar a saia desse jeito, Innocence.
Isso é coisa de criança, e você é uma mulher... Senhor Dante, o senhor
tem que fazer alguma coisa quanto a isso! Pego de surpresa com a reação
de ambas, fico apenas pasmado, olhando as duas mulheres diante de mim.
Angélica e Innocence me encaram, esperando uma resposta. Eu...Limpo a
garganta. Estou completamente desconcertado diante do fato, tanto pela
repreensão da Angélica quanto pela ousadia da Innocence.Eu tomarei uma
providência.Lanço um olhar frio para Innocence, que entende o recado e
baixa o olhar rapidamente.Desculpe, não tive a intenção de constranger
vocês.Eu sei que preciso aprender muitas coisas, perdão..Culpado, sou
culpado por tudo isso,admito.Conversaremos sobre isso depois do
café.Agora venha, sente-se aqui,você deve estar faminta.Cabisbaixa, ela
vem, senta-se ao meu lado e durante toda a refeição não diz uma só
palavra.Come em silêncio, certamente está envergonhada.Eu não a
culpo,ela tinha razão, sua inocência está fazendo com que se torne uma
débil mental.Não podia deixá-la às cegas,eu precisava dar um jeito
nisso.Innocence, não fique assim.Não é sua culpa...Bom dia! Shin entra
na cozinha,cortando minha conversa.Shin! Innocence se levanta
rapidamente e corre na direção dele,e de repente eu fico cego de
raiva.In-Innocence, pare...Shin é surpreendido com os lábios dela sobre
os seus,ela o beija na boca.Innocence, pelo amor de Deus!Ele tenta
afastá-la, mas Innocence insiste em beijá-lo.
Capítulo 25
Dante
Levanto-me rapidamente e sigo na
direção de Innocence e Shin, completamente cego de raiva. Minha vontade é
partir para cima dele e socar o seu rosto, arrancar sua língua e
fazê-lo comê-la. Chego a esquecer que somos amigos e que ele não tem
culpa da curiosidade da Innocence.Innocence! esbravejo sonoramente,
afastando-a do Shin bruscamente. Ela me encara, assustada com a minha
brutalidade, e tenta mover os lábios para dizer algo, porém sou mais
rápido e sonorizo a minha cólera.Que merda é essa?Deus do céu! Angélica
solta um grito, alarmada com a cena. Fito-a friamente, como se dissesse,
“saia daqui”. Ela entende o recado, baixa os olhos e sai às presas da
cozinha.Dante, acalme-se. Eu não tive culpa, fui pego de surpresa.Shin
mantém uma distância segura de Innocence, enquanto tenta segurar meus
ombros, preparando-se para se defender, pois já estou de punhos
cerrados.Não! Innocence grita, assustada, jogando-se na frente do Shin.
Seus olhinhos medrosos me avaliam. Ela está apavorada, e quem não
estaria diante de um homem grotesco como eu?Eu só queria saber se o
beijo dele é igual ao seu. Ele não tem culpa, Dante. Diante da sua
resposta, tanto eu quanto Shin somos pegos de surpresa e ambos a
encaramos. Eu com um olhar sombrio e o Shin com um aterrorizado.O
quê!?Ficou louca,Innocence?Eu poderia ser morto, você sabia?Shin segura a
Innocence pelos ombros, fazendo-a encará-lo.E ele tinha razão. Sim, eu
poderia matá-lo, a raiva que estou sentindo no momento faria com que
matasse alguém usando só uma mão.Desculpa, eu só queria comparar o beijo
murmura e logo depois olha para mim.Não é igual...sussurra. Como
é!?Shin e eu exclamamos ao mesmo tempo, e ele me encara, estreitando os
olhos. Dante, que história é essa de beijo na boca? O que você anda
ensinando a Innocence?Aquele olhar arregalado e furioso encontra meu
rosto perturbado pelo choque de ver Innocence nos braços de outro
homem.Dante, acorde! Que porra é essa? Imediatamente, Shin percebe que
falou merda e olha para Innocence.Sem perguntas, senhorita interrogação.
