Conto Erótico - Amante Secreto - Capítulos 28, 29 e 30

🥃🎻 Amante Secreto 🎻🥃
Livro 3 da Série Anônimos Obscenos

Capítulo 28
Magno
— Acha que Pedro vai querer me matar? — É a primeira coisa que Lavínia diz
após minutos calada, descansando pelo sexo selvagem que acabamos de fazer.
Mais uma vez estamos no clube, e eu me pergunto como estou deixando isso
acontecer. Como estou agindo dessa forma perdendo o controle de minha vida
tão metodicamente planejada.
Como eu pude me resumir a um cara que passa seu tempo desejando transar
com uma única mulher?
Meu amigo da Polícia Federal me ajudou no equipamento. Agora tem um
rastreador no celular dela, é do tamanho de um grão de arroz; abri a tampa de
trás e o coloquei. Por que inferno eu fui colocar rastreador em uma mulher? Olha
em que me resumi: em um projeto de Lorenzo e Romeo, que viveram seus dias
atrás de mulher até se tornarem dois escravocetas.
Cara, estou usando material de inteligência, com transmissão para meu
celular, apenas para saber os passos de Lavínia.
Olho para ela do meu lado.
— Claro que não. — Respondo, mas minha mente continua em debate: estar
com ela é bom. É muito gostoso. A presença dela me faz querer ficar aqui
deitado, apenas. Quando eu fiquei apenas deitado em uma cama com uma
mulher, sem que a ocasião fosse sexo? Nunca.
— Eu só aceitei, e a Isabelle também, porque sabemos que ele precisa de
alguém que o entenda. Se esse cara conseguir fazer Pedro mudar de ideia, estará
salvando a vida dele.
— Creio que ele não vai magoar seu amigo. Fique tranquila. — Lavínia vira o
rosto e me olha, sorrindo. Olha para meu pau e morde o lábio.
— O que foi? Já quer a segunda rodada?
Ela ri e se vira apoiando a cabeça no cotovelo.
— O que de mais estranho você já fez? No sexo.
Penso um pouco, na minha vida sexualmente ativa desde muito cedo. Já fiz
coisas impensáveis para muita gente.
— Muita gente consideraria o bukake algo estranho.
— Vários homens gozando na cara de uma mulher? — Ela se mostra ciente da
expressão.
— Isso. Mas para mim, como homem, o mais estranho que eu aceitei fazer foi trombone.
— Como é que é? — Lavínia se senta na cama, um sorriso misto de surpresa e
choque estampa seu rosto. — Me conta que merda é essa?
— Funciona assim: o cara fica de quatro, a mulher ajoelha atrás, dá um beijo
grego enquanto por baixo a mão dela punheta o pau dele. O movimento se
parece com o de uma pessoa tocando trombone.
Primeiro ela joga o rosto para cima e gargalha. Eu apenas sorrio vendo-a rir.
Em seguida vem a perplexidade.
— Credo! Você fez isso?
— Uma única vez. Ela tinha tesão por cu.
— Você não deixa eu tocar na sua bunda, mas deixou alguém beijar seu cu?
Que nojo!
— Azar o dela, ué. E sorte que naquele dia eu não tinha comido uma boa
feijoada.
— Que nojo! Seu porco. — Ela até tampa o nariz como se pudesse sentir
algum odor. — Como é a experiência? — Não consegue conter a curiosidade.
Com as mãos atrás da cabeça, olhando-a me divirto com suas expressões.
— Ninguém nunca beijou seu cu para você saber?
— Não. Claro que não. Como foi?
— Ah, sei lá. É estranho. A língua molhada passando nas pregas. Meu cu
piscou, parecia que queria beijar a boca dela de volta.
— Meu Deus! Que nojooo! — Lavínia grita de novo tampando o rosto com as
duas mãos.
— É algo que não quero repetir.
— E algo que não quero mais ouvir. — Depois de suspirar se recompondo, ela senta sobre as pernas me olhando atenta. — Me conte mais coisas que acontecem aqui.
Agora eu virei a porra de um contador de casos.
— Bom... gosto muito do salão de confraternização. Falando em cu, algo que você deveria experimentar é a dupla penetração. Levo a mulher às nuvens.
— Não sei... — Ela enrola os cabelos no dedo. — Tenho medo de coisas na minha porta dos fundos. — Corre os olhos novamente para meu pau e analisa mais de perto como se procurasse algo. — Todavia, escutei coisas sobre homens com piercing no pênis. Você nunca quis colocar um?
— Deus que me defenda de uma miséria dessa. — Tampo meu pau com a mão como se o protegesse — Deixar furar meu pau? Essa coisa pode inflamar e eu perder meu bem mais precioso...
— Deixa de drama. Muitos homens fazem...
— Eu não faço. Está louca? Deixaria furar sua boceta? Deus me deu a piroca perfeita. Pra que vou mexer nela, judiar da coitadinha?
— Tosco. Eu conheci uma amiga, na Rússia, que tinha tesão por pés de homem e saco. Ela já teve um orgasmo chupando o saco de um homem. Foi a obsessão mais estranha que já vi.
— Normal. Se ela visse o meu iria babar. Olha só. — Apalpo minhas bolas. —
São perfeitas, grandes, uma obra de arte.
Lavínia revira os olhos diante da minha exibição.
— Você sabia que tem pessoas, é mais comum na área homossexual, têm tesão por axilas?
— Como é que é? — Ela torna a se pasmar.
— Sim. Elas levantam o braço dos caras e lambem. Já presenciei coisas aqui dentro que é difícil de expressar.
— Estou chocada. Acho isso bem estanho. Eu tenho tesão por bunda de homem, e peitoral, como o seu. Mas não chego a esse nível de perversão.Ela volta a deitar ao meu lado, eu pego outro preservativo e balanço perto do seu rosto.
— Que tal mostrar o quanto sente tesão por mim? — Passo minha mão entre a s pernas dela e cochicho: — Essa boceta gulosa precisa de punição. Pauladas.Lavínia ri, puxa meu rosto e me beija de leve.
— Vamos ver se você consegue ser melhor que a primeira. Você está se superando.
— Eu sei. — Falo orgulhosamente, o elogio dela me eleva.
— Se tivesse um baseado para quando terminarmos essa segunda rodada...
— É uma maconheira?
— Não. Namorei um nerd maconheiro e ele tinha esse costume. Depois dosexo é o melhor momento. Apenas umas duas tragadas. Nada mais.Tudo isso que ela disse lateja na minha mente: “Namorei um nerd”. Eu sei, elaé uma mulher vivida e viajada, já tem trinta anos. Não poderia esperar queLavínia Torres fosse virgem.
— Qual o seu número? — Pergunto desinteressadamente, como quem não
quer nada. Viro o pescoço e ela também. Enruga a testa como se não tivesse entendido.
— Número? De quê? Telefone? Você já tem.
— Não. Número de namorados.
