Conto Erótico - A Sombra da Luz - Capítulos 33 e 34
🔥✨A SOMBRA DA LUZ 🔥✨
Autora : Nana Pauvolih
CAPÍTULO 33
A SOMBRA
Não podia acreditar que o corpo daquele viadinho tinha sido encontrado e dos outros, mais antigos, também. Não era possível! Aquilo nunca acontecera e por um momento pensei se tinha sido uma denúncia. E juntei algumas coisas.
Poderia ter sido Daniela? Mas se sabia onde estavam os corpos era porque tinha me seguido e isso não ocorreu. Eu prestei muita atenção. Além do mais, caso tivesse provas, a polícia já teria vindo atrás de mim.
Nervoso, pensei o que poderia acontecer com aqueles novos fatos. Eu tinha sido muito burro! Acostumado como estava a fazer o que eu queria e enterrar os corpos, sem nunca ter sido descoberto, não me preocupei muito com detalhes. E se achassem minha impressão digital naquele rapaz, em sua roupa ou mochila, já que o enterrei com tudo? Ou algo meu que não percebi?
Fechei os olhos, procurando me acalmar. Tinha ficado assim também quando matei pela primeira vez aquela garota no lago, aos dezesseis anos e joguei o corpo no rio, de improviso. Lembro bem daquela menina impertinente que estudava na mesma escola que eu. Ficou provocando e, quando a levei para lá e transamos, entrou em uma de debochar de mim.
Nunca esqueci como aquela piranha mexeu tão fundo. Quando viu que eu só trepava com ela e depois a desprezava, entrou em uma de me comparar com ele, dizer que eu o invejava e que não chegaria aos seus pés. Teve o que mereceu. Como era mesmo o nome dela? Fabiana. A putinha da escola. Há doze anos se encontrava no fundo do rio. Ninguém tinha mandado se meter comigo.
Depois, só me descontrolei assim com Monalisa. Todos os outros estavam esquecidos e, por um momento, pensei que nunca seriam descobertos. Agora quatro deles apareciam assim, sem ao menos eu esperar. E eu nem imaginava o que aquilo poderia ocasionar.
Péssimo momento para aqueles corpos aparecerem. Eu tinha que sumir com Daniela. E se levantassem suspeitas sobre mim? Até então, eu estava longe de tudo. Mas desaparecer com a putinha poderia ser demais.
Enchi-me de ódio ao imaginar que estava entre a cruz e a espada. Se não fizesse nada, Daniela poderia continuar com as investigações e descobrir alguma coisa. Podia conquistá-lo e até voltá-lo contra mim. Se eu sumisse com ela, quem sabe isso atraísse investigações para a minha pessoa. Tudo era um risco.
O meu lado mais agressivo e animalesco gritou mais alto. Eu sabia que minha fúria suplantaria todo o resto em algum momento e perderia a cabeça. Eu a mataria em um momento de raiva, como foi com Monalisa. Então era melhor agir rápido. Destruir Daniela acabava sendo a única opção. Só precisava ser logo, enquanto os holofotes estavam nos corpos.
Só então me acalmei e consegui respirar aliviado. Fui até a janela, minha mente girando com planos, mas tudo atrapalhado pelas minhas emoções. Momentos turbulentos se anunciavam, mas também necessários. No final das contas, ninguém tinha mandado aquela mulher se meter e atrapalhar a minha vida.
Se ela tinha algo a ver com os corpos encontrados, devia estar em Conservatória. Precisava atraí-la, criar uma armadilha. E descobrir realmente o seu paradeiro.
CAPÍTULO 34
DANIELA PRADO
Sentada à mesa da cozinha de Margarida, assim que acabei de fazer a sopa e tomar um chá, eu fitava o celular em minhas mãos e as diversas ligações que não atendi, de Gabriel e de Davi. Eu não queria falar com nenhum deles naquele dia, quando me sentia tão sensível, furiosa, arrasada.
Deviam estar curiosos, pois nunca faltei. Teria que arrumar uma boa desculpa depois. Naquele momento não estava em condições de fingir quem eu não era para eles.
