Conto Erótico - Senhor Estranho - Capitulos 17 e 18 (Final)
🔥💦Sr. Estranho💦🔥
Autora: Lara Smithe
Capítulo 17
Miguel
Hoje eu tiraria o sábado para mimar a Cecília, pelo menos essa era a minha intenção, até receber uma ligação de um dos meus funcionários, me avisando que eu precisava ir com urgência até o escritório, assinar uma ordem de pagamento. O Fabrício viajou com a Beth, estão em estado de êxtase com a novidade da gravidez, foram relaxar em um resort no litoral norte, então a responsabilidade é minha. — Bom dia! — Minha secretária me fita com um olhar curioso. Como se quisesse adivinhar o que diabos eu estou fazendo aqui uma hora dessas. — Cadê o Eduardo? Avise-o que já cheguei e o estou esperando na minha sala. Ela fica de pé e tenta articular algo, mas eu sou mais rápido e entro na minha sala sem lhe dar atenção. Meia hora depois, o Eduardo chega muito nervoso, com uma cara nada boa. — Me desculpe, Senhor Miguel, mas eu me equivoquei, a gráfica só vai mandar o material na segunda-feira. Tentei ligar para avisá-lo, mas o seu celular estava desligado. Ele tem razão, quando estou dirigindo, eu desligo o celular. Fico puto com o que me diz, afinal, ele me fez levantar cedo da cama, e o pior, me fez mudar completamente os meus planos com a Cecília. Quase grito com ele. — Ok, tudo bem, Eduardo. Já que estou aqui, traga a papelada de todas as entregas da próxima semana, não pretendo vir ao escritório por alguns dias, vou tirar férias. Ele me olha com espanto. Faz alguns anos que não tiro nem dois dias de folga, quanto mais férias. Minha intenção é, depois que pedir a Cecília em casamento, levá-la para uma pequena viagem em um lugar bem tranquilo e paradisíaco. Quase estrago a minha surpresa ontem à noite, ao vê-la tão linda e tão minha mulher.
Quase a peço em casamento naquele mesmo momento, precisei de muito esforço mental para não o fazer. Já deveria tê-la pedido em casamento há algum tempo, mas não quis parecer precipitado ou assustá-la com a força do meu amor. Cecília é muito jovem, e os jovens não entendem a cabeça de um velho como eu. Não tenho mais idade para namoros longos, ou mesmo um noivado. Eu quero e vou me casar o mais depressa possível. Tenho pressa de fazê-la completamente minha. Quero construir uma família o quanto antes. Filhos... Sim, eu quero filhos com ela. Pequenas Cecílias espalhadas por toda a casa, gritando papai, papai! Não me considero tão velho para fazer uns dois ou três frutos do amor que eu sinto por ela. Eu sei que ela é muito jovem para ser mãe, por isso vamos planejar os nossos filhos para daqui a dois anos. Eu estarei com 47 anos, não é uma idade tão ruim para ser pai, afinal, antes tarde do que nunca. Eduardo me trouxe todas as documentações pendentes e comecei a relê-las, e nesse ínterim, tento ligar para o celular da Cecília, preciso escutar a sua voz meiga, no entanto, o celular dela está desligado. Ligo para a casa, mas a ligação cai na caixa postal. Fico preocupado, pois a Cecília não costuma desligar o celular. Desde a nossa última discussão, ela não deixa o celular descarregar e nem desligado, e quando está em casa, o telefone fixo só toca duas vezes antes que ela atenda. Algo está errado, muito errado. Largo tudo o que estou fazendo, pego as chaves do meu carro e saio da minha sala sem ao menos dizer um até logo. Entro em casa já chamando pelo seu nome. — Cecília! Amor, onde você está? A sala está silenciosa. Acho estranho, pois a Cecília adora música, e quando eu não estou em casa, ela sempre deixa a melodia de uma boa música tomar conta de toda a atmosfera do nosso lar. Escuto um barulho vindo do nosso quarto. — Amor, não me escutou chamá-la? Sinto o meu corpo paralisar e a perplexidade me toma. Não é a Cecília que está no nosso quarto. Naquele momento, a minha alma gela. Ando a passos largos em direção à pessoa indesejada.
