Conto Erótico - Amante Secreto - Capítulos 34, 35 e 36
🥃🎻 Amante Secreto 🎻🥃
Livro 3 da Série Anônimos Obscenos
Capítulo 34
Magno
— Chupem, seus pau-no-cu. — Dou um soco no ombro de Lorenzo zoando
com eles. — Eu disse que estava comendo a Lavínia e ninguém acreditou em
mim.
Romeo ainda olha incrédulo para ela, lá do outro lado no meio das mulheres
rindo nesse instante de algo que uma delas disse.
— Ela pareceu bem surpresa de estar aqui. — Ele analisa. — Trouxe-a sem
que soubesse, Magno?
— Lógico. Eu tinha que mostrar que cumpri meu papel de macho abençoado.
Ela não iria querer vir se eu dissesse que é aniversário do meu sobrinho.
Enganei.
— Ela vai arrancar teu couro depois.
— O couro da minha pica de tanto foder.
— Ôder. — Gael repete e só então vemos que ele está no chão, aos nossos
pés, ouvindo.
— Shhh. Não pode falar isso. — Romeo corrige o filho. — Palavra feia. Vai
brincar com os amiguinhos, olha lá o Johnny. — Romeo faz sinal para Carlota,
mãe de Olivia, e ela vem pegar o menino e levar para a área das crianças. Meu
irmão se volta para mim com o cenho franzido de irritação: — Para de dar mau
exemplo para as crianças! Não quero ter que te expulsar da festa.
— Eita. Olha lá a Kate. — Lorenzo aponta sutilmente com o queixo. — Ela
está conversando com Lavínia. Deve estar fazendo sua caveira.
— Lavínia conheceu meus defeitos antes das qualidades. Não tenho medo.
— Então é mesmo sério? Já conhecem até defeitos? Bem-vindo ao mundo dos
escravocetas, irmão. Quando é que vai dar o rabo? Você prometeu que daria se
um dia isso acontecesse.
Romeo gargalha junto com Lorenzo me deixando puto da silva.
— Escravoceta de cu é rola. Olhe bem para minha cara e veja se tenho
vocação para ser Lorenzo, Romeo ou Amadeo, que ficam presos com uma única
mulher. Estou me divertindo com ela; é foda, ouviram? Trepada, sexo gostoso
sem compromisso. Coisas que vocês não sabem o que é.
— Ok. Não precisa ficar furioso. Acreditamos que você não gosta dela e está
só passando tempo. — Lorenzo estende as mãos na defensiva.
— Ela é bem bonita e tem uma classe elevada. O cara que colocar um anel no dedo dela terá sorte. Pena que não será você. — Romeo diz.
O desgraçado me pegou pela cauda. Senti raiva crescente ao imaginar que
outro cara vai ao menos tocar nela, veja lá colocar um anel no dedo. Já quero
matar o filho da puta que ousar.
Lorenzo percebe minha contradição em falar uma coisa e sentir outra. Bate no
meu braço e confidencia: — Está tudo bem. Eu queria destruir dolorosamente
uma mulher e agora não consigo ficar um dia sem ela. Eu entendo perfeitamente
o que é um cara ter que lutar contra seus próprios princípios.
— É. Ele tem razão. Se for para ser, você não vai conseguir fugir.
— Vocês são uns imbecis facilmente manipulados. Se um dia eu precisar de
família, pagarei uma barriga de aluguel para ter um menino e deixar toda minha
herança. É meu projeto de futuro, sem mulheres, sem problemas. — Digo, mas
continuo olhando sem piscar para Lavínia segurando o bebê encapetado de
Lorenzo. Ela ri, faz um comentário para Angelina e todas em volta riem, até
Kate.
Não acredito que a gangue da calcinha já está acolhendo Lavínia.
Na hora de cantar parabéns a você, me juntei novamente a Lavínia na mesa de
doces.
— E aí? Está gostando?
— Sim. Quem não gosta de aniversário de criança, né? — Ela nem olha para
mim, sua atenção nos diversos tipos de doces coloridos.
— Tirando as crianças, é uma boa festa. — De verdade, não sei onde Romeo e
Olivia acharam tantas pestes para convidar. Se bem que só as crias dos caras lá
do banco AMB já enchem uma festa.
— Sim. — Ela ri concordando. — O ruim é que os docinhos aqui é “sirva-se à
vontade”, o legal é a adrenalina de roubar. — Ela escolhe dois docinhos e coloca
no pratinho.
— Não tem coisa melhor. — Recebo um brigadeiro que ela me oferece. —
Mas, e sobre a galera? O que achou?
— Você tem uma família incrível, Magno. Já fui até, contra minha vontade,
colocada em um grupo só de mulheres no WhatsApp. Todavia, ainda vai se
lascar mais tarde, por ter me trazido de surpresa.
— Me lascar?
— Sem sexo, Sr. Tanque. Essa é a única forma de tocar na sua ferida. Olha lá,
todos em volta da mesa, venha, vamos cantar parabéns ao seu sobrinho.
Mais tarde, todos os convidados foram embora. Ficaram apenas a família
rodeando a mesa de jantar. Eu tinha comido de empanturrar. Cachorro quente,
salgadinhos, docinhos, bolo. Aniversário de criança é a melhor festa para os adultos.
Eu me senti feliz por eles a acolherem e fazerem-na se sentir à vontade. Vilma
estava de olhos brilhantes sorrindo maravilhada de tudo que Lavínia dizia. Ela
acha mesmo que é a minha salvação, que enfim todos os Lafaiette vão ter seu
destino. Eu discordo.
Vilma está toda orgulhosa falando sobre mim, como se vendesse um bibelô e
falasse todas as qualidades da peça rara. Como Lavínia é a surpresa da noite, ela
é alvo de todos à mesa, mas incrivelmente não se sente desconfortável. É
acostumada a dar entrevistas, deve ser isso.
— Nos conte, Lavínia: como é viver mundo afora em turnê?
— Bom, não é algo como turnês da Rihanna, por exemplo. É mais calma,
mais centrada para um público mais restrito. Geralmente eu passo um ou dois
anos em um país para fazer as apresentações. Minha agência sempre faz
contratos nessa faixa de tempo.
Isso ela não me contou. Eu já desconfiava de algo assim, uma vez que
pesquisei um pouco sobre ela.
— Então a próxima turnê é aqui no Brasil? Ou está apenas de folga e vai
voltar? — Ela olha para Olivia, e depois seus olhos encontram os meus. Titubeia
antes de responder, mas quando fala, é pura sinceridade.
— Sim. Estou aqui apenas de folga e, em breve, partirei. — Ela sabe que eu
sei que estava aqui apenas para o casamento que não vai mais acontecer. Felipe,
o mela-cueca, foi o motivo que a fez vir.
Todos na mesa ficam com a mesma expressão, como se estivesse combinado.
Eu posso facilmente ler o que cada um dos rostos diz, algo como: “Mas e o
Magno?”.
Finjo que não estou nem aí e já emendo outra coisa:
— Ela vai se apresentar aqui no Rio novamente. Vocês poderiam ir, para ver
que show esplêndido.
— Obrigada. — Lavínia sussurra para mim e, como todo mundo já perdeu a
expressão de bunda, eu suspiro louco para me dar um soco, por ter ficado bem
bolado com essa história dela ir embora em breve.
— Quer conhecer meu apartamento? — Pergunto, quando já estamos indo
embora.
Ela nem olha para mim.
— Não. Me leve para casa.
— Se quiser acabar de passar a noite no clube...
— Minha casa, Magno.
Ok, senhora bipolar.
Toco no painel do carro e aumento um pouco o volume. A música que começa é de Simone & Simaria. Enquanto dirijo, tamborilo os dedos no volante ao som
da música.
“Olha você me ligando, passando mensagens
Se não ligasse eu iria ligar
Mas esperei a tua reação...”
Olho para o lado e Lavínia continua com a cara fechada dando atenção à rua
lá fora, que nem está tão movimentada assim perto das duas da manhã. Tento
buscar na minha mente algo que eu tenha feito ou falado para deixá-la assim e,
após uma análise, me julgo inocente. É por isso que bato na tecla mil vezes que
mulheres são a ruína de um homem. Quem pode aguentar uma coisa dessa? Essa
variação de humor como se tivesse saído do circo e entrado em um funeral?
Ela acabou de sair da casa do Romeo, rindo e conversando com todos e agora
está com cara de cu.
Agradeço silenciosamente por estar apenas no âmbito “foda”. Se fosse mais
que isso, eu juro que já teria surtado, coisa que nunca acontece com um cara tão
controlado como eu.
“Pensei que ‘cê fosse embora
Eu não tive resposta
Mas quando o mel é bom a abelha sempre volta”
— Quer por favor mudar de música? — Ela pede e, no botão do volante,
atendo seu pedido mudando para a próxima faixa.
Eu acho que capeta tem mais facilidade de possuir mulheres, porque não tem
condição uma mudança brusca dessa, de comportamento.
A próxima música faz Lavínia revirar os olhos.
Cinco dias, uma hora, dez minutos
Que eu não te vejo
O relógio conta as horas
Enquanto eu conto nos dedos
Eu finjo que nem vejo a instabilidade dela e agora, além de tamborilar os
dedos, começo a cantarolar baixinho.
E já pensou?
O ar-condicionado no 15 e a gente suando
Dessa vez ela nem pede, bate o dedo no painel e muda de música.
— O que está acontecendo, porra? Quer se abrir ou prefere se fazer de
adolescente?
— Por que você tem que ser desse jeito? — Ela berra enfim.
— O quê? De que jeito, cacete?
— Olha só. Você faz essas merdas e se faz de vítima, de desentendido. Ficou
com aquela cara lá na mesa, me fazendo parecer um monstro sem coração.
Como se eu tivesse te abandonando.
— Eu? Que porra de cara eu fiz? Tu tá louca?
— Todos lá me olharam com desprezo e te olharam com pena.
Olho para o lado e o ar de revolta banha seu rosto. Inacreditavelmente.
— Você só pode estar bêbada. A culpa não é minha se você é uma nômade.
Ah! Que se dane. Eu não preciso discutir nada com você, não temos nada.
— Sim, não temos nada. E o que combinamos, Magno? Apenas me diga, vai
que sofreu um trauma por aí e esqueceu.
— Cara, você é muito dramática. — Grito de volta para ela. — Está fazendo
picuinha onde não existe.
— Eu te pedi que não queria família envolvida, não queria nada íntimo. Eu
não queria conhecer Lorenzo ou Romeo...
— Ah, até parece que te apresentei a uma milícia perigosa. Vá se tratar.
— Me tratar? — Berra com semblante carregado — Vou mesmo. Porque eu
devo ser muito louca para ficar com um cara como você.
— Foda-se.
— E desliga essa merda, caralho! — Ela tem a petulância de desligar o som
do meu carro.
Ninguém bate no meu carro e fica por isso mesmo.
— Não vou desligar porcaria nenhuma! — Grito, aumento o volume e canto o
mais alto que consigo:
“Esse coração aí
Tá se fazendo de bobo
Ele gosta mesmo é de mim...”
Ela abre a boca perplexa e posso ver que ela acha minha reação infantil e
afrontosa.
— Louco! Você é inacreditável, meu Deus. Quero ir embora dessa merda de
país logo.
— Que vá! Some. — E para pirraçar continuo cantando muito alto, aos berros:
Esse coração aí
Tá sendo ignorante
Pra me esquecer, vai precisar de um transplante!
Chego em frente à casa dela, nem paro o carro direito e ela salta correndo. Eu
saio e vou atrás.
— Lavínia!
— Me deixe.
— Não tem motivo para você agir assim e sabe disso, quando voltar à lucidez
e quiser conversar feito adulto, então me procure.
— Sonhe.
O fogo da raiva me consome e eu deixo a boa vontade de lado.