Primeiro quero saber que história é essa de beijo. Ele volta a me
encarar com seu olhar inquisidor. A culpa não é do Dante, eu que o
beijei.Innocence volta a ficar entre nós dois, com uma mão no peito do
Shin e a outra em meu peito. O beijo do Dante é melhor...Aqueles
olhinhos brilhantes encontram os meus. Seu beijo faz rebuliço em minha
barriga ela passa a mão na barriga, alisando-a e molha a minha
vagina...O quê!?Shin solta um berro alarmado, olhando para o meu rosto.
Eu quero tirar a Innocence da cozinha o mais rápido possível, antes que
ela comece a fazer perguntas.Sim, eu fico molhada aqui embaixo.Ela leva a
mão entre as coxas. É uma sensação boa e...Chega!esbravejo ferozmente, e
antes que abra a boca para falar mais alguma coisa,pego-a pelo braço e a
arrasto para o quarto.A senhorita vai para o quarto agora... Solte-me,
Dante. Ela puxa o braço, livrando-se da minha mão.Não me trate como
criança. Solte-me...Sou empurrado com brusquidão. Escute aqui, mocinha,
se não quer ser tratada como criança se comporte como uma mulher. Agora
vou levá-la para o quarto e você só sairá de lá quando eu mandar.Pego-a
com força, circulando os dedos fortemente em volta do seu braço.
Solte-me,Dante,você está me machucando... Solte-a, Dante. Ficou
louco?Shin me empurra, perco o equilíbrio e solto-a. Dou um passo em
direção ao Shin, pronto para atacá-lo. Shin esconde Innocence atrás de
si e leva um braço à frente do corpo, parando-me.Meu amigo, controle-se!
Controle-se... Sua mão segura o meu peito e os seus olhos viram para o
lado, chamando minha atenção para a moça encolhida às suas costas. Eu
sei que devo estar assustador, furioso, bufando de raiva, com olhos
saltados e punhos cerrados. Já me vi centenas de vezes assim. Quando a
fúria me toma, perco a noção de tudo que está ao meu redor. Só vejo o
inimigo na minha frente e só volto ao normal quando sinto o cheiro forte
do sangue nas mãos.Dante, acalme-se. Vá para o escritório, eu levo a
Innocence para o quarto.Tomo consciência de mim mesmo e do que estava
prestes a fazer. Respiro fundo e me viro, saindo a passos rápidos.
Graças ao Shin, a Innocence não viu o meu verdadeiro eu. O monstro que
sou. Espero alguns segundos e os deixo seguirem até o quarto. Sigo-os,
espero a porta se fechar, e encosto meu ouvido na madeira. Concentro-me
na conversa dos dois...Eu não entendo, Shin. Por que o Dante ficou tão
furioso? O que eu fiz?Me beijou, foi o que você fez.Eu não posso beijar
você? E por quê? Você pode me beijar, mas não na boca, esse tipo de
beijo exige mais intimidade. O Dante explicou isso a você, não
explicou?Explicou, mas eu só queria saber se os beijos eram iguais. E
não são. Por que não são?Porque são emoções diferentes. Depende de quem
você está beijando, com cada pessoa você sente uma reação diferente. Há
beijos que provocam repulsa, medo...Como assim? Mas beijo é bom. O seu
não foi igual ao do Dante, mas foi bom, senti a mesma sensação de quando
você me abraçou. Eu... eu não entendo, acho que o Dante tem razão, eu
sou uma criança no corpo de uma mulher, nunca aprenderei nada... Shin,
eu quero voltar para o meu mundo, não quero ficar mais aqui...Tenha
paciência, logo você conhecerá o mundo e aprenderá sobre ele. E você não
é uma criança, é só uma pessoa não esclarecida, foi criada em um mundo
imaginário, não é culpa sua. Não fique assim, vem cá.Shin... Oi. Eu
gosto do seu abraço, mas eu gosto mais do abraço do Dante, por quê?Deve