— O que faz aqui? Onde está a Cecília? O que você fez? Ou melhor, o que você disse a ela? Anne me olha com um riso sarcástico nos lábios. Ela larga a bolsa, que está na sua mão, sobre o colchão, estende os braços e caminha na minha direção. Ela anda com elegância e seus passos são delicados e majestosos. Não posso negar, ela é uma mulher muito linda e extraordinariamente sexy. É uma mulher que, com certeza, pode dominar qualquer coração humano, seja ele do sexo masculino ou feminino. — Querido, por que se importa com aquela insossa? Ela não é mulher para você, sua mulher sou eu. Não sei como eu me deixei envolver por uma víbora dessa. Eu só podia estar enfeitiçado. Eu a empurro, quando sinto os seus lábios se aproximarem dos meus. — Onde está a Cecília? — Olho-a com raiva, e ela ri de mim. — Anne, o que você fez com a minha mulher? — Sua mulher!? — Grita, com amargura. — Sua mulher sou eu. — Ela mostra a grossa aliança no seu dedo. Que eu me recorde, ela nunca gostou de usar aliança, em substituição ela usava um anel de diamantes. — Não seja ridícula, Anne, nosso casamento acabou há anos. Eu disse a você ontem que estou com outra pessoa e que pretendo me casar com ela o quanto antes. — Eu jamais permitirei isso, Miguel! Você é meu marido e isso não mudará, não vou deixar que outra mulher ocupe o meu lugar, quanto mais uma ninfeta estúpida como aquela. Ela sequer nota quando um homem está completamente apaixonado por ela, saiu daqui com o rabinho entre as pernas, nem ao menos ligou para você para saber a verdade. Ora, Miguel, faça-me o favor! Aquela moleca não sabe o valor de um homem de verdade. Eu... eu sou a mulher para você, não ela. Aquela é a verdadeira Anne. A mulher arrogante, sem pudor e dona da razão. — Anne, meu advogado já deu entrada nos papéis do nosso divórcio, e antes que você diga que não assinou e que não vai assinar nada, pense muito bem no que vai dizer, pois eu sei como convencê-la a fazer. E tem mais um detalhe: já estamos separados há anos, você já tem outros parceiros, e eu posso provar isso, portanto, eu sou um homem livre. — E vai se casar com a ninfeta?! — Diz, com arrogância. — Não seja ridículo, Miguel. Acha mesmo que aquela moleca ama você? Acha mesmo que ela vai ficar muito tempo com você? Olhe-se no espelho. Daqui a vinte anos você será um velho caquético e ela uma linda mulher, e vai trocá-lo por um homem muito mais jovem do que você, acorde! Olho-a com desdém e me aproximo. Ficamos próximos o bastante para que ela possa sentir o quanto a desprezo. — Nem todas as mulheres são volúveis como você, Anne. A Cecília é a mulher mais decente e extraordinária que eu já conheci. E, sim, ela é bem mais jovem, mas eu a amo e tenho certeza de que sou amado também, portanto, se vou ou não ser trocado por um homem mais jovem daqui a alguns anos, isso é um problema meu... — Além de velho, é um idiota. — Sou interrompido bruscamente. — Corno, você nasceu para ser corno, Miguel! Levanto minha mão para esbofeteá-la, mas freio o impulso e minha mão fica suspensa no ar. Ela não vai tirar o meu equilíbrio, não agora. — Idiota será você, se não assinar a porra do divórcio, ou esqueceu que eu tenho provas da sua traição? — Ela me olha pasma, acho que não se lembrava deste pequeno detalhe. — Quer que eu mostre em público o que você fez? Antes, eu tinha vergonha, mas agora não tenho mais. Se for necessário para me livrar de você, mostro a quem for preciso, portanto, minha querida, aconselho que procure o meu
advogado e assine a merda daquele papel amanhã mesmo. Passo na sua frente e a deixo estática. Será que ela esperava realmente que eu a batesse no rosto? Pego as suas malas e a sua bolsa. — Fora da minha casa e da minha vida, Anne! Você foi o meu maior erro, e não pretendo repeti-lo. Fui um tolo por ter me envolvido com você depois da nossa separação, mas quero deixar bem claro, para que não reste nenhuma dúvida, que eu não quero mais nada com você, nem mesmo quero ser seu amigo, de você eu só quero uma coisa: DISTÂNCIA! Eu a pego pelo braço com a minha mão livre e empurro-a para fora do quarto, conduzindo-a para a porta da rua.
— Não será tão fácil assim, Miguel. — Ela tenta se soltar da minha mão — Não vou desistir de você, não mesmo! Chegamos ao portão de saída. — Você conhece a palavra assédio? — Olho friamente para o seu rosto. — Isso dá cadeia, e se não der, com certeza dá processo, então pense muito bem antes de tentar se aproximar de mim, e pense umas dez vezes antes de se aproximar da Cecília, pois com ela pode te custar muito mais caro, entendeu? Afasto-a de mim e jogo suas malas do lado de fora do portão. Em seguida, eu a empurro para fora. Fecho o portão e dou a volta para entrar no meu carro. — Miguel! — Ela vocifera. Já dentro do carro, baixo o vidro e a observo com impaciência. — Vai me deixar aqui? — Ela pergunta. Sorrio com deboche. — Vou, você sabe o caminho de volta. Nunca mais ouse voltar aqui, ou vai se arrepender. Adeus, Anne, tenha uma ótima vida. Ligo o carro e vou buscar a mulher que eu amo. Ela só pode estar em um lugar... na casa dos seus pais. Tenho certeza de que não será fácil convencê-la a voltar para nossa casa. Eu imagino o que a Cecília está pensando sobre mim, afinal, eu omiti o fato de ainda estar casado. Depois de tudo o que ela passou com o Luciano, ela deve estar me achando o pior canalha do mundo, mas farei o impossível para convencê-la a me perdoar e voltar para os meus braços, nem que para isso eu precise pedir perdão de joelhos.
Em menos de vinte minutos, eu estou em frente ao portão principal da casa dos pais da Cecília. O Senhor Alberto até hoje não aceita o meu romance com a sua filha. Agora, ele provavelmente quer me ver morto. Tenho certeza absoluta de que está repetindo, com todas as letras, para a Cecília: “Eu avisei, se você tivesse escutado o seu pai, não estaria sofrendo”. Os pais sempre fazem isso quando os filhos cometem erros. Não que eu seja um erro, mas para o Alberto, eu sou. Fico alguns segundos engolindo a minha respiração. Não será nada fácil enfrentar o Alberto e a Cecília. Respiro fundo mais uma vez e desço do carro. Sigo até a porta e bato na madeira grossa com o meu punho fechado. Um homem com um rosto nada amigável abre a porta e me encara, enfurecido. — O que faz aqui? Quer se certificar do estrago que fez com a minha filha, seu canalha?! Vá embora, antes que eu resolva chamar a polícia. Ele tenta fechar a porta, mas eu o impeço, segurando-a com firmeza. — Alberto, com todo o respeito que eu lhe devo por ser o pai da Cecília, você não vai me impedir de vê-la. Eu vim buscar a Cecília e só saio daqui com ela. Empurro a porta e entro sem ser convidado.