Já ia largar o celular na mesa e me levantar, quando escutei o barulhinho que fazia quando recebia mensagem no WhatsApp. Li o texto:
Eu sei que você está em Conservatória, que descobriu sobre os corpos encontrados. E tem suas desconfianças. Posso ajudar. Conheço a identidade do assassino, mas preciso de provas e é perigoso falar aqui. Podemos nos encontrar?
Era uma mensagem de um número privado, desconhecido. Senti meu coração disparar sem controle e fiquei gelada. Minha vista chegou a nublar por um momento. E então tudo voltou de uma vez, trazendo a sensação inerente de perigo. Precisei respirar várias vezes até me acalmar um pouco. Peguei o celular e digitei uma resposta:
Quem é você? Davi? Gabriel?
Um amigo. A resposta veio logo.
O assassino?
Não. Você me conhece, mas prefiro falar pessoalmente. É sério demais e perigoso. Mas se não quiser, tudo bem. Achei que poderíamos ajudar um ao outro.
Claro que era uma armadilha, estava na cara. Tanto pela identidade ocultada quanto pelo celular sem rastreamento de número. Queria acabar comigo e depois se livrar do aparelho. Mesmo que eu enviasse aquela conversa para alguém, não daria em nada. Estava na cara.
Pensei como soube de mim, que pista deixei para trás. E se era Rômulo ali, grotescamente pensando em tirar a minha vida e afastar um risco. Davi ou Gabriel se arriscariam aquele ponto? Só se o assassino estivesse desesperado.
Meu peito se apertou e lágrimas encheram sem controle os meus olhos. Eu não tinha nada, nenhuma pista concreta. E o desgraçado me oferecia a oportunidade de descobrir, mas para isso teria que colocar minha vida em risco. Era tudo ou nada, para mim e para ele.
Se eu ignorasse, continuaria no escuro e ainda por cima em sua mira, pois com certeza já conhecia tudo sobre mim e não sossegaria até me liquidar. E eu nem saberia ao certo de onde veio o golpe. O único motivo dele se expor tanto com aquele convite era o fato de achar que eu possuía informações importantes sobre ele. E era com isso que eu deveria trabalhar. Digitei:
Onde e quando?
Demorou um pouquinho, mas logo veio a resposta:
Daqui a trinta minutos. No ponto de ônibus em frente ao posto de gasolina, no centro de Valença. Conhece?
Era um local público e isso não me tranquilizou. O que estaria planejando? Estava tão acostumado a matar que não tomava cuidados, não temia ser visto?
Sim. Estarei lá. Como saberei quem é você?
Saberá.
Fechei a tela do celular, esgotada. Enxuguei meus olhos e me levantei. Como uma sonâmbula, peguei minha bolsa e fui até o quarto de Margarida. Ela acordou quando entrei e sentei na beirada da cama ao seu lado. Fitou-me, preocupada.
— O que foi? Mais notícias ruins?
— O assassino acabou de falar comigo.
— O quê?! — Arregalou os olhos, se sentando, sem poder acreditar. — Como foi isso? Quem é ele?
— Não sei. Mas vou descobrir.
— Daniela, explique direito.
Abri o celular e mostrei a mensagem. Aproveitei e enviei tudo para o celular dela, como um tipo de prova, caso ocorresse algo comigo.
— Você não vai! Está louca? — Apavorada, agarrou meu braço. — Não se identificou, usou número desconhecido! Não tem nada contra ele!
— É o único jeito, Margarida. Não temos nada além de desconfianças. E ele está com medo de mim, vai atacar, mas se veio atrás é porque me considera uma ameaça!
— É um maluco, isso sim! Brincando de gato e rato, se divertindo com você! Pare e pense, Dani! Vai te matar!
Não falei nada. Abri minha bolsa, peguei o 38 e confirmei que estava carregado. Peguei o pequeno aparelho de GPS e enfiei no bolso detrás da calça. Apalpei a câmera e gravadora embutida na bolsa, dizendo com mais calma do que pensei que teria:
— Ele não sabe que eu tenho você comigo. Quando eu sair daqui para encontrá-lo, preciso que fique no computador, acompanhando tudo pela webcam e pelo satélite. Vai poder ver e ouvir em tempo real o que estiver acontecendo. Assim que souber a identidade dele, avise à polícia. Avise também ao que for inocente. Se o assassino for Davi, ligue para Gabriel. E vice-versa. Se for o Rômulo, avise aos dois. Sabe os contatos deles. Grave tudo, Margarida. Será a nossa prova.