— Vou sonhar mesmo, depois de foder gostoso lá no meu clube. Eu sou a
porra de um empresário bem-sucedido, dono do clube de maior prestígio aqui e
não preciso mendigar atenção. — Dou as costas para ela e entro no meu carro
arrancando, cantando pneu dali.
Do retrovisor posso ver que ela não entrou, continuou no mesmo lugar
olhando o carro e, para meu deleite, tem um acesso de fúria e joga no chão a
bolsa, louca de raiva.
Que merda foi essa? Nunca, em toda minha vida, eu desci ladeira abaixo dessa
forma, discutindo. Geralmente mulheres ficam bravas comigo, mas eu tenho um
controle absurdo e apenas fico calado, no fim, meter um pé na bunda delas é a
melhor resposta.
Todavia com essa demônia eu não consigo simplesmente me controlar.
Lavínia faz desabrochar em mim muitas emoções antes escondidas e começo a
me preocupar com isso.
Sem dúvida, transar com alguém é o melhor que eu posso fazer agora, para
tentar ter de volta minha vida tão rigorosamente controlada.
É para o clube que vou. Acabar com o jejum de quatro dias sem sexo.
Capítulo 35
Lavínia
— Eu sei, tá garota? Não olhe para mim com essa cara. — Me sento e abaixo
o rosto contra as mãos. Merda! Merda! Eu acabei explodindo, fiquei com muito
ódio por... Levanto meu rosto sofrido para Xana, que me encara da poltrona. —
O ódio que eu tive, Xana... foi por ter sentido coisas que jamais senti antes.
Quando vi o olhar dele, abalado por eu ter que deixar o país, simplesmente perdi
o controle.
Me levanto e ando pela sala, abraçando meu corpo, com a respiração rápida
me dizendo que mais um passo e eu surto.
Eu não queria ter ido, mas no fundo eu gostei. Não esperava gostar tanto
assim, todavia, as garotas são divertidas, incluindo Kate. Estou apaixonada por
aquelas vacas. O que me deixa mais chocada é...
Limpo uma lágrima e confesso para Xana:
— Eu me dei conta, quando o vi pálido na mesa, eu me dei conta que já fomos
longe demais e eu quero aquele desgraçado na minha cama todas as noites.
Aquele patife infernal sabe fazer o serviço bem feito e ainda me deu coxinhas.
A gata mia aleatoriamente e eu sacolejo meu dedo na frente dela, negando.
— De jeito nenhum. Eu não vou dar o braço a torcer. Eu sou Lavínia Torres,
morro de paixão, mas não me rebaixo. Nunca fiz esse papel e se eu fizer só serei
mais uma nos pés dele.
A gata bem na boa lambendo a pata.
— Maldito! — Pego uma almofada e acerto na estante. Xana dá um pulo
assustada.
Eu não seria tão inocente a ponto de ficar esperando alguma mensagem ou
ligação dele. Apenas fui dormir, desejando profundamente que ele não fizesse
besteira e fosse aliviar a raiva em bocetas alheias. Não perdoarei Magno se ele
ousar fazer isso, temos um trato, e claro, o ciúme corre quente em minhas veias
só em pensar nele livre lá no clube escolhendo uma daquelas biscates para
satisfazê-lo.
Eu quase fiz uma prece mais ou menos assim: “Deus, não permita que meu
Tanque funcione com outra motorista. Amém.” — Entretanto, achei um pouco
infantil, suprimi essas palavras e fui dormir quando já passava das três damanhã.
Todos os meus sentimentos que estavam em erupção estão controlados agora
pela manhã. Sentada no sofá com uma caneca de café, vejo as notícias do dia
pelo tablet.
Meu agente me ligou agora cedo dizendo que minha entrevista tinha sido
publicada e que ficou linda, e agora a emissora — que vai transmitir a série em
que vou atuar — me convidou para ser entrevistada em um programa de grande
audiência deles, no domingo à noite.
Após ler a matéria, fico feliz com o resultado e gosto da foto que estampa.
Estou de pé com meu violoncelo.
Deixo o tablet de lado e me deixo embalar por pensamentos controversos. No
fundo, acho que eu devo um pedido de desculpas a Magno, porque não sou uma
garota fútil mimada que dá chilique na primeira oportunidade e é o que ficou
parecendo.
Eu poderia esperar ele dar o braço a torcer, mas isso tem a ver comigo mesma,
com o que eu sou e não quero deixar transparecer uma imagem que não é minha.
Crio coragem, pego o celular e digito uma mensagem. Curta e direta.
Eu:
Desculpa por ontem. Só estava confusa.
Não sou daquele jeito. Tenha um bom dia.
Penso bastante, olhando a mensagem e só depois de minutos toco em enviar.
Ele visualiza quase imediatamente, como se estivesse esperando. Mas não dá
indícios de que vai responder. Espero, espero e nada. Talvez esteja em reunião,
quem sabe?
Ou ainda na cama com outra, descansando da noite agitada. Esse pensamento
atinge em cheio minha sanidade e eu fecho os olhos para contar até dez.Preciso voltar a meu terapeuta. Essa não sou eu. Sentir essas coisas por uma pessoa que não é nada minha...tecnicamente.
Separo algumas roupas para mandar para a lavanderia, mas como são poucas decido usar minha nova área de serviço. Preciso preencher o tempo para não ficar sentada pensando merdas.Troco de roupa, visto uma camiseta e shorts e amarro um lenço nos cabelos.Quando eu morava fora, quase não fazia serviços domésticos. Não tinha tempo, então eu pagava por tudo. Agora, separo as roupas por cor, coloco sabão em pó na máquina e a regulo. Xana me segue por todo canto, ela se enrosca nas roupas no chão e fica de olhos grandes me fitando enquanto canto um clássico de Tony Bennet. Minha vida sempre foi regada à música, os ritmos me embalam. Gosto dos mais suaves e tenho inclinação ao pop. Sorrio ao lembrar do gosto musical de Magno, ontem no carro, e nesse momento, a cena dele cantando furioso é algo para se rir hoje.
Jogo as primeiras roupas na máquina e deixo rodar. Como já estou no espírito
doméstico, vou até a cozinha e vejo na geladeira o que posso fazer para um
almoço caseiro solitário.
Tem frango, o que dá para fazer vários pratos. E tem também legumes frescos
que a diarista comprou. Decido fazer frango grelhado com legumes e arroz
branco.
Xana vem para a cozinha, pula na cadeira e me assiste abrir a embalagem de
frango e colocar no micro-ondas para descongelar.
Nesse instante a campainha toca, e sou obrigada a deixar os legumes na pia e
ir ver quem vem me perturbar às dez da manhã. Minha mãe, com certeza.
Abro a porta e sinto um abalo rápido tomar meu corpo ao dar de cara com
Magno à la executivo: terno três peças preto e gravata azul.
— O que está fazendo aqui? — Pergunto não dando chance de ele abrir a boca
para soltar um “oi”.
— Eu...
— Como subiu?
— O porteiro permitiu. Eu vi sua mensagem. — O sorriso se expande.
— Existe uma coisa chamada dedos e teclado. Bastava ter digitado uma
resposta, não precisava vir até aqui.
— Que legal ser recebido dessa forma. — Passa os olhos pelo meu corpo e
elogia: — Você está bem... sexy. Não vai me deixar entrar?
— Escuta — recosto no batente da porta —, como foi sua noite? Fodeu
horrores? O poderoso empresário bem-sucedido e tal. — Faço-o lembrar de suas
promessas gritantes ontem a noite. por que eu não esqueci nem por um segundo.
Ele faz uma pose galante, tranquilo, com as mãos nos bolsos. Seus sapatos são
lustrosos de dar gosto. O homem é grande, elegante, bonito, sangue quente
espanhol... Combinações perigosas.
— E se eu trepei a noite toda, isso faz diferença para você? — Seu sotaque até
se acentua, o deixando mais atraente.
— Se sua intenção for transar comigo, então faz. Se vamos ficar só na
conversa de agora para frente, não me importo.
— Bom, já vi que com mulheres o negócio é sinceridade. Boceta não me falta,
mas ultimamente estou querendo comer uma específica. Nesse caso, só por
causa disso, eu garanto que passei a noite pianinho, como um anjo.
— Seeei.
— Ok. Não como um anjo. Bebi um pouco.
— Então... — toco na gravata dele acariciando-a — quer dizer que nosso trato
continua?
— De pé como meu pau.
Puxo-o para dentro de casa pela gravata e Magno já entra me agarrando, me
tomando em seus braços.
Está tão cheiroso que eu desanimo de tentar ao menos lutar contra qualquer
sentimento em relação a ele. Estou me entregando logo e que se dane.
Magno bate a porta com o pé e vamos andando tropeçando nos móveis, sem
desgrudar do beijo acalorado e molhado.
— Se for grosseiro comigo mais uma vez, juro que apago você de minha vida.
— E se for louca varrida mais uma vez comigo, juro que te fodo até fazer seu
juízo voltar. — Rindo, abre a boca e abocanha a minha. Sua língua é uma
tentação, sua boca inteira me dá arrepio por cada cantinho do meu corpo; Magno
tem o beijo mais inesquecível que eu já pude experimentar. Ele me joga no sofá,
sim, agora tenho sofá: grande e amplo, e pensei em testar com ele o dia que a
decoradora o trouxe.
Todavia, agora eu desvio e caio de pé do outro lado. Ele me olha ofegante e
confuso. Suas sobrancelhas sobem.
— Estou fazendo almoço e lavando roupa. Preciso ao menos tirar a roupa da
máquina.
— Não achei que fizesse serviços domésticos. — Ele começa a tirar o terno e
eu nem paro para apreciar o espetáculo. Saio correndo para a área de serviço.
Tiro a roupa lavada, esfrego algumas peças e coloco outro pequeno monte na
lavadora, ficou mais um pouco no chão e, para acabar logo, jogo tudo de uma
vez só, incluindo dois jeans.
— Sentiu saudades, Xaninha? Hein? — Nem me surpreendo ao ver Magno só
de cueca com a gata na mão. Ela fica toda manhosa brincando com os dedos dele
e lambendo.
— Tirou a roupa?
— Estou adiantando serviço. Fique ali, os adultos vão conversar agora. — Ele
coloca Xana no chão e vem em minha direção.
— O que está fazendo?
— Te pegando. — Me agarra e em um impulso me coloca sentada em cima da
máquina de lavar que está em funcionamento.
— Magno.
— Xiiiu. Vamos nos livrar disso aqui. — Ele desabotoa meu short e eu nem
tento impedir.
— Poderíamos ir para o sofá. — Murmuro, aspirando o pescoço dele e
mordendo a pele quente em seguida.
— Aqui mesmo, poxa. Estou com fetiche de te comer aqui.
Levanto um pouco o corpo para facilitar que o short saia já com a calcinha.
Me sinto libertina, mas maravilhada com a experiência. Geralmente sexo para
mim era feito apenas no quarto.
Magno empurra minhas pernas para abri-las e, com seu polegar, acaricia meu
ponto íntimo começando a pulsar de prazer. Ele sorri satisfeito, chupa o dedo,
olha nos meus olhos.
— Sempre pronta para mim. Você é toda minha, Lavínia. — Agarrado a meu
pescoço, me puxa para beijá-lo.
— Por enquanto. — Sussurro arfando. — E você é todo meu.
— Que seja.
Quando sua boca toca no meu centro latejante, eu quase explodo em
pedacinhos. Fazer sexo oral nunca mais será o mesmo depois de Magno. Ele me
faz sentir viva em constantes pulsos de prazer feroz. E, por isso, pensar em “pós-
Magno” me desestabiliza por dentro. Ele é meu e não quero deixar isso acabar.
Todavia sei que ele odeia relacionamento e não vai embarcar em mais nada que
além de um mês.
Suspiro quase dolosamente e ele levanta o rosto para me olhar.
— Não pare. — Empurro sua cabeça de volta para o meio de minhas pernas.
Eu devo ser louca por estar em debate interior enquanto tem uma língua dessa
fazendo loucuras nas minhas partes íntimas.
