Conto Erótico - A Sombra da Luz - Capítulos 29 e 30

🔥✨A SOMBRA DA LUZ 🔥✨

Autora :  Nana Pauvolih

CAPÍTULO 29

GABRIEL CAMPANARI

No final da tarde, depois que resolvi todas as coisas relativas à agência, fui até um Café em Ipanema encontrar Manolo Dourado, o investigador, amigo meu, que ficou de buscar algo sobre o que pedi a ele. Em meio ao dia atribulado e aos pensamentos e sentimentos contraditórios que Daniela despertava em mim, nem tive tempo de pensar direito sobre o assunto daquela menina, embora soubesse que era o certo a fazer.
Eu estava preocupado e ter ido a Grumari naquela manhã depois de tantos anos me perturbou além da conta. Pensei muito em Monalisa, relembrei tudo. Achei melhor me cercar de todos os lados, aquela coisa opressiva aumentando em meu peito.
— Gabriel, quanto tempo! – Manolo se levantou sorrindo assim que me aproximei da mesa onde tomava um café expresso.
— Pois é, Manolo. Pelo menos um ano, não é? Nessa correria da vida, a gente acaba se afastando das pessoas. Como está Irene? – Cumprimentei-o com um aperto de mão e uma batida no ombro. Éramos amigos há uns anos e ele já fizera algumas investigações para a agência.
— Está ótima. Na luta atrás das crianças, como sempre.
Nós nos sentamos e pedi um café puro ao garçom. Manolo empurrou um envelope em minha direção e o fitei.
— Foi rápido dessa vez.
— Hoje em dia é mole encontrar uma pessoa. – Sorriu.
O garçom deixou meu café na mesa e se afastou. Nem o toquei, abri o envelope, enquanto meu amigo dizia:
— Ela tinha seus registros em Jaconé, onde nasceu. Mas não mora lá há alguns anos. Se quiser, faço outra investigação para localizá-la. Essas são só as iniciais.
— Talvez eu precise mesmo. Afinal...
Eu me calei abruptamente quando tirei do envelope uma foto. Fitei a garota ali, sentada em um balanço, olhando diretamente para frente, sem sorrir. Fitei seus olhos esverdeados e foi como tomar um soco. Estava diferente, talvez com quinze ou dezesseis anos e com longos cabelos até a cintura. Não escuros como agora. Mas ruivos, do mesmo tom vivo e lindo de Monalisa. Eu fitava os olhos de Daniela.
— Gabriel? O que houve? Está pálido.
— Nada, eu... – Balancei a cabeça, sem poder acreditar.
Não consegui tirar os olhos daquela foto, entendendo porque tantas vezes senti que conhecia Daniela, que havia algo familiar nela. Era parecida com Monalisa. Com aquela cor de cabelo então... Sua cor natural.
Perguntas vieram em disparada na minha mente, várias, atropelando-se. Por quê? Por que estava ali, sem dizer quem era? O que queria? Senti de novo todas as sensações desde a primeira vez que a vi, a desconfiança, a familiaridade, a atração. Como não notei antes sua semelhança com Monalisa? O tipo de corpo, o formato do rosto, algo em sua voz?
Perplexo, tirei os outros papéis do envelope e os olhei. Daniela Silva Prado. Pai: Rico Prado. Mãe: Otília Silva. Irmã: Monalisa Silva. Viveu em Jaconé até os 16 anos, quando saiu e nunca mais voltou. Os pais ainda estavam vivos, morando no mesmo local. Atualmente tinha vinte e quatro anos. Havia ali cópias de seus documentos e estava então com os cabelos escuros na identidade.
— Quer que continue na investigação para saber onde ela está hoje? – Perguntou Manolo.
— Não vai ser necessário. – Guardei tudo no envelope, ainda chocado.
Tinha pedido para investigar a irmã de Monalisa e ela era Daniela.
Eu precisava pensar, analisar tudo com calma. Não sei como consegui falar com Manolo e tomar meu café. Quando nos despedimos, fui para meu carro e fiquei lá, imobilizado, tentando pôr tudo em ordem dentro de mim e entender o que estava acontecendo.
Daniela era a Pequerrucha. Lembrei que era assim que Monalisa falava dela, mais de uma vez nos contando que um dia a traria para morar no Rio. Tinha 15 anos quando Monalisa morreu. Aos dezesseis saiu de Jaconé. E agora, estava se relacionando comigo e com Davi, como tinha feito sua irmã. Não era preciso ser nenhum gênio para perceber algumas coisas.
Ela tinha feito tudo de propósito. Tinha entrado em nossas vidas, usado sua beleza, se envolvido com nós dois de caso pensado. E então me recordei que fomos investigados na época da morte de Monalisa e um dos detetives disse que havia uma denúncia contra nós. Nada foi encontrado e a polícia descartou a mim e a Davi como suspeitos. Agora eu me perguntava se aquela denúncia não tinha vindo de Daniela. Provavelmente. E se fosse isso, boa parte daquela história se explicava. Ela queria descobrir o assassino da irmã e acreditava que devia ser eu ou Davi.