Alberto me enfrenta. Fica de frente para mim, com uma das mãos espalmada no meu peito e a outra em punho para me esmurrar. — Mais um passo e eu acerto a sua cara de pau, Miguel. Não vou permitir que se aproxime da minha filha, dê o fora da minha casa. Canalhas como você, eu quero distante da minha família. Eu avisei para a Cecília que você não valia nada. — Vá à merda, Alberto! O meu assunto é com a Cecília, não com você. — Eu o interrompo, empurrando-o com a minha mão e já a caminho das escadas que dão acesso ao andar de cima. — Alberto, pelo amor de Deus, pare! Violência não vai levar a lugar nenhum. — Luíza tenta segurar o marido, que a esta altura já está completamente fora do controle. — Alberto! — Ela grita, nervosa. — Esse canalha não vai enganar a Cecília, ele quer só se divertir, não vou permitir, mas não vou mesmo. Sou puxado pela camisa com violência e quase perco o equilíbrio. Consigo me segurar no corrimão e o olho furiosamente. — Alberto, só quero avisar que temos o mesmo tamanho. Eu não vou apanhar de você, se me bater, vai levar o troco. — Parem! Alguém grita do alto da escada, e me viro na direção do grito. Cecília está de pé, nos olhando com um olhar assustado. — Filha, volte para o seu quarto, pode deixar que eu resolvo. Se este canalha não for embora por bem, vai quando a polícia chegar.
— Deixe-o subir. — Ela me encara com um olhar sofrido e melancólico. — Não se preocupe, papai, eu tenho certeza de que o Senhor Miguel será rápido, afinal, ele não tem muito a explicar. — As últimas palavras foram quase murmuradas. Ela se vira e começa a caminhar. Alberto me solta, e eu subo as escadas. Ainda vejo quando o corpo da Cecília some através de uma das portas. Entro no seu quarto, e ela se encosta em uma mesa que está próxima à janela, cruza os braços e me encara. Seu rosto está indecifrável, mas posso perceber que ela andou chorando... e muito. — Então, o que você quer? — Ela cruza os braços sobre o peito e engole o bolo da garganta. — Não precisava vir até aqui, tudo o que tinha para ser dito, a sua esposa me falou hoje pela manhã. Ela solta os braços ao longo do corpo e é vencida pela tristeza. As lágrimas descem pelo seu rosto feito um rio em tormenta. — Quer dizer que a conversa que você queria ter comigo, assim que voltasse do escritório, era para me dispensar? Na certa diria que chegou à conclusão que entre nós não daria certo e o melhor seria terminar. E.... e com certeza omitiria o fato de estar voltando com a sua esposa. — Ela soluça e limpa as lágrimas com o dorso da mão. — Por que você mentiu para mim, por que não me disse que é casado? Por que deixou que eu me apaixonasse por você? E agora, o que eu faço? Como vou te esquecer? Será que você é tão idiota que não percebeu que eu te amo? Vai embora, Miguel. Me deixe em paz, já não foi o bastante ser humilhada pela sua esposa? Você também quer sentir o gostinho de me fazer sofrer ainda mais? Cecília esconde o rosto entre as mãos. Neste momento, dou um passo à frente. — Nem tente! — Ela grita e estende a mão em forma de protesto. Eu interrompo os meus passos. — Não quero que me toque, nem que sinta pena de mim, só quero que vá embora. Vá embora. Ela engole o choro, dá alguns passos em direção à cama e se senta, me olhando com extrema tristeza. — Acabou? — pergunto. Dou alguns passos e fico próximo à cama. — O quê!? — Ela diz, incrédula. — Como assim, acabou!? Está de brincadeira, acha pouco o que me fez? Você mentiu para mim. — Não, eu não menti para você, eu omiti um fato irrelevante da minha vida. — IRRELEVANTE!? — Ela me olha, furiosa, e fecha as mãos em punho. Eu tenho certeza de que ela está louca para me dar um soco na cara. — Irrelevante o cacete! Você é casado e me escondeu isso. Se eu soubesse, jamais teria feito sexo com você... seu... seu... — Ela faz uma pausa e respira profundamente. — Vá embora daqui, Miguel, ou eu mesma te coloco para fora a pontapés. — Ela aponta com o dedo para porta. — Posso falar agora? Sem ser interrompido? Posso ou não? Pois eu só saio daqui depois de dizer tudo o que eu vim para dizer. Posso? — Nada do que disser vai mudar a nossa situação. — Cecília, cale-se! Chega! Agora é a minha vez de falar e você vai me escutar. — Me sento na cama e a seguro pelos ombros, forçando-a a me encarar. Pasma, ela fixa o seu olhar no meu. Nesse instante, uma lágrima desce e o meu coração se estraçalha. Ódio. Tenho vontade de matar a Anne. Juro que se ela surgisse na minha frente agora, eu a mataria. A Cecília está assim por culpa dela. Limpo a lágrima teimosa com o meu dedo, mesmo a contragosto da Cecília. Limpo e acaricio a pele macia com o meu dedo. Minha vontade é de abraçá-la e beijá-la, mas eu a conheço o suficiente para saber que seria repelido imediatamente. — Moça linda, eu não lhe contei sobre a Anne porque era um assunto muito dolorido para mim. Sim, eu era... quer dizer, eu sou casado ainda, mas a Anne e eu não vivemos juntos há muitos anos. Hoje, eu lhe contaria esta parte triste da minha vida. Só espero que você esteja pronta para escutá-la. Quer ouvir a minha versão dos fatos? Cecília baixa o seu olhar. Sinto que respira fundo. Segundos depois, seus lindos olhos encaram os meus. Eles estão tristonhos e marejados. — Se você acha mesmo que é necessário... Só não sei se vai