Conto Erótico - Enzo - Capítulos 29 e 30
🔥 Enzo 🔥
Autora Lily Freitas
Capítulo 29
Íris ficou encantada com a casa da mãe do Enzo, o
lugar era gigante. Íris só tinha visto esse tipo de
apartamento pela televisão. Nunca estivera em um
apartamento duplex na vida, tudo era surreal ali. Claro
que achou um exagero alguém morar sozinha em um lugar
tão grande, mas parecia que Carmem não ligava, ela
andava pelo local com tranquilidade.
O almoço tinha sido divino, a comida surpreendeu
Íris por ser simples, a mãe de Enzo não inventara nada
refinado. Mas a sobremesa foi o ponto alto, tudo o que
tinha chocolate agradava Íris, e brownie com sorvete foi
uma covardia. Íris precisou de toda a educação do mundo
para não fazer vergonha e repetir três vezes.
Após o almoço, Carmem quis saber como as
coisas andavam entre Íris e o filho:
— Como o meu filho tem se comportado?
— Melhor do que sonhei.
— Ele realmente gosta de você. Em todos esses
anos, nunca vi meu filho tão empenhando em conquistar
uma mulher.
— Empenhado em me conquistar? – Íris se sentiu
quente ao ouvir essa informação. Será que ela era
importante para ele mesmo?
— Enzo nunca trouxe namoradas na minha casa.
Sempre que conheci as amantes dele, foram em festas, não
em almoços. Ele fez questão de marcar esse encontro, me
ligou durante a semana e pediu que eu cozinhasse algo
especial. – Carmem olhou para o filho, que falava com
alguém no celular enquanto Sofia estava recostada no seu
colo, segurando o seu copo de suco. – Ele sequer tem jeito
com crianças, mas olha como se dá bem com sua filha.
— Eu tento, mas não consigo ver a Sofia como
filha. Sempre acho que se eu a assumir como filha, estarei
traindo a minha irmã.
— Bobagem, Íris, ela é sua filha agora, não tem
como mudar isso.
— Eu sei, mas me sinto mal.
— Não sinta. – Carmem até entendia o sentimento
dela, mas Sofia, mais cedo ou mais tarde, a chamaria de
mãe. – Vamos até a cozinha, preciso conversar com você
sem a presença do Enzo.
Agora o coração de Íris disparou, certamente ela
iria dizer algo desagradável para não desejar a presença
do filho. O comportamento compreensivo de Carmem
sempre causou estranheza em Íris. Uma mulher da alta
sociedade como ela jamais aceitaria uma mulher com a
história de Íris na vida do filho. Até o momento, ela tinha
sido a educação em pessoa, mas pela maneira que a
olhava agora, parecia que estava prestes a pular na
garganta de Íris.
— Vou direto ao ponto, sei que daqui a pouco meu
filho estará querendo saber onde estamos. – Carmem
sentou e fez sinal para Íris fazer o mesmo. – Íris, Enzo
quer manter um relacionamento firme com você, ele vai
falar isso hoje à noite quando saírem. Não sei se você
sabe, mas ele me pediu que ficasse com a Sofia logo mais,
para vocês poderem sair sozinhos.
— Eu não sei de nada. – O pensamento de Íris foi
de matar Enzo, mais uma vez ele fazia planos sem
consultá-la.
— Então finja não saber, ele me pediu que ficasse
quieta, mas quis saber a minha opinião se devia falar ou
não com você hoje.
— Ele pediu a opinião da senhora? Que surpresa.
– Íris tentou não soar sarcástica, mas pelo erguer das
sobrancelhas de Carmem, ela não foi feliz.
— Pode não parecer, mas ele pede opinião às
vezes. Normalmente quando se sente inseguro. Não que
ele vá assumir que está inseguro, mas quando ele
perguntar o que você acha de alguma situação, tenha em
mente que se sente inseguro.
— Vou tentar me lembrar disso.
— Vamos voltar ao nosso assunto. – A frieza no
olhar de Carmem fez Íris lembrar de Enzo quando estava
irritado. – Em outras circunstâncias, eu não aceitaria o
relacionamento de vocês. Sempre programei que o Enzo
encontrasse uma menina do nosso meio social, mas nada é
o como pensamos, e a vida trouxe você. Gosto de você
Íris, e gosto mais ainda da sua filhinha, ela é uma benção.
Só que a minha preocupação é sobre os seus sentimentos
pelo Enzo. Se você o enxerga apenas como uma maneira
de se reerguer, deixe o meu filho imediatamente. Eu posso
te ajudar com o dinheiro que quiser, meu falecido marido
deixou uma pequena fortuna para mim que não tenho
condições de gastar nem a metade. Posso te ajudar se
precisar. – O estômago de Íris se revirou, e ela teve que
respirar fundo para não vomitar. Essa mulher queria pagá-la
para se afastar de Enzo?
— Quer me pagar para ficar longe do seu filho? –
Íris sentiu que seu controle estava evaporando.
— Não, quero saber se você gosta dele de
verdade, ou se apenas está com ele até passar toda essa
tempestade. Se a resposta for a segunda opção, quero que
se afaste dele agora. Nós duas podemos entrar em um
acordo, e eu te ajudo no que for necessário. Mas se a
resposta for a primeira opção, não o abandone. Enzo está
sofrendo com a possibilidade de você ir embora, ele quer
você na casa dele. O meu filho é cheio de defeitos, mas
não suporto a ideia de saber que ele está sofrendo.
Agora Íris ficou sem palavras, não esperava ouvir
isso depois do início de conversa que estavam tendo. Mas
Carmem a surpreendeu, e nesse momento ela compreendia
a preocupação da mulher. Se Íris estivesse no lugar dela,
estaria sentindo essa mesma aflição.
— Eu amo o seu filho, mas não quero que ele entre
na confusão da minha vida. Tenho plena consciência que
estou atolada em problemas e não acho justo que o Enzo
assuma algo que não é dele.
— Você não sabe como me deixa feliz em ouvir
isso. – Carmem já tinha visto o sentimento que Íris tinha
pelo filho em cada olhar que dava para ele, mas ela
precisava ouvir da boca da sua futura nora que existia
algo verdadeiro entre eles. – Eu me compadeço de tudo o
que aconteceu com você e sei que tenho na minha frente
uma mulher de fibra, e o Enzo precisa disso. Ele não é
fácil, e uma mulher qualquer não conseguiria sucesso em
ganhar o coração e o respeito dele. Se você o ama, deixe
que ele cuide de você. Meu filho nasceu para proteger
quem ama, ele faz isso desde que era pequeno. Enzo é um
pouco intransigente, arrogante, debochado, mas, na
maioria das vezes, tem um grande coração. Tente se
acertar com ele definitivamente.
— Não é um problema fazer isso, apesar de me
sentir inapropriada para ele. Porém o meu medo é que em
algum momento ele perceba que sou uma grande furada.
Se isso acontecer, ele vai me jogar no meio da rua sem
pensar duas vezes.
— Você ainda não conhece o meu filho. – Carmem
esticou a mão e segurou a de Íris. – Se você não o
interessasse, ele já tinha se livrado de você.
— Será?
— Eu tenho certeza.
— Mãe! – As duas levaram um susto quando
ouviram a voz de Enzo por perto.
— Estamos na cozinha, Enzo. O que foi? – Ambas
o viram aparecer na porta da cozinha com o cenho
franzido.
— Por que estão aqui? – Sofia ainda estava no
colo dele, enrolando para tomar o suco.
— Enzo, a Sofia ainda está com esse suco? – Íris
olhou para a cara sapeca da pequena.
— Vocês não responderam a minha pergunta. –
Enzo se sentia irritado. Pela cara de culpa da mãe, algo
tinha acontecido.
— Eu estava conversando com a Íris sobre a
Sofia, acho que está na hora de ela assumir a menina como
filha. Daqui a pouco, ela começará a falar, e a Íris terá
que ensiná-la a falar “mamãe”.
— Só isso? – Por mais que a desculpa da mãe
parecesse convincente, Enzo estava com o pé atrás. Dona
Carmem era tão astuta quanto ele, mentir para ela era
muito fácil.
— Por acaso tenho necessidade de mentir?
— Quando quer, mente sim. – Já que ela
perguntou, Enzo precisou ser sincero.
— Boa sorte com o meu filho, Íris, ele é
insuportável. – Carmem levantou e se aproximou da porta
onde seu filho estava fechando o caminho. – Vou
descansar o almoço, seu quarto está preparado para você
e Íris. Se quiserem descansar, fiquem à vontade. Agora
saia da minha frente, menino.
— Está nervosa? – Enzo sorriu zombeteiro para
mãe, gostava de implicar com ela.
— Acho que você já sabe que estou farta de você
enchendo a minha paciência, agora sai da minha frente. –
Com um gesto brusco, Carmem o removeu do caminho e
foi direto para o quarto descansar antes de ficar com
Sofia.
— O que aconteceu com ela? Por que ficou
nervosa do nada?
— Porque você tem o dom de irritar as pessoas. –
Íris levantou e se aproximou dele. – Sorte a sua ser lindo
demais, caso contrário, eu também não te aguentaria.
— Então você só me atura porque sou lindo?
— Lindo e gostoso. – Íris ficou na ponta dos pés e
o beijou. – Com essas duas qualidades, qualquer mulher
abre uma exceção e suporta suas chatices.
— Sorte sua que temos a Sofia aqui, caso
contrário, eu ia te mostrar a minha exceção.
— Nossa... Agora eu fiquei arrepiada.
— Cuidado, Íris, cuidado. – Enzo começou a fazer
os planos para noite deles, e, nesses planos, ela pagaria
caro por tê-lo desafiado.
******
Foi difícil para Íris tentar fingir que não sabia dos
planos de Enzo para a noite, mas ela fez o seu melhor
quando ele avisou que iriam jantar fora. Porém ele a
pegou de surpresa quando lhe entregou um vestido de
noite de tirar o fôlego. Íris nunca tivera um vestido
daquele nível e passou um bom tempo admirando a beleza
da roupa.
Íris se sentia nervosa com o desenrolar da noite,
não queria pensar na proposta que Enzo faria. Ela ainda
estava ferida por causa do ex-marido, mas também não
gostava de imaginar uma vida longe de Enzo. Esse homem
tinha invadido o seu coração com tamanha força, que se
sentia perdida com os sentimentos que dominavam o seu
coração quando olhava em seus olhos. Um dia, Íris julgou
amar o marido, mas o que sentia por ele não chegava a
metade do que sentia quando Enzo a tocava.
— Sou capaz de dar qualquer valor pelos seus
pensamentos. – Enzo segurou a mão dela e trouxe até seus
lábios. – O que tanto te faz pensar, docinho?
— Nada de mais, só as preocupações normais.
— Você se preocupa demais, relaxa. – Se
dependesse de Enzo, ele tiraria todas as rugas de
preocupação que se formavam no rosto de Íris. Ela
merecia apenas sorrir, e não viver com mente recheada de
problemas.
— Vou tentar. – Íris se aninhou nos braços do
homem que amava e sentiu seu cheiro intenso, que
despertava profundos desejos nela. – Para onde estamos
indo? – Ela se sentia curiosa sobre o lugar que jantariam.
Enzo estava usando um terno sob medida e tinha escolhido
aquele vestido incrivelmente elegante e sexy para ela usar.
— Um local que gosto de ir. Depois do jantar,
passaremos a nossa noite por lá.
— Ficaremos a noite toda fora?
— Sim. – Enzo ergueu o rosto dela e deu um beijo
bem suave em seus lábios.
— Mas sua mãe não pode ficar a noite toda com
Sofia.
— Minha mãe vai tirar de letra ficar com a Sofia,
não se preocupe.
— Impossível não me preocupar.
— O Douglas ficará com ela, a Sofia gosta dele.
— Ele será uma espécie de babá? – Só de pensar
em Douglas ninando sua menininha, Íris sorriu. Ele era um
homem durão, ex-lutador, não combinava com o
estereótipo de alguém que cuida de crianças.
— Sim. – Enzo disse baixo e olhou para o seu
amigo. Douglas tinha resmungado sobre a proposta que
havia feito para ajudar a tomar conta da Sofia, mas com
uma boa conversa e a promessa de um bônus generoso no
dia do pagamento, Douglas cedeu e aceitou ficar na casa
da sua mãe, tomando conta das duas.
Íris sorriu com a situação em que Douglas tinha se
metido. Se sentia mais tranquila sabendo que Sofia tinha
duas pessoas especiais de olho nela. Agora ela se
permitiria curtir a noite ao lado do homem que amava.
Depois de tantos problemas, ela merecia um pouco de
paz.
Quando Douglas parou na porta de um dos mais
tradicionais hotéis do país, Íris se sentiu deslumbrada. Ela
sempre sonhou entrar no Copacabana Palace, mas nunca
teve oportunidade. Agora ela estava sendo recepcionada
com toda pompa e circunstância que nunca teve a ousadia
de imaginar.
Eles foram conduzidos para uma mesa especial,
que já esperava por eles, e Íris não perdeu nenhum detalhe
da decoração elegante e fina do lugar. Inúmeras pessoas
importantes passaram por esse local, e agora ela tinha a
oportunidade de trilhar esse mesmo caminho.
— Gostou da surpresa? – Pela maneira que os
olhos dela corriam pelo lugar, Enzo percebeu que tinha
acertado em cheio ao fazer essa surpresa.
— Se eu gostei? – Com dificuldade, Íris controlou
a vontade de gritar o quanto tinha amado a surpresa dele.
– Amei, sempre sonhei em conhecer esse lugar.
— Hoje você vai conhecer muito mais do que o
restaurante do hotel.
Um elegante garçom se aproximou da mesa deles,
e Íris não teve tempo de perguntar o que ele quis dizer
quando disse que “ela conheceria mais do lugar”. Mas,
nesse instante, se sentia tão deslumbrada, que queria
apenas aproveitar o momento.
Enzo pediu champanhe para brindar o momento.
Naquela noite, ele ia propor a Íris que permanecesse na
casa dele. Sabia dos riscos que corria, mas enfrentaria
cada um só para tê-la na sua vida. Ele queria não só o
corpo de dessa bela mulher, como também queria o seu
coração.
O jantar transcorreu com tranquilidade. A
satisfação nos olhos de Íris deixou Enzo feliz. Saber que,
durante o jantar, ela estava alheia a todos os problemas
que enfrentava deu a ele uma alegria quase infantil. Era
assim que ele desejava sempre a Íris, com alegria
brilhando nos olhos e um sorriso satisfeito nos lábios.