Magno não tem cabelos grandes que permitem que eu os segure, mesmo assim
agarro em sua cabeça e deslizo feliz pela ponte do prazer crescente que ele
proporciona em chupadas gulosas, devorando cada parte da minha sanidade.
Eu gozei aos gritos em cima da máquina de lavar que ainda funcionava. Uma
das experiências mais incríveis, porque tinha sido sem planejar, natural e, claro,
foi com Magno.
— Me leve ao caminho da felicidade, gata. — Ele abaixou a cueca e já tinha
um pacotinho de camisinha na mão. Ainda arfando, eu o esperei, devotada,enlouquecida por sua presença, por sua gigantesca força como a carga gravitacional do Sol mantendo a Terra em sua órbita.E nesse momento eu me sentia melhor do que Ícaro, porque eu voei bem perto
do Sol e não me queimei, na verdade eu amo ser queimada por ele, o fogo dele
me vicia e me faz querer mais efusivamente.
De pé, entre minhas pernas, ele me abraçou ardoroso, e quando se deslizou para dentro alargando minhas barreiras, sorri gemendo. Tinha algo em torno de cinco dias que não sentia novamente essa deliciosa sensação de sua espessura dentro de mim.Como uma mão que reconhece a luva, ter Magno em meu interior era tão familiar como se meu corpo o reconhecesse sendo parte de mim, e quando estava todo no meu interior quente e macio, éramos um só.
Eu não sei onde estava com a cabeça em aceitar transar na máquina de lavar.
No início até que estava sendo legal. Ligada vibrando embaixo da minha bunda e
Magno de pé no meio das minhas pernas mandando ver. Estava muito bom, só
que algo deu errado, eu coloquei no máximo e começou a dar umas batidas
estranhas. Magno parou de bombar e me olhou, ofegante e preocupado. Mesmo
ele parado, a coisa ainda me fazia pular sentada sobre o tampo da maquinha.
— Magno... — Murmurei. E então ele se afastou, seu pau saiu e eu fiquei
sozinha sentada pelada na máquina que bufava e pulava.
— Eita porra, Lavínia! — Ele exclamou, se afastando mais. — O bagulho tá
sério.
— Me tira daqui, Magno! — Berrei segurando nas laterais da máquina. Agora
eu pulava igual num touro mecânico, estava envergonhada de estar pulando
sentada toda pelada parecendo num show bizarro, com tanta fumaça e faíscas
saindo.
— Eu vou morrer, Magno! — Gritei em pânico.
— Vou chamar os bombeiros. — Ele correu pelado, a camisinha ainda no pau.
Quase pisou em Xana, que estava no caminho.
— Magno! — Gritei! — Chamar porra de bombeiro, chama logo o necrotério
para catar meus pedacinhos.
A gata estava sentada me olhando de um local seguro. Mais vergonha ainda de
mim, aqui gritando e pulando pelada na máquina que se prepara para explodir.
Vou matar Magno.
Ele voltou correndo e foi para a outra parede, abriu uma caixinha de energia e
foi desligando todas as chaves.
Eu estava suando frio de puro medo. A coisa parou e ele veio me resgatar.
— Maldita hora que cismou de transar na máquina. — Bati nele.
— Você também é culpada! — Ele segurou minha mão.
E eu era mesmo. coloquei mais roupas que o normal e ainda deixei no
máximo para ver se ela vibrava mais.
— E agora?
— E agora? Local mais seguro. — Arrancou a camisinha do pênis, jogou-a no
chão e me pegou no colo. Automaticamente abracei seu corpo com minhas
pernas ao redor de sua cintura.
— Sofá, agora.
Deitei no meu sofá grande e novo, e estava prontíssima para batizá-lo commeu fabuloso e delicioso Taque de Guerra. Magno vestiu outro preservativo edeitou em cima de mim, se movimentando em gloriosas investidas com seu
quadril e sua bunda grande e musculosa.
Apalpei com as duas mãos, mas ele as tirou, rindo, e as segurou no alto da minha cabeça.
— Magno... Porra!
Ele apenas riu e calou minha boca com um beijo caloroso. Porque ele sabe
que sempre vai me dominar com sua boca gostosa e ainda, combinado com as
arremetidas certeiras de seu pau grande e muito duro, eu estava totalmente
arrebatada.
A cada arremetida eu gemia cada vez mais entregue. Ele me possuía para si,
de uma forma que era impossível querer lutar, eu só queria mais e mais, sentir
seu corpo grande sobre o meu.
Depois ele se sentou no sofá, com as mãos atrás da cabeça me olhando
vidrado enquanto eu controlava a situação cavalgando ora devagar ora muito
forte, usando e abusando.
— Tanque de guerra freado. — Murmurei e curvei para beijá-lo, magno
deixou e, quando olhei sua expressão, eu soube que toquei em seu orgulho.
Em uma virada brusca, me jogou no sofá, me fazendo rir. E montou em mim
com selvageria, segurando minha cintura e se aprofundando forte, muito forte e
delicioso. Seu pau indo e voltando dentro de mim trazia um fogo devastador, me
tocando tão fundo que eu apenas gemia enlouquecida, pirada de tanto prazer, ele
segurou meus cabelos, pegou forte minha cintura e bateu feroz, como prometeu
que faria, me fodendo com urgência. Da maneira que eu precisava, porque eu
queria experimentar tudo dele, desde fazer amor lento até ter um sexo hard tendo
tudo que o dono do Dama de Copas oferecia a suas parceiras.
Nesse instante, era apenas meu.
Quando ele me envolveu com seus braços e mordeu meu pescoço sem parar
os movimentos fortes e rápidos, eu gozei aos gritos segurando apertado a
almofada do sofá.
Os gemidos roucos e espasmos mostraram que ele chegou ao ápice também, e,
por fim, após retirar o preservativo, caiu ofegante de lado me envolvendo no seu
corpo quente.
Decidi que abraçá-lo logo após transarmos era sem dúvida uma das melhores
coisas, perdendo apenas para o sexo em si.
Na cozinha, eu já tinha feito muita coisa. O arroz estava no fogo e o frango no
forno assando, decidi de última hora assá-lo. Terminando de temperar os
legumes, Magno entra na cozinha, só de cueca.
Estava fazendo algumas ligações importantes, foi o tempo necessário para eu
adiantar tudo.
— O cheiro está bom, para quem disse que não costuma cozinhar.
— Sei me virar. Mas não é nada espetacular.
— Não importa. Obrigado por me convidar.
— Por eu aceitar, afinal você se auto convidou.
Ele ri, beija meu ombro e se senta em um banquinho.
— Posso? — Aponta para um pote cheio de biscoitos recheados.
— Claro, fique à vontade. Me viro de costas para ele e minutos depois quando
meu olhar passeia por acaso de soslaio, vejo o que está fazendo. Raspando os
recheios com os dentes e deixando as bandas de lado.
— O que está fazendo? — Tiro o pote de perto dele.
— Comendo?
— Está tirando o recheio dos biscoitos, isso é nojento.
— Primeiro que são bolachas. — Puxa o pote de volta. — E segundo que
essas merdas só servem mesmo o recheio.
— Que bolacha, que nada. Ficou louco? Isso aqui é biscoito. — Pego outro
pote vazio e coloco as bandas que ele raspou. Os outros intactos eu tomo de
volta e guardo.
— Quer escutar um segredo bem coisa de viado? — Pergunta, olhando para
uma maçã de porcelana em suas mãos, que acabou de tirar da fruteira de cristal.
— O quê?
— Eu acho que deveria me afastar de você, mas não estou conseguindo
devido a seu alto teor de delícia.
— Por que acha que deveria afastar?
— Não sei. Não acha que estamos indo para o fundo do poço? Tivemos nossa
primeira briga, já dormimos juntos e agora estamos aqui... Você fazendo
comida...
Termino com os legumes, lavo as mãos e ligo a chapa para grelhar.
— Eu acabei de sair de um relacionamento, o meu mais longo de todos. Dois
anos de namoro.
— Você o conhecia pra valer?
— Não. Mas essa não é a questão. — Espalho os legumes na grelha e me viro
para Magno. — Eu não estou preparada para embarcar em qualquer outro
relacionamento sério e é isso. Pode ficar tranquilo que nada será mais que nosso
trato.
— Eu também não quero problemas na minha vida. E sabemos que mulher é
problema.
— Eu sou um problema?
Ele me olha e dá de ombros.
— Se passar a ser a matriz, sim, será. Nem venha tentar refutar, você saber
que é. Namoradas e esposas são a ruína de um cara.
— Nossa, que tocante! — Ironizo e vou ver o frango e o arroz. — Não se ofenda. Você não se enquadra em nenhuma dessas classes.
— E me enquadro em quê?
— Em foda divertida?
— Ah, cara! Vá se danar e saia da minha casa. — Tiro a luva de forno e jogo
nele. Começo a ficar irritada.
— Ok. Desculpa. Esqueci que não posso falar verdades na sua frente.
— Não pode ser machista na minha frente, ainda mais na minha casa, prestes a
comer a minha comida.
— É uma feminista?
— Sim. Eu sou. — Encaro-o com as duas mãos na cintura.
— Não parece. — Ele me olha de cima a baixo. — É toda feminina e vaidosa,
estava prestes a se casar com um homem e adora rola.
— E o que isso tem a ver? — Ergo uma sobrancelha.
— Bom, feministas geralmente são lésbicas, vestem estranho, têm sovaco
cabeludo e odeiam homens.
Eu gargalho, mas sem vontade de rir. Magno é o pior ignorante. É o ignorante
do boca a boca. Suas convicções são formadas pelo que ele ouve e não pelo que
ele pesquisou saber.
— É triste você opinar por algo que não sabe. Feminismo é apenas lutar por
direitos iguais aos dos homens, independente da aparência de quem está lutando.
Emma Watson, Beyoncé, Megan Markle (a esposa do príncipe Harry), são
exemplos de feministas.
— Direitos iguais. — Ele ri. — Lavínia, me poupe. E o que nós temos a mais
que vocês?
Calmamente me sento ao lado dele no balcão.
— Poder sair na rua sem sofrer assédio? Não ser a maior vítima de
assassinatos por parceiros pelo simples fato de não aceitarem o fim do
relacionamento? Poder ser entrevistado em um emprego sem que o fator “filhos”
seja relevante? Poder usar uma roupa do seu agrado ou ir a algum lugar mais
tarde da noite sem ser julgado?
— Mas nada disso é culpa dos homens. Eu não posso receber a culpa se outros
homens assassinam mulheres. Não acha que fazer uma lei contra todos os
homens é injusto e não igualitário?
— Não é criar lei contra ninguém. É conscientização, é aprender a se
comportar. Você vai ensinar sua filha a sentar corretamente, mas precisa também
ensinar seu filho a não desrespeitar a coleguinha. A sociedade emprega esses
juízos de valores contra a mulher porque é uma sociedade patriarcal, hoje a
mulher negra periférica...
— Já estamos falando de racismo? — Ele me interrompe debochando. — Claro que não. Não é só sobre racismo. O feminismo que eu luto é
diferente da luta de uma mulher branca.
— Pirou?
— Você sabia que a mulher negra está em uma escala abaixo do homem
negro? O modo como a sociedade se importa é: primeiro homens brancos,
depois mulheres brancas, homens negros e, por último, mulheres negras. E se eu
não lutar constantemente por isso, quem vai fazer por mim?
— Essa escala é ridícula. Isso não acontece. — Sacode a cabeça desacreditado
— Quer dizer, pode já ter acontecido...
— Magno, enquanto as mulheres brancas lutavam por direitos iguais, as
negras tinham que lutar em dobro por vir da escravidão, elas eram as
empregadas das brancas, entende? Sem falar da sexualização exacerbada que
colocam sobre as negras. Eu por exemplo, sempre (você nunca vai me ver de
outra forma) sempre me apresento muito comportada porque quero que olhem
minha música e não meu corpo. Por isso que acredito que você me seguia porque
gostava do meu dom e não por minhas pernas, ou sei lá o quê.