mudar o fato de ter mentindo para mim, mas tudo bem, pode falar. Ela continua achando que eu menti para ela. Não quero insistir em lhe dizer que eu não menti, talvez depois da minha revelação ela perceba que eu só quis me proteger. — Eu conheci a Anne na minha empresa, ela foi contratada pelo Fabrício. Não costumo misturar negócios com prazer, nunca me envolvi com as minhas funcionárias, mas quando bati os olhos na Anne, foi paixão fulminante. Eu tinha 35 anos, e ela 30. Parecíamos animais no cio, tínhamos uma atração sexual devoradora. Sexo, para nós, era tão necessário como comer e dormir, e em poucos meses estávamos casados. “Minha vida se resumia a Anne. Fiquei completamente viciado nela. Sempre fui um homem dominante, possessivo e ciumento, mas minha obsessão fez com que a Anne dominasse a nossa relação. Não nos largávamos para nada, ela até passou a viajar comigo, virou minha secretária e dominou todo o meu espaço. Fabrício me chamou atenção, disse para que eu abrisse os meus olhos, e por isso nós quase brigamos, só não aconteceu porque ele sempre foi mais equilibrado do que eu. “Então, um dia, eu comecei a sentir falta de algumas coisas. Por conta do meu lado dominante, percebi que não tinha mais vontade própria, pois as necessidades eram sempre da Anne, mas ela estava jogando comigo. Anne desaparecia em certos períodos do dia, e quando viajávamos, ela sempre inventava uma desculpa para se afastar. Comecei a observar que a sua sala estava movimentada demais. Foi aí que o meu ciúme veio à tona.”
“Contratei um investigador particular e permiti que ele grampeasse o celular dela, que instalasse câmeras na sua sala e que a vigiasse em todos os lugares. Mesmo quando viajávamos, o investigador ia conosco e se hospedava no mesmo hotel. É claro que ela não sabia.” “Quarenta e cinco dias depois, o investigador trouxe todas as provas até a minha sala. Ele me aconselhou a ler somente o relatório final, disse não haver necessidade que eu verificasse o restante das provas. Como eu não sou homem de fugir das coisas, peguei todo o material e fui para casa.” “Assisti a todas as filmagens, escutei todas as gravações e olhei todas as fotos. E em todas elas, eu vi a minha esposa fodendo com alguns dos meus funcionários, alguns clientes e outros homens que eu não conhecia. Inclusive na sua sala, na minha empresa.” “Minha primeira reação foi a de querer matá-la. O ódio me dominou e a vergonha me jogou no chão. Chorei, gritei, senti raiva e pena de mim mesmo. A Anne conseguiu, em questão de segundos, me jogar no inferno. Pensei que a minha vida tinha se acabado, pois ela era o meu mundo, o meu tudo.” “Nunca fui um derrotado, Cecília, foi a Anne que me derrubou, que fez com que o meu orgulho se arrastasse na lama, mas consegui me levantar. Arrumei todas as coisas dela, e o que não coube nas malas, eu joguei em sacolas e dentro do carro. Aluguei um flat e joguei tudo dentro dele, depois voltei para a agência, onde ela estava me esperando.” “Cecília, foi tão doloroso fingir que estava tudo bem, beijar aqueles lábios que agora eu sabia não serem meus, mas consegui ser frio, ser indiferente com a minha dor humilhante.” “Eu a convidei para fazermos algo diferente, sempre fazíamos coisas assim, era a nossa fantasia transar em lugares diversificados, por isso Anne não estranhou quando seguimos para o flat. Mas ao entrar no apartamento e se deparar com todas as malas e todas as suas coisas espalhadas pelo flat, ela finalmente ficou nervosa.” “Então, eu mostrei a cópia de uma das filmagens e algumas fotos e gravações. O mais terrível disto tudo, Cecília, é que ela me disse na cara dura que me amava e que todos aqueles homens eram só diversão, que não significavam nada para ela. Dá para acreditar nisso? Sabe qual foi a minha vontade na hora em que ela me disse tudo isso? Entortar aquela cara cínica com um murro.” “Foi preciso muito esforço para não fazer isso. Agora, eu entendo por que muitos homens agridem algumas mulheres. É preciso muito sangue frio para lidar com situações similares a que eu vivi.” “Bem, moça linda, depois de tudo isso eu só pedi para que ela nunca mais me procurasse. Na semana seguinte, comprei um apartamento para ela em São Paulo – os pais dela moram lá – mas não foi tão fácil assim ficar longe dela. Todas as vezes que eu ia a São Paulo, nós ficávamos juntos, só que depois da foda, eu me lembrava de tudo o que ela fez comigo e sentia raiva de mim. Jurava que nunca mais cairia na tentação outra vez, só que não conseguia.” “Há três meses foi o nosso último encontro, e desde então resolvi nunca mais vê-la. E depois que eu a conheci, não penso mais nela, só penso em você. Na última vez em que estive em São Paulo, mudei de hotel e a única mulher com quem eu queria estar era você.” “Cecília, quando nos reencontramos, eu quis te contar sobre a Anne, mas fiquei com receio de que você me rejeitasse, então eu resolvi primeiro me separar legalmente da Anne antes de lhe dizer qualquer coisa, antes de dizer que eu te amo com toda a força do meu coração e que quero me casar com você”. Paro de falar e a observo. Cecília está com os olhos cravados no meu rosto, boquiaberta e com o rosto lavado pelas lágrimas. Eu não sei se a abraço, se sorrio, se a beijo ou se grito com ela para que saia do transe.