ser porque vocês têm sintonia.E o que é isso? E por que eu fico molhada
lá embaixo quando ele me beija ou me abraça?Até quando ele me olha eu
fico arrepiada. Por que eu não sinto isso com você?Isso você pergunta
para ele. Agora vá tomar um banho, acho que precisa de água fria na
cabeça. Pedirei a Angélica para lhe trazer um lanche, já que não
terminou o seu café da manhã. Certo, moça bonita? Certo... Não foi uma
boa ideia escutar a conversa, só fez com que eu me sentisse pior do que
já estava me sentindo, afinal, ela não tinha culpa da bagunça em que sua
vida se transformou. Antes não havia questionamentos, ela estava bem
vivendo isolada, não tinha noção de como era o mundo aqui fora. Agora eu
a tinha deixado ainda mais confusa do que antes. Ela tinha tantas
interrogações, tantas dúvidas, e o culpado de tudo isso era eu, com a
minha teimosia em protegê-la, em manter sua inocência imaculada. Só
estava atrapalhando o seu conhecimento, eu não tinha o direito de
deixá-la às cegas, ela precisava saciar a sua fome de saber, pelo menos
por algumas coisas, não todas. Há certas coisas que ela não precisará
saber, como sobre os prazeres obscuros do sexo. Dante, você precisa dar
um jeito nessa bagunça. Respiro fundo, fechando os olhos, tentando
esquecer o rosto da Innocence quando ela confessou ficar molhada quando a
beijei. Merda! Encosto a testa na porta, e antes que o Shin saia do
quarto, viro-me e sigo em direção ao escritório. Minutos depois, Shin
surge na minha frente com uma cara de poucos amigos.Eu sei que você
estava escutando atrás da porta.Ele fecha a porta do escritório, cruza
os braços no peito e me encara. Melhor, assim não precisarei repetir
minha conversa com a Innocence. Shin continua estagnado diante de mim,
sua linguagem corporal indica impaciência.É sério, deixou a Innocence
beijá-lo na boca? Qual será o próximo passo? Sexo? Diante do seu tom
acusador, levanto-me da minha cadeira. Pronto para minha defesa, cerro
os punhos e os deixo descansarem sobre a mesa, então encaro o Shin com
um olhar hostil.Cale-se, Shin, não me acuse sem antes saber o que
realmente aconteceu.Impaciente e perturbado com a situação em que me
encontro, soco levemente o tampo de vidro da mesa.Não me confunda. Posso
ser um monstro, mas não sou um devasso. Eu o conheço, sei da sua
história, não estou o acusando de nada. No entanto, você deixou que ela o
beijasse, mesmo sabendo que isso a deixaria muito mais confusa. Ele
descruza os braços, e ante meu olhar confuso, continua:Dante, está na
hora de contratar alguém para ajudá-la. Nós dois sabemos que a situação
está fugindo do controle, a Innocence não é uma criança, ela é uma
mulher, e os seus instintos de fêmea estão aflorando e...E o
quê?interrompo-o. Eu sei o que ele ia dizer. Innocence está despertando
sua sexualidade, e eu não sei se conseguirei ficar indiferente diante
disso. Ela terá as respostas de todas as suas perguntas, mas precisa ser
paciente.Do que tem medo, Dante?ele me interrompe.Porra! Aquela moça
ele aponta para porta precisa da sua ajuda, e se você não pode
ajudá-la,entregue-a à polícia.Enlouqueceu? esbravejo, fitando-o com um
olhar horrorizado.Polícia! Nem sabemos quem são as pessoas que a querem
morta, Shin.Eu me comprometi em protegê-la,e é isso que farei...Cruzo os
braços para disfarçar o quanto estou incomodado com a conversa.E
respondendo à sua pergunta, não tenho medo de porra alguma. Eu sou um
homem que aprendeu que a paciência é a melhor arma contra o inimigo.