Respirei fundo e guardei o envelope dentro da minha pasta. Em que se baseava para ter essa desconfiança? Não podia ser só no fato de termos sido amantes de sua irmã. Talvez fosse o mesmo motivo que a fez fazer a denúncia anos atrás. E isso acrescentava mais um monte de perguntas em minha cabeça.
Lembrei da noite passada, quando quis nós dois, como em alguns momentos parecia agoniada, em outros se mostrava sensual, querendo um ménage. O tempo todo estava nos investigando, se infiltrando em nossas vidas. Deixando-me perturbado, com ciúmes, cheio de dúvidas. Parte delas se esclareciam.
Liguei o carro, nervoso. Dirigi de volta para o escritório, mil perguntas na mente, a vontade de pressioná-la e exigir respostas. Mas isso poderia fazer com que se assustasse e se escondesse mais. Não, eu precisava descobrir o que planejava e baseada em quê. Sem alertá-la até saber como agir.
Por um momento senti um gosto amargo na boca, uma pressão no peito, uma sensação estranha, que fez um arrepio sinistro percorrer minha coluna. Foi como se uma voz sussurrasse em meu ouvido que muita coisa tenebrosa ainda ia acontecer.
Parei o carro na calçada em frente ao prédio em que ficava a agência, olhando o relógio de pulso. Pouco depois das cinco da tarde. Daniela já teria saído? Respirei fundo, tentando controlar meus instintos. Precisava de cabeça fria para agir da maneira mais correta possível e montar as peças daquele quebra-cabeça.
Antes que pudesse sair do carro eu a vi surgir na entrada do prédio. Olhei-a, percebendo seus cabelos castanhos escuros presos. Tive vontade de vê-los como realmente eram, naquele rico tom de ruivo. Seu corpo alto e esguio, o modo de se mover... como não notei aqueles detalhes? Aquela semelhança não gritante, mas perceptível?
Daniela caminhou em direção ao ponto do ônibus, mas saí do carro quando se aproximou mais. Ela parou e me fitou, arregalando os olhos, sua respiração se acelerando. Senti seu nervosismo e se assemelhava muito ao meu.
— Precisamos conversar. Entre.
Achei que ia recusar. Continuou ali parada, até que pareceu se controlar. Olhou para o carro e depois para mim, seus sentimentos agora bem disfarçados em uma expressão neutra. Segurou firme sua bolsa e terminou de se aproximar.
— Conversar? Resolveu falar comigo agora, Gabriel?
Pensei em muita coisa naquele momento. Sentimentos fortes e densos me corroeram, mesclados a todas as dúvidas. Fiquei com raiva, lutando para me conter.
— Entre, Daniela.
Seus olhos brilharam, acho que de irritação. Ou de medo. Ou de algo mais que não soube explicar. E sem dizer uma palavra, ela entrou no carro.
Dirigi em silêncio. Não sabia ao certo o que dizer, como ter algumas respostas sem revelar o que eu sabia.
— O que você quer? – Perguntou baixinho.
— Conversar.
— Sobre o que, Gabriel?
— Sobre nós.
Ela ficou quieta e eu também. Dirigi sem destino, na verdade sem um plano claro na mente. Precisava pensar, mas queria entender melhor tudo antes de agir. Só parei ao estacionar o carro na garagem de uma lanchonete. Então me virei e a encarei no fundo dos olhos. Daniela me encarou de volta, quase que com ódio.
Fitei-a e fui invadido por emoções violentas. Sem me controlar, fui até ela e a encurralei contra a porta. Arregalou os olhos e entreabriu os lábios. Beijei-a com força e paixão, com tudo que explodia em mim.
— Quero você pra mim, Daniela... — Murmurei rouco, tentando soar sincero: – Vai dar tudo certo...
Empurrou-me e me manteve à distância, purgando raiva por todos os poros.
— Pelo que me lembro, ontem você me desprezava. É louco? Muda de humor de uma hora para outra e acha que pode me agarrar para tudo ficar bem? O que você quer?
— Não quero dividir você com Davi. – Falei baixo. — E se eu quiser? – Seus olhos ardiam.
– Se eu quiser só Davi? Vai fazer o quê? Me matar?
Acho que se arrependeu do que disse, mas não voltou atrás. Cerrou os lábios, esperando, encarando-me.
Então era isso. Analisei-a em silêncio um momento. Então continuei no mesmo tom:
— Eu nunca mataria você, Daniela. Acha que teria coragem de te machucar?
— Então, por que não me solta?
— Não estou te segurando.
Soltou o ar, pálida. Disse ameaçadoramente:
— Fique longe de mim até saber o que quer. E aceite que eu posso muito bem querer só o Davi daqui para frente.
O ciúme veio forte em meio a tudo, mas não esperou para ver mais. Abriu a porta com raiva e saiu batendo-a, pisando duro.
Quieto eu a acompanhei com os olhos, a mente em um turbilhão. Precisava agir.