Ela volta a olhar para frente. Sua mão na minha perna fazendo uma leve carícia bem acima na coxa quase perto do meu saco.
— Ah, sei lá. — Volta a me fitar. — Namorado sério ou vale qualquer transa?
— Como assim? Teve sérios e transas?
— Claro né, Magno? Eu vivia viajando, não dá para ter muitos namorados sérios.
— Quantos? — Agora a apreensão tampa minha garganta.
— Bom, eu sou bem seletiva. Gosto de caras que me chamam a atenção.Como eu disse, tenho tesão por bunda e peitoral. São as características que me fazem querer o homem. Compromisso mesmo com pouquíssimos. Apenas dois.Mas podemos arredondar esse número para vinte, talvez.
— O quê?! — Dou um grito e me sento aterrorizado.
— Ah, tá. Com você são vinte e um.
— Transou com vinte homens?! — Eu não devia estar tão pasmo, mas, de alguma forma, ouvir isso não me faz bem.
— Separadamente. Em momentos diferentes da vida. — Ela explica com simplicidade. — Talvez fique pensando que foi com os vinte de uma vez. Não sou tão guerreira assim.
— Eu entendi, Lavínia. — Interrompo-a rudemente. — Isso é um absurdo.
Você quer levar o nome de vadia?
— Por quê? — Ela se senta me olhando feio. — Você por acaso leva nome de vadia?
— Não.
— Então por que eu que transei bem menos que você posso ser considerada uma vadia?
— Porque mulheres não fazem sexo com vinte homens ao longo da vida. Uma mulher deve se resguardar, ser delicada e reservada.
— As mulheres que você conhece. As tolas que não aproveitam a vida.Mulher pode ser delicada e reservada, mas transa com quem quiser. — Ela se levanta depressa e começa a catar a roupa pelo quarto.
— Aonde vai?
— Você está sendo machista, não importa que tenha um pau delicioso, odeio
machismo. — Veste a calcinha e sutiã na velocidade da luz. — Vou dar o fora.
— Ah, já vem com essa merda de frescura pra cá. Machismo de cu é rola. Eu estou sendo verdadeiro, Lavínia. É o que todo mundo pensa. Ninguém respeita mulheres rodadas, os caras querem só comer e se divertir. Acha que algum homem vai querer uma mulher que já transou com mais de dez caras como namorada ou esposa? — Acabo de falar e me arrependo instantaneamente assim que dois olhos de onça viram para mim. Eita caralho, a mulher virou um bicho!
— Ah, é assim? Então vá ao convento procurar as noviças virgens. Estou pulando fora. Eu posso ficar com quem quiser, eu sou Lavínia Torres, eu posso apresentar o homem que eu quiser para minha família. Não nasci para ser troféu de macho exibir para mamãezinha. Vá se danar.Ela calça os sapatos, amarra rápido os cabelos e pega o vestido.Esfrego as mãos no rosto. Nessa altura, se fosse com qualquer outra nem teria uma frase de discussão, eu já estaria chutando-a do quarto. Mas ver Lavínia se vestir me causa um troço dentro do estômago que qualquer um com sensibilidade diria que é pânico.Pulo da cama e a seguro.
— Tá, ok. — Engulo saliva, e preparo para dizer algo que nunca falei a mulher alguma: — Desculpa. Para, fique mais um pouco.
— Por quê? Eu só sirvo para sua diversão, não é?
— Não. Não seja injusta. Nós dois chegamos a uma conclusão que seria apenas prazer. Assim como eu estou aqui apenas para seu deleite, sua diversão.
— Tão bonito e tão mente pequena. — Ela dá um tapinha no meu rosto e se afasta.
— Eu não fui correto na minha fala.
Ela veste o vestido e vai para a frente do espelho.
— Tá, eu não penso isso de você especificamente. — Continuo tentando convencer.
— Por que não? — Vira bruscamente para mim — Sou mulher que já transou com mais de dez. Ou não pensa isso de mim porque eu sou rica? Deixasse a negona aqui ser atendente de supermercado. Eu estaria agora chutada desse quarto. Isso se eu ao menos entrasse nele.
— Você está sendo dramática sem motivo. Eu nem falei nada de cor ou raça.
— Mas eu falei.
— Ah! Vai se danar, Lavínia. Isso não tem nada a ver. Estamos aqui de boa,nos divertindo.Ela termina de se vestir, pega a bolsa e me dá um rápido beijo nos lábios.
— Expanda mais sua mente em relação às mulheres, ou então comece a transar com homens.
— Lavínia! Para com isso, volte aqui.
— Não me ligue, Magno. Minha raiva demora vinte e quatro horas para passar. — Ela grita, bate a porta e me deixa sozinho, pelado no meio do quarto.
Trinta e dois anos? É sério que essa é mesmo a idade desse cara que está chegando de bico na empresa? Eu estou muito doente para quase perder a noite toda pensando em uma mulher. Uma não, duas, porque desde que Lavínia está causando emoções estranhas em mim, lembranças do meu passado estão sendo desenterradas, para meu desgosto.A bela jovem de cabelos dourados que um dia me encantou e que pisoteou nos meus sentimentos em seguida começou a, do nada, voltar para brigar por espaço com Lavínia.Lavínia está em minha mente desde que a vi em um vídeo na internet, por acaso, anos atrás. E desde então não fazia outra coisa senão desejar essa mulher em minha cama.Ela não é alguém que chegou do nada e está roubando atenção do cara mais desejado dessa cidade, modéstia à parte. Ela cultivou, inconscientemente, isso aos poucos, me fazendo ter desejo, quebrando minhas barreiras mesmo sem estar perto de mim.Já a Anne é uma lembrança antiga e quase vaga, trazendo em mim o melhor e o pior momento da minha juventude. Foi com ela que aprendi a me tornar fechado, e a ver que mulheres não passam de instrumentos criados para aniquilar homens. Desde Anne, não dei mais valor a uma mulher. Porque era como se ela tivesse levado tudo que me fazia sentir emoções. Por muito tempo, desejei poder vê-la mais uma vez. E no minuto seguinte me arrependia de estar desejando algo tão descabido.Sentado na minha cadeira em minha sala, com o olhar paralisado na tela do computador, eu volto a anos atrás deparando com a cena do casamento. El aestava linda, descia de um carro branco, vestida como uma princesa, tão
novinha...