Paciência, planejamento, coragem, astúcia e empenho são sinônimos de
vitória. Reúna todos e vencerá uma guerra. Portanto, meu amigo, a
Innocence não corre perigo. Ninguém tocará nela, nem os homens que estão
atrás dela, nem eu. Descruzo os braços, relaxo os ombros, sigo para a
mesinha de bebidas e sirvo-me de uma bebida. Quer?Mostro a garrafa de
uísque quinze anos. Não, é cedo demais para me embriagar responde com
ironia.Dos monstros que a perseguem você pode até protegê-la, só não sei
se conseguirá ficar longe dela. Pelo caminhar da carruagem, começo a
perguntar quem o protegerá de Innocence. Engraçadinho.Sorrio torto para
ele, depois viro o copo de uma vez na boca, fazendo uma leve careta
quando o líquido dourado desce queimando por minha garganta.Hoje foi um
beijo na boca, e amanhã será o quê?Ele me encara com seu olhar peculiar,
com as sobrancelhas arqueadas.Ela me pegou desprevenido. Angélica teve a
infeliz ideia de lhe apresentar à TV. Ela viu um casal se beijando
e...Quando penso naquele momento, nossos lábios atracados, sua língua
doce e quente dentro da minha boca... Porra! Fico excitado.Caralho! Foi
foda, fiquei sem reação. Ela subiu em meu colo, me agarrou, e quando dei
por mim estava sendo beijado com desespero. Puta merda! Quase
enlouqueço.Eu imagino. Um homem como você, acostumado a dominar, foi
dominado por uma mulher pura e inocente. Já pensou que se em vez da cena
do beijo ela visse uma cena de sexo? Você a foderia, hein? Responda,
Dante. Sim, tenho certeza que sim. A esta hora ela já seria minha e
estaria perdida.Claro que não!minto. Enlouqueceu? Eu sei os meus
limites, controlo meus desejos e emoções.Francamente, Shin!Você me
conhece, sabe que não sou homem de ser dominado.Sirvo-me de outra dose.
Esta conversa estava me incomodando cada vez mais.Não é o que parece.
Shin toma o copo de minha mão. Chega de álcool, acho melhor mudarmos de
assunto. Só espero não ser mais pego de surpresa, ela beija bem e eu não
sou de ferro. Shin mal fecha a boca e já dá de cara com meu rosto
próximo ao seu. Segui em sua direção tão depressa que o Shin nem
percebeu. Enquanto uma das minhas mãos o segura pela gola da camisa a
outra circula sua garganta, apertando-a, eu bufo meu hálito em seu
rosto, rosnando baixo como um animal pronto para devorá-lo.Fique longe
dela, entendeu? Mantenha suas mãos, sua boca e seu pau bem longe da
Innocence,caso contrário, eu acabo com você. Com nossas testas
encostadas, meus olhos escurecidos pelo ódio fitando-o desafiadoramente,
me esqueci completamente de que quem estava acuado diante de mim era o
meu melhor amigo. Dante... Dante... Dante!Shin grita. Ele tenta se
soltar do meu aperto. Estou cego de raiva, posso dizer que estou
espumando.Dante!Começa a tossir, pois permaneço apertando seu pescoço.
Dante! Sou eu, o Shin!Volto à razão e o solto. Cara, eu estava
brincando, foi uma piada! Você sabe que jamais ficaria entre você e a
Innocence. Porra... Ele massageia o pescoço, tossindo sem parar. Você me
mataria mesmo?Encaro-o friamente.Sim, você me mataria.É só não fazer
piadas idiotas respondo. Passo os dedos entre os fios dos cabelos.
Nervoso, sigo em direção as bebidas e sirvo-me de outra dose de uísque, e
desta vez o Shin aceita a bebida. É, realmente você precisa
providenciar alguém especializado para responder todas as perguntas da
Innocence, ou corpos serão espalhados por toda a propriedade. Esqueceu
que estamos cercados de homens fazendo a segurança? Quando a Innocence
ficar frente a frente com um deles, já imaginou a cena? Sim, eu imagino e
nem quero pensar no que eu posso fazer se um deles sequer olhar para
ela. Shin tem razão, eu preciso encontrar alguém para ajudá-la. Pelo
menos para responder os seus questionamentos.Eu mesmo providenciarei um
psicólogo, assim que resolvermos nossa análise de campo. E por falar
nisso, onde está o motorista? É sério, você finalmente concordou comigo?
Shin e sua ironia peculiar.Sim, é. Agora responda a minha pergunta
respondo sem lhe dar chance de continuar sendo irônico.Estou aguardando o
Antônio. Ele ficou de vir, já era para ter chegado. Shin olha para o
relógio de pulso, parece preocupado.Preciso me preocupar também? Acho
que o seu homem de total confiança está começando com o pé
esquerdo.Dante Salazar, a ironia não lhe cai bem, deixe-a para mim.
Antônio tem assuntos pendentes para resolver antes de se dedicar
totalmente a você...A mim não interrompo-o, a Innocence. Eu não preciso
de motorista, tampouco de segurança.Meu celular toca e o do Shin também.