— Cecília! — Ela nem pisca. — Cecília, você escutou o que eu disse? — Balanço os seus ombros. Ela pisca rapidamente os olhos. — Aquela mulher é uma vaca! — Diz rapidamente, enquanto me olha e limpa suas lágrimas com o dorso da sua mão. — Eu quero o endereço dela, já que você não lhe deu uma surra, eu mesma vou dar. Vamos, Miguel, me dê o endereço dela, eu quero ir lá agora, vou esfregar aquela cara de fodida no chão do asfalto. — Cecília! — Ela não para de falar e de chorar, está em choque. Não tiro a sua razão, escutar uma história como essa não é para todos. — Moça linda! Ei... — Faço com que me olhe. Seus olhos marejados encontram os meus. Eu não resisto e a puxo para junto de mim.
Ela suspira profundamente quando o seu rosto se esconde no meu pescoço. — Ela é uma vaca, como pôde fazer isso com você, como pôde? — Dois braços trêmulos cercam o meu pescoço. — Miguel! — Sussurra o meu nome. — Oi — respondo, enquanto aliso os seus cabelos. — Você já a esqueceu? Quer dizer, você disse que ela era o seu mundo... Afasto-me rapidamente e seguro o seu rosto com as minhas duas mãos. Meu olhar varre cada contorno da sua face. Faço isso como um pintor faz ao admirar uma linda paisagem, com a intenção de memorizar os detalhes. — Moça linda, você escutou o que eu disse? — Ela assente com a cabeça, sem desviar os olhos dos meus. — Tem certeza? Inclusive quando eu disse que eu te amo e que quero me casar com você? Ela pisca e engole em seco. Uma lágrima desce suavemente pelo seu rosto. Eu a solto e me ajoelho na sua frente, coloco a mão no bolso da calça e retiro um pequeno embrulho de lá, já abrindo a pequena caixa. — Moça linda, eu sei que não sou tão jovem, no entanto, também sei que a amo mais do que tudo na minha vida, e enquanto eu viver, serei só seu, e todo o meu amor pertencerá exclusivamente a você. Quer ser “minha” pelo resto de nossas vidas? Mostro o lindo anel de compromisso. Ela olha para o delicado anel de safira cravejado com pequenos brilhantes.
— Não está bravo comigo, por eu ter sido tão estúpida? Ela está nervosa, eu a conheço. Sei quando está confusa. — Bravo vou ficar se não aceitar o meu pedido de casamento. — Beijo levemente sua mão. — Aceita se casar comigo? — Sim. — Ela solta todo o ar que estava preso nos pulmões e sorri. É o sorriso mais lindo do mundo. Sem que ela espere, levanto e me jogo por cima dela. Roubo os seus lábios e sacio toda a minha fome por um beijo devasso, safado e possessivo. Mãos desesperadas marcam o meu território, passeiam por todo o seu corpo, apalpam cada centímetro de tudo o que é meu. Estamos ofegantes e desalinhados. Eu me afasto da sua boca, e o brilho dos seus olhos mostra o tamanho do seu desejo e da sua felicidade. — Vamos para casa, ou corro o risco de fazer amor com você aqui mesmo. Não me preocupo com isso, o problema será o barulho que faremos. Eu serei morto pelo seu pai, com toda certeza. Ela solta uma gargalhada. Após alguns beijos sedentos e amassos atormentados, resolvemos descer. Assim que o Alberto me vê com as malas da Cecília nas mãos, ele nos vira as costas. — Dá próxima vez que este homem aprontar com você, vá para um hotel, Cecília. Não gosto de ver minha filha... — Não se preocupe. — Eu o interrompo. — Se depender de mim, sua filha só virá aqui para visitá-los. Amo a sua filha e ela me ama. Vamos nos casar o mais rápido possível, com ou sem a sua bênção, mas eu gostaria muito de ser amigo dos meus sogros. Alberto se vira na nossa direção e dá de cara com a minha mão estendida. Minha sogra está abraçada com a Cecília, admirando o anel de noivado no seu dedo. Um pouco reticente, Alberto se aproxima. Olha para a Cecília e para a esposa. As duas estão sorridentes. Então, ele aperta a minha mão. — Se você fizer a minha filha sofrer, eu juro que arranco as suas bolas. — Ele diz, e eu o puxo para um abraço. — Eu preciso das minhas bolas para lhe dar alguns netos, Alberto, e não se preocupe, eu amo tanto a sua filha que eu seria capaz de eu mesmo me castigar se fizer algo que a magoe, fique certo disso. — Netos! Já estão planejando filhos? — Luíza olha para a Cecília e indaga, curiosa. — Filha, não é melhor esperarem alguns anos? Você é muito jovem para ser mãe. — E ele é muito velho para ser pai. — Alberto interrompe a esposa. — Papai! — Cecília o repreende. Eu encaro o meu sogro com um olhar crítico. — Estou mentindo?! — Ele arqueia a sobrancelha, quando o seu olhar encontra com o meu. — Vão pensar que ele é o avô da criança. — Chega! — Luíza olha seriamente para o marido. — O importante é que a nossa filha está feliz e vai se casar com um homem que a ama e a respeita. Aceite isso, Alberto, aceite que dói menos. E agora, para comemorar, vamos jantar. Venha, meu genro, venha conhecer a nossa casa. Alberto engole o orgulho e passa na minha frente. O jantar foi estranho, pois apesar dos pais da Cecília tentarem ser cordiais e amáveis, ainda transmitiam uma certa desconfiança, eles ainda não me aceitavam. O preconceito por eu ser vinte e um anos mais velho do que a Cecília é um fato que os impede de baixar a guarda. Espero que isso passe logo. — Quando pretendem se casar? — Alberto pergunta. Estávamos sentados no sofá da sala, provando o delicioso café da Luíza.