— Sim. — Ele concorda e parece chocado com minha revelação. — Não vou
mentir que sempre fui atraído por você, mas sua música hipnotiza, não tenha
dúvidas do quanto maravilhosa você é no que faz.
— Eu não tenho dúvidas, eu ralo muito para estar onde estou. Eu só preciso
de, alguma forma, combater certas atitudes, e mesmo que for uma pequena coisa
eu irei fazer.
— Por isso nunca posou nua. — Ele conclui.
— Jamais. Eu sei que isso vai contra o que eu prego, que a mulher pode fazer
o que quiser, principalmente com seu corpo e não deve ser julgada por isso. Mas
é algo importante. Que me vejam como imponente, poderosa, talentosa acima de
tudo, e não me comprem por uma imagem sexy que não quero vender.
— Você é rica. Não sofre preconceito. Entra onde quiser. — Ele afirma tendo
dúvidas próprias quanto a isso, como se ele torcesse para que eu concordasse.
— Aí que se engana. Dias atrás sofri preconceito no seu clube.
— No meu clube?
— Por ex-amantes suas. E eu não vou choramingar porque não é assim que
enfrento isso. Enfrento com ações e não reclamando.
— Quem foram? O que fizeram?
— Apenas comentários desnecessários no banheiro, por eu estar com o dono
da casa. Mas se quiser tomar providências, não irei contestar. É loira, magra do
peitão e voz enjoativa, tipo anasalada.
— Silvana. Sei quem é. No clube ela não entra mais.
— Tanto faz.
Ele toca minha mão em cima do balcão e, quando nossos olhares se
encontram, Magno sorri amistoso.
— Olha, eu posso ainda ter alguns pensamentos enraizados e tal, mas com certeza irei sair com um aprendizado a mais daqui.
— É o primeiro passo.
— Além do mais, você me deixou duro de tesão. Mulher inteligente é outro nível. Por tudo que sei de você, tenho certeza que é a da pica mais grossa que játive o prazer de conhecer.
— Credo! O quê?
— Pica grossa, pica das galáxias, a dona da porra toda. Entenda como quiser.
— Ele me puxa e me faz sentar no seu colo. — Eu nunca achei que diria isso,mas não quero ainda deixar ir a feminista que gosta de rola.
— Ainda bem que sabe o quanto eu gosto. — Termino dizendo com um beijo nos lábios dele.
Livro 3 da Série Anônimos Obscenos
Capítulo 34
Magno
— Chupem, seus pau-no-cu. — Dou um soco no ombro de Lorenzo zoando
com eles. — Eu disse que estava comendo a Lavínia e ninguém acreditou em
mim.
Romeo ainda olha incrédulo para ela, lá do outro lado no meio das mulheres
rindo nesse instante de algo que uma delas disse.
— Ela pareceu bem surpresa de estar aqui. — Ele analisa. — Trouxe-a sem
que soubesse, Magno?
— Lógico. Eu tinha que mostrar que cumpri meu papel de macho abençoado.
Ela não iria querer vir se eu dissesse que é aniversário do meu sobrinho.
Enganei.
— Ela vai arrancar teu couro depois.
— O couro da minha pica de tanto foder.
— Ôder. — Gael repete e só então vemos que ele está no chão, aos nossos
pés, ouvindo.
— Shhh. Não pode falar isso. — Romeo corrige o filho. — Palavra feia. Vai
brincar com os amiguinhos, olha lá o Johnny. — Romeo faz sinal para Carlota,
mãe de Olivia, e ela vem pegar o menino e levar para a área das crianças. Meu
irmão se volta para mim com o cenho franzido de irritação: — Para de dar mau
exemplo para as crianças! Não quero ter que te expulsar da festa.
— Eita. Olha lá a Kate. — Lorenzo aponta sutilmente com o queixo. — Ela
está conversando com Lavínia. Deve estar fazendo sua caveira.
— Lavínia conheceu meus defeitos antes das qualidades. Não tenho medo.
— Então é mesmo sério? Já conhecem até defeitos? Bem-vindo ao mundo dos
escravocetas, irmão. Quando é que vai dar o rabo? Você prometeu que daria se
um dia isso acontecesse.
Romeo gargalha junto com Lorenzo me deixando puto da silva.
— Escravoceta de cu é rola. Olhe bem para minha cara e veja se tenho
vocação para ser Lorenzo, Romeo ou Amadeo, que ficam presos com uma única
mulher. Estou me divertindo com ela; é foda, ouviram? Trepada, sexo gostoso
sem compromisso. Coisas que vocês não sabem o que é.
— Ok. Não precisa ficar furioso. Acreditamos que você não gosta dela e está
só passando tempo. — Lorenzo estende as mãos na defensiva.
— Ela é bem bonita e tem uma classe elevada. O cara que colocar um anel no dedo dela terá sorte. Pena que não será você. — Romeo diz.
O desgraçado me pegou pela cauda. Senti raiva crescente ao imaginar que
outro cara vai ao menos tocar nela, veja lá colocar um anel no dedo. Já quero
matar o filho da puta que ousar.
Lorenzo percebe minha contradição em falar uma coisa e sentir outra. Bate no
meu braço e confidencia: — Está tudo bem. Eu queria destruir dolorosamente
uma mulher e agora não consigo ficar um dia sem ela. Eu entendo perfeitamente
o que é um cara ter que lutar contra seus próprios princípios.
— É. Ele tem razão. Se for para ser, você não vai conseguir fugir.
— Vocês são uns imbecis facilmente manipulados. Se um dia eu precisar de
família, pagarei uma barriga de aluguel para ter um menino e deixar toda minha
herança. É meu projeto de futuro, sem mulheres, sem problemas. — Digo, mas
continuo olhando sem piscar para Lavínia segurando o bebê encapetado de
Lorenzo. Ela ri, faz um comentário para Angelina e todas em volta riem, até
Kate.
Não acredito que a gangue da calcinha já está acolhendo Lavínia.
Na hora de cantar parabéns a você, me juntei novamente a Lavínia na mesa de
doces.
— E aí? Está gostando?
— Sim. Quem não gosta de aniversário de criança, né? — Ela nem olha para
mim, sua atenção nos diversos tipos de doces coloridos.
— Tirando as crianças, é uma boa festa. — De verdade, não sei onde Romeo e
Olivia acharam tantas pestes para convidar. Se bem que só as crias dos caras lá
do banco AMB já enchem uma festa.
— Sim. — Ela ri concordando. — O ruim é que os docinhos aqui é “sirva-se à
vontade”, o legal é a adrenalina de roubar. — Ela escolhe dois docinhos e coloca
no pratinho.
— Não tem coisa melhor. — Recebo um brigadeiro que ela me oferece. —
Mas, e sobre a galera? O que achou?
— Você tem uma família incrível, Magno. Já fui até, contra minha vontade,
colocada em um grupo só de mulheres no WhatsApp. Todavia, ainda vai se
lascar mais tarde, por ter me trazido de surpresa.
— Me lascar?
— Sem sexo, Sr. Tanque. Essa é a única forma de tocar na sua ferida. Olha lá,
todos em volta da mesa, venha, vamos cantar parabéns ao seu sobrinho.
Mais tarde, todos os convidados foram embora. Ficaram apenas a família
rodeando a mesa de jantar. Eu tinha comido de empanturrar. Cachorro quente,
salgadinhos, docinhos, bolo. Aniversário de criança é a melhor festa para os adultos.
Eu me senti feliz por eles a acolherem e fazerem-na se sentir à vontade. Vilma
estava de olhos brilhantes sorrindo maravilhada de tudo que Lavínia dizia. Ela
acha mesmo que é a minha salvação, que enfim todos os Lafaiette vão ter seu
destino. Eu discordo.
Vilma está toda orgulhosa falando sobre mim, como se vendesse um bibelô e
falasse todas as qualidades da peça rara. Como Lavínia é a surpresa da noite, ela
é alvo de todos à mesa, mas incrivelmente não se sente desconfortável. É
acostumada a dar entrevistas, deve ser isso.
— Nos conte, Lavínia: como é viver mundo afora em turnê?
— Bom, não é algo como turnês da Rihanna, por exemplo. É mais calma,
mais centrada para um público mais restrito. Geralmente eu passo um ou dois
anos em um país para fazer as apresentações. Minha agência sempre faz
contratos nessa faixa de tempo.
Isso ela não me contou. Eu já desconfiava de algo assim, uma vez que
pesquisei um pouco sobre ela.
— Então a próxima turnê é aqui no Brasil? Ou está apenas de folga e vai
voltar? — Ela olha para Olivia, e depois seus olhos encontram os meus. Titubeia
antes de responder, mas quando fala, é pura sinceridade.
— Sim. Estou aqui apenas de folga e, em breve, partirei. — Ela sabe que eu
sei que estava aqui apenas para o casamento que não vai mais acontecer. Felipe,
o mela-cueca, foi o motivo que a fez vir.
Todos na mesa ficam com a mesma expressão, como se estivesse combinado.
Eu posso facilmente ler o que cada um dos rostos diz, algo como: “Mas e o
Magno?”.
Finjo que não estou nem aí e já emendo outra coisa:
— Ela vai se apresentar aqui no Rio novamente. Vocês poderiam ir, para ver
que show esplêndido.
— Obrigada. — Lavínia sussurra para mim e, como todo mundo já perdeu a
expressão de bunda, eu suspiro louco para me dar um soco, por ter ficado bem
bolado com essa história dela ir embora em breve.
— Quer conhecer meu apartamento? — Pergunto, quando já estamos indo
embora.
Ela nem olha para mim.
— Não. Me leve para casa.
— Se quiser acabar de passar a noite no clube...
— Minha casa, Magno.
Ok, senhora bipolar.
Toco no painel do carro e aumento um pouco o volume. A música que começa é de Simone & Simaria. Enquanto dirijo, tamborilo os dedos no volante ao som
da música.
“Olha você me ligando, passando mensagens
Se não ligasse eu iria ligar
Mas esperei a tua reação...”
Olho para o lado e Lavínia continua com a cara fechada dando atenção à rua
lá fora, que nem está tão movimentada assim perto das duas da manhã. Tento
buscar na minha mente algo que eu tenha feito ou falado para deixá-la assim e,
após uma análise, me julgo inocente. É por isso que bato na tecla mil vezes que
mulheres são a ruína de um homem. Quem pode aguentar uma coisa dessa? Essa
variação de humor como se tivesse saído do circo e entrado em um funeral?
Ela acabou de sair da casa do Romeo, rindo e conversando com todos e agora
está com cara de cu.
Agradeço silenciosamente por estar apenas no âmbito “foda”. Se fosse mais
que isso, eu juro que já teria surtado, coisa que nunca acontece com um cara tão
controlado como eu.
“Pensei que ‘cê fosse embora
Eu não tive resposta
Mas quando o mel é bom a abelha sempre volta”
— Quer por favor mudar de música? — Ela pede e, no botão do volante,
atendo seu pedido mudando para a próxima faixa.
Eu acho que capeta tem mais facilidade de possuir mulheres, porque não tem
condição uma mudança brusca dessa, de comportamento.
A próxima música faz Lavínia revirar os olhos.
Cinco dias, uma hora, dez minutos
Que eu não te vejo
O relógio conta as horas
Enquanto eu conto nos dedos
Eu finjo que nem vejo a instabilidade dela e agora, além de tamborilar os
dedos, começo a cantarolar baixinho.
E já pensou?
O ar-condicionado no 15 e a gente suando
Dessa vez ela nem pede, bate o dedo no painel e muda de música.
— O que está acontecendo, porra? Quer se abrir ou prefere se fazer de
adolescente?
— Por que você tem que ser desse jeito? — Ela berra enfim.
— O quê? De que jeito, cacete?
— Olha só. Você faz essas merdas e se faz de vítima, de desentendido. Ficou
com aquela cara lá na mesa, me fazendo parecer um monstro sem coração.