Atendemos.O que quer...? Antes que Joana responda, afasto o celular da
orelha, Shin está falando comigo.É o Antônio, vou buscá-lo na portaria
1.Ok. Shin sai e volto para o celular.Joana, eu fui bem claro com você, a
partir de hoje só a Francine falará comigo.Desculpe-me, senhor, mas sou
a sua assistente e precisava confirmar sua presença no evento de amanhã
à noite.Joana, não se faça de desentendida, fui muito claro no nosso
último encontro. Francine está no seu lugar até segunda ordem.Senhor...
por favor...Chega! vocifero, e ela se cala.Pode confirmar a minha
presença e a da Francine.Passe bem!Desligo, contudo, ainda pude escutar
um soluço de choro contido. Joana sabe que não admito desobediência
entre minhas submissas. Se elas não conseguem obedecer, é melhor
cancelar o contrato e cada um seguir o seu caminho. Quando ofereci o
cargo de minha assistente particular, ela tinha duas opções: ser também
uma das minhas submissas ou só a minha assistente. Quando ela entendeu
que sendo só minha assistente os nossos encontros íntimos cessariam,
pois não costumo me envolver com meus empregados, de pronto, aceitou os
dois cargos e, junto com eles, as regras. Tanto ela como a Francine
seriam submissas full time, mais conhecido como relação 24/7, ou seja,
eu sou Dom e elas são subs 24 horas por dia, sete dias da semana. Elas
me devem obediência total, fazem o que eu mando sem questionar. Se eu
ordenar que as duas venham para a empresa sem calcinhas ou com plugs
anais enfiados em seus rabos, elas têm que me obedecer. E, se por acaso o
contrato for cancelado ou não renovado, o nosso vínculo acaba. Desde
que cheguei ao Brasil e me estabeleci, já contratei várias submissas.
Algumas ficaram bastante tempo, mas no momento só mantenho a Joana e a
Francine, elas me satisfazem e eu a elas. Contudo, percebo que Joana
anda confundindo algumas coisas. Só espero que ela não tenha se
apaixonado, se este for o caso, serei obrigado a tomar uma atitude.
Cancelar o contrato e demiti-la do cargo de assistente da empresa. A
porta do escritório se abre e por ela entram Shin e um homem alto, negro
e com tantos músculos quanto eu. Sua aparência imponente assustava.
Terno preto, cabeça sem um fio de cabelo, olhar frio e penetrante, rosto
sisudo.Aparentemente, ele é apropriado para o cargo.Antônio, este é o
senhor Dante Albion Salazar, seu novo chefe.Antônio não sorri, apenas
estende a mão grande em minha direção, olhando-me fixamente, como se me
analisasse.Antônio Sanches, senhor.Aperto a mão dele firmemente,
mantendo o olhar fixo. Parecemos dois animais estudando um ao outro. Não
precisarei entrevistá-lo, visto que o Shin já deve ter feito isso. No
entanto, preciso lhe fazer uma pergunta e peço que seja franco.Mantenho o
aperto em sua mão.Você está pronto para matar e morrer?Solto a mão
dele.Desde os meus vinte anos, senhor responde, sem desviar os olhos
frios dos meus.Meu trabalho será protegê-lo, se for preciso com a minha
própria vida. Mas não se preocupe, nem eu, nem o senhor perderemos a
vida. Eu...Quem é você? Antônio nem tem tempo de terminar a frase.
Innocence encontra a porta do escritório aberta e entra, seus olhos
atentos foram direto para o homem enorme à sua frente. Quando menos
esperamos, ela já está diante do Antônio, olhando-o admirada.Como você
se pintou assim? É tatuagem? Ela fica nas pontas dos pés e a ponta dos
seus dedos tocam no rosto dele, alisando a pele negra. Antônio,
assustado, mal consegue piscar os olhos.
Capítulo 26
Dante
Shin e eu ficamos paralisados, com medo de que qualquer palavra que
disséssemos a fizesse se prender ao Antônio.Essa tinta é diferente das
tatuagens do Dante.Sua pequena mão massageia o rosto do Antônio e ela
esfrega os dedos com um pouco de força, tentando retirar a suposta
tinta.Por que você se pintou assim? Você não tem cicatrizes admira-se.