— Não! — Segurou-me forte com as duas mãos parecendo garras, a respiração agitada, muito pálida. — É perigoso! Não vou deixar que você se arrisque assim. Avisaremos à polícia antes, para agir e ...
— Só tenho meia hora. Não dá tempo de nada e se ele notar que a polícia está perto, vai escapar antes de ter tempo para saber quem é. — Eu me sentia gelada, mas decidida, focada. Por anos esperei aquele momento, não o desperdiçaria.
— Daniela, escute. Tudo pode acontecer. Se ele atirar em você antes que grave algo? Se a polícia não te achar? São várias possibilidades e todas ruins!
— Faça o que eu disse, Margarida. Eu só posso contar com você. Vou de qualquer jeito.
— Louca! Não vai! Não vou deixar! — Gritou, me puxando para seus braços, chorando em desespero. — Por favor, não vá, Dani. Já perdi Fabiana mesmo. Não posso perder você. Foi mais do que uma filha para mim nesses anos todos! Me perdoe pelo que disse antes, pelas acusações que fiz contra você, eu estava nervosa! Sei que está querendo pegar o assassino, mas assim não ... pelo amor de Deus.
— Vai ficar tudo bem. Calma. — Abracei-a forte, meus olhos se enchendo de lágrimas. O medo estava lá, quase me fazendo desistir, mas eu me sentia ameaçada de qualquer jeito. — Ele sabe de mim, Margarida, vem me pegar de qualquer jeito. É melhor eu estar preparada. Com a sua ajuda, vamos conseguir.
— Não. Por favor ... — Agarrou-me em prantos e eu deixei as lágrimas correrem, fechando os olhos por um momento. Doeu imaginar que Gabriel pudesse me encontrar dali a meia hora.
Doeu pensar que Davi sorriria para mim, dentro do carro. Foi errado, mas desejei que fosse Rômulo. E no fundo de mim eu soube qual deles acabaria mais comigo sendo um assassino. Aquele que me fez me apaixonar, mesmo sem admitir nem para mim mesma.
— Margarida, me ajude. — Afastei-me um pouco e fitei seus olhos, mais forte do que me sentia. – Quero pegar esse desgraçado. E você vai me ajudar. Prometo que tomarei cuidado.
— Não! É uma armadilha! É arriscado!
— Sempre foi. Ao menos agora teremos respostas.
Sacudiu a cabeça, agoniada. Não me soltou.
— Se ele matar você ...
— Teremos provas.
— Fodam-se as provas! Quero você viva!
— Eu vou. Já decidi. Vai me ajudar ou não?
— Por favor, não faz isso ... — Voltou a chorar.
Tentei me soltar, mas lutou e me manteve presa. Sabia que não faria aquilo por muito tempo, que não tinha como me aprisionar, mas implorou, tentou me convencer do contrário, ameaçou chamar a polícia assim que eu saísse. Deixei que extravasasse o medo, gritasse, enquanto a convencia com calma. Por fim desabou.
— Vamos conseguir, nós duas. Faça o que eu falei. Dessa vez o pegaremos.
— Dani ...
— Prometo que vou me cuidar. — Levantei com firmeza. — Meu tempo está acabando.
Arrasada, ela puxou a cadeira de rodas para perto, ameaçando:
— Se você não voltar eu morro também. E a culpa vai ser sua! Meu Deus, que loucura! Meu Deus!
Antes que eu saísse e ela fosse para o computador, agarrou minha mão. Olhamos nos olhos uma da outra. Aquele assassino destruíra nossas vidas tirando de nós pessoas que amávamos. Mas estávamos unidas. E o que tínhamos, além do desejo de justiça e de vingança, era um amor sólido uma pela outra. E nenhuma de nós queria perdê-lo.
— Vai dar tudo certo. – Garanti. — Vou voltar.
Margarida só conseguiu concordar com a cabeça. E sua resposta foi um abraço cheio de emoção.
Continua amanhã
Autora : Nana Pauvolih
CAPÍTULO 33
A SOMBRA
Não podia acreditar que o corpo daquele viadinho tinha sido encontrado e dos outros, mais antigos, também. Não era possível! Aquilo nunca acontecera e por um momento pensei se tinha sido uma denúncia. E juntei algumas coisas.