— Você é linda. – O elogio sincero escapou dele
no exato momento em que o garçom retirou a sobremesa. –
Obrigado por estar aqui comigo. – Ele se sentia muito
mais que apaixonado por ela e, naquele momento, faria o
que fosse preciso para nunca mais perdê-la.
— Enzo... – As palavras fugiram de Íris quando
viu uma emoção estranha brilhar nos olhos dele. Esse
homem era a perdição dela, já não conseguia mais
esconder o amor que sentia por ele.
— Eu reservei a suíte presidencial para nós. Hoje
teremos uma noite de amor sem interrupções ou
preocupações. – Desde que a amiga dela adoeceu, eles
nunca mais tiverem noites tranquilas, mas agora Enzo
queria esquecer que o mundo existia. – Vamos embora,
preciso de você.
********
Íris olhou com deslumbramento a suíte
presidencial, era algo cinematográfico. Ela não conseguia
acreditar na beleza impressionante do lugar. A suíte era
toda em cor creme, com uma vista linda do mar de
Copacabana. O banheiro tinha quase o tamanho da casa
inteira de Priscila e o quarto tinha uma cama imensa,
coberta por uma colcha macia que dava pena de deitar. A
sala era decorada com móveis de madeira escura, mas
com o estofado claro. O mar era a visão que brindava
todos os cantos do lugar, e como ela amava olhá-lo, parou
na sacada e admirou as ondas beijando a areia da praia.
— Acertei na surpresa? – Íris viu uma taça surgir
na sua frente e sentiu a mão da Enzo rodear sua cintura.
Desde que foi drogada pelo seu ex-marido com
champanhe, ela tinha adquirido repulsa pela bebida. Íris
acabou bebendo na hora do jantar para não fazer desfeita
a Enzo, porém agora ela não aceitaria a bebida.
— Acertou sim. – Ela se virou e encarou os olhos
cinzentos dele. – Agradeço a bebida, Enzo, mas já bebi
champanhe no jantar para não o deixar bebendo sozinho,
agora vou ser obrigada a negar sua oferta.
— É prosecco dessa vez.
— É quase a mesma coisa.
— Claro que não. – Ela o observou revirar os
olhos. – São duas bebidas distintas, poderia perder um
bom tempo te explicando as diferenças, só que nesse
momento prefiro perder o meu tempo com outras coisas.
Íris prendeu os lábios para não sorrir da carinha
de indignado dele, mas decidiu aceitar um pouco da
bebida.
— Obrigada pelo prosecco. – Ela fez questão de
falar lentamente o nome da bebida.
— Não deboche de mim. – As mãos dele
apertaram a cintura de Íris com força. – Eu conheço esse
seu ar de deboche, Íris.
— O meu não chega nem aos pés do seu, querido.
– Para distraí-lo, ela alisou a sua gravata e beijou o canto
da sua boca.
— O meu é de nascença. – Enzo gostava dessa
maneira atrevida dela de afrontá-lo, mesmo sabendo que
ele nunca assumiria isso.
— Deu para perceber que é natural. – Ela
contornou a boca dele com a ponta da língua e viu o seu
olhar escurecer. Queria Enzo agora e não estava no clima
para beber e trocar papo furado. Por isso afundou os
lábios nos dele e o beijou com paixão. Íris necessitava
demonstrar todo o sentimento que sentia nesse beijo,
queria que ele entendesse que, para ela, era muito mais do
que se#o. – Eu preciso de você, Enzo. – Ainda respirando
com dificuldade, ela conseguiu dizer essas palavras. –
Nesse exato minuto. – Com cuidado, ela descansou a taça
na sacada da varada e embrenhou as mãos pelo cabelo
sedoso dele.
Enzo se entregou ao beijo devorador de Íris e a
segurou nos braços para levá-la até o quarto. Hoje seria
uma noite importante para eles. Se tudo desse certo, sairia
desse hotel com a certeza que teriam um futuro.
Com muita calma, ele abriu o vestido dela e
observou Íris escorregar a peça com sensualidade pelo
corpo. Ela estava ainda mais sensual aos olhos dele,
parecia uma deusa no meio do quarto elegante. Seu desejo
era percorrer cada canto do corpo curvilíneo dela para
gravar os mínimos detalhes dele na memória.
Íris se entregou a cada toque que recebeu de Enzo.
Há tempos ela já fazia amor com ele sem preocupação,
porém agora tudo parecia diferente. Ele a olhava de uma
maneira misteriosa, que mexia com o coração dela cada
vez que os olhos deles se encontravam. Aos poucos, ele
foi devorando o seu corpo com beijos e mordidas, e em
cada lugar que a boca e língua dele passavam era como se
o corpo dela entrasse em chamas. Porém nada se
comparou quando ela o sentiu pressionar a sua entrada e
mergulhar dentro dela.
Nesse momento, os dois gemeram juntos e
iniciaram uma jornada firme em busca do prazer. Íris se
agarrou ao corpo forte dele e pediu que a possuísse com
intensidade. A cada movimento que ele fazia dentro dela,
sentia o tão desejado orgasmo se aproximando. Quando
ela explodiu em milhões de pedaços em seus braços, o
ouviu sussurrar algo no seu ouvido, mas estava longe
demais para alcançar o significado das suas palavras. Ela
já não tinha condições de saber sequer onde estava.
Por algum tempo, ele ainda se movimentou dentro
dela, falando palavras obscenas que prolongaram seu
orgasmo, mas, em pouco tempo, ele também se perdeu e
desabou sobre o corpo de Íris. Estava suado e saciado.
Eles eram perfeitos juntos, a intimidade que conseguiam
desfrutar era surpreendente para os dois. Já não tinha
como negar que ambos necessitavam um do outro como o
ar que respiravam.
********
Depois de duas rodadas do melhor se#o do mundo,
Enzo se sentia cansado. Ele precisava descansar, ou não
fecharia a noite com chave de ouro. Hoje sua loira estava
mais empolgada do que nunca e exigiu um esforço extra
dele para que ela alcançasse o seu último orgasmo. Agora
ele aproveitaria desse momento de descanso para
conversar com ela.
— Íris. – Ele a observou esticar o corpo na cama.
— Me deixa em paz. – Quando ela virou o corpo e
cobriu com o lençol, Enzo sorriu. O cansaço também tinha
cobrado seu preço para ela.
— Calma, docinho. – Enzo sentou na cama e
beijou seu ombro nu. – Quero conversar com você,
precisamos acertar o nosso futuro, e acho que esse é um
bom momento para isso.
Imediatamente ela se virou e percorreu todo o
rosto dele com um olhar atento.
— Nosso futuro?
— Sim. – Ele se ajeitou na cama e acariciou o seu
braço. – Sei que temos poucos meses juntos, mas para
mim foi tempo suficiente para saber que você é diferente
de qualquer mulher que já conheci. Gosto de ficar com
você, de conversar, de sentir seu cheiro, olhar para você e
de te possuir como fiz há pouco. É a primeira vez que
tenho esse tipo de sentimento por uma mulher, e isso é o
suficiente para eu saber que quero você comigo, na minha
casa, todos os dias.
Íris sabia que ele iria fazer essa proposta, mas não
esperava que fosse com todas essas palavras perfeitas.
Ela tinha se preparado para falar com ele que ambos
poderiam manter os encontros, sem a necessidade de ela
ficar em sua na casa. Entretanto, depois de todas essas
palavras, ela já não sabia o que deveria dizer.
— É um passo muito grande, Enzo, não acho que
devemos nos precipitar. – Por mais que ela quisesse se
jogar nos braços dele, precisava ser prudente. Não
entraria nessa situação sozinha, tinha Sofia, e a sua
pequena menina já gostava de Enzo. Ela já tinha perdido a
mãe e os avôs, Íris não achava justo ela perder Enzo, caso
ele percebesse que tinha cometido um erro ao colocar as
duas em sua vida.
— Somos adultos, Íris, e sabemos o que fazemos.
Sei que você também sente o mesmo por mim, está escrito
no seu olhar. Não vejo motivos para esperarmos nem mais
um minuto. Praticamente já estamos morando juntos há
uma semana.
— É diferente, e você sabe. Estou hospedada na
sua casa. Morar lá dará uma conotação de que estamos
realmente juntos. Eu acabei de sair de um casamento
traumático e tenho a Sofia, que perdeu a mãe e meus pais.
Eu posso aguentar diversas pancadas, mas vou evitar ao
máximo que minha pequena se machuque. Ela é meu
tesouro, e a amo como se tivesse saído de mim, Enzo.
Por alguns segundos, ele a observou em completo
silêncio. O rosto dele parecia uma máscara de
indiferença, e Íris começou a achar que tinha dito algo que
o feriu. Se isso tivesse acontecido, ela sentiria muito por
ele, mas em primeiro lugar sempre viria o bem-estar de
Sofia.
— Entendo o que você quer dizer e acho isso
louvável da sua parte, mas eu sei o que faço, sou um
homem de verdade e não brinco com os sentimentos dos
outros. Se eu quero você e Sofia na minha casa, em
definitivo, é porque eu sei o que estou fazendo. Vocês são
importantes para mim, preciso que as duas fiquem ao meu
lado. – Com uma força quase exagerada, ele segurou a
nuca dela e a fez olhar em seus olhos. – Acredite no que
digo, Íris, eu não quero que vá embora, fique comigo.
— Droga, Enzo. – Íris se sentiu irritada por ele ser
tão direto e convincente. – Não quero me ferir novamente.
— Isso nunca acontecerá. – Enzo preferia morrer a
feri-la. – Sempre estará segura comigo, nunca irei
machucá-la, muito menos Sofia.
— Não sei o que dizer.
— Posso tentar convencê-la? – Se fosse preciso,
ele se esgotaria na cama para mostrá-la que não
conseguiria viver sem ele.
— Eu preciso de uma pausa, ainda não consigo
respirar com naturalidade.
— Eu também. – Com delicadeza, ele beijou seus
lábios.
— Então entre embaixo desses lençóis e me
abrace, preciso dos seus braços em volta de mim.
— Isso é fácil. – Enzo se aconchegou ao lado dela
e puxou o seu corpo pequeno junto ao dele. Era assim que
ele desejava que ela permanecesse, sempre ao seu lado,
lhe dando o prazer de tê-la para si. – Vamos descansar,
mas saiba que ainda não acabamos. Assim que nos
recuperarmos, tenho algumas surpresas para você.
Íris apenas suspirou no seu peito e rodeou a
cintura dele para se encaixar ao seu corpo com perfeição.
Íris se sentia a mulher mais feliz do mundo, depois de
tantas perdas, a vida estava lhe dando a oportunidade de
ter um pouco de felicidade.
Capítulo 30
Para a surpresa de Enzo, a noite dele com Íris foi
bem melhor do que ele imaginou. No início, ela resistiu,
mas depois percebeu que eles faziam um par perfeito e
que deveriam estar juntos. Claro que ele usou de toda a
sua técnica de persuasão, e no final ela cedeu aos seus
encantos e aceitou permanecer morando com ele. Agora
ele só precisava encontrar o paradeiro do ex-namorado da
irmã dela e fazê-lo sumir da vida das duas para sempre.
Enzo não queria ninguém se intrometendo na vida deles,
muito menos um viciado em drogas.
Quando eles voltaram para casa, ela estava
sorridente e feliz. E esse sorriso era o que ele sempre
desejava ver em seu rosto. Iria até o inferno para fazer
Íris feliz, mesmo que isso significasse sumir com o ex cunhado
dela. Ele faria isso de olhos fechados.
— Conseguiu localizar o pai da Sofia?
— Consegui. – Douglas, como sempre, mostrou
toda a sua eficiência. – Estou monitorando o infeliz.
— Quero fotos, tudo o que possa comprometê-lo.
Em breve, a Íris terá mais uma audiência com o juiz, e
caso ele queira a guarda da criança, necessito ter provas
da falta de condições dele para ficar com a menina.
— Isso não será um problema, ele não é uma
pessoa que esconde as transgressões que faz. Estou
preparando um relatório que vai tirar todas as
possibilidades dele de ficar com a Sofia.
— Perfeito. E quanto ao ex-marido dela? Você
conseguiu localizar o bastardo?
— Tudo indica que ele esteja em São Paulo
mesmo. Estou para receber um dossiê completo sobre a
vida dele. Muito em breve, você poderá fazer uma
visitinha para o filho da mãe.
— Não quero visitá-lo, Douglas. Quero o dinheiro
dela de volta e o maldito divórcio. Conversei com ela
nesse fim de semana e consegui carta branca para mandar
o Rodolfo preparar os papéis do divórcio. – Claro que
Enzo não deixaria o infeliz sair dessa sem uma boa surra,
mas primeiramente iria fazê-lo devolver cada centavo que
roubou de Íris e deixá-la livre para se casar com ele. –
Ele vai aprender da pior maneira a nunca mais roubar uma
mulher.
— Eu posso ensinar essa lição. – Enzo bem sabia
da capacidade do amigo em esclarecer certos pontos para
as pessoas. Não era à toa que Douglas se transformou no
braço direito dele quando se tratava de serviços sujos.
— Vamos esperar o momento certo, meu amigo. –
Douglas assentiu e levantou da cadeira.
— Você a ama, não é? – A pergunta dele pegou
Enzo desprevenido.
Ele não gostava de pensar nos sentimentos que
sentia por Íris, pois nunca teve esperanças em amar. Tudo
na sua vida sempre foi superficial, por isso nunca
acreditou que encontraria um amor verdadeiro. Mas tudo
mudou quando Íris entrou no seu caminho. Desde o dia
que fez aquela maldita entrevista, ela não saíra da sua
cabeça e nem do seu coração.
— Ela se tornou essencial na minha vida. Não sei
se é amor, mas não posso mais ficar sem a Íris. – O
sorriso malicioso do seu amigo deixou claro que ele
compreendeu o que Enzo queria dizer.
— É amor, meu caro, pode acreditar. – Enzo abriu
a boca para replicar, mas não tinha certeza se teria
argumentos para contradizer o amigo. – Estou feliz por
você, Enzo, ela é uma mulher que merece ser amada.
Vocês formam um casal bonito, e a Sofia é a criança mais
amorosa que conheço, aquela menina me transforma em
um maricas em segundos. – A reclamação do amigo fez
Enzo sorrir, de fato o Douglas virava um bobão quando
estava com Sofia.
— Ela é linda.
— É sim, e não merece mais sofrer.
— Nenhuma das duas sofrerá.
— Garantiremos a felicidade delas. – Douglas fez
um gracejo exagerado e saiu do escritório de Enzo. Era
bom saber que tinha um aliado para proteger as meninas.
Com o seu amigo ao seu lado, ele tinha a certeza que
ninguém conseguiria machucá-las.