— Assim que a documentação estiver pronta. — Cecília encosta a cabeça no meu ombro, e eu beijo-a com carinho. — Não se preocupem, o casamento é por minha conta, inclusive já sei onde será a cerimônia. — Como assim, Senhor apressado? Sabia que são necessários, no mínimo, três meses para se organizar um casamento bem simples? Cecília se afasta do meu corpo e o seu olhar curioso encara o meu. — Já disse, deixe que eu me preocupo com isso — Seguro o queixo dela e lhe dou um beijo, calando-a. — Só escolha o vestido, essa será a sua única preocupação. — Acho que precisamos ter uma conversa, Senhor Miguel. — Alberto se levanta e me chama. — Não se preocupe, não vou matá-lo na minha cozinha. Precisamos conversar sobre o casamento, já que está tão decidido a se casar com a minha filha o mais rápido possível. Eu me levanto e o sigo, sob o olhar curioso e preocupado da Cecília e da Luíza. A conversa não durou meia hora. Alberto até que tentou dividir as despesas do casamento comigo, mas não concordei, e depois de muitas reclamações, fui obrigado a deixá-lo ficar responsável pelo vestido de noiva da Cecília. Apesar de saber que ainda vai levar algum tempo para que os meus sogros me aceitem, eu saio da casa dos pais da Cecília satisfeito. O grande passo já foi dado, e querendo eles ou não, ela será a minha esposa, a minha mulher. Quando descobri a traição da Anne, pensei que eu nunca mais confiaria em outra mulher, jurei que não cairia outra vez nas armadilhas do amor. Ser traído não é uma experiência a ser esquecida tão facilmente, principalmente quando você se entrega de corpo e alma para a outra pessoa. Mas agora, eu também sei que os meus sentimentos em relação a Anne eram meramente sexuais, não era amor, paixão, carinho: era sexo puro. E o sexo não é o pilar para uma relação. Hoje, eu tenho certeza de que o meu casamento com a Anne não duraria muito, pois eu logo me cansaria dela ou ela de mim. Cecília é a minha outra metade, a mulher que eu sempre desejei ter na minha vida. Soube disso quando eu a beijei pela primeira vez. O corpo dela estremeceu assim que os meus lábios tocaram os dela. Sua respiração acelerou assim que os meus dedos tocaram o seu corpo. Ela nasceu para ser minha. E agora é. — Sr. Estranho, Sr. Estranho! — Sim. — Sua doce e suave voz me trouxe de volta à realidade. — Vamos para casa? — Sim, sim, me desculpe, estava pensando em você. Ela sorri, se inclina e une os seus lábios aos meus, e eu a beijo com paixão. — Amo tanto você, moça linda. — Afasto-me da sua boca, e o meu olhar varre preguiçosamente o seu lindo rosto. — Agora, eu pertenço a você, sou todo seu, para sempre, entendeu? Está pronta para mim, sabe o que isso significa? — Sim, estou pronta, e eu sei perfeitamente o que isso significa. — Ela me beija com uma boca faminta e ousada. Essa é a minha moça linda. Ela se afasta para me observar. — Sou sua, Senhor Estranho, pertenço a você. O seu amor é o suficiente para mim. — Minha. Minha linda mulher, Senhora Cecília de Andrade Azevedo, este é o começo das nossas vidas. — Eu te amo, Senhor Estranho, hoje e por toda a minha vida. — Sim, por toda a nossa vida... — completo. Coloco o cinto de segurança em volta do seu corpo e ligo o carro. — Agora, vamos para a nossa casa. Vou mostrar o quanto eu sou louco por uma certa moça linda.
Cecília abre a porta da nossa casa. Ela está nos meus braços e com a boca bem próxima da minha. Adoro carregá-la, se eu pudesse, não a soltaria nunca. — Seu louco, eu posso andar, sabia? — Sim, eu sei, mas já lhe disse que, quando estiver ao meu lado, pouparei os seus lindos pés de tocarem o chão. — Senhor Estranho, você não existe, às vezes eu me pergunto de qual planeta o Senhor é. — Ela ri, e eu colo minha boca na sua outra vez. Deito-a sobre a cama com cuidado, e neste momento, o nosso olhar se encontra e os fixamos por alguns segundos, até que ela sorri outra vez. Me perco no seu sorriso lindo. — Eu te amo, Miguel, te amo tanto que às vezes tenho medo de me perder em você — Eu a beijo novamente. Tenho essa mesma sensação, minha necessidade por ela é tão intensa que, durante a noite, acordo tateando no escuro à procura do seu corpo, e só consigo voltar a respirar quando a encontro. Retiro suas roupas lentamente, tal como ela retira as minhas, sem desviarmos o nosso olhar. Suas mãos se erguem e encontram a minha nuca. Ela adora me acariciar ali, e eu adoro a sua carícia. O calor do seu corpo é como um ímã.
Mesmo que eu quisesse me afastar, não poderia. Olho-a por um longo tempo, mas de repente, resolvo abraçá-la como se quisesse prendê-la junto a mim. — Moça linda, nunca fui tão feliz como sou agora — Sussurro, bem próximo ao seu ouvido. — Nunca! — Miguel... Ela não consegue terminar a frase, pois eu a beijo e a acaricio compulsivamente. Minhas mãos deslizam desvairadamente pelas curvas do seu corpo, emoldurando por onde passam. O corpo da Cecília responde a cada toque dos meus dedos, a cada raspar da minha língua na sua pele. É maravilhoso escutar os seus gemidos, a sua respiração ofegante, o aperto dos seus dedos na minha pele. Minha moça linda se entrega a mim sem reservas, sem inseguranças e sem medo. Ela é tudo o que sempre desejei em uma mulher... tudo. Sinto um calor dentro de mim, o desejo me consome de uma maneira voraz. Meus olhos cintilam o fogo que me queima através do olhar que dirijo para o seu lindo rosto. Me aproveito do seu momento de puro êxtase e minha boca captura um dos seus seios, e eu chupo o seu mamilo com força. — Miguel... Ela procura pela minha boca quando eu solto o seu seio para admirar o seu rosto, e me presenteia com um beijo longo e ousado. Nossos corpos se movimentam um de encontro ao outro, entre carícias mútuas.