Poderia ter sido Daniela? Mas se sabia onde estavam os corpos era porque tinha me seguido e isso não ocorreu. Eu prestei muita atenção. Além do mais, caso tivesse provas, a polícia já teria vindo atrás de mim.
Nervoso, pensei o que poderia acontecer com aqueles novos fatos. Eu tinha sido muito burro! Acostumado como estava a fazer o que eu queria e enterrar os corpos, sem nunca ter sido descoberto, não me preocupei muito com detalhes. E se achassem minha impressão digital naquele rapaz, em sua roupa ou mochila, já que o enterrei com tudo? Ou algo meu que não percebi?
Fechei os olhos, procurando me acalmar. Tinha ficado assim também quando matei pela primeira vez aquela garota no lago, aos dezesseis anos e joguei o corpo no rio, de improviso. Lembro bem daquela menina impertinente que estudava na mesma escola que eu. Ficou provocando e, quando a levei para lá e transamos, entrou em uma de debochar de mim.
Nunca esqueci como aquela piranha mexeu tão fundo. Quando viu que eu só trepava com ela e depois a desprezava, entrou em uma de me comparar com ele, dizer que eu o invejava e que não chegaria aos seus pés. Teve o que mereceu. Como era mesmo o nome dela? Fabiana. A putinha da escola. Há doze anos se encontrava no fundo do rio. Ninguém tinha mandado se meter comigo.
Depois, só me descontrolei assim com Monalisa. Todos os outros estavam esquecidos e, por um momento, pensei que nunca seriam descobertos. Agora quatro deles apareciam assim, sem ao menos eu esperar. E eu nem imaginava o que aquilo poderia ocasionar.
Péssimo momento para aqueles corpos aparecerem. Eu tinha que sumir com Daniela. E se levantassem suspeitas sobre mim? Até então, eu estava longe de tudo. Mas desaparecer com a putinha poderia ser demais.
Enchi-me de ódio ao imaginar que estava entre a cruz e a espada. Se não fizesse nada, Daniela poderia continuar com as investigações e descobrir alguma coisa. Podia conquistá-lo e até voltá-lo contra mim. Se eu sumisse com ela, quem sabe isso atraísse investigações para a minha pessoa. Tudo era um risco.
O meu lado mais agressivo e animalesco gritou mais alto. Eu sabia que minha fúria suplantaria todo o resto em algum momento e perderia a cabeça. Eu a mataria em um momento de raiva, como foi com Monalisa. Então era melhor agir rápido. Destruir Daniela acabava sendo a única opção. Só precisava ser logo, enquanto os holofotes estavam nos corpos.
Só então me acalmei e consegui respirar aliviado. Fui até a janela, minha mente girando com planos, mas tudo atrapalhado pelas minhas emoções. Momentos turbulentos se anunciavam, mas também necessários. No final das contas, ninguém tinha mandado aquela mulher se meter e atrapalhar a minha vida.
Se ela tinha algo a ver com os corpos encontrados, devia estar em Conservatória. Precisava atraí-la, criar uma armadilha. E descobrir realmente o seu paradeiro.
CAPÍTULO 34
DANIELA PRADO
Sentada à mesa da cozinha de Margarida, assim que acabei de fazer a sopa e tomar um chá, eu fitava o celular em minhas mãos e as diversas ligações que não atendi, de Gabriel e de Davi. Eu não queria falar com nenhum deles naquele dia, quando me sentia tão sensível, furiosa, arrasada.
Deviam estar curiosos, pois nunca faltei. Teria que arrumar uma boa desculpa depois. Naquele momento não estava em condições de fingir quem eu não era para eles.
Já ia largar o celular na mesa e me levantar, quando escutei o barulhinho que fazia quando recebia mensagem no WhatsApp. Li o texto:
Eu sei que você está em Conservatória, que descobriu sobre os corpos encontrados. E tem suas desconfianças. Posso ajudar. Conheço a identidade do assassino, mas preciso de provas e é perigoso falar aqui. Podemos nos encontrar?