Ela me viu, trocamos um olhar, mas sua reação foi frieza. Anne escolhera avida boa com um homem rico a um jovem soldado. Foi uma das poucas vezes que chorei, e jurei ali nunca mais ser mole com mulher.Abano a cabeça, tentando afugentar esses pensamentos. Empurro as bolachas recheadas de lado e vejo minha agenda; decido focar no trabalho depois de pedira minha secretária que me traga café forte.No almoço, eu acabo sozinho no restaurante, porque os caras foram comer com a família. Eu gostaria de ter todo o controle que tive ao mandar para fora de minha vida centenas de mulheres que já comi.Todavia, a única força que eu fazia na minha sala depois do almoço foi tentar controlar a vontade de pegar o celular e checar o rastreador de Lavínia.Todas as mulheres fazem o que eu quero. Consigo facilmente manipula-las,mas ser contrariado é um porre. Revoltado por ela ser tão megera, pego meu celular e olho.Está em um ponto perto da casa dos pais. Fico olhando o ponto piscando no mapa.Deixo o celular de lado e durmo um pouco.Eu não tive mais notícia de Lavínia no resto do dia e pelo resto da semana.Não ia ficar me humilhando atrás de rabo de saia. No clube, pretendentes não me faltaram. Eu até tentei, coloquei uma delícia da natureza para me mamar, mas na minha mente rebatia que eu não tinha palavra. Não era uma questão de fidelidade conjugal, era um trato que eu tinha feito com Lavínia e como homem deveria honrar minha palavra. Eu posso ser tudo, menos um filho da puta falso.Um trato é um trato. Foi minha palavra dada. Se quero comer outra, preciso antes avisá-la.Subi minhas calças e mandei-a vazar do meu quarto, contra a vontade da moça que tinha ficado muito eufórica por ter sido escolhida por mim. Quem não ficaria?
Mesmo sem tentar um contato com a violoncelista jararaca, eu a vigiei pelo celular. O ponto vermelho no mapa me mostrou aonde ela tinha ido todos os dias. E agora ele para todo dia à noite em um endereço próximo à casa dos pais dela, o que me faz acreditar que é sua nova casa.Sexta e sábado são dias de curtir.Geralmente esses dias têm coisas especiais no clube. Hoje por exemplo, no sábado, é uma festa especial branca. Onde todos vêm de roupas brancas. Os convites são enviados formalmente, com antecedência para os membros.
— Tudo certo por aqui? — Pergunto a Daniel, que se encontra próximo ao bar. Olho em volta no salão ornamentado com puro luxo. Tudo branco.
— Tudo certo.
— O andar superior só será aberto após as onze, certo?
— Sim. — Ele olha além de mim e franze a testa me encarando. — Nenhuma gata colada em você essa noite? Geralmente era para ter fila.
— Mais tarde. Por enquanto só estou administrando.
E criando expectativas.
— Ou até uma certa gata selvagem aparecer?
— Ela vem? Convidou-a?
— Sim. Ela se tornou um membro do clube e deve ter recebido convite.
Eu deveria estar respirando euforicamente como se tivesse recebido a melhor notícia? Não deveria. Mas por que a porra de cada parte do meu corpo se manifesta sem minha vontade? Eu quero estar com raiva de Lavínia, eu não quero permitir que ela me coloque nessa posição abaixo dela, porque eu não sou.Mas basta ouvir menção do seu nome que o burro do meu pau já se baba todo,
como um fraco perdedor.
Aperto-o nas calças e falo com Daniel:
— Fique de olho.
Volto a circular entre os convidados, cumprimentando uns, conversando com outros. Meus irmãos deveriam me agradecer por manter amizade com figurões do estado inteiro. Grande parte de nossos aliados nos negócios frequenta meuclube, nem que seja para beber, apenas.
— Magno. — Me viro e me surpreendo com Amadeo na minha frente.
— O que está fazendo aqui? Sozinho. — Olho para os lados procurando Kate.
— Sim. A Katherine está em la casa do Romeo, só estoy dando una passadinha. — Ele olha ao redor e dá de ombros. — Não sabia que era festa hoje.
— Sim, é. Traje branco, você pode dar o fora. — Ele olha para o jeans, tênis e camisa polo.
— Hombre, acabamos de chegar de viagem e usted nem vai perguntar como
estão papá y mamá?
— Como estão os tios?
— Bien. Gostaram pra valer da Katherine.
— Quem não gosta dela, não é mesmo?
Eu ia levá-lo ao bar para tomarmos alguma coisa juntos. Posso falar da boca pra fora, mas não nego que estava com saudades desse filho da mãe.Todavia, antes de eu dizer, vejo a esplêndida visão do paraíso. Ela acaba de chegar. O vestido branco modela seu corpão deleitoso. Seus quadris estão mais evidentes e há um decote discreto cavado mostrando a curva dos seios. Os cabelos soltos, caído em cascatas onduladas.Lavínia me vê e, como se estivesse em uma passarela, vem desfilando, sua perna saindo da fenda na lateral do vestido longo enquanto caminha. Eu queria ordenar em alto e bom som para os babacas pararem de olhar para ela.Parece loucura, mas eu queria que somente eu pudesse admirá-la.
— Boa noite. — Me cumprimenta e olha interessada para Amadeo. Ele a olha com um pouco de comedimento. Típico de homens recém-casados quem temem algum deslize.
— Boa noite. Ah, esse é meu primo, Amadeo. Ele está de saída.
— No, me gustaria de...
— Xiu. Você precisa ir, querido primo. Depois marcamos de nos encontrar.
— Lavínia. — Ela me ignora e estende a mão para ele. Posso ver como tem mãos bonitas, unhas médias e bem-feitas com esmalte vermelho.
— Que guapa! Meu primo sempre escolhe lo mejor.
— Obrigada. Adorei seu sotaque. Espanha?
— Sim.
— Eu também tenho sotaque. — Digo parecendo um menino de onze anos
tentando impressionar a garotinha bela da escola. — De todos nós, meu irmão caçula é o que menos tem.
— Si, pero no tan evidente como el mío. — Amadeo se vangloria.
— Mas não deixa de ser tão charmoso quanto. — Lavínia diz, pisca para mime meu coração dá um triplo mortal carpado. Por ter ganhado um elogio. Que espécie de homem estou me tornando que sinto isso por causa de um elogio?
Logo eu que reinava andando sobre elogios.Consegui fazer Amadeo ir embora e volto para Lavínia.
— O que está fazendo aqui?
— Ah, Magno. Essa pergunta de novo? Não é óbvio? Vim me divertir. — Ela envolve meu braço com a mão.
— Achei que estava furiosa comigo.
— Não mais. Você vai ter que dar o melhor de si para me deixar bem calminha. — Inclina para perto do meu ouvido e sussurra: — E isso inclui transar selvagemente, mais tarde.
Minha nuca se arrepia toda.Sorrio para ela e devolvo: — Espero que tenha vindo preparada. Essa noite te deixo moída

Capítulo 29
Lavínia
— Me conte algo sobre você. — Peço assim que nossas bebidas chegam. Seu
olhar para mim é confuso por segundos até se tranquilizar. Ele dá de ombros.
— Já fui delegado.
— Sério? Mas e aí? Por que saiu? Não cometeu algo ruim, não é?
— Não. Não fui expulso, pedi conta. Foi bem na época que meu pai faleceu e
deixou a empresa à beira do abismo. Tive que me juntar a meus irmãos. Foi uma
escolha difícil, mas necessária.