********
Íris não sabia como conversaria com a sua amiga
sobre a decisão de ficar na casa de Enzo. Quando chegou
da casa da mãe dele, no domingo à noite, Priscila estava
no trabalho e só chegou de madrugada. Ela praticamente
dormiu o dia todo, e quando acordou, foi logo
perguntando quando elas voltariam para casa.
Contar para a amiga que não voltaria seria
complicado, pois Priscila contestaria sua decisão. Apesar
de saber que estava sendo impulsiva, Íris não queria
deixar Enzo. Ele havia ganhando o seu coração, e agora
ela se sentia dependente dele, não queria mais viver sem
tê-lo ao seu lado.
O som da campainha a fez sair dos seus
pensamentos e correr para atender quem estivesse
esperando. Como o porteiro não avisou quem estava
subindo, deveria ser alguém conhecido, certamente era
Carmem querendo alguma coisa. No impulso, Íris abriu a
porta e deu de cara com Murilo. Ele estava vestido com
uma informalidade que ela desconhecia. Sempre que o
encontrava, ele estava com roupas milimetricamente
perfeitas, mas agora vestia apenas um jeans com camiseta
simples.
— Murilo, como vai?
— Ótimo, Íris. – Murilo se inclinou para beijá-la.
– Fiquei sabendo que você e a Priscila estão morando
com o Enzo.
— Bem... – Íris não queria entrar em certos
detalhes da sua vida com ele. – Tivemos um problema
com o pai da Sofia e achamos que seria melhor ficarmos
por aqui até que as coisas se resolvessem.
— O pai da sua sobrinha apareceu?
— Apareceu e não foi nada agradável, ele tentou
agredir a mim e a Priscila.
— Como é? – Murilo se sentiu aturdido com a
informação que ela havia passado.
— É uma longa história, mas estamos bem graças
ao Enzo. Ele chegou no exato momento em que o pai de
Sofia perdeu o juízo.
— Onde está o Enzo? – Desde que viajou para
arejar a cabeça, Murilo não tinha mais falado com Enzo.
— Ainda não chegou do trabalho.
— E a Priscila, e a Sofia? Onde estão?
— Elas estão no quarto de hóspedes assistindo um
DVD.
— Quero falar com ela, é possível?
— Você sabe que sim. – Íris o fez entrar e foi até o
quarto chamar a amiga. Ela sabia o quanto Priscila
gostava de Murilo. No que dependesse dela, iria ajudá-la
a conquistá-lo de qualquer maneira. – Priscila.
— O que foi?
— O Murilo está na sala e quer conversar com
você.
— O quê? – Surpresa foi a única reação que
Priscila conseguiu ter. Depois de quase duas semanas sem
ter notícias de Murilo, ele aparecera justamente quando
ela estava na casa do amigo dele.
— Vá conversar com ele, vou ficar com a Sofia. –
Íris não queria que nenhum empecilho atrapalhasse a
conversa deles.
— Sinceramente, não sei o que ele quer.
— Vá descobrir. – Íris pegou Sofia e foi direto
para o quarto do Enzo.
*******
O dia de trabalho tinha sido exaustivo para Enzo.
Ele entrou e saiu de várias reuniões e mal teve tempo de
almoçar. Ser o chefe, não era fácil, os problemas
pareciam se multiplicar com uma facilidade
desconcertante. A sorte dele era que agora tinha ânimo
para se manter tranquilo ao longo dos compromissos de
trabalho, pois quando chegasse em casa, teria sua Íris o
esperando.
Quando Enzo abriu a porta do seu apartamento,
sentiu seu corpo relaxar, finalmente ele voltaria a ver Íris
e sentir o seu cheiro familiar. Assim que ele fechou a
porta, ouviu duas vozes um tanto quanto exaltadas. O
primeiro pensamento foi que de alguma maneira o pai de
Sofia tinha entrando na sua casa. Com urgência, Enzo foi
para a sala e se deparou com Murilo e Priscila em uma
discussão acalorada.
— Desculpa. – Enzo não queria interromper o
casal, ainda que quisesse conversar com o seu amigo, não
iria entrar no meio da conversa deles. – Pensei que a Íris
estivesse com problemas.
— Eu estou precisando conversar com a Priscila,
mas faremos isso em outro lugar.
— Não vou para outro lugar.
— Você vai. – Murilo respondeu a ela, e Enzo
percebeu que algo acontecia ali, mas não queria se meter
em nada.
— Vou deixá-los a sós, mas peço que respeite a
vontade dela, Murilo. Se a Priscila não quiser ir, não a
tire daqui.
— Qual é a tua? Agora vai querer ter um harém na
sua casa? Cadê aquele seu discurso que não precisava
pag...
— Olha o que vai falar. – Enzo o interrompeu
antes que ele ferisse não só Priscila, como Íris. – Não
queira opinar em uma situação que você está por fora.
Converse com a Priscila e depois venha falar comigo,
temos muitos pontos a esclarecer. – Sem deixar que o
amigo revidasse, se retirou e foi em busca da sua loira,
precisava colocar as mãos nela para se sentir mais
tranquilo.
Depois de uma rápida busca pela casa, a
encontrou no quarto deles enroscada com Sofia. As duas
estavam quietas na cama, olhando algo na televisão. Um
desenho esquisito estava passando e, ao que tudo
indicava, parecia agradá-las. Com cuidado, ele se
aproximou da cama e se inclinou sobre Íris até beijar o
seu pescoço.
— Que susto, Enzo. – Íris colocou a mão no
coração quando o sentiu disparar. Estava tão concentrada
assistindo o desenho favorito de Sofia, que não percebeu
a aproximação dele.
— Acho que tem alguém distraída aqui. – Ela
estava linda enfeitando a sua cama.
— Sofia gosta do desenho, e eu não queria
atrapalhar a conversa do Murilo com a Priscila. – Sofia
escalou o corpo de Íris e foi ao encontro de Enzo.
— Será que tem uma certa pequena com saudades
de mim? – Enzo se sentia feliz em saber que Sofia gostava
dele. – Como você está minha princesinha? – Ele beijou a
bochecha dela e viu Sofia agarrar a sua gravata para
morder. Ela tinha verdadeira obsessão pelo acessório,
sempre que o via com uma, fazia questão de mordê-las.
— Por que Sofia ama tanto as suas gravatas? – Íris
tentou tirar das mãos da sobrinha a peça.
— Ela deve me achar irresistível com elas, já
estou acostumado com as mulheres se derretendo por isso.
— Jura? – Um ciúme descomunal se apoderou de
Íris. Ela sabia que ele devia ter milhares de mulheres se
derretendo por ele, mas não gostava de ouvir sobre isso.
— Juro. – Enzo colocou Sofia em um braço e com
o outro puxou sua loira para junto de si. – Mas prefiro
saber que vocês duas gostam das minhas gravatas. – Ele
lhe deu um beijo firme. – Estava com saudades de você.
— Eu também. – O peito de Íris se encheu ainda
mais de amor por ele.
— Tem muito tempo que o Murilo chegou?
— Uns vinte minutos.
— Ele veio conversar exclusivamente com a sua
amiga ou estava atrás de mim?
— Veio falar a com Priscila.
— Na hora em que cheguei, eles estavam
discutindo.
— Ai, meu Deus, será que não vão se acertar?
— Não sei, mas torço que sim. – Enzo pensou que
se o amigo tinha vindo atrás de Priscila, era porque ele se
interessava por ela. – Vou tomar um banho, hoje o meu dia
foi puxado, estou cansado.
— Quer que eu faça uma massagem?
— Mais tarde. Tenho uma parte especial que
precisa de massagem.
— Eu estou falando sério, Enzo.
— Eu também. – Ele mordeu o lábio inferior dela
e entregou Sofia aos seus cuidados, seguindo até o
banheiro. Assim que Sofia dormisse, Enzo iniciaria os
trabalhos da noite. Depois de um dia tão cansativo na
empresa, ele não queria dormir muito tarde.
********
Depois da visita de Murilo, Priscila decidiu
retornar para a sua casa. Quando ela comunicou isso a
Íris, um sentimento de perda apertou o coração dela. Sua
amiga voltaria para sua vida, enquanto Íris iniciaria uma
nova jornada ao lado de Enzo. Assim que Priscila ficou
sabendo que Íris não a acompanharia, reclamou e tentou
mostrar que a amiga estava errada em não pensar bem na
proposta. Mas Íris explicou que amava Enzo e que não
queria mais se afastar dele.
Com certa relutância, ela foi embora, e Íris seguiu
ao lado do homem que amava. Durante uma semana, viveu
um verdadeiro sonho, tudo parecia bem. Fátima estava
recuperada, Priscila aos poucos estava se entendendo com
Murilo, e Enzo estava feliz por ter acertado os pontos com
o amigo. Mas como tudo na vida dela nunca ficava
tranquilo por muito tempo, recebeu uma ligação da
assistente social, avisando que o pai de Sofia tinha pedido
a guarda dela.
Assim que Íris soube dessa notícia, se desesperou.
Se esse bandido conseguisse mentir para a justiça e
provar que poderia criar a Sofia, ela não teria como
impedi-lo. Como solicitado pela assistente, ela foi ao
juizado de menores e ficou sabendo que em um mês teria
uma audiência com o juiz. O desgraçado estava tentando
jogar sujo com ela, mas Íris nunca desistiria de ficar com
a sobrinha. Agora Sofia era sua filha, e ninguém a tiraria
dela.
No instante em que Enzo chegou em casa, soube
que algo acontecia. Os olhos de Íris estavam inchados, e
ela evita encará-lo quando ele tentava falar com ela. Para
lhe dar um pouco de espaço, ele tomou um banho e enviou
alguns e-mails de trabalho. Assim que sentaram para
jantar, ele a fez confessar sobre o que a incomodava.
Quando soube que se tratava do pai de Sofia, ficou mais
tranquilo. Ainda que ele tentasse tirar a menina de Íris,
Enzo não permitiria. Teria um encontro bem interessante
com ele e o faria desistir da menina.
– Não se preocupe com nada, docinho, vou mandar
a Anália acompanhá-la durante essa audiência. Ela já teve
uma boa experiência na vara de família, vai saber como
conduzir o caso.
— E se o juiz achar que ele merece uma chance ao
lado da filha? Eu não tenho o direito que ele tem.
— Fica tranquila, a Sofia não vai sair daqui. Ela é
sua e sempre será, confie em mim. – Uma ideia um tanto
quanto absurda estava se formando na cabeça de Enzo.
Ele não pretendia tomar essa atitude agora, mas, se para
proteger Sofia e ver Íris feliz ele tivesse que tomar uma
atitude extrema, faria isso sem problemas.
*******
— Íris, se você continuar tão nervosa, vai acabar
se prejudicando quando chegar o dia da audiência. –
Priscila não aguentava mais o nervosismo da amiga.
— Não consigo me controlar, tenho medo do juiz
me obrigar a entregar a Sofia. Eu só tenho a guarda
provisória dela. Agora que o pai pediu a guarda, posso
ser obrigada a entregá-la. – Só de pensar nessa
possibilidade, Íris tinha vontade de chorar.
— O Enzo não tinha dito que um advogado iria
com você?
— Disse, mas...
— Para, Íris, não sofra por antecedência. Com o
tipo de advogado que o seu namorado tem, o Túlio não
tem nenhuma possibilidade de ficar com a Sofia.
— Ainda assim tenho medo.
— Não tenha, você tem ao seu favor o boletim de
ocorrência que fizemos contra ele, quando veio aqui em
casa. Isso te dará uma super vantagem, relaxa.
— Tudo bem, você tem razão. – Íris tentou se
controlar. – E o Murilo? Quero saber como vocês estão.
— Aos poucos estamos nos entendendo. Ele é
teimoso, e eu também sou, isso dificulta as coisas.
— Mas você gosta dele, deveria pegar leve.
— Eu estou fazendo isso, mas não gosto quando
ele quer me obrigar a parar de trabalhar e ficar em casa
como uma boa menina. Ainda não consegui o dinheiro
todo para comprar a minha casa.
— Eu fico em casa como uma boa menina e não
tenho um centavo para pensar em fazer nada. – Íris
respondeu sem graça. Desde que foi morar com Enzo, ela
virou uma verdadeira dona de casa e tinha parado de vez
de trabalhar na empresa. Enzo tinha alegado que não era
bom ela ficar muito tempo longe de Sofia, não enquanto
não tivesse inteiramente a guarda dela.
— Fica porque tem a Sofia. Duvido que, se você
fosse sozinha, passaria o dia em casa.
— Isso é verdade, tenho medo de deixar a Sofia
sozinha com qualquer pessoa. Enquanto ela não for
completamente minha, não gosto de me afastar dela.
— E o aniversário dela? Será semana que vem,
não vai fazer nada?
— Vou pensar no que fazer, mas não quero nada
grande. Com essa sombra da audiência pairando sobre
nós, não tem clima para festa.
— Você está certa, só que ainda assim precisamos
tomar umas providências.
— Vou conversar com o Enzo e depois resolvemos
o que fazer.
— Tudo bem.
********
Sem muito esforço, Íris e Priscila prepararam uma
festa pequena para Sofia. Como os amigos que ela tinha
agora estavam todos na vila da amiga, Íris decidiu que a
festa seria lá, apesar dos protestos de Enzo. Ele tentou
convencê-la que um salão de festas seria mais apropriado,
porém Íris não queria nada grande, não tinha o que
comemorar de verdade.
Ela tinha perdido a família há quase seis meses e
todos os dias sentia a dor de não os ter por perto. Sofia
era o seu refúgio, e Enzo a pessoa que lhe apoiava em
tudo, sempre passando segurança. Ela só necessitava,
naquele momento, ter as pessoas que a ajudaram quando
precisou e comemorar a vida da sua pequena princesa.
Depois de dizer o que queria para a festa de Sofia,
Enzo entendeu o desejo de Íris e liberou Priscila para
fazer uma festa inesquecível na vila. Como Priscila
adorava uma comemoração, preparou uma megafesta, que
deixou todos os morados boquiabertos.
Mesmo sem entender nada do que acontecia, Sofia
aproveitou do seu jeito o aniversário. Ela foi de colo em
colo, sorrindo, e deu alguns passos incertos, deixando Íris
feliz ao vê-la aprendendo a andar. Em algumas ocasiões,
ela balbuciava a palavra mamãe, de tanto Enzo e Carmem
ensiná-la. Eles sempre diziam que Íris tinha que assumir
Sofia como filha e parar de dizer que ela era sua sobrinha.