Era uma mensagem de um número privado, desconhecido. Senti meu coração disparar sem controle e fiquei gelada. Minha vista chegou a nublar por um momento. E então tudo voltou de uma vez, trazendo a sensação inerente de perigo. Precisei respirar várias vezes até me acalmar um pouco. Peguei o celular e digitei uma resposta:
Quem é você? Davi? Gabriel?
Um amigo. A resposta veio logo.
O assassino?
Não. Você me conhece, mas prefiro falar pessoalmente. É sério demais e perigoso. Mas se não quiser, tudo bem. Achei que poderíamos ajudar um ao outro.
Claro que era uma armadilha, estava na cara. Tanto pela identidade ocultada quanto pelo celular sem rastreamento de número. Queria acabar comigo e depois se livrar do aparelho. Mesmo que eu enviasse aquela conversa para alguém, não daria em nada. Estava na cara.
Pensei como soube de mim, que pista deixei para trás. E se era Rômulo ali, grotescamente pensando em tirar a minha vida e afastar um risco. Davi ou Gabriel se arriscariam aquele ponto? Só se o assassino estivesse desesperado.
Meu peito se apertou e lágrimas encheram sem controle os meus olhos. Eu não tinha nada, nenhuma pista concreta. E o desgraçado me oferecia a oportunidade de descobrir, mas para isso teria que colocar minha vida em risco. Era tudo ou nada, para mim e para ele.
Se eu ignorasse, continuaria no escuro e ainda por cima em sua mira, pois com certeza já conhecia tudo sobre mim e não sossegaria até me liquidar. E eu nem saberia ao certo de onde veio o golpe. O único motivo dele se expor tanto com aquele convite era o fato de achar que eu possuía informações importantes sobre ele. E era com isso que eu deveria trabalhar. Digitei:
Onde e quando?
Demorou um pouquinho, mas logo veio a resposta:
Daqui a trinta minutos. No ponto de ônibus em frente ao posto de gasolina, no centro de Valença. Conhece?
Era um local público e isso não me tranquilizou. O que estaria planejando? Estava tão acostumado a matar que não tomava cuidados, não temia ser visto?
Sim. Estarei lá. Como saberei quem é você?
Saberá.
Fechei a tela do celular, esgotada. Enxuguei meus olhos e me levantei. Como uma sonâmbula, peguei minha bolsa e fui até o quarto de Margarida. Ela acordou quando entrei e sentei na beirada da cama ao seu lado. Fitou-me, preocupada.
— O que foi? Mais notícias ruins?
— O assassino acabou de falar comigo.
— O quê?! — Arregalou os olhos, se sentando, sem poder acreditar. — Como foi isso? Quem é ele?
— Não sei. Mas vou descobrir.
— Daniela, explique direito.
Abri o celular e mostrei a mensagem. Aproveitei e enviei tudo para o celular dela, como um tipo de prova, caso ocorresse algo comigo.
— Você não vai! Está louca? — Apavorada, agarrou meu braço. — Não se identificou, usou número desconhecido! Não tem nada contra ele!
— É o único jeito, Margarida. Não temos nada além de desconfianças. E ele está com medo de mim, vai atacar, mas se veio atrás é porque me considera uma ameaça!
— É um maluco, isso sim! Brincando de gato e rato, se divertindo com você! Pare e pense, Dani! Vai te matar!
Não falei nada. Abri minha bolsa, peguei o 38 e confirmei que estava carregado. Peguei o pequeno aparelho de GPS e enfiei no bolso detrás da calça. Apalpei a câmera e gravadora embutida na bolsa, dizendo com mais calma do que pensei que teria:
— Ele não sabe que eu tenho você comigo. Quando eu sair daqui para encontrá-lo, preciso que fique no computador, acompanhando tudo pela webcam e pelo satélite. Vai poder ver e ouvir em tempo real o que estiver acontecendo. Assim que souber a identidade dele, avise à polícia. Avise também ao que for inocente. Se o assassino for Davi, ligue para Gabriel. E vice-versa. Se for o Rômulo, avise aos dois. Sabe os contatos deles. Grave tudo, Margarida. Será a nossa prova.
— Não! — Segurou-me forte com as duas mãos parecendo garras, a respiração agitada, muito pálida. — É perigoso! Não vou deixar que você se arrisque assim. Avisaremos à polícia antes, para agir e ...