Ele dá um gole demorado escondendo seu rosto e sei que ele evita mostrar o
que sente. Assim que ele descruza as pernas e mexe o uísque com o dedo, bem
pensativo, eu tento quebrar o gelo:
— Fiquei com tesão querendo te ver em uma farda.
— Posso providenciar isso. — Pela expressão safada, eu tive certeza que era
pura verdade. Ele poderia sim aparecer diante de mim de farda e me matar de
delírio. — Me conte algo sobre você. — Agora ele pede.
— Não sei...
— Qualquer coisa.
— Sou viciada em comida. Acho que entre flores ou comida, prefiro ganhar
coxinhas.
Ele ri, vidrado em meus olhos.
— Se eu te der coxinhas então...
— Já me ganha cinquenta por cento.
— Bom saber disso. Mas me fale algo bem pessoal, como eu te contei.
— Bom... — Penso um pouco e, sem olhar para ele, confesso: — Sou gêmea.
E meu irmão gêmeo morreu quando éramos adolescentes.
— Ah, eu sinto muito.
Elevo meu rosto e encaro Magno, que se compadece evidentemente com
minha perda passada.
— Já passou. Nós o temos como um anjo que precisou ir. É isso.
Ele apenas assente.
— Mora com alguém? Aqui no Rio. — Magno pergunta depois de um breve
silêncio, por causa da minha confissão um tanto triste.
— Com meus pais até poucos dias atrás. Me mudei recentemente.
— Legal. Eu moro sozinho desde os dezoito. Odeio dividir meu espaço com irmãos, familiares... enfim. — Ele reluta um pouco e noto que ficou
desconfortável por falar dos familiares. Sei que o pai faleceu, afinal ele disse há
pouco.
— Justamente. Eu também. — Trocamos um sorriso cumplice.
— Então... Vai ficar um pouco a mais aqui no Brasil?
— Por enquanto sim. Aceitei um papel em uma série de TV. Ficarei esse resto
de ano.
— Legal. Te desejo muito sucesso.
— Obrigada. — Sorrimos juntos e me flagro um tanto tímida. Como uma
menininha inocente.
— De verdade. Te acompanho já há algum tempo.
— Por causa da música?
— Lógico. Apesar que sempre torci para que você posasse nua. —
Gargalhamos e ele se recosta no sofá me olhando.
— Você não é um simples funcionário aqui, não é mesmo?
Ele vira o copo de uísque na boca e levanta a mão chamando um garçom.
— Por que tem dúvida? — Me olha interessado.
— Fora daqui você é um cara de posses. Eu pesquisei sobre a Orfeu. Todo
mundo aqui dentro te trata com respeito, as mulheres te olham como se fosse um
deus. Até o Felipe te venerava. E para completar, me deu seu cartão e ajeitou
para que eu me tornasse membro do clube sem pagar ou assinar nada.
— É, você me pegou. — Ele ergue as mãos. — Não sou prostituto assalariado.
— Mas faz esse tipo de serviço, certo?
— Às vezes. Quando estou entediado, como o dia que você me flagrou na
mamada dupla.
— É o Manda-Chuva?
— É. Sou sócio majoritário. Praticamente o dono.
Abaixo a cabeça com a mão tampando o rosto. Estou envergonhada por ter
tripudiado dele várias vezes. Levanto os olhos e Magno está com uma expressão
de puro divertimento.
— Que vergonha, meu Deus! Por que se deixou ser ameaçado, sendo que é o
dono disso aqui?
— Nunca escondi que queria comer você. Se entrar no seu jogo era a única
maneira, aceitei.
— Nosso trato continua. — Aponto a taça para ele, torcendo para que não
tente refazer as regras. Não quero dividi-lo enquanto estamos transando. Sou
assim, não vou aceitar e ponto.
— Com certeza. — Ele concorda e eu sorrio sem querer aceitar que estoualiviada. — Mesmo sendo o rei do pedaço.
— Estarei a seus serviços.
— É ótimo saber disso. — Fico de pé e ele me olha alarmado. — Antes de
subir, gostaria de ir ao banheiro.
— Sim, naquela direção. — Se mostra mais tranquilo. Aceno para ele, pego
minha bolsa e saio rebolando propositalmente tendo ciência que Magno me olha.
Bebi bastante champanhe. Estou com a bexiga que não me aguento.
O vestido é de seda, não dá tanto trabalho para levantar e fazer xixi. Sem falar
que o banheiro é luxuoso e bem asseado.
Termino, ajeito o vestido e, antes de sair, ouço vozes. Aproximo o ouvido da
porta por perceber que as vozes femininas estão em um assunto, digamos,
interessante.
Uma com voz fina e enjoativa diz: — Eu fiquei muito puta da vida. Transei
uma vez com o Magno, é muito bom de cama, o desgraçado, mas descarta a
gente no dia seguinte. E agora me aparece com essa macumbeira de quinta.
Arregalo os olhos ao ter certeza que falam sobre mim.
— Será que é algo sério? — Uma outra voz pergunta. — A Beyoncé fajuta ao
lado dele estava se achando.
Beyoncé fajuta?
— Não acho. Ele não fica com ninguém. Magno só pega e não se apega.
Ainda mais com uma negra. Eu que sou loura ele não quis repetir.
Uma terceira voz incrementa:
— Mas ouvi uns boatos aí que essa já é a terceira vez que os dois passeiam
por aqui juntos.
— Como ela se chama? Quem é a sujeita?
— Não sei. Apareceu de repente. Uma retirante.
— Ela é linda. Tem um cabelo lindo.
— Alisante e chapinha né, amiga? — A da voz fina ironiza. — Já viu negra
nascer com um cabelo bonito daquele? Espero firmemente que seja apenas
diversão do senhor Magnânimo.
— E é, com certeza. Ele não namora e, quando namorar, será linda, branca e
sofisticada, como nós.
— Verdade, falou tudo.
Conto até cinco, abro a cabine onde estou e saio. Assim que elas me veem
pelo espelho, quase caem para trás. Ficam as três paralisadas, de olhos saltados e
mais pálidas que o papel-toalha. Calmamente lavo minhas mãos, abro minha
bolsa e tiro o batom para retocar.
— Eu gosto de drama. — Digo olhando minha boca no espelho. — Amo
óperas por causa do drama. Quebraria as três na pancada aqui para sentir o drama do momento, mas não farei isso. O tapa simbólico já foi dado. — Termino
o batom, limpo os cantinhos, passo um lábio no outro e me viro para elas,
olhando com desprezo.
— Sou negra, gostosa, rica e famosa e tenho o dono disso aqui aos meus pés,
então, quer ficar de mimimi por que perdeu a chance de ter uma foda gostosa
com ele, vai reclamar no Twitter. — Dou um passo para a porta mas me viro
novamente. — E quer saber? Um conselho de mulher: tentem ter um pingo de
sororidade. Não maltratem outras por causa de homem. Não vale a pena.