Apesar de sempre achar que traía a irmã, Íris passou a se
sentir plena quando Sofia tentava chamá-la de mãe.
O sucesso da festa a deixou feliz, e presenciar a
alegria das pessoas que a apoiaram quando ela precisou
foi emocionante. Ao lado dos seus amigos da vila, ela
tinha encontrado uma família, dada pela vida. A felicidade
dela foi completa quando viu Enzo interagir sem
problemas com os moradores. Até mesmo a mãe dele foi
rapidamente na festa e tratou todos com muita educação.
Saber que os dois aceitavam a sua origem simples fazia
Íris se sentir tranquila; apesar de serem da alta sociedade,
Carmem e Enzo sabiam transitar entre as classes sociais
com muita naturalidade.
Porém o fatídico dia da audiência chegou, e Íris se
transformou em uma pilha de nervos. Ainda que ela
soubesse que tinha uma boa advogada ao seu lado, ela não
teria sossego enquanto não tivesse a guarda definitiva de
Sofia. Se os pais de Túlio tentassem ajudar o filho, ela
estaria perdida.
Todos os seus pesadelos se tornaram realidade
quando ela chegou ao fórum e encontrou exatamente com
eles. Os pais de Túlio já estavam no local e a encararam
com raiva, a mãe dele parecia que queria matá-la. Íris se
encolheu e começou a suar frio quando percebeu que
poderia perder a razão da sua vida em segundos.
— Não pense que ficará com a minha neta, Íris,
ela voltará comigo.
— Eu...
— Não responda nada, Íris. – A advogada que
Enzo designou para acompanhá-la a impediu de
responder. – Senhora, quem decidirá com quem a criança
ficará será o juiz, então não se abale em fazer ameaças
infrutíferas. – Com essas palavras, Anália afastou Íris de
perto da mulher. – Não fique nervosa, temos tudo sob
controle.
Os instantes que antecederam a audiência foram de
puro desespero para Íris, e quando entraram na sala do
juiz, nada melhorou. Lígia, a mãe de Túlio, também tinha
levado um advogado, e o homem começou a mostrar ao
juiz que os clientes deles não foram avisados que a mãe
da menina havia morrido. Pela maneira como o homem
falava parecia que a intenção de Íris era roubar Sofia.
Para piorar, sua advogada permanecia calada. Quanto
mais o homem acusava Íris, mais ela se sentia acuada e
revoltada. Se o juiz caísse nessa conversa mole dele,
certamente ela perderia a guarda da menina nessa
audiência.
Quando ele terminou de acusá-la, pediu ao juiz
que a mãe de Túlio entrasse para mostrar que o cliente
dele tinha o apoio dos pais para criar a filha. Para o
desespero de Íris, o juiz permitiu a entrada dela.
— Eu não escondi a Sofia. – Por fim, Íris não
aguentou e se manifestou. – Ela só tinha a mim depois do
acidente e por isso eu pedi a guarda dela. Jamais
permitiria que a minha sobrinha fosse para um abrigo.
— Mentira, ela roubou a minha filha. No fundo,
essa mulher só quer ficar com a Sofia por causa da
herança dela.
— O quê? Você está louco? – Se Túlio soubesse
que a Sofia não tinha nada, certamente não estaria
querendo a guarda da menina. – Não tem herança
nenhuma.
— Acalmem-se, senhores, ou terei que retirá-los
daqui. – Com toda autoridade, o juiz tentou apaziguar os
ânimos.
— Senhor Túlio, por qual motivo o senhor não
sabia da morte da mãe da sua filha? – A pergunta do juiz
pegou Túlio de surpresa.
— Eu? É...
— Ele não foi comunicado pela Íris, excelência. –
A mãe de Túlio salvou o filho quando ele ficou sem saber
o que responder.
— Mentira, eu sequer sabia onde ele estava.
— Contenha a sua cliente, por favor. – O juiz falou
diretamente para Anália. – Continue, senhora.
— Meu filho foi impedido de conviver com a filha
pela falecida irmã dela. Senhor juiz, eu e o meu marido
tentamos de todas as maneiras nos aproximarmos, mas a
família dela nunca permitiu a nossa convivência com a
Sofia.
— Isso não é verdade. – Íris começou a se sentir
mal.
— Explique essa situação senhorita, Íris. – O juiz
olhou para a Íris, e ela foi tomada pelo desespero.
— Ele nunca ligou para a Sofia. Engravidou a
minha irmã e em poucos meses sumiu. Era eu que
sustentava a filha dele desde que nasceu. O Túlio sequer
registrou a Sofia.
— Que mentira, Íris. – Túlio a interrompeu com
cara de ofendido. – Sequer tive o direito de registrá-la,
sua irmã a escondeu de mim.
— Prove o que está falando. – Íris se sentia
irritada com toda a dissimulação dele.
— O senhor pode provar que tentou se aproximar
da sua filha e que foi impedido de registrá-la? – Quando o
juiz fez essas perguntas, Íris notou que ele ficou sem
saída.
— Nós nunca procuramos a justiça pois queríamos
resolver essa situação entre as famílias. – Com muita
calma, a mãe de Túlio respondeu no lugar do filho. –
Queríamos ter a Sofia apenas convivendo conosco, pois
nossa intenção era que ela permanecesse com mãe, mas
ela se recusava a deixar meu filho assumir a filha.
Estávamos para pedir o DNA, só que não houve tempo.
— Meritíssimo, sei que seu tempo é curto e quero
encerrar logo toda essa farsa. – Íris olhou Anália que
finalmente falou e a viu estender para o juiz uma pasta
com diversos papéis dentro. – A família da minha cliente
realmente não se sentia confortável em ter o senhor Túlio
por perto, e o meritíssimo vai saber o motivo com as fotos
e o relatório que estão nessa pasta. Mas, em momento
nenhum, eles se negaram a deixá-lo registrar a criança,
receber alguma ajuda ou impedir os avôs paternos de
conviverem com a Sofia. Dentro dessa pasta, o senhor vai
encontrar três boletins de ocorrência contra o senhor
Túlio. Um deles é por lesão corporal à falecida mãe da
filha dele, e os outros dois são por tentativa de agressão à
senhorita Íris e à amiga dela, Priscila Arraial. Ambas
prestaram queixa contra o rapaz há pouco mais de um mês,
quando ele invadiu a casa da amiga da minha cliente e
tentou levar a criança sem previa autorização judicial.
— Isso é um absurdo, meritíssimo. – O advogado
de defesa rapidamente se opôs ao que Anália tinha
acabado de dizer. – O meu cliente nunca tentou levar a
filha sem autorização da justiça, isso é uma verdadeira
calúnia.
O juiz não respondeu e apenas iniciou a análise do
conteúdo da pasta. Íris não sabia do que se tratava todos
os papéis que o juiz revirava, mas torcia que o conteúdo
realmente a ajudasse a ficar com Sofia.
— O senhor é usuário de drogas, senhor Túlio? –
A pergunta direta do juiz deixou Túlio mudo, ele sabia
que se confirmasse a informação, poderia até ser preso.
— Meu filho não usa mais drogas, ele teve um
probleminha quando jovem, mas agora...
— A senhora é apenas uma testemunha e não será
ouvida agora, a pergunta foi feita diretamente ao senhor
Túlio. – Quando o juiz cortou Lígia, Íris teve vontade de
gritar de tanta felicidade. – O senhor usa ou não drogas?
— Já tive problemas com drogas, mas agora
larguei tudo para ficar com a minha filha.
— Tem certeza?
— Sim.
— Essas fotos são falsas? – Três fotos foram
separadas e colocadas na frente de Túlio. – Essa pessoa
que está consumindo drogas não é o senhor?
Íris observou o rosto de pai de Sofia ficar branco.
— Eu quero ficar com a minha neta. – Com certo
desespero, Lígia disse, um tanto quanto exaltada quando
percebeu que seu filho perderia a guarda da criança. – Se
ela pode ter direito a ficar com minha neta, eu também
posso. Sou professora do Estado, meu marido é
proprietário de várias lojas de manterias de construção,
nós podemos arcar com a criação da nossa neta. Sem
contar que temos uma relação estável há quase trinta anos.
A Íris não tem mais marido, tem um trabalho que paga uma
miséria e mora de favor na casa de uma amiga. Ela não
possui condições morais nem financeiras de manter uma
criança.
— Peça para a assistente social entrar, quero
saber da avaliação dela sobre o caso. – O juiz falou para
um homem que estava encostado na porta da sala.
Íris olhou desesperada para Anália, mas a
advogada afagou a sua mão e pareceu muito tranquila.
Quando a assistente social que acompanhava o caso de
Sofia entrou na sala, foi bombardeada pelo juiz por
diversas perguntas. A mulher respondeu todas com muita
calma e foi a favor de Íris em todos os momentos. O juiz
ouviu tudo com calma, sem esboçar nenhuma reação que
desse esperanças para Íris.
— A senhorita ainda está trabalhando no emprego
que informou ao juizado?
A pergunta dele deixou Íris desestabilizada. Ela
não poderia mentir, mas se dissesse a verdade, perderia
pontos.
— Eu estava trabalhando na fábrica das indústrias
Parise, mas uma amiga teve uma grave doença, e acabei
precisando cuidar dela e me afastei do trabalho. Mas em
breve volto e... – Ela sentiu a mão de Anália apertando a
sua e parou de falar.
— A senhorita Íris estava trabalhando,
meritíssimo, porém ela se afastou do serviço a pedido do
próprio Enzo Parise. Tenho certeza que vossa excelência
o conhece. Os dois vivem em uma relação estável e em
breve estarão noivos. Ao contrário do que a senhora Lígia
afirmou, a senhorita Íris tem total condições de criar a
Sofia. Duvido muito que alguém possa dar as
oportunidades que Enzo Parise pode oferecer ao futuro da
criança. Inclusive, as duas estão morando no apartamento
dele na zona sul da cidade. O senhor Parise já se
comprometeu em ser o benfeitor da Sofia até ela se formar
na faculdade. – Anália pegou mais uma pasta e entregou
ao juiz. – Tenho a formalização desse comprometimento
registrado em cartório.
Todas as palavras que queria dizer sumiram da
mente de Íris, ela só conseguia pensar na parte que Anália
disse que em breve ela estaria noiva de Enzo. De onde foi
que essa mulher tinha tirado essa ideia absurda?
— Quero pedir um exame toxicológico do senhor
Túlio, excelência. Acho fundamental mostrar a
incapacidade dele em ser responsável por um bebê.
— Pedido aceito. – O juiz concordou assim que
examinou os papéis que Anália cedeu, mostrando que
Enzo havia assumido toda a responsabilidade pela
educação de Sofia.
— Excelência, o meu cliente não...
— O pedido foi aceito, senhor advogado. Vou
marcar uma nova data para outra audiência, enquanto isso
a criança permanece aos cuidados da senhorita Íris
Gomide. Estão dispensados.
Íris olhou para a advogada, sem acreditar que
ainda tinha Sofia. Não tiraram sua menina dela, se sentia
tão feliz, que tinha pedido completamente as forças.
Quando deixaram a sala de audiência, ouviram Lígia
gritar e insultar Íris, mas a alegria era tanta, que todos os
insultos foram ignorados por ela, que caminhou ao lado de
Anália para fora do fórum. Como esperado, Douglas
estava aguardando para levá-la até a casa de Carmem
para pegar Sofia.
Assim que ela o avistou, correu até Douglas e se
pendurou no pescoço dele. Mesmo surpreso, ele a segurou
e elevou o corpo de Íris do chão. As lágrimas, que por
tanto tempo guardou, começaram a correr pelo rosto da
jovem. Ela ainda não acreditava que tudo tinha terminado
bem.
— Isso significa que a nossa princesa continua
com você? – Douglas já sabia que a possibilidade de ela
perder a criança depois das provas que conseguiu do
bastardo drogado era zero. Mas, a pedido de Enzo, ele
não diria que investigou o desgraçado.
— Sim, a Sofia não vai embora, ficará comigo até
o outro julgamento.
— Ela ficará para sempre, Íris, não se preocupe
com isso.
— Eu realmente não sei, mas, por enquanto, ela é
minha.
— Aquele povo não tem a mínima chance, essa
causa é ganha. – Anália apareceu e puxou Íris para um
abraço apertado. – É só você esperar os trâmites legais do
caso, e a Sofia será sua. Não precisa ter medo.
— Obrigada por tudo, Anália, você me salvou.
— Foi um prazer.
— Anália, como conseguiu todas aquelas fotos e
relatórios? E por que disse que em breve eu serei noiva
do Enzo? – A cabeça de Íris não parava de pensar em tudo
o que ouviu na sala do juiz.
— O Enzo me forneceu tudo e pediu que, se algo
saísse do controle, falasse do seu nome e dissesse que
vocês ficariam noivos. Quando a avó da Sofia pediu a
guarda, não pude deixar de jogar pesado, ela poderia
obter sucesso. Mas, com o sobrenome Parise no meio, é
impossível ela conseguir algo. Nenhum juiz vai abrir mão
de dar um futuro para uma criança quando tem alguém
como Enzo sendo o seu beneficiário. Enzo fez uma jogada
de mestre quando preparou o documento, assumindo a
responsabilidade sobre a educação da sua filha.
— Deus, esse homem é louco. – Íris não
acreditava que ele tivesse feito tanto por ela.
— É louco por vocês duas, menina. Eu conheço
Enzo há mais de dez anos, e nunca o vi tão preocupado
com uma mulher. – Ela piscou para Íris enquanto sorria. –
Agora tenho que voltar para o trabalho. Mesmo não
precisando retornar para a empresa hoje, tenho que
trabalhar em casa com alguns processos.
Íris se despediu com entusiasmo de Anália e
seguiu ao lado de Douglas para o carro. Ela se sentia
louca para encontrar Sofia e ter aquele corpinho em seus
braços.
— Vamos pegar a Sofia, Douglas, preciso colocar
meus olhos na minha filha. – Quando Íris acabou de falar
essas palavras, viu o sorriso de Douglas.
— Então vamos para casa, Íris. Enzo já pegou a
Sofia na mãe dele, ambos estão te esperando ansiosos.
— Ele está sozinho com a Sofia?
— Sim, e não parou de me ligar para saber se
você já tinha saído da audiência.
O coração de Íris retumbou dentro do peito, ela
teve muita sorte em ter encontrado Enzo. Esse homem
havia devolvido sua vontade de viver. Desde que ele
entrou em sua vida, ela teve muitos motivos para sorrir,
ainda que seu peito sangrasse pela perda da família.
Agora tudo o que ela desejava era chegar em casa e
encontrar as suas duas razões de viver.