CAPÍTULO 30

A SOMBRA

Sentado na cama, eu não conseguia dormir. À minha volta, sobre o lençol branco, duas folhas de papel e uma foto grande. Uma revelação e tanto.
Eu sabia que aquela puta deveria sumir e não podia levantar desconfianças. Tinha que parecer que ela foi embora. Mas ia demorar muito para forjar alguma coisa e minha raiva acabaria aparecendo antes do tempo. Não, precisava ser logo, antes que eu me descontrolasse.
Então tive uma ideia. Investigá-la. Saber até que ponto alguém sentiria falta dela ou se havia algo sujo em seu passado que eu pudesse usar. Assim, contratei um investigador, meio que sem acreditar que daria em algo realmente útil. O resultado era chocante.
Quem poderia imaginar que a irmã caçula de Monalisa era Daniela? Fiquei surpreso e ainda mais furioso. Vários questionamentos me deixaram alerta. Em que ela se baseava para estar ali, entre nós? Teria alguma prova? Senti-me nervoso, preocupado, analisando cada detalhe para não cair em uma armadilha. E depois de muito pensar, concluí algumas coisas.
Daniela não tinha provas. Tudo o que tinha eram desconfianças, ou já teria agido. Estava lá, se fazendo de secretária, se insinuando, enquanto tentava descobrir algo. E isso era uma grande vantagem. Até o envolvimento que notei entre eles poderia ser falsidade dela. Mas ele não sabia e eu podia jurar que estava se apaixonando pela puta.
Olhei sua foto sobre a cama, com os cabelos ruivos lindos de Monalisa. A safada nos enganou direitinho. Ali, mais do que nunca, eu soube que precisava agir logo, tirar a bisca do caminho dele e do meu. Sem levantar suspeitas.
Passei as mãos pelo cabelo, nervoso. Odiava me sentir acuado. Nesses momentos gostava de agir de uma vez, extravasar a fúria, livrar o mundo da ameaça. Ou me tornava só ódio e escuridão, consumido pela fome voraz. Eu não podia passar daquele ponto ou perdia o controle.
Observei as informações ali, pais vivos, mas que ela não via há anos. Agia por conta própria. Ninguém sentiria falta da vagabunda quando sumisse, talvez só ele. Com o tempo a esqueceria, como foi com Monalisa. Na verdade, eu o estava ajudando, tirando outra falsa do caminho. Decidi apenas agir. Preparar uma armadilha, afastar o perigo, esperar as coisas abafarem. E tudo voltaria a ser como era antes. Normal.
Senti parte de meu nervosismo ceder e a calma se espalhar dentro de mim. Sim, eu usaria sua desconfiança contra ela. Eu a faria vir até onde eu queria e então nunca mais ouviria falar de Daniela Prado. Seriam dois livramentos ao mesmo tempo: estaríamos livres de sua investigação e também a afastaria dele. Só então eu poderia retornar à minha vida, sem qualquer tipo de ameaça.
Uma pequena excitação começou a me consumir aos poucos. Antecipei o prazer, quando estivesse com seu pescoço nas mãos. De preferência dentro dela, pois uma coisa precisava admitir, era linda e não seria sacrifício algum me despedir da putinha daquela forma.
Imaginei o que pensaria. Que foi uma tola, por achar que venceria? Por ter desconfiado das pessoas erradas? Suplicaria, como a irmã fez?
Fechei os olhos e Monalisa veio em minha mente, clara e cristalina, como da última vez em que nos vimos, despejando aquelas desculpas todas em cima de mim. Que queria que eu fosse feliz, que não desejava me magoar, bla-bla-blá. Como se eu ligasse para ela. Quando tudo o que pensava era que tiraria quem me importava.