Principalmente por causa do Magno, ele já está muito bem acompanhado, pela
Beyoncé fajuta aqui.
Essa não foi a primeira vez que tive que escutar esse tipo de coisa. Para se
chegar onde estou, sendo mulher e negra, não vim pelo caminho do paraíso.
Enfrentei desafios, preconceito, decepções, mas não tenho por que abaixar a
cabeça.
Por que eu iria me deprimir? Por frases de ódio vindas de alguém nitidamente
com inveja? Ao contrário, eu uso essas palavras para colocar na minha armadura
e ficar ainda mais forte, confiante de quem eu sou.
Assim que volto para o salão e Magno me vê, ele sai do bloquinho de homens
conversando e fica parado lá, com um sorriso estampando os belos lábios e
brilho nos olhos, esperando por mim.
Vê-lo sorridente, me esperando, sem olhar para mais ninguém, é a resposta
que tenho para dar.
— Você até que não é uma má companhia. — Eu digo. E de verdade adorei a
noite. Magno é humorado, inteligente e atencioso. Fez com que eu me sentisse à
vontade enquanto passeávamos entre as pessoas. Eu até achei que ele estava bem
exibido, me usando como troféu. Todavia eu deixei, eu estava fazendo a mesma
coisa. Em uma festa dessas todos estavam de olho no anfitrião da noite,
principalmente mulheres, e adivinha quem estava ao seu lado dona do
monumento másculo nessa noite?
A exibição era, portanto, mútua.
— Você sempre volta, claro que sou o melhor. — A confiança dele é um dos
componentes do seu charme.
— De hoje sua bunda não escapa. — Dou um tapinha no traseiro dele
fazendo-o pular para frente.
— Vade retro, Satanás! — Dá um passo para longe de mim. — Deixa minha
bunda em paz.
— Você é muito machista. — Paro ao lado da porta esperando-o abrir. — O
que tem eu agarrar sua bunda?
— Ah, bom. Agora tudo é machismo, até proteger o cu. Vá se danar,
espertinha.
Deixo minha bolsa em uma poltrona e me viro para olhá-lo. Magno tira o
terno e arranca a gravata. É um pecado ambulante. É um típico homem para
namorar, transar, casar, viver apegada pelo resto da vida, porque ele é viciante,
não só no âmbito sexual, mas também sua presença. Apesar dos deslizes, hora ou
outra sendo preconceituoso, conversar com ele se tornou um gostoso
passatempo.
— O que é isso? — Aponto para uma caixinha de madeira em cima do móvel.
É preta com laço dourado. Bem chamativa.
— Ah, como hoje foi dia de festa, todos os quartos ganham um kit desse. Para
brincadeiras a dois.
— Posso? — Indico que quero abri-la.
— Fique à vontade.
Enquanto ele tira os sapatos, eu abro a caixa. Adoro produtos de sex shop. Um
anel peniano, algemas, preservativos de efeito retardante, dados eróticos, óleo de
massagem e um ovo masturbador masculino.
— Vamos usar? — Magno chega por trás, usando apenas a calça desabotoada
mostrando a cueca.
— Quero te amarrar. — Mostro a algema para ele. — Ou isso ou nada.
— Nunca. Me prender não.
— Por quê?
— Porque sim, cara. É a lei. Minha lei.
Rolo os olhos perdendo a paciência.
— Fique tranquilo, não vou fazer nada com sua preciosa bunda.
— Não e não. — Ele arranca a calça e o volume enorme esticando sua cueca
mostra o tamanho do apetite dele. — Vamos transar normalmente. — Tenta me
pegar e eu desvencilho de seus braços.
— Então até logo.
— O quê?
— É o que ouviu. — Pego minha bolsa. — Ou me deixa te amarrar na cama,
ou irei embora assistir série o resto da noite.
— Mas que porra...! Lavínia, que besteira é essa?
— Cara, você é acostumado a fazer coisas que o cão dúvida, o que custa me
foder amarrado?
— Quem pode foder uma mulher estando amarrado? Diz?
— Você. Me deixe te mostrar.
— Não.
— Então, adeus.
— Espere. — Ele segura no meu braço. — Uma mão amarrada.
— As duas. — Sorrio maliciosamente. — Sossegue, rapaz. Será gostoso. —
Enlaço o pescoço dele com meus braços e sussurro sedutoramente: — Prometo.
E ele aceita, afinal está pra explodir de tesão.
Magno analisa o par de algemas. É frágil, específico para brincadeira, não
algo de couro ou metal.
Ao se sentir seguro, ele se ajeita na cama recostado na cabeceira e eu apresso
em prender cada um de seus pulsos na grade da cabeceira deixando-o de braços
abertos. Um delírio de tão gostoso. Mordo o lábio olhando-o nessa posição,
nossos olhos na verdade estão cravados compenetrados.
A primeira coisa que eu faço é ficar de pé sobre a cama. Ainda estou vestida e
ele foi um bom garoto essa noite, merece um strip-tease particular. Não rebolo
como se tivesse uma música, mas mexo meu corpo propositalmente, arrebitando
a bunda para descer a calcinha.
Fico apenas de salto alto, pelada de pé na cama. Tiro os grampos do cabelo
sem perder o contato visual com ele.
Magno saliva me fazendo sentir maravilhosa.
Me abaixo, e de quatro vou engatinhando para cima dele. Toco em seu pacote
colossal evidente pela cueca e a coisa está tão forte que uma simples pegada o
faz gemer.
Suas mãos sacodem amarradas e eu sorrio satisfeita.
— Por que não fala o que deseja, senhor da noite?
— Quero sentir meu pau na sua boca, por favor, chupe como se não houvesse
amanhã.
— E o que vai me dar por isso?
— Te matar de tanto foder daqui a pouco.
— Nossa! Boas promessas. — Passo minhas unhas na barriga reta dele, corro-
as para baixo e puxo sua cueca da Calvin Klein descobrindo um dos paus mais
bonitos que já vi. Muito bem cuidado, depilado, e nas proporções de tamanho
perfeitas.
Esperançoso de que eu vou cair de boca, ele abre mais as pernas e até ergue
um pouco o quadril da cama, louco para possuir minha boca.
Hoje meu intuito é brincar. Ele precisa ter paciência. Curvo e planto um beijo
nas bolas dele e isso quase faz Magno chorar. Me divirto com sua expressão
quando me ergo e saio da cama.
Suas mãos sacodem de novo.
— O que está fazendo? — Grita horrorizado.
— Calma! Está parecendo um virgem inexperiente. Nem parece que é o fodão
controlador, deus do sexo.
— Ah, se fode, caralho. Me solte, Lavínia! Chega dessa porra de brincadeira.
Não quero mais, se quiser ir embora pode ir.
— Não mesmo. — Trago a caixinha para a cama, me ajeito perto do pau dele
e pego o ovo masturbador.