Continua amanhã
Autora Lily Freitas
Capítulo 29
Íris ficou encantada com a casa da mãe do Enzo, o
lugar era gigante. Íris só tinha visto esse tipo de
apartamento pela televisão. Nunca estivera em um
apartamento duplex na vida, tudo era surreal ali. Claro
que achou um exagero alguém morar sozinha em um lugar
tão grande, mas parecia que Carmem não ligava, ela
andava pelo local com tranquilidade.
O almoço tinha sido divino, a comida surpreendeu
Íris por ser simples, a mãe de Enzo não inventara nada
refinado. Mas a sobremesa foi o ponto alto, tudo o que
tinha chocolate agradava Íris, e brownie com sorvete foi
uma covardia. Íris precisou de toda a educação do mundo
para não fazer vergonha e repetir três vezes.
Após o almoço, Carmem quis saber como as
coisas andavam entre Íris e o filho:
— Como o meu filho tem se comportado?
— Melhor do que sonhei.
— Ele realmente gosta de você. Em todos esses
anos, nunca vi meu filho tão empenhando em conquistar
uma mulher.
— Empenhado em me conquistar? – Íris se sentiu
quente ao ouvir essa informação. Será que ela era
importante para ele mesmo?
— Enzo nunca trouxe namoradas na minha casa.
Sempre que conheci as amantes dele, foram em festas, não
em almoços. Ele fez questão de marcar esse encontro, me
ligou durante a semana e pediu que eu cozinhasse algo
especial. – Carmem olhou para o filho, que falava com
alguém no celular enquanto Sofia estava recostada no seu
colo, segurando o seu copo de suco. – Ele sequer tem jeito
com crianças, mas olha como se dá bem com sua filha.
— Eu tento, mas não consigo ver a Sofia como
filha. Sempre acho que se eu a assumir como filha, estarei
traindo a minha irmã.
— Bobagem, Íris, ela é sua filha agora, não tem
como mudar isso.
— Eu sei, mas me sinto mal.
— Não sinta. – Carmem até entendia o sentimento
dela, mas Sofia, mais cedo ou mais tarde, a chamaria de
mãe. – Vamos até a cozinha, preciso conversar com você
sem a presença do Enzo.
Agora o coração de Íris disparou, certamente ela
iria dizer algo desagradável para não desejar a presença
do filho. O comportamento compreensivo de Carmem
sempre causou estranheza em Íris. Uma mulher da alta
sociedade como ela jamais aceitaria uma mulher com a
história de Íris na vida do filho. Até o momento, ela tinha
sido a educação em pessoa, mas pela maneira que a
olhava agora, parecia que estava prestes a pular na
garganta de Íris.
— Vou direto ao ponto, sei que daqui a pouco meu
filho estará querendo saber onde estamos. – Carmem
sentou e fez sinal para Íris fazer o mesmo. – Íris, Enzo
quer manter um relacionamento firme com você, ele vai
falar isso hoje à noite quando saírem. Não sei se você
sabe, mas ele me pediu que ficasse com a Sofia logo mais,
para vocês poderem sair sozinhos.
— Eu não sei de nada. – O pensamento de Íris foi
de matar Enzo, mais uma vez ele fazia planos sem
consultá-la.
— Então finja não saber, ele me pediu que ficasse
quieta, mas quis saber a minha opinião se devia falar ou
não com você hoje.
— Ele pediu a opinião da senhora? Que surpresa.
– Íris tentou não soar sarcástica, mas pelo erguer das
sobrancelhas de Carmem, ela não foi feliz.
— Pode não parecer, mas ele pede opinião às
vezes. Normalmente quando se sente inseguro. Não que
ele vá assumir que está inseguro, mas quando ele
perguntar o que você acha de alguma situação, tenha em
mente que se sente inseguro.
— Vou tentar me lembrar disso.
— Vamos voltar ao nosso assunto. – A frieza no
olhar de Carmem fez Íris lembrar de Enzo quando estava
irritado. – Em outras circunstâncias, eu não aceitaria o
relacionamento de vocês. Sempre programei que o Enzo
encontrasse uma menina do nosso meio social, mas nada é
o como pensamos, e a vida trouxe você. Gosto de você
Íris, e gosto mais ainda da sua filhinha, ela é uma benção.
Só que a minha preocupação é sobre os seus sentimentos
pelo Enzo. Se você o enxerga apenas como uma maneira
de se reerguer, deixe o meu filho imediatamente. Eu posso
te ajudar com o dinheiro que quiser, meu falecido marido
deixou uma pequena fortuna para mim que não tenho
condições de gastar nem a metade. Posso te ajudar se
precisar. – O estômago de Íris se revirou, e ela teve que
respirar fundo para não vomitar. Essa mulher queria pagá-la
para se afastar de Enzo?
— Quer me pagar para ficar longe do seu filho? –
Íris sentiu que seu controle estava evaporando.
— Não, quero saber se você gosta dele de
verdade, ou se apenas está com ele até passar toda essa
tempestade. Se a resposta for a segunda opção, quero que
se afaste dele agora. Nós duas podemos entrar em um
acordo, e eu te ajudo no que for necessário. Mas se a
resposta for a primeira opção, não o abandone. Enzo está
sofrendo com a possibilidade de você ir embora, ele quer
você na casa dele. O meu filho é cheio de defeitos, mas
não suporto a ideia de saber que ele está sofrendo.
Agora Íris ficou sem palavras, não esperava ouvir
isso depois do início de conversa que estavam tendo. Mas
Carmem a surpreendeu, e nesse momento ela compreendia
a preocupação da mulher. Se Íris estivesse no lugar dela,
estaria sentindo essa mesma aflição.
— Eu amo o seu filho, mas não quero que ele entre
na confusão da minha vida. Tenho plena consciência que
estou atolada em problemas e não acho justo que o Enzo
assuma algo que não é dele.
— Você não sabe como me deixa feliz em ouvir
isso. – Carmem já tinha visto o sentimento que Íris tinha
pelo filho em cada olhar que dava para ele, mas ela
precisava ouvir da boca da sua futura nora que existia
algo verdadeiro entre eles. – Eu me compadeço de tudo o
que aconteceu com você e sei que tenho na minha frente
uma mulher de fibra, e o Enzo precisa disso. Ele não é
fácil, e uma mulher qualquer não conseguiria sucesso em
ganhar o coração e o respeito dele. Se você o ama, deixe
que ele cuide de você. Meu filho nasceu para proteger
quem ama, ele faz isso desde que era pequeno. Enzo é um
pouco intransigente, arrogante, debochado, mas, na
maioria das vezes, tem um grande coração. Tente se
acertar com ele definitivamente.
— Não é um problema fazer isso, apesar de me
sentir inapropriada para ele. Porém o meu medo é que em
algum momento ele perceba que sou uma grande furada.
Se isso acontecer, ele vai me jogar no meio da rua sem
pensar duas vezes.
— Você ainda não conhece o meu filho. – Carmem
esticou a mão e segurou a de Íris. – Se você não o
interessasse, ele já tinha se livrado de você.
— Será?
— Eu tenho certeza.
— Mãe! – As duas levaram um susto quando
ouviram a voz de Enzo por perto.
— Estamos na cozinha, Enzo. O que foi? – Ambas
o viram aparecer na porta da cozinha com o cenho
franzido.
— Por que estão aqui? – Sofia ainda estava no
colo dele, enrolando para tomar o suco.
— Enzo, a Sofia ainda está com esse suco? – Íris
olhou para a cara sapeca da pequena.
— Vocês não responderam a minha pergunta. –
Enzo se sentia irritado. Pela cara de culpa da mãe, algo
tinha acontecido.
— Eu estava conversando com a Íris sobre a
Sofia, acho que está na hora de ela assumir a menina como
filha. Daqui a pouco, ela começará a falar, e a Íris terá
que ensiná-la a falar “mamãe”.
— Só isso? – Por mais que a desculpa da mãe
parecesse convincente, Enzo estava com o pé atrás. Dona
Carmem era tão astuta quanto ele, mentir para ela era
muito fácil.
— Por acaso tenho necessidade de mentir?
— Quando quer, mente sim. – Já que ela
perguntou, Enzo precisou ser sincero.
— Boa sorte com o meu filho, Íris, ele é
insuportável. – Carmem levantou e se aproximou da porta
onde seu filho estava fechando o caminho. – Vou
descansar o almoço, seu quarto está preparado para você
e Íris. Se quiserem descansar, fiquem à vontade. Agora
saia da minha frente, menino.
— Está nervosa? – Enzo sorriu zombeteiro para
mãe, gostava de implicar com ela.
— Acho que você já sabe que estou farta de você
enchendo a minha paciência, agora sai da minha frente. –
Com um gesto brusco, Carmem o removeu do caminho e
foi direto para o quarto descansar antes de ficar com
Sofia.
— O que aconteceu com ela? Por que ficou
nervosa do nada?
— Porque você tem o dom de irritar as pessoas. –
Íris levantou e se aproximou dele. – Sorte a sua ser lindo
demais, caso contrário, eu também não te aguentaria.
— Então você só me atura porque sou lindo?
— Lindo e gostoso. – Íris ficou na ponta dos pés e
o beijou. – Com essas duas qualidades, qualquer mulher
abre uma exceção e suporta suas chatices.
— Sorte sua que temos a Sofia aqui, caso
contrário, eu ia te mostrar a minha exceção.
— Nossa... Agora eu fiquei arrepiada.
— Cuidado, Íris, cuidado. – Enzo começou a fazer
os planos para noite deles, e, nesses planos, ela pagaria
caro por tê-lo desafiado.
******
Foi difícil para Íris tentar fingir que não sabia dos
planos de Enzo para a noite, mas ela fez o seu melhor
quando ele avisou que iriam jantar fora. Porém ele a
pegou de surpresa quando lhe entregou um vestido de
noite de tirar o fôlego. Íris nunca tivera um vestido
daquele nível e passou um bom tempo admirando a beleza
da roupa.
Íris se sentia nervosa com o desenrolar da noite,
não queria pensar na proposta que Enzo faria. Ela ainda
estava ferida por causa do ex-marido, mas também não
gostava de imaginar uma vida longe de Enzo. Esse homem
tinha invadido o seu coração com tamanha força, que se
sentia perdida com os sentimentos que dominavam o seu
coração quando olhava em seus olhos. Um dia, Íris julgou
amar o marido, mas o que sentia por ele não chegava a
metade do que sentia quando Enzo a tocava.
— Sou capaz de dar qualquer valor pelos seus
pensamentos. – Enzo segurou a mão dela e trouxe até seus
lábios. – O que tanto te faz pensar, docinho?
— Nada de mais, só as preocupações normais.
— Você se preocupa demais, relaxa. – Se
dependesse de Enzo, ele tiraria todas as rugas de
preocupação que se formavam no rosto de Íris. Ela
merecia apenas sorrir, e não viver com mente recheada de
problemas.
— Vou tentar. – Íris se aninhou nos braços do
homem que amava e sentiu seu cheiro intenso, que
despertava profundos desejos nela. – Para onde estamos
indo? – Ela se sentia curiosa sobre o lugar que jantariam.
Enzo estava usando um terno sob medida e tinha escolhido
aquele vestido incrivelmente elegante e sexy para ela usar.
— Um local que gosto de ir. Depois do jantar,
passaremos a nossa noite por lá.
— Ficaremos a noite toda fora?
— Sim. – Enzo ergueu o rosto dela e deu um beijo
bem suave em seus lábios.
— Mas sua mãe não pode ficar a noite toda com
Sofia.
— Minha mãe vai tirar de letra ficar com a Sofia,
não se preocupe.
— Impossível não me preocupar.
— O Douglas ficará com ela, a Sofia gosta dele.
— Ele será uma espécie de babá? – Só de pensar
em Douglas ninando sua menininha, Íris sorriu. Ele era um
homem durão, ex-lutador, não combinava com o
estereótipo de alguém que cuida de crianças.
— Sim. – Enzo disse baixo e olhou para o seu
amigo. Douglas tinha resmungado sobre a proposta que
havia feito para ajudar a tomar conta da Sofia, mas com
uma boa conversa e a promessa de um bônus generoso no
dia do pagamento, Douglas cedeu e aceitou ficar na casa
da sua mãe, tomando conta das duas.
Íris sorriu com a situação em que Douglas tinha se
metido. Se sentia mais tranquila sabendo que Sofia tinha
duas pessoas especiais de olho nela. Agora ela se
permitiria curtir a noite ao lado do homem que amava.
Depois de tantos problemas, ela merecia um pouco de
paz.
Quando Douglas parou na porta de um dos mais
tradicionais hotéis do país, Íris se sentiu deslumbrada. Ela
sempre sonhou entrar no Copacabana Palace, mas nunca
teve oportunidade. Agora ela estava sendo recepcionada
com toda pompa e circunstância que nunca teve a ousadia
de imaginar.
Eles foram conduzidos para uma mesa especial,
que já esperava por eles, e Íris não perdeu nenhum detalhe
da decoração elegante e fina do lugar. Inúmeras pessoas
importantes passaram por esse local, e agora ela tinha a
oportunidade de trilhar esse mesmo caminho.
— Gostou da surpresa? – Pela maneira que os
olhos dela corriam pelo lugar, Enzo percebeu que tinha
acertado em cheio ao fazer essa surpresa.
— Se eu gostei? – Com dificuldade, Íris controlou
a vontade de gritar o quanto tinha amado a surpresa dele.
– Amei, sempre sonhei em conhecer esse lugar.
— Hoje você vai conhecer muito mais do que o
restaurante do hotel.
Um elegante garçom se aproximou da mesa deles,
e Íris não teve tempo de perguntar o que ele quis dizer
quando disse que “ela conheceria mais do lugar”. Mas,
nesse instante, se sentia tão deslumbrada, que queria
apenas aproveitar o momento.
Enzo pediu champanhe para brindar o momento.
Naquela noite, ele ia propor a Íris que permanecesse na
casa dele. Sabia dos riscos que corria, mas enfrentaria
cada um só para tê-la na sua vida. Ele queria não só o
corpo de dessa bela mulher, como também queria o seu
coração.
O jantar transcorreu com tranquilidade. A
satisfação nos olhos de Íris deixou Enzo feliz. Saber que,
durante o jantar, ela estava alheia a todos os problemas
que enfrentava deu a ele uma alegria quase infantil. Era
assim que ele desejava sempre a Íris, com alegria
brilhando nos olhos e um sorriso satisfeito nos lábios.
— Você é linda. – O elogio sincero escapou dele
no exato momento em que o garçom retirou a sobremesa. –
Obrigado por estar aqui comigo. – Ele se sentia muito
mais que apaixonado por ela e, naquele momento, faria o
que fosse preciso para nunca mais perdê-la.