Innocence examina o homem à sua frente com muita curiosidade no
olhar.Seu pescoço também é pintado!Ela tenta retirar a gravata do
Antônio, mas ele a impede, segurando-lhe a mão.Suas mãos... Innocence
segura a mão dele.São pintadas também... Antônio está em choque, assim
como nós. Ele, com toda certeza, nunca esteve em uma situação assim, tão
constrangedora.Moça... Moça...Innocence tenta se livrar da mão dele,
ela quer continuar a tocá-lo.Moça, eu não sou pintado, sou negro.Esta é a
minha cor Antônio finalmente consegue articular mais do que duas
palavras.Negro!Ela puxa a mão que está presa a dele.Como assim?Innocence
segura o rosto do Antônio com as mãos, enquanto tenta se sustentar nas
pontas dos pés e se aproximar mais dele. Innocence, não! eu grito, e o
Shin dá alguns passos para frente. Innocence encosta o nariz na pele do
Antônio,cheirando-o.Senhor... senhor, o que faço? Ela é louca?Antônio
segura Innocence pelos ombros e tenta mantê-la a uma distância segura. —
Não, Mujoe. Afaste-se.Shin finalmente consegue afastá-la do Antônio.
Innocence não desvia os olhos admirados de Antônio, seu olhar curioso
dança de cima abaixo pelo homem enorme diante de si, e ele a encara com
constrangimento. Eu não o culpo, realmente era uma situação
inusitada.Shin, existem outros com a mesma cor dele?Ela desvia os olhos
do Antônio e eles se dirigem para o Shin, sua mão tocando o rosto do
Shin enquanto questiona. Sim, Mujoe, existem homens e mulheres com a
mesma cor que a dele. Assim como existem outros iguais a mim, com os
olhos puxadinhos.Shin acaricia os cabelos dela enquanto explica, e eu
sou comido pelo ciúme.Innocence, venha cá! ordeno com um olhar frio
dirigido para ela. Innocence me encara e o seus olhos se fixam nos
meus.Venha até aqui. Concentro-me, mantendo o olhar firme, mas a voz
branda. Ela solta o rosto do Shin e caminha lentamente em minha direção.
Cílios abaixados, braços estendidos na frente do corpo, mãos cruzadas,
caminha obedientemente, e isso me deixa excitado com pensamentos
libertinos, rondando a minha mente depravada e doentia. Bastava uma
ordem minha para submetê-la, uma palavra para subjugá-la. Será que eu
quero isso? Será que a quero submissa, sem vontades, sem escolhas?
Vendo-a vir em minha direção, tão entregue, tão vulnerável, chego à
conclusão de que não é isso que eu quero. Com toda certeza não quero uma
boneca, quero uma mulher cheia de vida e dona das suas vontades... Que
inferno, Dante! O que está pensando? Ela nunca será sua, homens como
você não podem possuir anjos.Dante.Puxo o ar com força para meus pulmões
e o cheiro dela espanta meus pensamentos. Encaro seus lindos olhos
azuis profundamente e o choque dos meus sentimentos por essa moça me
derrubam. As minhas vontades não eram mais minhas, e sim dela. Ela tem o
controle sobre mim, e isso me perturba e ao mesmo tempo me causa uma
euforia latente. Sentimentos controversos, sentimentos desconhecidos. O
que está acontecendo comigo? Innocence, este é o Antônio.Limpo a
garganta para desfazer o nó que se formou. Seguro-a pelos ombros e faço
com que se vire para o Antônio. Antônio, é esta moça que irá proteger.
Eu não preciso de proteção, é com ela que irá se preocupar e é para ela
que irá toda a sua atenção, entendeu? Fito-o com os olhos semicerrados,
juntando as sobrancelhas. Um olhar duro e dominador.Entendi, senhor
Salazar.Olá, senhorita Innocence...Eu sei o que é senhorita!Quando menos
espero,Innocence se solta das minhas mãos e chega perto do Antônio,
segurando seu rosto com as mãos.Senhorita é uma moça que não é casada.