Monalisa me irritou demais, fez o descontrole se tornar violento, maior do que tudo que já senti na vida. Vi seus lábios se movendo, falando, mas me tornei surdo. Algo gritava dentro de mim: MATE-A! MATE-A! E parecia um mantra, a solução perfeita, nada que eu não tivesse feito antes. Livrar o mundo de um mal. Quando a frieza ocupou o lugar do ódio, soube que o momento certo chegara e precisava agir.
Fui para cima de Monalisa, minhas mãos apertando seu pescoço delicado, forçando-a violentamente contra a porta. Seus olhos se arregalaram, o susto e o pânico a fizeram empalidecer. Eu só não contava com uma coisa.
Que ela conseguisse abrir a porta do carro. Não sei se inconscientemente, ou por querer, isso a fez cair para fora e me desequilibrou. Foi o bastante para me dar vários chutes, um deles acertando em cheio entre minhas pernas, me fazendo ver estrelas. Então saiu correndo pela praia no meio do temporal.
Eu a segui como um louco, cheio de dor, mas sabendo que não podia deixá-la escapar. Não pensei que alguém poderia estar ali e ver. Não pensei em nada além de caçá-la e abatê-la. E o fiz. Eu corri e a persegui. A desgraçada tentou se esconder, mas aquele cabelo a denunciou. Perto de umas árvores e pedras, em uma vala causada pela água do mar em dia de maré cheia, Monalisa quase passou despercebida. Mas a ataquei.
Não foi difícil. Magra e apavorada, não deu realmente muito trabalho. E eu sentia tanta fúria que quase quebrei seu pescoço, de tanto que apertei, molhado e cheio de areia em cima dela, vendo seus olhos morrerem, sua boca esganar, sua ameaça esvanecer para sempre. Então me levantei, tentei observar se algo meu caiu ali, mas ainda estava muito ligado para realmente me concentrar. Sacudi a areia molhada do corpo, respirando pesadamente, o sangue correndo violento e quente nas veias.
Olhei-a lá, largada, a chuva banhando-a, quase enterrada naquela vala. E sorri. Sorri, porque mesmo sem planejar, mesmo odiando fazer aquilo com pessoas conhecidas, tinha sido necessário. E eu me sentia estranhamente livre.
Voltei rápido para o carro e fui embora dali. Voltei a ser eu mesmo. Dormi pesadamente em meu apartamento. E quando me ligaram contando do acontecido, acordei ainda confuso, sem saber se tinha sonhado. Dei-me conta mais uma vez do que tinha feito e uma sensação ímpar de poder, de liberdade, veio de novo voraz. Sob o chuveiro, acabei me masturbando, revendo toda a cena, uma e outra vez, até me esvair em prazer.
Recuperado, fiz o meu papel. Mas nem fingi muito, pois uma parte minha sentiu. Lamentei pela dor dele. Tive vontade de lhe explicar que tinha sido para seu bem, mas como poderia? E depois, quando a polícia veio em cima de todos nós, não tive medo. Não havia prova de nada. Estava tudo dentro de mim e dela. E Monalisa não podia falar mais nada.
Levantei da cama, sentindo uma necessidade premente dentro de mim. Era hora de agir novamente.

Continua amanhã

Comentários

  1. Ai gente pelo amor de Deus posta mais tô ansiosa, quero que ela fique com o Gabriel e que descubra logo que quem matou foi o Rômulo e ajude a cunhada a ficar com Davi...

    ResponderExcluir
  2. Ansiosa por mais capitulos, ja to atesem unhas de tanta ansiedade

    ResponderExcluir
  3. Por favor maissss capitulos desse conto curiosa pra saber o final logo!!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Conto Erótico - O Fazendeiro 🔥 Capítulo 01

Conto Erótico - Tr€pei no trabalho com meu patrão

Conto Erótico - Doutor Diogo - Capítulos 01, 02 e 03