— Enzo... – As palavras fugiram de Íris quando
viu uma emoção estranha brilhar nos olhos dele. Esse
homem era a perdição dela, já não conseguia mais
esconder o amor que sentia por ele.
— Eu reservei a suíte presidencial para nós. Hoje
teremos uma noite de amor sem interrupções ou
preocupações. – Desde que a amiga dela adoeceu, eles
nunca mais tiverem noites tranquilas, mas agora Enzo
queria esquecer que o mundo existia. – Vamos embora,
preciso de você.
********
Íris olhou com deslumbramento a suíte
presidencial, era algo cinematográfico. Ela não conseguia
acreditar na beleza impressionante do lugar. A suíte era
toda em cor creme, com uma vista linda do mar de
Copacabana. O banheiro tinha quase o tamanho da casa
inteira de Priscila e o quarto tinha uma cama imensa,
coberta por uma colcha macia que dava pena de deitar. A
sala era decorada com móveis de madeira escura, mas
com o estofado claro. O mar era a visão que brindava
todos os cantos do lugar, e como ela amava olhá-lo, parou
na sacada e admirou as ondas beijando a areia da praia.
— Acertei na surpresa? – Íris viu uma taça surgir
na sua frente e sentiu a mão da Enzo rodear sua cintura.
Desde que foi drogada pelo seu ex-marido com
champanhe, ela tinha adquirido repulsa pela bebida. Íris
acabou bebendo na hora do jantar para não fazer desfeita
a Enzo, porém agora ela não aceitaria a bebida.
— Acertou sim. – Ela se virou e encarou os olhos
cinzentos dele. – Agradeço a bebida, Enzo, mas já bebi
champanhe no jantar para não o deixar bebendo sozinho,
agora vou ser obrigada a negar sua oferta.
— É prosecco dessa vez.
— É quase a mesma coisa.
— Claro que não. – Ela o observou revirar os
olhos. – São duas bebidas distintas, poderia perder um
bom tempo te explicando as diferenças, só que nesse
momento prefiro perder o meu tempo com outras coisas.
Íris prendeu os lábios para não sorrir da carinha
de indignado dele, mas decidiu aceitar um pouco da
bebida.
— Obrigada pelo prosecco. – Ela fez questão de
falar lentamente o nome da bebida.
— Não deboche de mim. – As mãos dele
apertaram a cintura de Íris com força. – Eu conheço esse
seu ar de deboche, Íris.
— O meu não chega nem aos pés do seu, querido.
– Para distraí-lo, ela alisou a sua gravata e beijou o canto
da sua boca.
— O meu é de nascença. – Enzo gostava dessa
maneira atrevida dela de afrontá-lo, mesmo sabendo que
ele nunca assumiria isso.
— Deu para perceber que é natural. – Ela
contornou a boca dele com a ponta da língua e viu o seu
olhar escurecer. Queria Enzo agora e não estava no clima
para beber e trocar papo furado. Por isso afundou os
lábios nos dele e o beijou com paixão. Íris necessitava
demonstrar todo o sentimento que sentia nesse beijo,
queria que ele entendesse que, para ela, era muito mais do
que se#o. – Eu preciso de você, Enzo. – Ainda respirando
com dificuldade, ela conseguiu dizer essas palavras. –
Nesse exato minuto. – Com cuidado, ela descansou a taça
na sacada da varada e embrenhou as mãos pelo cabelo
sedoso dele.
Enzo se entregou ao beijo devorador de Íris e a
segurou nos braços para levá-la até o quarto. Hoje seria
uma noite importante para eles. Se tudo desse certo, sairia
desse hotel com a certeza que teriam um futuro.
Com muita calma, ele abriu o vestido dela e
observou Íris escorregar a peça com sensualidade pelo
corpo. Ela estava ainda mais sensual aos olhos dele,
parecia uma deusa no meio do quarto elegante. Seu desejo
era percorrer cada canto do corpo curvilíneo dela para
gravar os mínimos detalhes dele na memória.
Íris se entregou a cada toque que recebeu de Enzo.
Há tempos ela já fazia amor com ele sem preocupação,
porém agora tudo parecia diferente. Ele a olhava de uma
maneira misteriosa, que mexia com o coração dela cada
vez que os olhos deles se encontravam. Aos poucos, ele
foi devorando o seu corpo com beijos e mordidas, e em
cada lugar que a boca e língua dele passavam era como se
o corpo dela entrasse em chamas. Porém nada se
comparou quando ela o sentiu pressionar a sua entrada e
mergulhar dentro dela.
Nesse momento, os dois gemeram juntos e
iniciaram uma jornada firme em busca do prazer. Íris se
agarrou ao corpo forte dele e pediu que a possuísse com
intensidade. A cada movimento que ele fazia dentro dela,
sentia o tão desejado orgasmo se aproximando. Quando
ela explodiu em milhões de pedaços em seus braços, o
ouviu sussurrar algo no seu ouvido, mas estava longe
demais para alcançar o significado das suas palavras. Ela
já não tinha condições de saber sequer onde estava.
Por algum tempo, ele ainda se movimentou dentro
dela, falando palavras obscenas que prolongaram seu
orgasmo, mas, em pouco tempo, ele também se perdeu e
desabou sobre o corpo de Íris. Estava suado e saciado.
Eles eram perfeitos juntos, a intimidade que conseguiam
desfrutar era surpreendente para os dois. Já não tinha
como negar que ambos necessitavam um do outro como o
ar que respiravam.
********
Depois de duas rodadas do melhor se#o do mundo,
Enzo se sentia cansado. Ele precisava descansar, ou não
fecharia a noite com chave de ouro. Hoje sua loira estava
mais empolgada do que nunca e exigiu um esforço extra
dele para que ela alcançasse o seu último orgasmo. Agora
ele aproveitaria desse momento de descanso para
conversar com ela.
— Íris. – Ele a observou esticar o corpo na cama.
— Me deixa em paz. – Quando ela virou o corpo e
cobriu com o lençol, Enzo sorriu. O cansaço também tinha
cobrado seu preço para ela.
— Calma, docinho. – Enzo sentou na cama e
beijou seu ombro nu. – Quero conversar com você,
precisamos acertar o nosso futuro, e acho que esse é um
bom momento para isso.
Imediatamente ela se virou e percorreu todo o
rosto dele com um olhar atento.
— Nosso futuro?
— Sim. – Ele se ajeitou na cama e acariciou o seu
braço. – Sei que temos poucos meses juntos, mas para
mim foi tempo suficiente para saber que você é diferente
de qualquer mulher que já conheci. Gosto de ficar com
você, de conversar, de sentir seu cheiro, olhar para você e
de te possuir como fiz há pouco. É a primeira vez que
tenho esse tipo de sentimento por uma mulher, e isso é o
suficiente para eu saber que quero você comigo, na minha
casa, todos os dias.
Íris sabia que ele iria fazer essa proposta, mas não
esperava que fosse com todas essas palavras perfeitas.
Ela tinha se preparado para falar com ele que ambos
poderiam manter os encontros, sem a necessidade de ela
ficar em sua na casa. Entretanto, depois de todas essas
palavras, ela já não sabia o que deveria dizer.
— É um passo muito grande, Enzo, não acho que
devemos nos precipitar. – Por mais que ela quisesse se
jogar nos braços dele, precisava ser prudente. Não
entraria nessa situação sozinha, tinha Sofia, e a sua
pequena menina já gostava de Enzo. Ela já tinha perdido a
mãe e os avôs, Íris não achava justo ela perder Enzo, caso
ele percebesse que tinha cometido um erro ao colocar as
duas em sua vida.
— Somos adultos, Íris, e sabemos o que fazemos.
Sei que você também sente o mesmo por mim, está escrito
no seu olhar. Não vejo motivos para esperarmos nem mais
um minuto. Praticamente já estamos morando juntos há
uma semana.
— É diferente, e você sabe. Estou hospedada na
sua casa. Morar lá dará uma conotação de que estamos
realmente juntos. Eu acabei de sair de um casamento
traumático e tenho a Sofia, que perdeu a mãe e meus pais.
Eu posso aguentar diversas pancadas, mas vou evitar ao
máximo que minha pequena se machuque. Ela é meu
tesouro, e a amo como se tivesse saído de mim, Enzo.
Por alguns segundos, ele a observou em completo
silêncio. O rosto dele parecia uma máscara de
indiferença, e Íris começou a achar que tinha dito algo que
o feriu. Se isso tivesse acontecido, ela sentiria muito por
ele, mas em primeiro lugar sempre viria o bem-estar de
Sofia.
— Entendo o que você quer dizer e acho isso
louvável da sua parte, mas eu sei o que faço, sou um
homem de verdade e não brinco com os sentimentos dos
outros. Se eu quero você e Sofia na minha casa, em
definitivo, é porque eu sei o que estou fazendo. Vocês são
importantes para mim, preciso que as duas fiquem ao meu
lado. – Com uma força quase exagerada, ele segurou a
nuca dela e a fez olhar em seus olhos. – Acredite no que
digo, Íris, eu não quero que vá embora, fique comigo.
— Droga, Enzo. – Íris se sentiu irritada por ele ser
tão direto e convincente. – Não quero me ferir novamente.
— Isso nunca acontecerá. – Enzo preferia morrer a
feri-la. – Sempre estará segura comigo, nunca irei
machucá-la, muito menos Sofia.
— Não sei o que dizer.
— Posso tentar convencê-la? – Se fosse preciso,
ele se esgotaria na cama para mostrá-la que não
conseguiria viver sem ele.
— Eu preciso de uma pausa, ainda não consigo
respirar com naturalidade.
— Eu também. – Com delicadeza, ele beijou seus
lábios.
— Então entre embaixo desses lençóis e me
abrace, preciso dos seus braços em volta de mim.
— Isso é fácil. – Enzo se aconchegou ao lado dela
e puxou o seu corpo pequeno junto ao dele. Era assim que
ele desejava que ela permanecesse, sempre ao seu lado,
lhe dando o prazer de tê-la para si. – Vamos descansar,
mas saiba que ainda não acabamos. Assim que nos
recuperarmos, tenho algumas surpresas para você.
Íris apenas suspirou no seu peito e rodeou a
cintura dele para se encaixar ao seu corpo com perfeição.
Íris se sentia a mulher mais feliz do mundo, depois de
tantas perdas, a vida estava lhe dando a oportunidade de
ter um pouco de felicidade.
Capítulo 30
Para a surpresa de Enzo, a noite dele com Íris foi
bem melhor do que ele imaginou. No início, ela resistiu,
mas depois percebeu que eles faziam um par perfeito e
que deveriam estar juntos. Claro que ele usou de toda a
sua técnica de persuasão, e no final ela cedeu aos seus
encantos e aceitou permanecer morando com ele. Agora
ele só precisava encontrar o paradeiro do ex-namorado da
irmã dela e fazê-lo sumir da vida das duas para sempre.
Enzo não queria ninguém se intrometendo na vida deles,
muito menos um viciado em drogas.
Quando eles voltaram para casa, ela estava
sorridente e feliz. E esse sorriso era o que ele sempre
desejava ver em seu rosto. Iria até o inferno para fazer
Íris feliz, mesmo que isso significasse sumir com o ex cunhado
dela. Ele faria isso de olhos fechados.
— Conseguiu localizar o pai da Sofia?
— Consegui. – Douglas, como sempre, mostrou
toda a sua eficiência. – Estou monitorando o infeliz.
— Quero fotos, tudo o que possa comprometê-lo.
Em breve, a Íris terá mais uma audiência com o juiz, e
caso ele queira a guarda da criança, necessito ter provas
da falta de condições dele para ficar com a menina.
— Isso não será um problema, ele não é uma
pessoa que esconde as transgressões que faz. Estou
preparando um relatório que vai tirar todas as
possibilidades dele de ficar com a Sofia.
— Perfeito. E quanto ao ex-marido dela? Você
conseguiu localizar o bastardo?
— Tudo indica que ele esteja em São Paulo
mesmo. Estou para receber um dossiê completo sobre a
vida dele. Muito em breve, você poderá fazer uma
visitinha para o filho da mãe.
— Não quero visitá-lo, Douglas. Quero o dinheiro
dela de volta e o maldito divórcio. Conversei com ela
nesse fim de semana e consegui carta branca para mandar
o Rodolfo preparar os papéis do divórcio. – Claro que
Enzo não deixaria o infeliz sair dessa sem uma boa surra,
mas primeiramente iria fazê-lo devolver cada centavo que
roubou de Íris e deixá-la livre para se casar com ele. –
Ele vai aprender da pior maneira a nunca mais roubar uma
mulher.
— Eu posso ensinar essa lição. – Enzo bem sabia
da capacidade do amigo em esclarecer certos pontos para
as pessoas. Não era à toa que Douglas se transformou no
braço direito dele quando se tratava de serviços sujos.
— Vamos esperar o momento certo, meu amigo. –
Douglas assentiu e levantou da cadeira.
— Você a ama, não é? – A pergunta dele pegou
Enzo desprevenido.
Ele não gostava de pensar nos sentimentos que
sentia por Íris, pois nunca teve esperanças em amar. Tudo
na sua vida sempre foi superficial, por isso nunca
acreditou que encontraria um amor verdadeiro. Mas tudo
mudou quando Íris entrou no seu caminho. Desde o dia
que fez aquela maldita entrevista, ela não saíra da sua
cabeça e nem do seu coração.
— Ela se tornou essencial na minha vida. Não sei
se é amor, mas não posso mais ficar sem a Íris. – O
sorriso malicioso do seu amigo deixou claro que ele
compreendeu o que Enzo queria dizer.
— É amor, meu caro, pode acreditar. – Enzo abriu
a boca para replicar, mas não tinha certeza se teria
argumentos para contradizer o amigo. – Estou feliz por
você, Enzo, ela é uma mulher que merece ser amada.
Vocês formam um casal bonito, e a Sofia é a criança mais
amorosa que conheço, aquela menina me transforma em
um maricas em segundos. – A reclamação do amigo fez
Enzo sorrir, de fato o Douglas virava um bobão quando
estava com Sofia.
— Ela é linda.
— É sim, e não merece mais sofrer.
— Nenhuma das duas sofrerá.
— Garantiremos a felicidade delas. – Douglas fez
um gracejo exagerado e saiu do escritório de Enzo. Era
bom saber que tinha um aliado para proteger as meninas.
Com o seu amigo ao seu lado, ele tinha a certeza que
ninguém conseguiria machucá-las.