Ela estica os lábios em um lindo sorriso, e como por milagre, o homem
grande e sisudo não resiste, deixando à mostra uma carreira de dentes
alvos pela força do sorriso involuntário.Você é bonito e fica muito mais
quando sorri, não é, Shin? Shin, que assiste a tudo calado, só nos
observando com seus olhos avaliadores, finalmente se expressa.Não
costumo achar homem bonito, Innocence. Para mim é indiferente articula,
inquieto com a observação da Innocence. Ela o fita com aquele olhar
questionador, e antes que as perguntas venham, interfiro.Innocence, vá
ficar com a Angélica, eu e o Shin precisamos conversar com o
Antônio.Shin me encara, aliviado. Gostei de você, Antônio.Ela o beija no
rosto, deixando-o completamente sem ação. Shin me encara, dando um
passo à frente, como se quisesse impedir uma guerra.Afaste-se dela,
agora digo com raiva contida na voz. Innocence se assusta e abraça o
Antônio, apertando os olhos com força. Shin interrompe meus passos com a
mão em meu peito.Dante, não.Estou pronto para começar uma guerra, mãos
em punhos cerrados e cego de raiva.Olho para o Shin,meus olhos devem
estar escuros pela ira.Acalme-se, meu amigo.Aperto tão forte meus punhos
que escuto o estalar dos nós dos dedos. Fecho os olhos enquanto respiro
profundamente. Shin me solta e se vira para Innocence. Antônio está sem
ação, ele não sabe o que fazer diante da situação. Acho que, sabendo do
perigo que corre, tem medo de tocá-la para afastá-la do próprio corpo,
temendo ser morto por um monstro cruel. Monstros se reconhecem, e ele
tinha razão, eu o mataria na frente dela. Shin segura Innocence pelos
ombros. Está tudo bem,Mujoe.Venha.Ela abre os olhos e me encara.Shin a
afasta do Antônio e eu volto a respirar com mais calma.Dante...Ela corre
para mim e sou abraçado com força.Eu estou bem, Dante. O Antônio não
vai me machucar, ele vai me proteger. Foi você quem disse, lembra?
Sério, esta moça está fazendo uma revolução dentro de mim. A inocência
dela me desarma, fico paralisado diante da sua argumentação e encaro a
minha cruel realidade... Um anjo e um demônio, isso nunca dará certo.
Ela era inacreditável. E diante da sua doçura meu rosto suaviza.Eu
sei... eu sei...O ar fica pesado, fazendo meu estômago revirar. Engasgo
diante da emoção do abraço apertado e do seu olhar meigo e acolhedor.
Afasto-a um pouco, e fixando o olhar em seus olhos lindos, acaricio seu
rosto em ambos os lados com as mãos.Agora, vá, nos deixe a sós.Vá,doce
menina sussurro a última frase bem próximo a sua orelha,com a voz
carregada de emoção. Esse meu gesto só piora a minha situação, pois ela
fica na ponta dos pés e os seus lábios tocam os meus levemente,
beijando-me com carinho. Ela tem o dom de me deixar completamente sem
ação. Nem a vi ir embora, quando dei por mim, estava diante do Shin e do
Antônio, e ambos me encaravam com um olhar incrédulo.Então limpo a
garganta e volto para minha mesa, sento-me na cadeira e finjo procurar
algo sobre ela. Eu sei que o Shin me observa, e se eu o encarar ele
perceberá o quanto estou perturbado com o calor do simples beijo da
Innocence.Antônio, você deve estar se perguntando sobre a Innocence,
talvez esteja pensando que ela seja uma moça anormal Volto a meu estado
costumeiro, bloqueio todos os sentimentos perturbadores da minha mente e
encaro o homem de quase dois metros de altura na minha frente.De certo,
senhor Salazar. Desculpe a minha observação, mas aquela moça tem algum
problema mental? Diante da situação a qual presenciou, não o culpo por
pensar assim. Em seu lugar, pensaria o mesmo.Antônio Shin aproxima-se.