— Ah, merda dos infernos! Vai me torturar? Senta logo no meu pau e me
deixa te comer em paz, porra. O homem quando está em paz não quer guerra
com ninguém.
— Para de citar frase de música e apenas sinta. — Beijo os lábios dele e abro
a embalagem do masturbador. Eu já vi esse apetrecho, ele tem o formato de ovo
oco, e é feito de silicone bem macio, que estica. Por dentro é todo granulado,
para melhores sensações. Funciona assim: encha de lubrificante, deslize sobre o
pênis e comece a fazer movimentos de descer e subir ou girar com o pênis dentro
do ovo oco.
Enquanto faço isso devagar, Magno se mantém de olhos fechados e lábios
espremidos em uma fina linha.
— Olhe para mim. — Ordeno e ele abre os olhos. Enquanto masturbo com
ajuda do brinquedinho, me inclino e beijo sua coxa, em um caminho tortuoso
conduzo meus lábios pelas suas pernas, mordendo, chupando, mordiscando, sem
parar de mover minha mão masturbando-o.
No umbigo, dou um beijinho e levanto os olhos para vê-lo. Magno está firme
e forte, se segurando. Ele consegue, é craque nisso. Sabe as técnicas para não
gozar tão cedo. Mas ao menos me agrada vê-lo se queimar de tanta excitação.
— Quero gozar com sua boceta me fodendo, adiante isso logo. Não vai
conseguir um pingo de leite sequer.
— Não me desafie. — Rio e tiro o masturbador do pau dele. A cara de alívio é
quase cômica, entretanto não esperava que eu fosse chupá-lo com calma, como
quem saboreia uma fruta gostosa e que não quer que ela acabe.
— Ahaa cacete, Lavínia! Que merda.
Rio e faço uma carinha de safada tímida com o pau dele na boca, mas os olhos
levantados fitando-o.
— Ahh, que porra! — Rosna e sussurra em seguida: — Não faz essa cara.
Passo a língua lentamente de baixo para cima e para baixo novamente indo até
as bolas e voltando. Ele mexe as pernas e eu seguro suas coxas.
Magno sacode os braços e eu decido que quero também um pouco de agrado.
Me sento sobre o pau dele, esfregando suavemente, e aproximo meus seios de
seu rosto.
— Se não aliviar minha tensão, não te alivio. — Imediatamente, sem eu nem
pedir novamente ele abocanha afoito um dos meus seios me fazendo gemer com
um sorriso de vitória.
O melhor de tudo é o tesão causado pelo momento, por eu ter ele a minha
mercê, servindo apenas a mim, não me julguem, sou mesmo uma exibida que
ama um macho dando sua atenção toda só para mim.
Eu quase deixei-o entrar em mim. estávamos molhados de tanto tesão e seria
fácil deslizar e sentir toda sua potência me dilatar devagarzinho, dolorosamente
delicioso até que se acomodasse todo e então ondas de eletricidade e prazer
fossem espalhadas pelo nosso corpo.
Só deu tempo de eu esticar a mão, pegar um dos preservativos na caixa e
vesti-lo. Não esqueci de desamarrá-lo, porque eu queria seus braços fortes me
segurando possessivamente enquanto me embalava na dança sensual de nossos
corpos ligados.
Magno me segurou em seus braços e me beijou de uma forma que não
tínhamos beijado antes. Havia mais que o fogo costumeiro. Eu me senti mais que
confortável em seus braços enquanto ele se aprofundava, saía e tornava enterrar
de maneira macia e muito profunda.
Era uma sensação única que nos embalou, algo além do êxtase, um tipo de
plenitude compartilhada. Algo que eu não tinha sentido ainda por outro cara.
Nem mesmo com Felipe.
Eu vi em seus olhos que ele estava assustado também com nossa ligação tão
íntima e deliciosa que eu desejei chorar para me expressar, e o medo estampado
nos olhos dele dizia que ele sentiu a mesma coisa.

Capítulo 30
Magno
No Jardim Botânico do Rio de Janeiro, eu corria atrás de uma garota de cabelos dourados que andava rápido por entre as altas palmeiras.
“Anne, não se case, por favor.” A segurei fazendo-a olhar para mim“Podemos reconstruir o que tínhamos, sei que errei, mas me dê uma chance,
cacete!”“Não adianta, Magno! Já estou entregando os convites. Você teve tempo,tínhamos tudo e você jogou fora.”“Mas você mandou eu escolher entre o exército.”“E você fez sua escolha! Me deixe. Se continuar me importunando, vou ter que falar com o seu pai.”Esfrego os olhos tirando essa lembrança da minha mente, vinda de um tempo longínquo que não gosto nem de pensar. Olho para a mulher ao meu lado, nua,coberta por um lençol branco. Suas curvas são perfeitas, seus olhos transmitem
fogo puro e intensidade. Eu não devia ter dormido com ela.Não devia.
Como eu pude deixar isso acontecer? Lavínia é diferente de outras mulheres.Eeu não devia ter sido tão fraco.Como se soubesse que está sendo vigiada, ela se mexe e acorda. Primeiro abre
os olhos devagar e olha em volta reconhecendo o ambiente e, quando me vê, dáum pulo e se senta apavorada.
— Ai, meu Deus! Que horas são?
— Creio que mais de sete.
— Jesus! — Ela penteia os cabelos para trás com as mãos. — Não podia ter dormido aqui.
— E por que não? Alguém te esperava?
— Não. Mas você é...
— Um prostituto de luxo?
— Não, Magno. É meu amante e amantes não dormem juntos. Pelo amor de Deus! — Enlouquecida, ela puxa o lençol para se levantar, mas eu seguro em seu braço.
— Ei, deixe isso pra lá. Vou pedir café para a gente. A merda já está feita mesmo. Também não costumo dormir com mulher nenhuma. Mas enchemos a cara, transamos quatro vezes e dormimos agarrados. O que vier é lucro.
Ela aceita, baixa a guarda e balança a cabeça assentindo.
— Preciso de um banho. Não sei como pudemos transar e dormir em seguida.
— Estávamos de porre, nem tínhamos consciência de mais nada. Só mesmo oque era pau e boceta. O resto foi resto. — Pulo da cama e, espreguiçando,
caminho para o banheiro.
— Ao menos tenho a bênção de ver sua bunda me dar bom dia. — Ela fala e cai contra os travesseiros novamente.Talvez pudéssemos ficar assados de tanto trepar, mas eu queria tê-la debaixo
do chuveiro e realizar todas as minhas fantasias que já tive quando não podia tocá-la, apenas assistir.Nem precisou pedir. Lavínia já estava com cara de libertina segurando meu pau e arranhando suas unhas em meu corpo molhado. Enquanto eu a beijava,levou sua mão por trás a apalpou meu traseiro.
— Ah, Magno! Deixa, vai! — Protestou quando eu afastei.