********
Íris não sabia como conversaria com a sua amiga
sobre a decisão de ficar na casa de Enzo. Quando chegou
da casa da mãe dele, no domingo à noite, Priscila estava
no trabalho e só chegou de madrugada. Ela praticamente
dormiu o dia todo, e quando acordou, foi logo
perguntando quando elas voltariam para casa.
Contar para a amiga que não voltaria seria
complicado, pois Priscila contestaria sua decisão. Apesar
de saber que estava sendo impulsiva, Íris não queria
deixar Enzo. Ele havia ganhando o seu coração, e agora
ela se sentia dependente dele, não queria mais viver sem
tê-lo ao seu lado.
O som da campainha a fez sair dos seus
pensamentos e correr para atender quem estivesse
esperando. Como o porteiro não avisou quem estava
subindo, deveria ser alguém conhecido, certamente era
Carmem querendo alguma coisa. No impulso, Íris abriu a
porta e deu de cara com Murilo. Ele estava vestido com
uma informalidade que ela desconhecia. Sempre que o
encontrava, ele estava com roupas milimetricamente
perfeitas, mas agora vestia apenas um jeans com camiseta
simples.
— Murilo, como vai?
— Ótimo, Íris. – Murilo se inclinou para beijá-la.
– Fiquei sabendo que você e a Priscila estão morando
com o Enzo.
— Bem... – Íris não queria entrar em certos
detalhes da sua vida com ele. – Tivemos um problema
com o pai da Sofia e achamos que seria melhor ficarmos
por aqui até que as coisas se resolvessem.
— O pai da sua sobrinha apareceu?
— Apareceu e não foi nada agradável, ele tentou
agredir a mim e a Priscila.
— Como é? – Murilo se sentiu aturdido com a
informação que ela havia passado.
— É uma longa história, mas estamos bem graças
ao Enzo. Ele chegou no exato momento em que o pai de
Sofia perdeu o juízo.
— Onde está o Enzo? – Desde que viajou para
arejar a cabeça, Murilo não tinha mais falado com Enzo.
— Ainda não chegou do trabalho.
— E a Priscila, e a Sofia? Onde estão?
— Elas estão no quarto de hóspedes assistindo um
DVD.
— Quero falar com ela, é possível?
— Você sabe que sim. – Íris o fez entrar e foi até o
quarto chamar a amiga. Ela sabia o quanto Priscila
gostava de Murilo. No que dependesse dela, iria ajudá-la
a conquistá-lo de qualquer maneira. – Priscila.
— O que foi?
— O Murilo está na sala e quer conversar com
você.
— O quê? – Surpresa foi a única reação que
Priscila conseguiu ter. Depois de quase duas semanas sem
ter notícias de Murilo, ele aparecera justamente quando
ela estava na casa do amigo dele.
— Vá conversar com ele, vou ficar com a Sofia. –
Íris não queria que nenhum empecilho atrapalhasse a
conversa deles.
— Sinceramente, não sei o que ele quer.
— Vá descobrir. – Íris pegou Sofia e foi direto
para o quarto do Enzo.
*******
O dia de trabalho tinha sido exaustivo para Enzo.
Ele entrou e saiu de várias reuniões e mal teve tempo de
almoçar. Ser o chefe, não era fácil, os problemas
pareciam se multiplicar com uma facilidade
desconcertante. A sorte dele era que agora tinha ânimo
para se manter tranquilo ao longo dos compromissos de
trabalho, pois quando chegasse em casa, teria sua Íris o
esperando.
Quando Enzo abriu a porta do seu apartamento,
sentiu seu corpo relaxar, finalmente ele voltaria a ver Íris
e sentir o seu cheiro familiar. Assim que ele fechou a
porta, ouviu duas vozes um tanto quanto exaltadas. O
primeiro pensamento foi que de alguma maneira o pai de
Sofia tinha entrando na sua casa. Com urgência, Enzo foi
para a sala e se deparou com Murilo e Priscila em uma
discussão acalorada.
— Desculpa. – Enzo não queria interromper o
casal, ainda que quisesse conversar com o seu amigo, não
iria entrar no meio da conversa deles. – Pensei que a Íris
estivesse com problemas.
— Eu estou precisando conversar com a Priscila,
mas faremos isso em outro lugar.
— Não vou para outro lugar.
— Você vai. – Murilo respondeu a ela, e Enzo
percebeu que algo acontecia ali, mas não queria se meter
em nada.
— Vou deixá-los a sós, mas peço que respeite a
vontade dela, Murilo. Se a Priscila não quiser ir, não a
tire daqui.
— Qual é a tua? Agora vai querer ter um harém na
sua casa? Cadê aquele seu discurso que não precisava
pag...
— Olha o que vai falar. – Enzo o interrompeu
antes que ele ferisse não só Priscila, como Íris. – Não
queira opinar em uma situação que você está por fora.
Converse com a Priscila e depois venha falar comigo,
temos muitos pontos a esclarecer. – Sem deixar que o
amigo revidasse, se retirou e foi em busca da sua loira,
precisava colocar as mãos nela para se sentir mais
tranquilo.
Depois de uma rápida busca pela casa, a
encontrou no quarto deles enroscada com Sofia. As duas
estavam quietas na cama, olhando algo na televisão. Um
desenho esquisito estava passando e, ao que tudo
indicava, parecia agradá-las. Com cuidado, ele se
aproximou da cama e se inclinou sobre Íris até beijar o
seu pescoço.
— Que susto, Enzo. – Íris colocou a mão no
coração quando o sentiu disparar. Estava tão concentrada
assistindo o desenho favorito de Sofia, que não percebeu
a aproximação dele.
— Acho que tem alguém distraída aqui. – Ela
estava linda enfeitando a sua cama.
— Sofia gosta do desenho, e eu não queria
atrapalhar a conversa do Murilo com a Priscila. – Sofia
escalou o corpo de Íris e foi ao encontro de Enzo.
— Será que tem uma certa pequena com saudades
de mim? – Enzo se sentia feliz em saber que Sofia gostava
dele. – Como você está minha princesinha? – Ele beijou a
bochecha dela e viu Sofia agarrar a sua gravata para
morder. Ela tinha verdadeira obsessão pelo acessório,
sempre que o via com uma, fazia questão de mordê-las.
— Por que Sofia ama tanto as suas gravatas? – Íris
tentou tirar das mãos da sobrinha a peça.
— Ela deve me achar irresistível com elas, já
estou acostumado com as mulheres se derretendo por isso.
— Jura? – Um ciúme descomunal se apoderou de
Íris. Ela sabia que ele devia ter milhares de mulheres se
derretendo por ele, mas não gostava de ouvir sobre isso.
— Juro. – Enzo colocou Sofia em um braço e com
o outro puxou sua loira para junto de si. – Mas prefiro
saber que vocês duas gostam das minhas gravatas. – Ele
lhe deu um beijo firme. – Estava com saudades de você.
— Eu também. – O peito de Íris se encheu ainda
mais de amor por ele.
— Tem muito tempo que o Murilo chegou?
— Uns vinte minutos.
— Ele veio conversar exclusivamente com a sua
amiga ou estava atrás de mim?
— Veio falar a com Priscila.
— Na hora em que cheguei, eles estavam
discutindo.
— Ai, meu Deus, será que não vão se acertar?
— Não sei, mas torço que sim. – Enzo pensou que
se o amigo tinha vindo atrás de Priscila, era porque ele se
interessava por ela. – Vou tomar um banho, hoje o meu dia
foi puxado, estou cansado.
— Quer que eu faça uma massagem?
— Mais tarde. Tenho uma parte especial que
precisa de massagem.
— Eu estou falando sério, Enzo.
— Eu também. – Ele mordeu o lábio inferior dela
e entregou Sofia aos seus cuidados, seguindo até o
banheiro. Assim que Sofia dormisse, Enzo iniciaria os
trabalhos da noite. Depois de um dia tão cansativo na
empresa, ele não queria dormir muito tarde.
********
Depois da visita de Murilo, Priscila decidiu
retornar para a sua casa. Quando ela comunicou isso a
Íris, um sentimento de perda apertou o coração dela. Sua
amiga voltaria para sua vida, enquanto Íris iniciaria uma
nova jornada ao lado de Enzo. Assim que Priscila ficou
sabendo que Íris não a acompanharia, reclamou e tentou
mostrar que a amiga estava errada em não pensar bem na
proposta. Mas Íris explicou que amava Enzo e que não
queria mais se afastar dele.
Com certa relutância, ela foi embora, e Íris seguiu
ao lado do homem que amava. Durante uma semana, viveu
um verdadeiro sonho, tudo parecia bem. Fátima estava
recuperada, Priscila aos poucos estava se entendendo com
Murilo, e Enzo estava feliz por ter acertado os pontos com
o amigo. Mas como tudo na vida dela nunca ficava
tranquilo por muito tempo, recebeu uma ligação da
assistente social, avisando que o pai de Sofia tinha pedido
a guarda dela.
Assim que Íris soube dessa notícia, se desesperou.
Se esse bandido conseguisse mentir para a justiça e
provar que poderia criar a Sofia, ela não teria como
impedi-lo. Como solicitado pela assistente, ela foi ao
juizado de menores e ficou sabendo que em um mês teria
uma audiência com o juiz. O desgraçado estava tentando
jogar sujo com ela, mas Íris nunca desistiria de ficar com
a sobrinha. Agora Sofia era sua filha, e ninguém a tiraria
dela.
No instante em que Enzo chegou em casa, soube
que algo acontecia. Os olhos de Íris estavam inchados, e
ela evita encará-lo quando ele tentava falar com ela. Para
lhe dar um pouco de espaço, ele tomou um banho e enviou
alguns e-mails de trabalho. Assim que sentaram para
jantar, ele a fez confessar sobre o que a incomodava.
Quando soube que se tratava do pai de Sofia, ficou mais
tranquilo. Ainda que ele tentasse tirar a menina de Íris,
Enzo não permitiria. Teria um encontro bem interessante
com ele e o faria desistir da menina.
– Não se preocupe com nada, docinho, vou mandar
a Anália acompanhá-la durante essa audiência. Ela já teve
uma boa experiência na vara de família, vai saber como
conduzir o caso.
— E se o juiz achar que ele merece uma chance ao
lado da filha? Eu não tenho o direito que ele tem.
— Fica tranquila, a Sofia não vai sair daqui. Ela é
sua e sempre será, confie em mim. – Uma ideia um tanto
quanto absurda estava se formando na cabeça de Enzo.
Ele não pretendia tomar essa atitude agora, mas, se para
proteger Sofia e ver Íris feliz ele tivesse que tomar uma
atitude extrema, faria isso sem problemas.
*******
— Íris, se você continuar tão nervosa, vai acabar
se prejudicando quando chegar o dia da audiência. –
Priscila não aguentava mais o nervosismo da amiga.
— Não consigo me controlar, tenho medo do juiz
me obrigar a entregar a Sofia. Eu só tenho a guarda
provisória dela. Agora que o pai pediu a guarda, posso
ser obrigada a entregá-la. – Só de pensar nessa
possibilidade, Íris tinha vontade de chorar.
— O Enzo não tinha dito que um advogado iria
com você?
— Disse, mas...
— Para, Íris, não sofra por antecedência. Com o
tipo de advogado que o seu namorado tem, o Túlio não
tem nenhuma possibilidade de ficar com a Sofia.
— Ainda assim tenho medo.
— Não tenha, você tem ao seu favor o boletim de
ocorrência que fizemos contra ele, quando veio aqui em
casa. Isso te dará uma super vantagem, relaxa.
— Tudo bem, você tem razão. – Íris tentou se
controlar. – E o Murilo? Quero saber como vocês estão.
— Aos poucos estamos nos entendendo. Ele é
teimoso, e eu também sou, isso dificulta as coisas.
— Mas você gosta dele, deveria pegar leve.
— Eu estou fazendo isso, mas não gosto quando
ele quer me obrigar a parar de trabalhar e ficar em casa
como uma boa menina. Ainda não consegui o dinheiro
todo para comprar a minha casa.
— Eu fico em casa como uma boa menina e não
tenho um centavo para pensar em fazer nada. – Íris
respondeu sem graça. Desde que foi morar com Enzo, ela
virou uma verdadeira dona de casa e tinha parado de vez
de trabalhar na empresa. Enzo tinha alegado que não era
bom ela ficar muito tempo longe de Sofia, não enquanto
não tivesse inteiramente a guarda dela.
— Fica porque tem a Sofia. Duvido que, se você
fosse sozinha, passaria o dia em casa.
— Isso é verdade, tenho medo de deixar a Sofia
sozinha com qualquer pessoa. Enquanto ela não for
completamente minha, não gosto de me afastar dela.
— E o aniversário dela? Será semana que vem,
não vai fazer nada?
— Vou pensar no que fazer, mas não quero nada
grande. Com essa sombra da audiência pairando sobre
nós, não tem clima para festa.
— Você está certa, só que ainda assim precisamos
tomar umas providências.
— Vou conversar com o Enzo e depois resolvemos
o que fazer.
— Tudo bem.
********
Sem muito esforço, Íris e Priscila prepararam uma
festa pequena para Sofia. Como os amigos que ela tinha
agora estavam todos na vila da amiga, Íris decidiu que a
festa seria lá, apesar dos protestos de Enzo. Ele tentou
convencê-la que um salão de festas seria mais apropriado,
porém Íris não queria nada grande, não tinha o que
comemorar de verdade.
Ela tinha perdido a família há quase seis meses e
todos os dias sentia a dor de não os ter por perto. Sofia
era o seu refúgio, e Enzo a pessoa que lhe apoiava em
tudo, sempre passando segurança. Ela só necessitava,
naquele momento, ter as pessoas que a ajudaram quando
precisou e comemorar a vida da sua pequena princesa.
Depois de dizer o que queria para a festa de Sofia,
Enzo entendeu o desejo de Íris e liberou Priscila para
fazer uma festa inesquecível na vila. Como Priscila
adorava uma comemoração, preparou uma megafesta, que
deixou todos os morados boquiabertos.
Mesmo sem entender nada do que acontecia, Sofia
aproveitou do seu jeito o aniversário. Ela foi de colo em
colo, sorrindo, e deu alguns passos incertos, deixando Íris
feliz ao vê-la aprendendo a andar. Em algumas ocasiões,
ela balbuciava a palavra mamãe, de tanto Enzo e Carmem
ensiná-la. Eles sempre diziam que Íris tinha que assumir
Sofia como filha e parar de dizer que ela era sua sobrinha.
Apesar de sempre achar que traía a irmã, Íris passou a se
sentir plena quando Sofia tentava chamá-la de mãe.