sente-se.Ele aponta para uma das poltronas em frente à minha mesa, e
senta-se na outra, Antônio, reticente e um pouco apreensivo, obedece. De
repente, o silêncio paira sobre nós. Agora você já conhece a sua
protegida Shin corta o silêncio.Não se preocupe, pois vamos explicar
toda a situação...Innocence corre perigo corto a explicação do Shin. Não
sou homem de meias palavras, e certamente Shin faria um longo trajeto
até chegar onde interessava ao Antônio.Eu a encontrei em um dos meus
galpões, ela estava sendo perseguida por um homem que ela chama de
“monstro”. Innocence foi criada em uma propriedade longe da civilização e
o seu único modelo da raça humana foi o homem que a criou. Ela nunca
viu outra pessoa, portanto, tudo para ela é novidade. É por isso que ela
se impactou tanto com a sua cor.Ela ficou muito assustada quando me
viu, também Shin completa.Innocence só conhece o básico. Ela sabe ler,
escrever, conhece alguns eletrônicos, mas só os que não mostravam nada
do que havia fora das cercas onde vivia. Ela é como uma criança que está
descobrindo o mundo, apesar de ser uma mulher. Demos espaço para o
Antônio respirar. Ele está com um olhar perdido, como se estivesse em um
mundo totalmente fora da realidade.O que não deixa de ser o caso.Bem
volto a articular,sua obrigação é cuidar da Innocence e mantê-la a
salvo. A partir de hoje, começaremos as buscas pelo local onde ela viveu
por dezenove anos. Quero descobrir quem são as pessoas que a mantiveram
em cativeiro, bem como as que a perseguem. Eu e o Shin não precisamos
de proteção, portanto, sua atenção estará voltada só para ela. Innocence
é sua prioridade, ela será o ar que você respira. Você se manterá vivo
para protegê-la e...Levanto-me. Dou a volta na mesa e fico de pé diante
dele. Levante-se, Antônio ordeno com a voz dura. Ele se levanta e
ficamos frente a frente. Sou um pouco maior do que ele, e ele é um pouco
mais musculoso que eu. Seu olhar frio encontra o meu e nos encaramos
fixamente. Fui claro com todos os homens que trabalham para mim. Se
olharem mais do que devem para ela, eu os cego. Se tocarem nela sem uma
justificativa plausível, eu os mato. Isso também serve para você, está
claro?Mantenho meu pior olhar no rosto dele, buscando algum vestígio de
insatisfação.Está responde, sem desviar os olhos do meu rosto. Seu olhar
é tão frio quanto o meu. O senhor Shin já havia me alertado quanto a
isso. Ele olha para o Shin. Shin continua sentado, nos observando com
aquele olhar debochado de sempre.Não se preocupe, eu sei onde é o meu
lugar.Se for preciso, eu a defenderei com a minha vida...Não o
interrompo com altivez na voz.Morto você não poderá protegê-la.
Mantenha-se vivo enquanto estiver com ela, faça o impossível para cuidar
de si e dela. Aquela moça é o centro da minha atenção desde o dia em
que a encontrei, e eu prometi protegê-la, mesmo que não esteja ao seu
lado, por isso vocês serão a minha sombra. Desvio o olhar para o Shin e
ele assente com a cabeça. Não permita que ninguém sequer olhe para ela,
entendeu,Antônio?Entendi,senhor Salazar.Ele relaxa o maxilar.E quando
começaremos as investigações? Olha para o Shin, e pelo o olhar que o
Shin me deu, entendi que o Antônio já estava a par de muitas coisas.
Imediatamente Shin responde, levanta-se e segue em nossa direção.Vou
apresentá-lo ao resto do pessoal no QG.Ele enfia as mãos nos bolsos da
calça e me encara. Já podemos ir, Dante? Ou falta mais alguma
coisa?Podem ir. Eu vou conversar com a Innocence, prepará-la para o que
está por vir, afinal ela não saiu desta casa desde que a encontrei. Não
sei qual será a sua reação quando souber que a levaremos para fazer o
mesmo trajeto que fez quando fugiu do seu cativeiro.Seja sutil.Não
preciso nem explicar por que,não é?Se precisar,estarei no QG.Antes da
minha resposta, Shin me dá as costas, Antônio o segue, e eu só escuto a
porta se fechar atrás deles. Shin tem razão, eu preciso ser sutil.
Apesar de nunca ter usado de sutileza, já que nunca precisei. Contudo,
com a Innocence, além de sutil, eu preciso ser uma porção de outras
coisas, principalmente indiferente... Indiferente às sensações que ela
provoca em mim.Só de pensar nela, em sua beleza virginal,seu rosto
angelical e corpo sedutor, no cheiro dos seus cabelos e naqueles lábios
sobre os meus,beijando-me...Dante,você está completamente fodido.
Continua amanhã
Agora vai começar a pegar fogo
ResponderExcluirRealmente o Dante tá fodido 🤣🤣
ResponderExcluirAí ai... Tô com pena do Dante
ResponderExcluir🤣🤣🤣🤣