— Só tenho meia hora. Não dá tempo de nada e se ele notar que a polícia está perto, vai escapar antes de ter tempo para saber quem é. — Eu me sentia gelada, mas decidida, focada. Por anos esperei aquele momento, não o desperdiçaria.
— Daniela, escute. Tudo pode acontecer. Se ele atirar em você antes que grave algo? Se a polícia não te achar? São várias possibilidades e todas ruins!
— Faça o que eu disse, Margarida. Eu só posso contar com você. Vou de qualquer jeito.
— Louca! Não vai! Não vou deixar! — Gritou, me puxando para seus braços, chorando em desespero. — Por favor, não vá, Dani. Já perdi Fabiana mesmo. Não posso perder você. Foi mais do que uma filha para mim nesses anos todos! Me perdoe pelo que disse antes, pelas acusações que fiz contra você, eu estava nervosa! Sei que está querendo pegar o assassino, mas assim não ... pelo amor de Deus.
— Vai ficar tudo bem. Calma. — Abracei-a forte, meus olhos se enchendo de lágrimas. O medo estava lá, quase me fazendo desistir, mas eu me sentia ameaçada de qualquer jeito. — Ele sabe de mim, Margarida, vem me pegar de qualquer jeito. É melhor eu estar preparada. Com a sua ajuda, vamos conseguir.
— Não. Por favor ... — Agarrou-me em prantos e eu deixei as lágrimas correrem, fechando os olhos por um momento. Doeu imaginar que Gabriel pudesse me encontrar dali a meia hora.
Doeu pensar que Davi sorriria para mim, dentro do carro. Foi errado, mas desejei que fosse Rômulo. E no fundo de mim eu soube qual deles acabaria mais comigo sendo um assassino. Aquele que me fez me apaixonar, mesmo sem admitir nem para mim mesma.
— Margarida, me ajude. — Afastei-me um pouco e fitei seus olhos, mais forte do que me sentia. – Quero pegar esse desgraçado. E você vai me ajudar. Prometo que tomarei cuidado.
— Não! É uma armadilha! É arriscado!
— Sempre foi. Ao menos agora teremos respostas.
Sacudiu a cabeça, agoniada. Não me soltou.
— Se ele matar você ...
— Teremos provas.
— Fodam-se as provas! Quero você viva!
— Eu vou. Já decidi. Vai me ajudar ou não?
— Por favor, não faz isso ... — Voltou a chorar.
Tentei me soltar, mas lutou e me manteve presa. Sabia que não faria aquilo por muito tempo, que não tinha como me aprisionar, mas implorou, tentou me convencer do contrário, ameaçou chamar a polícia assim que eu saísse. Deixei que extravasasse o medo, gritasse, enquanto a convencia com calma. Por fim desabou.
— Vamos conseguir, nós duas. Faça o que eu falei. Dessa vez o pegaremos.
— Dani ...
— Prometo que vou me cuidar. — Levantei com firmeza. — Meu tempo está acabando.
Arrasada, ela puxou a cadeira de rodas para perto, ameaçando:
— Se você não voltar eu morro também. E a culpa vai ser sua! Meu Deus, que loucura! Meu Deus!
Antes que eu saísse e ela fosse para o computador, agarrou minha mão. Olhamos nos olhos uma da outra. Aquele assassino destruíra nossas vidas tirando de nós pessoas que amávamos. Mas estávamos unidas. E o que tínhamos, além do desejo de justiça e de vingança, era um amor sólido uma pela outra. E nenhuma de nós queria perdê-lo.
— Vai dar tudo certo. – Garanti. — Vou voltar.
Margarida só conseguiu concordar com a cabeça. E sua resposta foi um abraço cheio de emoção.
Continua amanhã
Ansiosa demais!!
ResponderExcluirSei q vc tem uma vida mas bem q podia soltar mas capitulos por dia😭😶.
O não só amanhã pra saber quem é
ResponderExcluirMata a gente de ansiedade!!
ExcluirPoxa repetiu a primeira parte e na melhor parte parou..
ResponderExcluirContando os minutos para o próximo capítulo
ResponderExcluirQue horas é postado o próximo capítulo??? 🙏🙏🙏🙏
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