O sucesso da festa a deixou feliz, e presenciar a
alegria das pessoas que a apoiaram quando ela precisou
foi emocionante. Ao lado dos seus amigos da vila, ela
tinha encontrado uma família, dada pela vida. A felicidade
dela foi completa quando viu Enzo interagir sem
problemas com os moradores. Até mesmo a mãe dele foi
rapidamente na festa e tratou todos com muita educação.
Saber que os dois aceitavam a sua origem simples fazia
Íris se sentir tranquila; apesar de serem da alta sociedade,
Carmem e Enzo sabiam transitar entre as classes sociais
com muita naturalidade.
Porém o fatídico dia da audiência chegou, e Íris se
transformou em uma pilha de nervos. Ainda que ela
soubesse que tinha uma boa advogada ao seu lado, ela não
teria sossego enquanto não tivesse a guarda definitiva de
Sofia. Se os pais de Túlio tentassem ajudar o filho, ela
estaria perdida.
Todos os seus pesadelos se tornaram realidade
quando ela chegou ao fórum e encontrou exatamente com
eles. Os pais de Túlio já estavam no local e a encararam
com raiva, a mãe dele parecia que queria matá-la. Íris se
encolheu e começou a suar frio quando percebeu que
poderia perder a razão da sua vida em segundos.
— Não pense que ficará com a minha neta, Íris,
ela voltará comigo.
— Eu...
— Não responda nada, Íris. – A advogada que
Enzo designou para acompanhá-la a impediu de
responder. – Senhora, quem decidirá com quem a criança
ficará será o juiz, então não se abale em fazer ameaças
infrutíferas. – Com essas palavras, Anália afastou Íris de
perto da mulher. – Não fique nervosa, temos tudo sob
controle.
Os instantes que antecederam a audiência foram de
puro desespero para Íris, e quando entraram na sala do
juiz, nada melhorou. Lígia, a mãe de Túlio, também tinha
levado um advogado, e o homem começou a mostrar ao
juiz que os clientes deles não foram avisados que a mãe
da menina havia morrido. Pela maneira como o homem
falava parecia que a intenção de Íris era roubar Sofia.
Para piorar, sua advogada permanecia calada. Quanto
mais o homem acusava Íris, mais ela se sentia acuada e
revoltada. Se o juiz caísse nessa conversa mole dele,
certamente ela perderia a guarda da menina nessa
audiência.
Quando ele terminou de acusá-la, pediu ao juiz
que a mãe de Túlio entrasse para mostrar que o cliente
dele tinha o apoio dos pais para criar a filha. Para o
desespero de Íris, o juiz permitiu a entrada dela.
— Eu não escondi a Sofia. – Por fim, Íris não
aguentou e se manifestou. – Ela só tinha a mim depois do
acidente e por isso eu pedi a guarda dela. Jamais
permitiria que a minha sobrinha fosse para um abrigo.
— Mentira, ela roubou a minha filha. No fundo,
essa mulher só quer ficar com a Sofia por causa da
herança dela.
— O quê? Você está louco? – Se Túlio soubesse
que a Sofia não tinha nada, certamente não estaria
querendo a guarda da menina. – Não tem herança
nenhuma.
— Acalmem-se, senhores, ou terei que retirá-los
daqui. – Com toda autoridade, o juiz tentou apaziguar os
ânimos.
— Senhor Túlio, por qual motivo o senhor não
sabia da morte da mãe da sua filha? – A pergunta do juiz
pegou Túlio de surpresa.
— Eu? É...
— Ele não foi comunicado pela Íris, excelência. –
A mãe de Túlio salvou o filho quando ele ficou sem saber
o que responder.
— Mentira, eu sequer sabia onde ele estava.
— Contenha a sua cliente, por favor. – O juiz falou
diretamente para Anália. – Continue, senhora.
— Meu filho foi impedido de conviver com a filha
pela falecida irmã dela. Senhor juiz, eu e o meu marido
tentamos de todas as maneiras nos aproximarmos, mas a
família dela nunca permitiu a nossa convivência com a
Sofia.
— Isso não é verdade. – Íris começou a se sentir
mal.
— Explique essa situação senhorita, Íris. – O juiz
olhou para a Íris, e ela foi tomada pelo desespero.
— Ele nunca ligou para a Sofia. Engravidou a
minha irmã e em poucos meses sumiu. Era eu que
sustentava a filha dele desde que nasceu. O Túlio sequer
registrou a Sofia.
— Que mentira, Íris. – Túlio a interrompeu com
cara de ofendido. – Sequer tive o direito de registrá-la,
sua irmã a escondeu de mim.
— Prove o que está falando. – Íris se sentia
irritada com toda a dissimulação dele.
— O senhor pode provar que tentou se aproximar
da sua filha e que foi impedido de registrá-la? – Quando o
juiz fez essas perguntas, Íris notou que ele ficou sem
saída.
— Nós nunca procuramos a justiça pois queríamos
resolver essa situação entre as famílias. – Com muita
calma, a mãe de Túlio respondeu no lugar do filho. –
Queríamos ter a Sofia apenas convivendo conosco, pois
nossa intenção era que ela permanecesse com mãe, mas
ela se recusava a deixar meu filho assumir a filha.
Estávamos para pedir o DNA, só que não houve tempo.
— Meritíssimo, sei que seu tempo é curto e quero
encerrar logo toda essa farsa. – Íris olhou Anália que
finalmente falou e a viu estender para o juiz uma pasta
com diversos papéis dentro. – A família da minha cliente
realmente não se sentia confortável em ter o senhor Túlio
por perto, e o meritíssimo vai saber o motivo com as fotos
e o relatório que estão nessa pasta. Mas, em momento
nenhum, eles se negaram a deixá-lo registrar a criança,
receber alguma ajuda ou impedir os avôs paternos de
conviverem com a Sofia. Dentro dessa pasta, o senhor vai
encontrar três boletins de ocorrência contra o senhor
Túlio. Um deles é por lesão corporal à falecida mãe da
filha dele, e os outros dois são por tentativa de agressão à
senhorita Íris e à amiga dela, Priscila Arraial. Ambas
prestaram queixa contra o rapaz há pouco mais de um mês,
quando ele invadiu a casa da amiga da minha cliente e
tentou levar a criança sem previa autorização judicial.
— Isso é um absurdo, meritíssimo. – O advogado
de defesa rapidamente se opôs ao que Anália tinha
acabado de dizer. – O meu cliente nunca tentou levar a
filha sem autorização da justiça, isso é uma verdadeira
calúnia.
O juiz não respondeu e apenas iniciou a análise do
conteúdo da pasta. Íris não sabia do que se tratava todos
os papéis que o juiz revirava, mas torcia que o conteúdo
realmente a ajudasse a ficar com Sofia.
— O senhor é usuário de drogas, senhor Túlio? –
A pergunta direta do juiz deixou Túlio mudo, ele sabia
que se confirmasse a informação, poderia até ser preso.
— Meu filho não usa mais drogas, ele teve um
probleminha quando jovem, mas agora...
— A senhora é apenas uma testemunha e não será
ouvida agora, a pergunta foi feita diretamente ao senhor
Túlio. – Quando o juiz cortou Lígia, Íris teve vontade de
gritar de tanta felicidade. – O senhor usa ou não drogas?
— Já tive problemas com drogas, mas agora
larguei tudo para ficar com a minha filha.
— Tem certeza?
— Sim.
— Essas fotos são falsas? – Três fotos foram
separadas e colocadas na frente de Túlio. – Essa pessoa
que está consumindo drogas não é o senhor?
Íris observou o rosto de pai de Sofia ficar branco.
— Eu quero ficar com a minha neta. – Com certo
desespero, Lígia disse, um tanto quanto exaltada quando
percebeu que seu filho perderia a guarda da criança. – Se
ela pode ter direito a ficar com minha neta, eu também
posso. Sou professora do Estado, meu marido é
proprietário de várias lojas de manterias de construção,
nós podemos arcar com a criação da nossa neta. Sem
contar que temos uma relação estável há quase trinta anos.
A Íris não tem mais marido, tem um trabalho que paga uma
miséria e mora de favor na casa de uma amiga. Ela não
possui condições morais nem financeiras de manter uma
criança.
— Peça para a assistente social entrar, quero
saber da avaliação dela sobre o caso. – O juiz falou para
um homem que estava encostado na porta da sala.
Íris olhou desesperada para Anália, mas a
advogada afagou a sua mão e pareceu muito tranquila.
Quando a assistente social que acompanhava o caso de
Sofia entrou na sala, foi bombardeada pelo juiz por
diversas perguntas. A mulher respondeu todas com muita
calma e foi a favor de Íris em todos os momentos. O juiz
ouviu tudo com calma, sem esboçar nenhuma reação que
desse esperanças para Íris.
— A senhorita ainda está trabalhando no emprego
que informou ao juizado?
A pergunta dele deixou Íris desestabilizada. Ela
não poderia mentir, mas se dissesse a verdade, perderia
pontos.
— Eu estava trabalhando na fábrica das indústrias
Parise, mas uma amiga teve uma grave doença, e acabei
precisando cuidar dela e me afastei do trabalho. Mas em
breve volto e... – Ela sentiu a mão de Anália apertando a
sua e parou de falar.
— A senhorita Íris estava trabalhando,
meritíssimo, porém ela se afastou do serviço a pedido do
próprio Enzo Parise. Tenho certeza que vossa excelência
o conhece. Os dois vivem em uma relação estável e em
breve estarão noivos. Ao contrário do que a senhora Lígia
afirmou, a senhorita Íris tem total condições de criar a
Sofia. Duvido muito que alguém possa dar as
oportunidades que Enzo Parise pode oferecer ao futuro da
criança. Inclusive, as duas estão morando no apartamento
dele na zona sul da cidade. O senhor Parise já se
comprometeu em ser o benfeitor da Sofia até ela se formar
na faculdade. – Anália pegou mais uma pasta e entregou
ao juiz. – Tenho a formalização desse comprometimento
registrado em cartório.
Todas as palavras que queria dizer sumiram da
mente de Íris, ela só conseguia pensar na parte que Anália
disse que em breve ela estaria noiva de Enzo. De onde foi
que essa mulher tinha tirado essa ideia absurda?
— Quero pedir um exame toxicológico do senhor
Túlio, excelência. Acho fundamental mostrar a
incapacidade dele em ser responsável por um bebê.
— Pedido aceito. – O juiz concordou assim que
examinou os papéis que Anália cedeu, mostrando que
Enzo havia assumido toda a responsabilidade pela
educação de Sofia.
— Excelência, o meu cliente não...
— O pedido foi aceito, senhor advogado. Vou
marcar uma nova data para outra audiência, enquanto isso
a criança permanece aos cuidados da senhorita Íris
Gomide. Estão dispensados.
Íris olhou para a advogada, sem acreditar que
ainda tinha Sofia. Não tiraram sua menina dela, se sentia
tão feliz, que tinha pedido completamente as forças.
Quando deixaram a sala de audiência, ouviram Lígia
gritar e insultar Íris, mas a alegria era tanta, que todos os
insultos foram ignorados por ela, que caminhou ao lado de
Anália para fora do fórum. Como esperado, Douglas
estava aguardando para levá-la até a casa de Carmem
para pegar Sofia.
Assim que ela o avistou, correu até Douglas e se
pendurou no pescoço dele. Mesmo surpreso, ele a segurou
e elevou o corpo de Íris do chão. As lágrimas, que por
tanto tempo guardou, começaram a correr pelo rosto da
jovem. Ela ainda não acreditava que tudo tinha terminado
bem.
— Isso significa que a nossa princesa continua
com você? – Douglas já sabia que a possibilidade de ela
perder a criança depois das provas que conseguiu do
bastardo drogado era zero. Mas, a pedido de Enzo, ele
não diria que investigou o desgraçado.
— Sim, a Sofia não vai embora, ficará comigo até
o outro julgamento.
— Ela ficará para sempre, Íris, não se preocupe
com isso.
— Eu realmente não sei, mas, por enquanto, ela é
minha.
— Aquele povo não tem a mínima chance, essa
causa é ganha. – Anália apareceu e puxou Íris para um
abraço apertado. – É só você esperar os trâmites legais do
caso, e a Sofia será sua. Não precisa ter medo.
— Obrigada por tudo, Anália, você me salvou.
— Foi um prazer.
— Anália, como conseguiu todas aquelas fotos e
relatórios? E por que disse que em breve eu serei noiva
do Enzo? – A cabeça de Íris não parava de pensar em tudo
o que ouviu na sala do juiz.
— O Enzo me forneceu tudo e pediu que, se algo
saísse do controle, falasse do seu nome e dissesse que
vocês ficariam noivos. Quando a avó da Sofia pediu a
guarda, não pude deixar de jogar pesado, ela poderia
obter sucesso. Mas, com o sobrenome Parise no meio, é
impossível ela conseguir algo. Nenhum juiz vai abrir mão
de dar um futuro para uma criança quando tem alguém
como Enzo sendo o seu beneficiário. Enzo fez uma jogada
de mestre quando preparou o documento, assumindo a
responsabilidade sobre a educação da sua filha.
— Deus, esse homem é louco. – Íris não
acreditava que ele tivesse feito tanto por ela.
— É louco por vocês duas, menina. Eu conheço
Enzo há mais de dez anos, e nunca o vi tão preocupado
com uma mulher. – Ela piscou para Íris enquanto sorria. –
Agora tenho que voltar para o trabalho. Mesmo não
precisando retornar para a empresa hoje, tenho que
trabalhar em casa com alguns processos.
Íris se despediu com entusiasmo de Anália e
seguiu ao lado de Douglas para o carro. Ela se sentia
louca para encontrar Sofia e ter aquele corpinho em seus
braços.
— Vamos pegar a Sofia, Douglas, preciso colocar
meus olhos na minha filha. – Quando Íris acabou de falar
essas palavras, viu o sorriso de Douglas.
— Então vamos para casa, Íris. Enzo já pegou a
Sofia na mãe dele, ambos estão te esperando ansiosos.
— Ele está sozinho com a Sofia?
— Sim, e não parou de me ligar para saber se
você já tinha saído da audiência.
O coração de Íris retumbou dentro do peito, ela
teve muita sorte em ter encontrado Enzo. Esse homem
havia devolvido sua vontade de viver. Desde que ele
entrou em sua vida, ela teve muitos motivos para sorrir,
ainda que seu peito sangrasse pela perda da família.
Agora tudo o que ela desejava era chegar em casa e
encontrar as suas duas razões de viver.
Continua amanhã
Q lindo
ResponderExcluirEita que podia existir um Enzo pra mim.😁😁😁😁😁
ResponderExcluirEnzo quero um
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