— Não. Vira-se, cara no box e bunda pra mim. — E dessa forma eu satisfiz
nós dois com um delicioso sexo de pé e molhados pelo banho.Após o banho, ligo pedindo um café bem reforçado para a gente. Lavínia penteia os cabelos e os amarra em um belo rabo de cavalo. Enquanto eu me visto, ela já toda vestida senta-se numa poltrona lendo algo no celular.
— Nossa, isso é muito estranho. Outra garota de classe média estuprada.
— O quê? — Abotoando a camisa, caminho até ela.
— Não ficou sabendo? São garotas de classe média que são estupradas, mas depois retiram a acusação e não identificam os criminosos.
— Como assim? 
— O padrão é o mesmo. — Lavínia fica de pé e me entrega o celular. —Umas duas ou três garotas desaparecem e depois são deixadas na porta da casa com sinais claros de ab uso físico violento. Mas logo depois elas simplesmente retiram a denúncia.
— Claramente estão sendo ameaçadas. — Leio por alto a matéria e devolvo o celular para ela.
— Sim. Isso mesmo. Comentei com Dante, o candidato a governador, é meu amigo, e o mais incrível é que são garotas de classe mé guarda o celular.
O café chega e nos sentamos para comer. Estou varado de fome, consumi muita energia durante a noite.
— Quero te fazer uma pergunta íntima. — Ela indaga à minha frente na mesa repleta com o café da manhã. Nem levanto meus olhos do sanduíche que preparo com os frios que estão fatiados na tábua.
— Sobre sexo, já fiz quase tudo, inclusive dividir uma mulher com um familiar.
— O que disse?
— Eu e meu primo dividimos uma mulher. É bem estranho foder com um familiar olhando. Não recomendo.
— Você me surpreende mais a cada segundo. Mas a pergunta é outra.
— Diga.
— Já namorou? Tipo, sério mesmo?
Levanto meus olhos e acho que demorei exatamente dois segundos para afastar meu olhar do dela e voltar para minha obra de arte chamada sanduíche da manhã.
— Não.
Achei que ela se focaria em sua xícara de café da manhã, mas não é o que acontece. Eu devia imaginar que mulheres são fontes de curiosidade e sem preirão lutar para descobrir coisas, ainda mais se for dos homens.
— Por que nunca namorou, Magno? Ninguém nunca fez a proposta ou ainda não encontrou a pessoa certa?
— Nada disso. — Aperto os ingredientes no pão e dou uma mordida. — Eu nunca namorei porque não quero me tornar um escravoceta. Homem mandado,como meus irmãos.Lavínia não fica brava ao ouvir isso, ela até dá um sorrisinho.
— Tá ligado que nesse momento você é um escravoceta temporário, não é?
— Lógico que não. Pirou?
— Lógico que sim. Temos um trato de parceria e você vive atrás de mim. —Elegantemente ela toma um gole do café. — Que homem consegue viver sem uma mulher?
— Gays e eu. — Respondo com petulância — Amo mulheres, mas o sexo é a maior ligação que alguma delas vai conseguir comigo.
— E por quê? Você não parece ser misógino.
— E não sou. Para mim, a mulher vem antes de comer e beber. Eu adoro vocês, sério. Só acho que mulheres dão trabalho demais, é muita frescura,
transformam o cara em verdadeiros tolos e sem falar na prisão de ter que viver com apenas uma.
— Quem tudo quer, nada tem. — Ela pega sua bolsa e levanta. — Isso aí é falta de boceta.
— O quê? — Ergo as sobrancelhas.
— Estou retribuindo o que homens dizem de mulheres, que a explicação de tudo é falta de rola. No seu caso, uma boa chave de xota irá te deixar pianinho. Reviro meus olhos com vontade de fazer um textão listando todos os pontos que faz disso uma mentira.
— Já vai?
— Sim. No momento estou atarefada por causa de dois concertos, acabei de me mudar, vou começar a ensaiar para a série de TV. Está tudo muito corrido para eu ainda ter que administrar um amante. Um amante que fala um monte de
babaquice.Me levanto lentamente, como se não quisesse afugentá-la.
— O que quer dizer?
— Que talvez eu tenha cansado, Magno. Que apesar de gostoso o nosso sexo,chegou a hora de eu te devolver sua liberdade.Claro que isso não pode acontecer. Lógico que ela está blefando. Lavínia
adora transar comigo. Sorrio para ela e caminho em sua direção. O melhor de mulher é que elas são tão sensíveis que a um toque já se derretem. Vou mostrar a ela, sem pedir, sem palavras, que ela não está pronta ainda para acabar com isso,que ela ainda precisa do nosso sexo como precisa de água.Com o nó do dedo acaricio seu pescoço, subo ao queixo e passo o polegar nos lábios dela. Ela os entreabre, os olhos cravados nos meus, cativa do meu olhar.Encosto minha boca em seu queixo e chupo de leve e daí para os lábios é um
pulo. Minha mão sobe pela sua costela chegando à curva do seio e a outra mão já está na nuca puxando-a para aprofundarmos o beijo.Sinto que ela começa a se entregar, arfa contra minha boca e me deixa rolar minha língua em sincronia com a dela.Afasto nosso beijo com uma mordida final no lábio, passo o polegar na minha boca e sorrio vendo o resultado de meu poder.
— E então? Ainda quer terminar tudo?
— Acabou? — Pergunta baixinho, os olhos brilhando. Ela passa a mão no pacote da minha cueca e apalpa suavemente meu pau já todo aceso. — Enquanto você ia com os limões eu já vinha com a limonada. Magno, Magno. Vai precisar se empenhar mais se quiser continuar me vendo. — Ela pisca cinicamente, vira-se nos saltos e vai embora.Isso está ficando extremamente chato. Ela saindo e me deixando plantado com cara de bunda. Sendo que eu que sempre fiz isso. Não vou permitir que essa sem-vergonha tente sair por cima.
Ela que se dane pra lá. Acabou o trato. Voltei à ativa, vou traçar quem aparecer primeiro na minha frente.
— Que cara é essa?
Levanto os olhos e Lorenzo está em minha frente. Claro que vou traçar alguém do sexo feminino e que não seja da minha família. Ele puxa uma cadeira
e se senta. É mesmo de se achar estranho, estou sozinho na sala de reuniões da Orfeu com uma pilha de pastas na minha frente e não faço nada, recostado olhando para o nada remoendo a petulância de Lavínia ontem no clube.
— Nada. — Pego uma pasta e começo a folhear.
— Quer dar um pulinho comigo no banco AMB? Tenho umas coisas para resolver...
— E o Romeo?
— Está avoado, resolvendo uns assuntos da festinha do Gael.
— Hum... — Levanto os olhos para ele. — Que dia é esse bagulho?
— Sábado. Você vem?
— É obrigado?
— Sim.
— Ok. — Volto a atenção para as pastas. O silêncio recai sobre a sala e eu volto a olhar Lorenzo. — O quê é?
— Problemas?