Como se eu tivesse te abandonando.
— Eu? Que porra de cara eu fiz? Tu tá louca?
— Todos lá me olharam com desprezo e te olharam com pena.
Olho para o lado e o ar de revolta banha seu rosto. Inacreditavelmente.
— Você só pode estar bêbada. A culpa não é minha se você é uma nômade.
Ah! Que se dane. Eu não preciso discutir nada com você, não temos nada.
— Sim, não temos nada. E o que combinamos, Magno? Apenas me diga, vai
que sofreu um trauma por aí e esqueceu.
— Cara, você é muito dramática. — Grito de volta para ela. — Está fazendo
picuinha onde não existe.
— Eu te pedi que não queria família envolvida, não queria nada íntimo. Eu
não queria conhecer Lorenzo ou Romeo...
— Ah, até parece que te apresentei a uma milícia perigosa. Vá se tratar.
— Me tratar? — Berra com semblante carregado — Vou mesmo. Porque eu
devo ser muito louca para ficar com um cara como você.
— Foda-se.
— E desliga essa merda, caralho! — Ela tem a petulância de desligar o som
do meu carro.
Ninguém bate no meu carro e fica por isso mesmo.
— Não vou desligar porcaria nenhuma! — Grito, aumento o volume e canto o
mais alto que consigo:
“Esse coração aí
Tá se fazendo de bobo
Ele gosta mesmo é de mim...”
Ela abre a boca perplexa e posso ver que ela acha minha reação infantil e
afrontosa.
— Louco! Você é inacreditável, meu Deus. Quero ir embora dessa merda de
país logo.
— Que vá! Some. — E para pirraçar continuo cantando muito alto, aos berros:
Esse coração aí
Tá sendo ignorante
Pra me esquecer, vai precisar de um transplante!
Chego em frente à casa dela, nem paro o carro direito e ela salta correndo. Eu
saio e vou atrás.
— Lavínia!
— Me deixe.
— Não tem motivo para você agir assim e sabe disso, quando voltar à lucidez
e quiser conversar feito adulto, então me procure.
— Sonhe.
O fogo da raiva me consome e eu deixo a boa vontade de lado.
— Vou sonhar mesmo, depois de foder gostoso lá no meu clube. Eu sou a
porra de um empresário bem-sucedido, dono do clube de maior prestígio aqui e
não preciso mendigar atenção. — Dou as costas para ela e entro no meu carro
arrancando, cantando pneu dali.
Do retrovisor posso ver que ela não entrou, continuou no mesmo lugar
olhando o carro e, para meu deleite, tem um acesso de fúria e joga no chão a
bolsa, louca de raiva.
Que merda foi essa? Nunca, em toda minha vida, eu desci ladeira abaixo dessa
forma, discutindo. Geralmente mulheres ficam bravas comigo, mas eu tenho um
controle absurdo e apenas fico calado, no fim, meter um pé na bunda delas é a
melhor resposta.
Todavia com essa demônia eu não consigo simplesmente me controlar.
Lavínia faz desabrochar em mim muitas emoções antes escondidas e começo a
me preocupar com isso.
Sem dúvida, transar com alguém é o melhor que eu posso fazer agora, para
tentar ter de volta minha vida tão rigorosamente controlada.
É para o clube que vou. Acabar com o jejum de quatro dias sem sexo.
Capítulo 35
Lavínia
— Eu sei, tá garota? Não olhe para mim com essa cara. — Me sento e abaixo
o rosto contra as mãos. Merda! Merda! Eu acabei explodindo, fiquei com muito
ódio por... Levanto meu rosto sofrido para Xana, que me encara da poltrona. —
O ódio que eu tive, Xana... foi por ter sentido coisas que jamais senti antes.
Quando vi o olhar dele, abalado por eu ter que deixar o país, simplesmente perdi
o controle.
Me levanto e ando pela sala, abraçando meu corpo, com a respiração rápida
me dizendo que mais um passo e eu surto.
Eu não queria ter ido, mas no fundo eu gostei. Não esperava gostar tanto
assim, todavia, as garotas são divertidas, incluindo Kate. Estou apaixonada por
aquelas vacas. O que me deixa mais chocada é...
Limpo uma lágrima e confesso para Xana:
— Eu me dei conta, quando o vi pálido na mesa, eu me dei conta que já fomos
longe demais e eu quero aquele desgraçado na minha cama todas as noites.
Aquele patife infernal sabe fazer o serviço bem feito e ainda me deu coxinhas.
A gata mia aleatoriamente e eu sacolejo meu dedo na frente dela, negando.
— De jeito nenhum. Eu não vou dar o braço a torcer. Eu sou Lavínia Torres,
morro de paixão, mas não me rebaixo. Nunca fiz esse papel e se eu fizer só serei
mais uma nos pés dele.
A gata bem na boa lambendo a pata.
— Maldito! — Pego uma almofada e acerto na estante. Xana dá um pulo
assustada.
Eu não seria tão inocente a ponto de ficar esperando alguma mensagem ou
ligação dele. Apenas fui dormir, desejando profundamente que ele não fizesse
besteira e fosse aliviar a raiva em bocetas alheias. Não perdoarei Magno se ele
ousar fazer isso, temos um trato, e claro, o ciúme corre quente em minhas veias
só em pensar nele livre lá no clube escolhendo uma daquelas biscates para
satisfazê-lo.
Eu quase fiz uma prece mais ou menos assim: “Deus, não permita que meu
Tanque funcione com outra motorista. Amém.” — Entretanto, achei um pouco
infantil, suprimi essas palavras e fui dormir quando já passava das três damanhã.
Todos os meus sentimentos que estavam em erupção estão controlados agora
pela manhã. Sentada no sofá com uma caneca de café, vejo as notícias do dia
pelo tablet.
Meu agente me ligou agora cedo dizendo que minha entrevista tinha sido
publicada e que ficou linda, e agora a emissora — que vai transmitir a série em
que vou atuar — me convidou para ser entrevistada em um programa de grande
audiência deles, no domingo à noite.
Após ler a matéria, fico feliz com o resultado e gosto da foto que estampa.
Estou de pé com meu violoncelo.
Deixo o tablet de lado e me deixo embalar por pensamentos controversos. No
fundo, acho que eu devo um pedido de desculpas a Magno, porque não sou uma
garota fútil mimada que dá chilique na primeira oportunidade e é o que ficou
parecendo.
Eu poderia esperar ele dar o braço a torcer, mas isso tem a ver comigo mesma,
com o que eu sou e não quero deixar transparecer uma imagem que não é minha.
Crio coragem, pego o celular e digito uma mensagem. Curta e direta.
Eu:
Desculpa por ontem. Só estava confusa.
Não sou daquele jeito. Tenha um bom dia.
Penso bastante, olhando a mensagem e só depois de minutos toco em enviar.
Ele visualiza quase imediatamente, como se estivesse esperando. Mas não dá
indícios de que vai responder. Espero, espero e nada. Talvez esteja em reunião,
quem sabe?
Ou ainda na cama com outra, descansando da noite agitada. Esse pensamento
atinge em cheio minha sanidade e eu fecho os olhos para contar até dez.Preciso voltar a meu terapeuta. Essa não sou eu. Sentir essas coisas por uma pessoa que não é nada minha...tecnicamente.
Separo algumas roupas para mandar para a lavanderia, mas como são poucas decido usar minha nova área de serviço. Preciso preencher o tempo para não ficar sentada pensando merdas.Troco de roupa, visto uma camiseta e shorts e amarro um lenço nos cabelos.Quando eu morava fora, quase não fazia serviços domésticos. Não tinha tempo, então eu pagava por tudo. Agora, separo as roupas por cor, coloco sabão em pó na máquina e a regulo. Xana me segue por todo canto, ela se enrosca nas roupas no chão e fica de olhos grandes me fitando enquanto canto um clássico de Tony Bennet. Minha vida sempre foi regada à música, os ritmos me embalam. Gosto dos mais suaves e tenho inclinação ao pop. Sorrio ao lembrar do gosto musical de Magno, ontem no carro, e nesse momento, a cena dele cantando furioso é algo para se rir hoje.
Jogo as primeiras roupas na máquina e deixo rodar. Como já estou no espírito
doméstico, vou até a cozinha e vejo na geladeira o que posso fazer para um
almoço caseiro solitário.
Tem frango, o que dá para fazer vários pratos. E tem também legumes frescos
que a diarista comprou. Decido fazer frango grelhado com legumes e arroz
branco.
Xana vem para a cozinha, pula na cadeira e me assiste abrir a embalagem de
frango e colocar no micro-ondas para descongelar.
Nesse instante a campainha toca, e sou obrigada a deixar os legumes na pia e
ir ver quem vem me perturbar às dez da manhã. Minha mãe, com certeza.
Abro a porta e sinto um abalo rápido tomar meu corpo ao dar de cara com
Magno à la executivo: terno três peças preto e gravata azul.
— O que está fazendo aqui? — Pergunto não dando chance de ele abrir a boca
para soltar um “oi”.
— Eu...
— Como subiu?
— O porteiro permitiu. Eu vi sua mensagem. — O sorriso se expande.
— Existe uma coisa chamada dedos e teclado. Bastava ter digitado uma
resposta, não precisava vir até aqui.
— Que legal ser recebido dessa forma. — Passa os olhos pelo meu corpo e
elogia: — Você está bem... sexy. Não vai me deixar entrar?
— Escuta — recosto no batente da porta —, como foi sua noite? Fodeu
horrores? O poderoso empresário bem-sucedido e tal. — Faço-o lembrar de suas
promessas gritantes ontem a noite. por que eu não esqueci nem por um segundo.
Ele faz uma pose galante, tranquilo, com as mãos nos bolsos. Seus sapatos são
lustrosos de dar gosto. O homem é grande, elegante, bonito, sangue quente
espanhol... Combinações perigosas.
— E se eu trepei a noite toda, isso faz diferença para você? — Seu sotaque até
se acentua, o deixando mais atraente.
— Se sua intenção for transar comigo, então faz. Se vamos ficar só na
conversa de agora para frente, não me importo.
— Bom, já vi que com mulheres o negócio é sinceridade. Boceta não me falta,
mas ultimamente estou querendo comer uma específica. Nesse caso, só por
causa disso, eu garanto que passei a noite pianinho, como um anjo.
— Seeei.
— Ok. Não como um anjo. Bebi um pouco.
— Então... — toco na gravata dele acariciando-a — quer dizer que nosso trato
continua?
— De pé como meu pau.
Puxo-o para dentro de casa pela gravata e Magno já entra me agarrando, me
tomando em seus braços.
Está tão cheiroso que eu desanimo de tentar ao menos lutar contra qualquer
sentimento em relação a ele. Estou me entregando logo e que se dane.
Magno bate a porta com o pé e vamos andando tropeçando nos móveis, sem
desgrudar do beijo acalorado e molhado.
— Se for grosseiro comigo mais uma vez, juro que apago você de minha vida.
— E se for louca varrida mais uma vez comigo, juro que te fodo até fazer seu
juízo voltar. — Rindo, abre a boca e abocanha a minha. Sua língua é uma
tentação, sua boca inteira me dá arrepio por cada cantinho do meu corpo; Magno
tem o beijo mais inesquecível que eu já pude experimentar. Ele me joga no sofá,
sim, agora tenho sofá: grande e amplo, e pensei em testar com ele o dia que a
decoradora o trouxe.
Todavia, agora eu desvio e caio de pé do outro lado. Ele me olha ofegante e
confuso. Suas sobrancelhas sobem.
— Estou fazendo almoço e lavando roupa. Preciso ao menos tirar a roupa da
máquina.
— Não achei que fizesse serviços domésticos. — Ele começa a tirar o terno e
eu nem paro para apreciar o espetáculo. Saio correndo para a área de serviço.
Tiro a roupa lavada, esfrego algumas peças e coloco outro pequeno monte na
lavadora, ficou mais um pouco no chão e, para acabar logo, jogo tudo de uma
vez só, incluindo dois jeans.