Eu a penetro lentamente e, aos poucos, lhe mostro o tamanho da minha possessividade, movendo o meu corpo com força. Nesse momento, ela geme alto. Seus braços me apertam e ela me puxa com mais força para dentro de si. Não contenho a minha necessidade, e a penetro com rapidez, me movendo freneticamente, o que culmina em uma explosão de completo êxtase. — Eu te amo — Murmuro, junto à sua boca. — Você é minha para sempre, moça linda, para sempre. — Eu a mantenho nos meus braços, e assim adormecemos, com a certeza de que o amanhã será só nosso, e que teremos um ao outro por toda nossa humilde vida.
Capitulo 18 - Final
Cecília Seis meses depois
Acordo me sentindo mal outra vez. Já faz uma semana que tenho enjoos, fico tonta e sonolenta. Só me senti assim na festa do nosso casamento, mas eu tinha bebido uma garrafa de champanhe sozinha, culpa do meu lindo marido que me desafiou, e como eu não fujo de um desafio, mandei ver. Miguel afirmou que eu não aguentaria beber sequer uma taça de champanhe. Eu não sou mulher que foge de uma briga. Só que a minha empáfia me custou caro, passei a minha noite de núpcias regurgitando, só melhorei quando chegamos no Caribe. Só que o mal-estar de agora não é provocado por bebida ou por comida estragada, como o Miguel desconfia. Ele pensa que comi algo estragado e por isso ando me sentindo mal. Agora, eu sei o motivo. Soube ontem à tarde. Levanto-me da cama sorrateiramente e corro para o banheiro. — Cecília, amor! Escuto o Miguel me chamando do outro lado da porta. — Já estou saindo, amor. — Tento esconder o som das náuseas.
— Cecília, você está bem? Abra essa porta, agora! Ele escutou. — Estou bem, amor. Não se preocupe. Ele não diz nada, mas a porta se abre em questão de segundos. — Merda, Cecília, por que você fica escondendo as coisas de mim? Está passando mal outra vez. Estou sentada no chão, derrotada, segurando os cabelos e vomitando feito uma bêbada. — Caralho! Poxa, meu amor, por que você não me chamou? Vê-lo tão preocupado, quebra o meu coração, por isso não digo nada. Fico imaginando quando ele souber o motivo dos meus enjoos. Durante algum tempo não terei paz, é bem capaz que sequer possa tocar os meus pés no chão. — Eu... — Viro a cabeça para o vaso, e como já não tenho mais nada para colocar para fora, só sai a bílis. — Eu... eu estou bem, já vai passar. Miguel segura os meus cabelos, e quando a náusea passa, ele me leva para o chuveiro. Sou banhada com cuidado e logo depois sou carregada pelos braços fortes do meu marido até a cama. Enquanto ele me enxuga, ralha comigo. — Cecília, vamos agora mesmo até o hospital. Não é possível que seja algo sem importância. Já faz dias que você anda enjoada, isso é intoxicação alimentar. Você comeu alguma coisa que lhe fez mal. Ele vai até o closet e volta com um vestido nas mãos. — Miguel... — Ele começa a me vestir. — Miguel... — Ele não me dá atenção e começa a pentear os meus cabelos. — Miguel! — vocifero. Ele para o que está fazendo e me olha, atordoado. — Está se sentindo mal? Quer que eu te leve ao banheiro? — Não, eu estou bem, não precisamos ir ao médico. Ele se levanta e me olha, exasperado. — Nem pensar, vamos agora para o hospital! Ele começa a se trocar. Veste a calça, a camisa, se senta na cama e calça as meias. — Miguel, nós não precisamos ir ao médico. Pegue a minha bolsa, por favor. Ele calça os sapatos, fica de pé e me encara. — Vou pegar a sua bolsa, sim, mas é para irmos ao hospital. Quem manda nessa porra sou eu, e a Senhora vai para o hospital. — Pegue a minha bolsa, homem teimoso! — Grito. — Eu já fui ao médico. — Como?! — Seus olhos brilham, perplexos. — Desde quando a Senhora esconde as coisas de mim? — Eu não escondi nada de você. — Ele vai até a cadeira e pega a minha bolsa. — Esqueceu que o Senhor ficou incomunicável durante toda a tarde de ontem? Por isso, eu fui sozinha.
— Por Deus, Cecília! Quantas vezes eu já lhe disse que você é mais importante do que qualquer outra coisa na minha vida?! — Me senti culpada, pois senti a decepção na sua voz. — Miguel, eu não queria atrapalhar, fui sozinha e pronto. Desculpe-me, prometo que, de hoje em diante, faremos todas as consultas juntos... — Consultas?! — Ele me interrompe bruscamente, senta-se ao meu lado e me encara com um olhar preocupado. — É grave? O quanto é grave, meu amor? O que você tem? — Ele me abraça com carinho e sua boca espalha beijos por todo o meu rosto. — Oh, meu Deus! Não se preocupe, meu amor, tudo vai ficar bem, eu prometo. — Miguel... — Ele continua me beijando e falando palavras carinhosas. — Miguel... — Ele não está me escutando, por isso eu abro a bolsa e lhe entrego um envelope. — Abra. — Ele olha para o envelope e em seguida para mim. — Abra logo. — Exijo. Miguel pega o envelope com as mãos trêmulas e começa a abri-lo. — Por que não me chamou para ir com você, meu amor? Não precisava enfrentar isso sozinha. Ele para de movimentar as mãos. Os olhos pairam sobre o papel branco. — O que significa essa cegonha com um bebê pendurado no bico? Que diabo de logomarca é essa? — Leia o que está escrito logo abaixo. Ele lê em voz alta.