— Tudo certo no paraíso magnânimo. Sempre está tudo certo.Ele fica de pé e como é um pouco sensitivo aconselha: — Se for algo que quiser muito, vá atrás. Se eu não tivesse corrido atrás das minhas paradas, hoje não estaria vivendo o melhor momento da minha vida.Fico olhando para a porta mesmo depois de Lorenzo ter ido embora, há minutos. Se eu for atrás do que eu quero, estarei contradizendo tudo que acredito, estarei indo contra minhas próprias convicções. João Magno nunca vai atrás de uma mulher, e no momento é aquela megera que eu quero.Me conte uma novidade: Quando você não a quis? — Meu inconsciente sopra e eu aceito a crítica.
Pego o celular e, pelo aplicativo, vejo o ponto do rastreio de Lavínia. Está no novo endereço dela. Sopro profundamente me sentindo esgotado com isso tudo.Uma vez eu errei e deixei a garota que eu queria partir porque não quis dar o braço a torcer. Ela acabou se casando com um escroto qualquer. Não me considero culpado, foi escolha dela, mas se eu tivesse tentado mais, ela estaria comigo hoje.
Lavínia é madura, cheia de si e certa do que quer. Ela vai esperar eu dar o próximo passo, e eu vou acabar dando o próximo passo, porque independente de trato, é apenas aquela desgraçada que eu quero no momento.Chego às oito horas da noite em frente ao prédio onde ela está morando agora.
Ainda dentro do carro confiro o aplicativo de rastreamento para ter certeza que ela está em casa. O que eu estou fazendo, merda? — Me pergunto revoltado. Saio do carro e,
após tocar no contato, coloco o celular no ouvido. Por que transar com ela é a coisa mais importante para mim nos últimos dias?
Lavínia atende depois de muito tempo.
— Oi.
— Desça, tenho algo para você aqui.
— Como é que é?
Desligo e recosto no carro olhando o prédio.
Lavínia desce, como eu achei que faria. Eu a peguei na curiosidade e, não querendo generalizar, mas está para nascer uma mulher que não é curiosa.Ela está de moletom, olha em volta, sai do portão e caminha até mim.
— O que é? O que está fazendo aqui?
— Estava de passagem.
— O que disse que tem para mim?
Abro os braços me exibindo, dando um sorriso debochado.
— Eu.
Ela não acha nada engraçado, continua com cara de poucos amigos.
— Acho melhor você ir. Não quero te encontrar fora do clube. — Ela se vira para voltar mas eu a seguro. Nos fitamos assim que a trago para junto do meu corpo.
— Me deixe entrar. Porque eu não estou conseguindo esperar sua boa vontade
para ir me ver. Que caralho de papo foi aquele de terminar nosso trato?
— Eu também quero, mas... Você tem a mente muito pequena, Magno. —Fala com um pingo de agonia. — Em relação a muita coisa, é pequena demais para lidar com uma mulher como eu. Até mesmo em um caso que é passageiro.Sou grande, penso alto, sou uma figura pública e não um hamster de laboratório.Infelizmente o sexo gostoso não é o suficiente.
Um tremor ruim toma conta do meu corpo, algo que senti apenas uma vez,quando Anne ia se casar com outro e recusou me dar uma segunda chance.Engulo seco.
— Não posso mudar quem eu sou, ou minhas convicções.
— Mas esse não é quem você é. Homens não nascem machistas e babacas,eles aprendem.Eu assinto, dou um pequeno giro passando as mãos nos cabelos. Ela continua parada me olhando, de braços cruzados. O leve vento da noite balança uma mecha teimosa em sua testa.Eu nunca falei com ninguém tudo que está dentro de mim. Acho que por isso Vilma prefere Lorenzo e Romeo, meus irmãos são mais sensíveis e expõem seus sentimentos. O exército deixa o cara duro e impenetrável e, para mim, abrir a boca para falar é o maior dos desafios.Mas ela vale a tentativa, então eu digo o mínimo:
— Ok. Às vezes eu excedo nos comentários, mas, cara, eu só não posso me expor ao ponto de deixarem que me machuquem. Só um homem tolo deixaria isso acontecer e te garanto que não tem no mundo um ser mais especialista em machucar homens do que as mulheres. Coração longe da foda, Lavínia. Você sabe disso.Ela apenas assente me encarando com uma expressão dolorosa. Ajeita a mecha de cabelo teimosa e suspira.
— Você não pode entrar. É pelo nosso bem, acredite.
— Ah, cacete. Transe comigo apenas. Não vou falar nada. Olha minha situação, o rei dos reis da foda, o cara que tem uma agenda com lista de espera,estou aqui implorando uma hora de atenção. Porque hoje meu dia foi uma merda, só pensando quando você tomaria vergonha na cara e iria voltar ao clube para me ver.Ela dá uma pequena risada e seus olhos assumem um brilho que me faz sentir bem em ver. Ela abre a boca para falar algo, mas eu interrompo:
— Eita porra. Que caralho é esse? — Dou um pulo e olho para o chão. Em meio à escuridão, uma pequena bola de pelos se mexe perto do meu pé. Miando escandalosamente.
— Magno! — Lavínia dá um grito meio gemido. — É um gatinho. Você pisou nele. Meu Deus! — O desespero dela ecoa pela noite. Até tampa os olhos para não ver a tragédia. Me abaixo e pego o pequeno felino. É bem pequenino. Um filhotinho todo preto, apenas a barriga branca; ele mia descontrolado enquanto eu examino-o para ver os danos.
— Que dó. — Ela continua choramingando de perto, sacudindo as mãos.
— Está tudo bem. — Concluo dando o diagnóstico. — Não pisei. Ele só está fazendo drama.
— Ele está miando porque você pisou nele. — Ela acusa.
— Você pisou em mim e nem por isso estou fazendo esse draminha barato. —Acaricio o pelo preto do filhote e ele começa a se acalmar. — Acho que está com fome.
— Me dê. — Ela estende a mão. — Vou cuidar dele.
Olho para o gatinho e para ela. Em seguida, para o portão do prédio. Tenho uma ideia.
— Não. O gatinho é meu. Aonde ele for eu tenho que ir. Se ele entrar, eu entro também.Ela ri balançando a cabeça e vira as costas para mim.
— Só o tempo de alimentar o gato.
— Assim que se fala. O gatão aqui está com um apetite voraz.


Continua amanhã

Comentários

  1. Amando muito, cada capítulo una emoção diferente, muito obrigada ,os capítulos estão mais longos, valeu meus amores❤🥰😘😘😘

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  2. Magno se apaixonou concerteza pela Lavínia, não é só sexo

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  3. Magno e Lavínia já estão apaixonados e não sabem

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  4. Agora sim o Magno vai saber o que é amar e se viciar em uma mulher,sem precisar de outras pra atingir a plenitude

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  5. Kkkk tá físico,escravocrata agora, os irmãos vão zoar muito

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