— Sentiu saudades, Xaninha? Hein? — Nem me surpreendo ao ver Magno só
de cueca com a gata na mão. Ela fica toda manhosa brincando com os dedos dele
e lambendo.
— Tirou a roupa?
— Estou adiantando serviço. Fique ali, os adultos vão conversar agora. — Ele
coloca Xana no chão e vem em minha direção.
— O que está fazendo?
— Te pegando. — Me agarra e em um impulso me coloca sentada em cima da
máquina de lavar que está em funcionamento.
— Magno.
— Xiiiu. Vamos nos livrar disso aqui. — Ele desabotoa meu short e eu nem
tento impedir.
— Poderíamos ir para o sofá. — Murmuro, aspirando o pescoço dele e
mordendo a pele quente em seguida.
— Aqui mesmo, poxa. Estou com fetiche de te comer aqui.
Levanto um pouco o corpo para facilitar que o short saia já com a calcinha.
Me sinto libertina, mas maravilhada com a experiência. Geralmente sexo para
mim era feito apenas no quarto.
Magno empurra minhas pernas para abri-las e, com seu polegar, acaricia meu
ponto íntimo começando a pulsar de prazer. Ele sorri satisfeito, chupa o dedo,
olha nos meus olhos.
— Sempre pronta para mim. Você é toda minha, Lavínia. — Agarrado a meu
pescoço, me puxa para beijá-lo.
— Por enquanto. — Sussurro arfando. — E você é todo meu.
— Que seja.
Quando sua boca toca no meu centro latejante, eu quase explodo em
pedacinhos. Fazer sexo oral nunca mais será o mesmo depois de Magno. Ele me
faz sentir viva em constantes pulsos de prazer feroz. E, por isso, pensar em “pós-
Magno” me desestabiliza por dentro. Ele é meu e não quero deixar isso acabar.
Todavia sei que ele odeia relacionamento e não vai embarcar em mais nada que
além de um mês.
Suspiro quase dolosamente e ele levanta o rosto para me olhar.
— Não pare. — Empurro sua cabeça de volta para o meio de minhas pernas.
Eu devo ser louca por estar em debate interior enquanto tem uma língua dessa
fazendo loucuras nas minhas partes íntimas.
Magno não tem cabelos grandes que permitem que eu os segure, mesmo assim
agarro em sua cabeça e deslizo feliz pela ponte do prazer crescente que ele
proporciona em chupadas gulosas, devorando cada parte da minha sanidade.
Eu gozei aos gritos em cima da máquina de lavar que ainda funcionava. Uma
das experiências mais incríveis, porque tinha sido sem planejar, natural e, claro,
foi com Magno.
— Me leve ao caminho da felicidade, gata. — Ele abaixou a cueca e já tinha
um pacotinho de camisinha na mão. Ainda arfando, eu o esperei, devotada,enlouquecida por sua presença, por sua gigantesca força como a carga gravitacional do Sol mantendo a Terra em sua órbita.E nesse momento eu me sentia melhor do que Ícaro, porque eu voei bem perto
do Sol e não me queimei, na verdade eu amo ser queimada por ele, o fogo dele
me vicia e me faz querer mais efusivamente.
De pé, entre minhas pernas, ele me abraçou ardoroso, e quando se deslizou para dentro alargando minhas barreiras, sorri gemendo. Tinha algo em torno de cinco dias que não sentia novamente essa deliciosa sensação de sua espessura dentro de mim.Como uma mão que reconhece a luva, ter Magno em meu interior era tão familiar como se meu corpo o reconhecesse sendo parte de mim, e quando estava todo no meu interior quente e macio, éramos um só.
Eu não sei onde estava com a cabeça em aceitar transar na máquina de lavar.
No início até que estava sendo legal. Ligada vibrando embaixo da minha bunda e
Magno de pé no meio das minhas pernas mandando ver. Estava muito bom, só
que algo deu errado, eu coloquei no máximo e começou a dar umas batidas
estranhas. Magno parou de bombar e me olhou, ofegante e preocupado. Mesmo
ele parado, a coisa ainda me fazia pular sentada sobre o tampo da maquinha.
— Magno... — Murmurei. E então ele se afastou, seu pau saiu e eu fiquei
sozinha sentada pelada na máquina que bufava e pulava.
— Eita porra, Lavínia! — Ele exclamou, se afastando mais. — O bagulho tá
sério.
— Me tira daqui, Magno! — Berrei segurando nas laterais da máquina. Agora
eu pulava igual num touro mecânico, estava envergonhada de estar pulando
sentada toda pelada parecendo num show bizarro, com tanta fumaça e faíscas
saindo.
— Eu vou morrer, Magno! — Gritei em pânico.
— Vou chamar os bombeiros. — Ele correu pelado, a camisinha ainda no pau.
Quase pisou em Xana, que estava no caminho.
— Magno! — Gritei! — Chamar porra de bombeiro, chama logo o necrotério
para catar meus pedacinhos.
A gata estava sentada me olhando de um local seguro. Mais vergonha ainda de
mim, aqui gritando e pulando pelada na máquina que se prepara para explodir.
Vou matar Magno.
Ele voltou correndo e foi para a outra parede, abriu uma caixinha de energia e
foi desligando todas as chaves.
Eu estava suando frio de puro medo. A coisa parou e ele veio me resgatar.
— Maldita hora que cismou de transar na máquina. — Bati nele.
— Você também é culpada! — Ele segurou minha mão.
E eu era mesmo. coloquei mais roupas que o normal e ainda deixei no
máximo para ver se ela vibrava mais.
— E agora?
— E agora? Local mais seguro. — Arrancou a camisinha do pênis, jogou-a no
chão e me pegou no colo. Automaticamente abracei seu corpo com minhas
pernas ao redor de sua cintura.
— Sofá, agora.
Deitei no meu sofá grande e novo, e estava prontíssima para batizá-lo commeu fabuloso e delicioso Taque de Guerra. Magno vestiu outro preservativo edeitou em cima de mim, se movimentando em gloriosas investidas com seu
quadril e sua bunda grande e musculosa.
Apalpei com as duas mãos, mas ele as tirou, rindo, e as segurou no alto da minha cabeça.
— Magno... Porra!
Ele apenas riu e calou minha boca com um beijo caloroso. Porque ele sabe
que sempre vai me dominar com sua boca gostosa e ainda, combinado com as
arremetidas certeiras de seu pau grande e muito duro, eu estava totalmente
arrebatada.
A cada arremetida eu gemia cada vez mais entregue. Ele me possuía para si,
de uma forma que era impossível querer lutar, eu só queria mais e mais, sentir
seu corpo grande sobre o meu.
Depois ele se sentou no sofá, com as mãos atrás da cabeça me olhando
vidrado enquanto eu controlava a situação cavalgando ora devagar ora muito
forte, usando e abusando.
— Tanque de guerra freado. — Murmurei e curvei para beijá-lo, magno
deixou e, quando olhei sua expressão, eu soube que toquei em seu orgulho.
Em uma virada brusca, me jogou no sofá, me fazendo rir. E montou em mim
com selvageria, segurando minha cintura e se aprofundando forte, muito forte e
delicioso. Seu pau indo e voltando dentro de mim trazia um fogo devastador, me
tocando tão fundo que eu apenas gemia enlouquecida, pirada de tanto prazer, ele
segurou meus cabelos, pegou forte minha cintura e bateu feroz, como prometeu
que faria, me fodendo com urgência. Da maneira que eu precisava, porque eu
queria experimentar tudo dele, desde fazer amor lento até ter um sexo hard tendo
tudo que o dono do Dama de Copas oferecia a suas parceiras.
Nesse instante, era apenas meu.
Quando ele me envolveu com seus braços e mordeu meu pescoço sem parar
os movimentos fortes e rápidos, eu gozei aos gritos segurando apertado a
almofada do sofá.
Os gemidos roucos e espasmos mostraram que ele chegou ao ápice também, e,
por fim, após retirar o preservativo, caiu ofegante de lado me envolvendo no seu
corpo quente.
Decidi que abraçá-lo logo após transarmos era sem dúvida uma das melhores
coisas, perdendo apenas para o sexo em si.
Na cozinha, eu já tinha feito muita coisa. O arroz estava no fogo e o frango no
forno assando, decidi de última hora assá-lo. Terminando de temperar os
legumes, Magno entra na cozinha, só de cueca.
Estava fazendo algumas ligações importantes, foi o tempo necessário para eu
adiantar tudo.
— O cheiro está bom, para quem disse que não costuma cozinhar.
— Sei me virar. Mas não é nada espetacular.
— Não importa. Obrigado por me convidar.
— Por eu aceitar, afinal você se auto convidou.
Ele ri, beija meu ombro e se senta em um banquinho.
— Posso? — Aponta para um pote cheio de biscoitos recheados.
— Claro, fique à vontade. Me viro de costas para ele e minutos depois quando
meu olhar passeia por acaso de soslaio, vejo o que está fazendo. Raspando os
recheios com os dentes e deixando as bandas de lado.
— O que está fazendo? — Tiro o pote de perto dele.
— Comendo?
— Está tirando o recheio dos biscoitos, isso é nojento.
— Primeiro que são bolachas. — Puxa o pote de volta. — E segundo que
essas merdas só servem mesmo o recheio.
— Que bolacha, que nada. Ficou louco? Isso aqui é biscoito. — Pego outro
pote vazio e coloco as bandas que ele raspou. Os outros intactos eu tomo de
volta e guardo.
— Quer escutar um segredo bem coisa de viado? — Pergunta, olhando para
uma maçã de porcelana em suas mãos, que acabou de tirar da fruteira de cristal.
— O quê?
— Eu acho que deveria me afastar de você, mas não estou conseguindo
devido a seu alto teor de delícia.
— Por que acha que deveria afastar?
— Não sei. Não acha que estamos indo para o fundo do poço? Tivemos nossa
primeira briga, já dormimos juntos e agora estamos aqui... Você fazendo
comida...
Termino com os legumes, lavo as mãos e ligo a chapa para grelhar.
— Eu acabei de sair de um relacionamento, o meu mais longo de todos. Dois
anos de namoro.
— Você o conhecia pra valer?
— Não. Mas essa não é a questão. — Espalho os legumes na grelha e me viro
para Magno. — Eu não estou preparada para embarcar em qualquer outro
relacionamento sério e é isso. Pode ficar tranquilo que nada será mais que nosso
trato.
— Eu também não quero problemas na minha vida. E sabemos que mulher é
problema.
— Eu sou um problema?
Ele me olha e dá de ombros.
— Se passar a ser a matriz, sim, será. Nem venha tentar refutar, você saber
que é. Namoradas e esposas são a ruína de um cara.
— Nossa, que tocante! — Ironizo e vou ver o frango e o arroz. — Não se ofenda. Você não se enquadra em nenhuma dessas classes.
— E me enquadro em quê?
— Em foda divertida?
— Ah, cara! Vá se danar e saia da minha casa. — Tiro a luva de forno e jogo
nele. Começo a ficar irritada.
— Ok. Desculpa. Esqueci que não posso falar verdades na sua frente.
— Não pode ser machista na minha frente, ainda mais na minha casa, prestes a
comer a minha comida.
— É uma feminista?
— Sim. Eu sou. — Encaro-o com as duas mãos na cintura.
— Não parece. — Ele me olha de cima a baixo. — É toda feminina e vaidosa,
estava prestes a se casar com um homem e adora rola.
— E o que isso tem a ver? — Ergo uma sobrancelha.
— Bom, feministas geralmente são lésbicas, vestem estranho, têm sovaco
cabeludo e odeiam homens.
Eu gargalho, mas sem vontade de rir. Magno é o pior ignorante. É o ignorante
do boca a boca. Suas convicções são formadas pelo que ele ouve e não pelo que
ele pesquisou saber.
— É triste você opinar por algo que não sabe. Feminismo é apenas lutar por
direitos iguais aos dos homens, independente da aparência de quem está lutando.