— Parabéns! — Seus olhos se fixam aos meus. — É o que... o que estou pensando? — Sua voz embarga. — Cecília, não brinca comigo, é o que estou pensando? Assinto com a cabeça. Ele se aproxima e segura na minha barriga. — Tem um pedacinho de nós aqui dentro? É isso? É? Ele se ajoelha, e suas mãos seguram nos meus quadris e sua cabeça vem em direção à minha barriga. — Moça linda, aqui dentro está a semente do nosso amor? Eu... eu... serei pai? — Sim, sim, meu amor. Você será pai e eu mãe, está pronto para isso? Porque eu estou. Sua boca toca no meu ventre. Beijos são distribuídos por todos os lados. Caio de costas na cama, e ele se joga por cima de mim. — Então os seus enjoos, tonturas, mal- estares, eram provocados pelo nosso filho? — Assinto, sorrindo. — Como não desconfiei? Poxa, sua menstruação está irregular, não vem há dois meses. Como não percebi isso? Ele me beija com extrema paixão. Depois sua boca escorrega pelo meu corpo, até chegar ao meu ventre. Ele cheira, beija e acaricia a minha barriga. — Miguel. — Sustento o meu corpo pelos cotovelos e o olho. — Você está feliz? Miguel se senta na cama e me puxa para junto do seu corpo. Beija a minha testa e lentamente os seus lábios deslizam pela minha face, até chegar na minha boca. Seu beijo é suave, mas intenso. Aos poucos ele vai se afastando, até que o nosso olhar se encontra. — Feliz?! Acho que preciso encontrar um outro nome para o que eu estou sentindo. Feliz não é bem o termo, estou transbordando de felicidade, só me senti assim quando nos casamos, quando você disse sim e eu coloquei a minha aliança no seu dedo. Deus! Moça linda, eu sou o homem mais feliz do mundo, nós fomos abençoados com o fruto do nosso amor. Ele me beija outra vez. — De quantos meses nós estamos? E quando será a próxima consulta? Você sabe o quanto eu serei protetor com vocês dois, não sabe? — Calma, Miguel. — Seguro o seu rosto com as minhas mãos. — Estou grávida, não doente.
Pare de paranoia, não seja um segundo Fabrício. Eu sei o que a Beth passa com o marido superprotetor e mandão que tem. — Vá se acostumando, eu serei pior, e pare de me enrolar, responda às minhas perguntas. — Segundo os cálculos do médico, estou perto de fazer três meses. A próxima consulta será daqui a dois dias. Miguel se deita na cama, me puxa para os seus braços e beija o alto da minha cabeça. Enquanto uma de suas mãos acaricia o meu ventre, a outra acaricia o meu rosto. — Moça linda, você já é a razão do meu viver, mas agora também é a razão da minha existência. Eu te amo, mais do que você pode imaginar. O que ele não sabe é que eu imagino, sim, o tamanho do seu amor, pois posso sentir cada partícula dele. O amor que ele sente por mim é tão imenso que posso senti-lo em seu sorriso, em seu olhar, na sua voz, no seu toque, e até quando ele respira, eu posso sentir o seu amor. Miguel é um homem especial, mas não para qualquer mulher, pois ele foi feito sob medida para mim. O estranho taxista que entrou na minha vida, em uma noite de tormenta, não só me salvou da escuridão do mar gelado, mas me resgatou para que eu pudesse ser feliz... para ser dele, só dele.
Kelly nasceu meses depois, de parto natural, pesando 2,9 quilos, 49 centímetros, cabelos castanhos e olhos acinzentados.
A única menina do berçário, o que deixou o pai completamente enciumado, já que havia oito meninos cercando a nossa filha. Já posso imaginar como será a vida da pequena Kelly, ela com certeza não terá paz, não se depender do pai e do avô. Meus pais já fizeram as pazes com o Miguel. Papai adora o genro desde que voltamos da nossa lua de mel. Os dois vivem em plena harmonia. Mamãe vive dizendo que o Miguel é o filho que ele nunca teve, apesar de serem quase da mesma idade. Amo a minha família, e agora ela está crescendo, e se depender de mim e do Miguel, ela crescerá muito mais.
FIM
Q final lindooooo
ResponderExcluirObrigada!!! O final foi lindo!!!
ResponderExcluirAmei esse final
ResponderExcluirNo final sexo e amor sempre será a melhor combinação 😍😍
ResponderExcluirAmei!!!!
ResponderExcluirAmei esse conto, será que existe um Miguel desse?
ResponderExcluirQ pena q há acabou 😪😪
ResponderExcluirMaravilhoso final
ResponderExcluirLindo amei o final, Mais só não entendi pq na quele dia do primeiro encontro ele tava de taxista?
ResponderExcluirPerfeito
ResponderExcluirAmei! Parabéns Lara.
ResponderExcluirGente me emocionei
ResponderExcluirTbm queria saber o pq ele estava de taxicista no primeiro encontro?
ResponderExcluirUm amor verdadeiro vence todos os obstáculos amei o final 😍😍
ResponderExcluir