Emma Watson, Beyoncé, Megan Markle (a esposa do príncipe Harry), são
exemplos de feministas.
— Direitos iguais. — Ele ri. — Lavínia, me poupe. E o que nós temos a mais
que vocês?
Calmamente me sento ao lado dele no balcão.
— Poder sair na rua sem sofrer assédio? Não ser a maior vítima de
assassinatos por parceiros pelo simples fato de não aceitarem o fim do
relacionamento? Poder ser entrevistado em um emprego sem que o fator “filhos”
seja relevante? Poder usar uma roupa do seu agrado ou ir a algum lugar mais
tarde da noite sem ser julgado?
— Mas nada disso é culpa dos homens. Eu não posso receber a culpa se outros
homens assassinam mulheres. Não acha que fazer uma lei contra todos os
homens é injusto e não igualitário?
— Não é criar lei contra ninguém. É conscientização, é aprender a se
comportar. Você vai ensinar sua filha a sentar corretamente, mas precisa também
ensinar seu filho a não desrespeitar a coleguinha. A sociedade emprega esses
juízos de valores contra a mulher porque é uma sociedade patriarcal, hoje a
mulher negra periférica...
— Já estamos falando de racismo? — Ele me interrompe debochando. — Claro que não. Não é só sobre racismo. O feminismo que eu luto é
diferente da luta de uma mulher branca.
— Pirou?
— Você sabia que a mulher negra está em uma escala abaixo do homem
negro? O modo como a sociedade se importa é: primeiro homens brancos,
depois mulheres brancas, homens negros e, por último, mulheres negras. E se eu
não lutar constantemente por isso, quem vai fazer por mim?
— Essa escala é ridícula. Isso não acontece. — Sacode a cabeça desacreditado
— Quer dizer, pode já ter acontecido...
— Magno, enquanto as mulheres brancas lutavam por direitos iguais, as
negras tinham que lutar em dobro por vir da escravidão, elas eram as
empregadas das brancas, entende? Sem falar da sexualização exacerbada que
colocam sobre as negras. Eu por exemplo, sempre (você nunca vai me ver de
outra forma) sempre me apresento muito comportada porque quero que olhem
minha música e não meu corpo. Por isso que acredito que você me seguia porque
gostava do meu dom e não por minhas pernas, ou sei lá o quê.
— Sim. — Ele concorda e parece chocado com minha revelação. — Não vou
mentir que sempre fui atraído por você, mas sua música hipnotiza, não tenha
dúvidas do quanto maravilhosa você é no que faz.
— Eu não tenho dúvidas, eu ralo muito para estar onde estou. Eu só preciso
de, alguma forma, combater certas atitudes, e mesmo que for uma pequena coisa
eu irei fazer.
— Por isso nunca posou nua. — Ele conclui.
— Jamais. Eu sei que isso vai contra o que eu prego, que a mulher pode fazer
o que quiser, principalmente com seu corpo e não deve ser julgada por isso. Mas
é algo importante. Que me vejam como imponente, poderosa, talentosa acima de
tudo, e não me comprem por uma imagem sexy que não quero vender.
— Você é rica. Não sofre preconceito. Entra onde quiser. — Ele afirma tendo
dúvidas próprias quanto a isso, como se ele torcesse para que eu concordasse.
— Aí que se engana. Dias atrás sofri preconceito no seu clube.
— No meu clube?
— Por ex-amantes suas. E eu não vou choramingar porque não é assim que
enfrento isso. Enfrento com ações e não reclamando.
— Quem foram? O que fizeram?
— Apenas comentários desnecessários no banheiro, por eu estar com o dono
da casa. Mas se quiser tomar providências, não irei contestar. É loira, magra do
peitão e voz enjoativa, tipo anasalada.
— Silvana. Sei quem é. No clube ela não entra mais.
— Tanto faz.
Ele toca minha mão em cima do balcão e, quando nossos olhares se
encontram, Magno sorri amistoso.
— Olha, eu posso ainda ter alguns pensamentos enraizados e tal, mas com certeza irei sair com um aprendizado a mais daqui.
— É o primeiro passo.
— Além do mais, você me deixou duro de tesão. Mulher inteligente é outro nível. Por tudo que sei de você, tenho certeza que é a da pica mais grossa que játive o prazer de conhecer.
— Credo! O quê?
— Pica grossa, pica das galáxias, a dona da porra toda. Entenda como quiser.
— Ele me puxa e me faz sentar no seu colo. — Eu nunca achei que diria isso,mas não quero ainda deixar ir a feminista que gosta de rola.
— Ainda bem que sabe o quanto eu gosto. — Termino dizendo com um beijo nos lábios dele.
Capítulo 36
Magno
Passei o resto do dia com Lavínia. Já mandei minha racionalidade se foder há
muito tempo. Não queria saber se estava me enrascando cada vez mais e que
todas essas novas coisas que eu sentia podiam ser preocupantes. Eu mesmo
estava minando as barreiras que eu mesmo construí com o tempo.
Todavia, não tinha como parar. Eu estava descobrindo que não só o sexo era
gostoso com ela. Conversar, e dormir juntos era excepcionalmente gostoso.
Com a cabeça no meu colo, no sofá, ela contava como começou sua carreira
ocasionalmente. Lavínia veio de escola particular como bolsista e, após um
programa de incentivo do governo para jovens da periferia, ela entrou em uma
escola de música aos treze anos. E desde então não largou mais o violoncelo.
É muito satisfatório ouvir sua história sabendo de como nosso país ainda é
preconceituoso e mesmo assim ela venceu e hoje usa sua posição para dar voz
aos mais necessitados; e eu não tinha consciência disso até ela me relatar vários
casos de abuso e preconceito que já sofreu ou presenciou. Em aeroporto, no
cinema, em festas luxuosas. E sempre se saiu muito bem de todas essas ocasiões.
— E você? Me conte algo sobre sua vida. — Paro de fazer cafuné em seus
cabelos e meneio a cabeça, pensativo.
— Minha vida é isso que você já viu. Vim para o Brasil ainda adolescente e
aqui cresci. Fui para o exército, em seguida me tornei delegado.
Ela senta no sofá, ajeita mechas de cabelo atrás da orelha e, pela animação, sei
que vem uma pergunta íntima.
— Magno, qual é o seu guilty pleasure?
— Quê? Que porra é essa? Marca de roupa?
— Não. — Ela ri. — Em tradução literal quer dizer...
— Prazer culposo?
— Isso. É quando você gosta muito de uma coisa, mas sabe que é contra a
opinião geral. É como saber que é errado gostar, mas você sente prazer gostando
e mantém isso apenas contigo. E aí? Qual é o seu prazer culpado?
Abano a cabeça olhando para a televisão, que passa um filme, mas nós nem
estávamos assistindo.
— Sei lá. Televisão?
— Não. Se você disser que gosta de televisão as pessoas não vão te olharestranho.
— Humn... Camisinha com sabor?
— Claro que não. Você gosta disso?
— Tem razão. Odeio. Sonho em te ver tocando violoncelo só de lingerie, isso
se enquadra?
— O quê? — Ela bate no meu braço. — Tarado. Que tipo de sonho é esse?
— O tipo de sonho que homens costumam ter. Vai realizá-lo para mim?
— Não. Claro que não. Você está desviando do foco. Eu por exemplo amo de
paixão reality; principalmente aqueles loucos de consertar casas e arrumar
pessoas. Eu sou apaixonada por esse tipo de programa de entretenimento barato.
Amo Big Brother, De Férias Com o Ex...
— Puta que pariu. Verdade?
— Sim. Costumava brigar com Felipe para assistir. Às vezes eu passo o dia só
assistindo episódios que perdi, pela internet. É como meu vício, sinto prazer
vendo, mas sei que se eu falar as pessoas vão me olhar com essa cara que você
está fazendo, então eu amo reality em segredo.
Na verdade, eu tenho um que guardo debaixo de sete chaves. Apenas meus
irmãos sabem e quase levei uma surra do meu pai porque ele descobriu uma vez
e duvidou da minha sexualidade por causa disso. Desde então passo a amar em
segredo. Lorenzo já até tentou contar, mas ninguém acredita que o irmão mais
macho possa gostar disso.
— Bom... — Sorrio para ela.
— Ai, meu Deus! Você tem um. — Ela estala os dedos ansiosa. — E pela sua
cara é bem cabeludo, não sei se estou preparada para ouvir.
— Não envolve sexo.
— Não?
Me levanto e fico na frente dela. Estou apenas de cueca desde mais cedo
quando transamos. Depois do almoço deitamos para assistir e aqui estamos.
— Vou dar uma dica e você vai saber logo.
Lavínia, em suspense, está com as mãos no rosto apreensiva.
Aponto para ela e começo a cantar: — Life is a Mystery | everyone must stand
alone|
I hear you call my name | And it feels like home...
É “Like a prayer”, de Madonna, a rainha da música que curto pra cacete desde
os meus quatorze anos.
— Madonna? — Lavínia berra incrédula.
Mexendo minha cintura dura, continuo cantando essa que é a música dela que
mais curto.
— Não acredito. Meu Deus, isso só pode ser realidade paralela. Você, o dono
do Dama de Copas, o tanque de guerra mais machão...
— Madonna é meu prazer culposo. — Paro de cantar para confessar.
— Como isso aconteceu? Em que momento? — Lavínia está incredulamente
extasiada.
— Não sei. O Lorenzo estava passando por um momento difícil e eu vivia em
meu quarto ouvindo música para tentar fugir daquilo tudo. Foi uma época difícil
para a gente.
— Ai, Magno, que triste. Mas que bom que a rainha do pop possa de alguma
forma ter te ajudado.
— Sim, ela ajudou. Sem saber, mas ajudou. Em tempos sem internet, eu a
ouvia em um rádio e essa música específica, “Like a prayer”, me encantou por
causa da letra. Eu achava que nunca mais viria meu irmão... e eu... bom, foi
isso... além do mais nos anos 90 ela era uma gata.
Lavínia mantém a expressão de pena por segundos estampando seus olhos
esverdeados. Em seguida sorri notando que eu não quero continuar com esse
assunto.
— Então, o que eu cantar de Madonna...
— Eu saberei completar.
Ela fica de pé no sofá e começa a cantar o refrão de “La isla bonita”:
Tropical the island breeze
All of nature wild and free
3
Imediatamente recebo-a em meus braços e completo:
This is where I long to be
La isla bonita
4
No tapete felpudo de Lavínia, nos abraçamos e, em ritmo de tango, pernas
entre pernas, mão em sua cintura e rostos próximos, ela ria animada com a
situação e eu mantinha uma encenável expressão séria. Sem música, guio
Lavínia pela sala no pouco que sei desse tipo de dança. Não sou como o
Amadeo, que é mestre em paso doble.
Ela prossegue no refrão de “La isla bonita” sem perder o passo, deixando que
eu a leve em tudo que aprendi com minha cultura espanhola.
Giro Lavínia e a aparo deixando-a curvada com a cabeça quase no chão,
levanto-a passando minha mão pela sua coxa, bunda e seios. Ela usa pouca
roupa, como eu. Veste apenas uma camiseta com calcinha.
Ela se vira remexendo, continua a cantar a música de Madonna, junto comigo,
e me abraça por trás passando a mão no meu peito e cantando baixinho no meu
ouvido. Ela sabe que fiquei de pau duro e, ainda me abraçando por trás, desliza
as mãos para baixo afundando de leve os dedos na minha cueca. Levo a mão
para trás e seguro seus cabelos, quando me viro, abraço-a e canto um refrão em
espanhol que um cantor mexicano adaptou certa vez:
“Yo quiero estar donde el sol toca cielo
Cuando es hora de siesta tu los puedes ver pasar
Cara tan bellas, si, y no importa nada...”
Antes de eu terminar, ela berra batendo palmas e pula no meu colo me
obrigando a segurá-la.
— Meu Deus. Você cantando em espanhol é um tesão absurdo. Estou toda
molhada.
— Conte uma novidade, não pode ver meu pau que já se molha toda. Se
controle, garota.
— Safado. Tira logo essa cueca e vamos para o sofá, e por favor só use
palavras em espanhol.
— Carajo. Quiero mucho comer tu culo.
— Gana. — Ela responde em espanhol e eu gargalho. Por que essa única
palavra que dizer algo como: “faça por merecer”, “ganhe de alguma forma o
direito de comer.”
— Tenha certeza que serei o único merecedor desse rabo. — Rindo, ela cobre
minha boca com a sua e seus dedos já fazem a festa dentro da minha cueca.
À noite, aceitei o convite dela para irmos a uma balada que ela quer conhecer,
mas nem eu nunca ouvi falar. E olha que conheço todas as baladas mais tops do
Rio. Essa parece papa fina. Fica em Copacabana e se chama O Cata-Vento.
Com uma calça skinny, camisa preta de botão que deixa meus braços à mostra
e botas em couro marrom, fui aprovado por Lavínia quando abriu a porta de sua
casa.
Eu passei o dia no bem bom, logo cedo saí correndo da empresa ao ver a
mensagem de desculpas dela e só gritei para Romeo que estava cagando nas
calças. Depois ele me ligou, eu estava almoçando com Lavínia e tive que dizer
que tinha acabado de perder o cu no banheiro, por causa da diarreia brava.
Ele disse que iria pedir à Vilma para ir me ver e, para ter um álibi, liguei para
ela e pedi para me cobrir. Ela se prontificou no mesmo instante quando disse que
estava com Lavínia.
Quando chegamos na tal boate, eu já notei que tinha algo estranho, não sabia o
que era, mas meus instintos diziam para correr dali. Lavínia estava muito
decidida a fazer-me entrar logo. Ela me puxou pela mão e largou na frente sem
me dar opção de analisar mais um pouco.
A fachada era chamativa. Uma construção de dois andares com um gigantesco
cata-vento colorido feito com luzes de neon.
Ela apenas piscou para o segurança e esse a deixou entrar numa boa,
contrariando as pessoas que estavam na fila esperando liberar passagem. Notei que havia muitos homens, na verdade a maioria na fila são homens.
Lá dentro a coisa era bem mais estranha. Diferente das boates que costumo ir.
Logo na entrada, uma parede toda com um arco-íris colorido e lustres
gigantescos.
As poltronas eram pretas e outras lilás e os bares com luzes neon coloridas. E
foi para lá que caminhamos diretamente.
— Que lugar é esse?
— Um lugar que gosto de vir com Pedro.
— O quê?
Olho em volta e para minha surpresa, ou nem tanto, eu estou sendo alvo de
muitos olhares gulosos. Eu até ficaria bem se fossem mulheres, mas são um
monte de homens tendo pensamentos libidinosos ao olharem para mim.
— Que porra de lugar é esse?
Lavínia desiste de tentar mascarar e confessa o que no fundo eu já sabia:
— É uma boate gay.
— Como é que é? Por que trouxe aqui? Você perdeu o juízo, cacete?
— Ei, olha como fala comigo. — Ela segura forte minha camisa. — O que
tem? Não me levou à casa de seus irmãos sem eu saber?
— É a casa dos meus irmãos, casa de família. Família de bem.
— E esse pessoal aqui não é de bem?
Sem querer olhar em volta, fuzilo com um olhar ácido os seus olhos.
— Você está errando muito em comparar minha família com esse tipo de
gente. — Viro as costas para sair, mas ela entra na minha frente.
— Como assim, “esse tipo de gente?”
— Quer saber? Eu não quero discutir minhas opiniões aqui, em um lugar que
posso ser facilmente agredido.
— Ok. Tudo bem. Eu também não quero discutir. Mas o que custa você ficar
um pouco? Eu te trouxe porque hoje tivemos uma conversa bem produtiva sobre
minorias e preconceitos, essa ideia me veio e...
— Ideia ridícula, Lavínia. Eu sou hétero, porra. Olha para mim e veja se
combino com isso aqui?
— Tá. Eu sei. — Ela segura meu corpo, como se impedisse que eu pudesse
partir — Eu só queria que visse com seus próprios olhos que são pessoas iguais a
nós.
— Nem você acredita nisso. Olha os caras se beijando lá em cima, como isso
pode ser igual?
— E você não beija?
— Homens não.
— Eu quero entender o que isso ali tem a ver de tão absurdo assim que possa fazer algum mal para sua vida.
— Não faz nada contra mim.
— Então por que se importa? Por que essa revolta se aquilo não te atinge
direta ou indiretamente?
Olho mais uma vez para os caras na parte de cima conversando, rindo, e volta
e meia dando um selinho um no outro. Afasto o olhar e faço um gesto negando.
Ela toca meu rosto e me faz olhá-la.
— Me admira o fato de você ser tão entendido em tudo sobre sexo, ser dono
de um clube específico para isso, onde entra todo tipo de gente, e agora está todo
encrespado. Eu não esperava que fosse tão mente fechada em relação a isso.
— Venha. — Sento em um banquinho e trago-a para se sentar ao meu lado. O
barman me olha com desejo e, após rolar os olhos irritado, peço uma cerveja.
Lavínia pede um drinque. — Não sou tão ignorante em relação a sexualidade
alheia, eu só não me sinto legal de estar em um lugar que não vai sobrar nada
para mim.
— Eu entendo. — Ela diz.
— No clube temos espaço para todo tipo de gente, como você falou, e se eu
fosse um ignorante preconceituoso vetaria isso. Eu só não gostei da surpresa
desagradável.
O lábio dela, bem vermelho, curva para cima em um sorriso sardônico.
— Não gosta que os caras te comam com os olhos, não é?
— Claro que não.
— É o que nós mulheres sentimos às vezes. E quando não queremos ser
colocadas como um objeto sexual, alguns dizem que é mimimi, frescura.
Minha cerveja chega e a recebo junto com uma piscadinha do barman. Tomo
um gole demorado.
— Estou me sentindo uma boa moça em um bar de machões. — Digo fazendo
Lavínia gargalhar.
— Você é gostoso, sua masculinidade aflora por cada poro de seu corpo e isso
atiça muito essas pessoas a nossa volta. — Ela dá um gole no seu drinque e em
seguida cochicha: — E ele é gatinho. Aponta sutilmente para o barman.
— Ah, vá se lascar.
— Olá! — Olhamos juntos para o lado vendo um rapaz chegar.
— Tem boceta? Não, né? Pois é disso que gosto. — Respondo rudemente. O
rapaz barbudinho fica perplexo e só então parece ver Lavínia do meu lado.
Revira os olhos e se afasta dizendo:
— Sabia que era gostoso demais para ser verdade.
— Estou me sentindo como uma safada com vestido curto, sendo assediada.
— Ah, cala a boca. — Ela ri e se levanta me puxando. — Venha, antes de dar o fora daqui quero te exibir na pista de dança para as pocs sedentas da boate.
— Poc? Que porra é essa?
— Nova forma empática de se referir aos gays, principalmente no mundo
digital.
— Não vou dançar. Isso é o quê? Lady Gaga?
— Jeniffer Lopez. Venha.
Ela me leva para a pista de dança e passa os braços no meu pescoço dançando
devagar.
Não olho em volta mas posso sentir o olhar das tais pocs em cima de mim.
— Tem cada gatão por aqui. É como no seu clube, vi uns funcionários que
Deus me defenda, de tão lindos.
Isso me irrita em um grau que eu nunca achei que pudesse atingir.
— Você poderia ser um pouco mais contida? Deveria tentar passar boa
impressão, já que é uma mulher elegante, inteligente e...
Ela coloca o dedo na minha boca e beija em seguida.
— E eu tenho cara de impressora para passar boa impressão? Que se dane. Eu
gosto mesmo de homens. — Aproxima mais e cochicha perto do meu ouvido: —
Na verdade, sou viciada em rola. Amo mais que chocolate.
— Não tem necessidade de falar de outros. Você tem um aqui bem na sua
frente e que tem uma rola demoníaca de tão boa.
— É. Eu tenho. — Ela me beija momentaneamente e, quando eu já estava
relaxando em estar nesse lugar, Lavínia se afasta me fazendo ficar apreensivo
com seu sorriso malandro.
— Fique aqui.
— O quê?
— Um segundo. — Ela corre em direção ao DJ, fala algo com ele e parece
que é prontamente atendida. Uma música começa, voz de mulher. Pode ser
qualquer uma dessas divas do pop, menos Madonna, pois eu conheceria.
Lavínia dá alguns passos para o meio da pista e grita para todos que voltaram
a atenção a essa música específica:
— Ei, pocs, venham performar Lady Gaga!
Vários atendem ao pedido dela e a pista vai se enchendo, mas dançando de
uma maneira organizada como se seguissem uma coreografia. Eu continuo no
mesmo lugar, paralisado observando-a conduzir na dança um bocado de veados.
Mesmo com saltos imenso e uma saia que vai até os joelhos, Lavínia consegue
fazer os passos ritmados. Seu corpo move com leveza sem deixar de cantar com
Lady Gaga:
I’m beautiful in my way
‘cause god makes no mistakes
I’m on the right track baby
I was born this way
5
Sua energia contagia todos e em um instante a pista de dança está lotada com
o povo dançando e cantando em alta voz.
Sinto meus olhos brilharem sem conseguir desviar a atenção dela.
E nesse momento, justo nesse lugar, eu me dou conta que perdi a batalha. Que
tudo que um dia eu disse que jamais aconteceria comigo acabou de acontecer.
Embasbacado, vendo-a dançar, aceito que acabou para mim. Ela me nocauteou e
estou prostrado por ela.
Paixão?
Eu não conhecia, e por isso jurava que jamais iria sentir o que Lorenzo e
Romeo sentiram. Olho para o chão, assustado com minha descoberta e tenho
uma leve tontura, porque um dia eu achava que teria que me matar se por acaso
sentisse vestígio de paixão, mas agora, quando enfim eu a sinto pela mulher mais
bela, forte e maravilhosa que conheci, quero sentir a dita paixão por cada
momento de meus dias futuros.
Eu queria me virar e correr porque o lugar estava me deixando tão boiola com
esses pensamentos, mas Lavínia veio, segurou meu rosto com as mãos sem parar
de cantar.
— Se fodeu, Lavínia Torres! — Gritei para ela acima da música.
— O quê?
— Se fodeu! Você é minha.
— Que caralho é...
— Bico fechado. Sem chance. — Prendi-a em meus braços e a beijei com
todo furor que eu sentia pulsando em minhas veias como altas doses de
adrenalina. Ela agarrou forte meu corpo e correspondeu imediatamente.
Esse seria meu novo segredo obscuro: O fato de eu ter aceitado comigo
mesmo continuar alimentando nossos sentimentos e emoções, estando no lugar
mais impensável para mim: no meio de dezenas de gays dançando “Born this
way”, da Lady Gaga.
Continua amanhã
Amei esse conto tá viciante
ResponderExcluirJá era senhor tanquinho ❤️
ResponderExcluirMaravilhoso, o Tanque foi nocauteado....
ResponderExcluirAmando
ResponderExcluirEsses dois pegam fogo
ResponderExcluirEitaaa 🤐
ResponderExcluirEita que o homem foi laçado!
ResponderExcluirAmei muito e viva os embocetados
ResponderExcluirUau,e agora ? Vai da a bunda como falou, por isso nunca podemos sair falando besteira, é escravoceta sim! Relaxa e aceita que dói menos 🤣🤣🤣❤
ResponderExcluirPerfeito...que momento mágico 👌👏👏👏👏🥰🥰🥰🥰❤...amando
ResponderExcluirAgora Magno se ferrou, vai se casar com direito a vários filhos
ResponderExcluir😁😁😁😁
ResponderExcluirUau , o magnânimo agora virou escraboceta .Que delícia de conto. Amando.
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