Conto Erótico - Obsessão - Capítulos 15 e 16

💠 Obsessão 💠
Capítulo 15

Bernardo

Tudo que eu não queria que acontecesse está acontecendo, eu estou começando a sentir algo por Manuela, eu sinto que posso chegar a amá-la é isso que eu não quero, não posso me apegar a ela, não posso sentir nada mais além de desejo… mas não tô conseguindo me conter, ela está me envolvendo e eu preciso matar isso em mim antes que cresça e se transforme em amor… será que já era amor e eu não sabia distinguir? Não podia ser, não pode ser, eu nunca mais vou gostar de alguém como antes, não estou disposto a isso, não vou amar ninguém como amei a Isa e não vou ser enganado outra vez, traído como ela fez comigo.
Não posso ficar somente apegado a ela, preciso me distrair com outras mulheres e não deixá-la dominar a minha cabeça por completo, não vou me apegar a ela, não somente a ela, eu não vou fraquejar, não vou voltar a ser o cara bobo que fez tudo por amor e foi trocado por outro.
Depois que ela saiu do quarto eu tomei um banho e me vesti, vou até uma das casas de luxo, preciso me distrair, vou ver Juliana, uma de minhas exclusivas, preciso esquecer essas coisas que estão atormentando a minha mente, embora não adiantasse muito, pois eu não sinto com nenhuma delas o que sinto com Manuela.
Benjamim
Depois de muito trabalho finalmente eu estava em casa, estacionei e fui entrando, vi Manuela sentada em uma cadeira no jardim de trás, seu ar era triste e seus olhos pareciam estar olhando bem longe, como se ela não estivesse ali. Caminhei até lá e fiquei observando ela, estava tão distraída que não me viu.
- Manu? Chamei por ela.
- Oi Ben… disse ela… desculpe, estava distraída.
- O que foi? Porque está assim?
- Não é nada, só estava pensando aqui…
- Quer conversar comigo? Pode me contar qualquer coisa.
- Não é nada Ben, é sério.
- Sei que tem algo, e posso apostar que tem a ver com Bernardo, ele é muito difícil não é? Pode falar, eu sei que ele é.
- Bom, sim… um pouco, ele não é lá de demonstrar muito seus sentimentos.
- Eu sei disso… na frente dos nossos pais ele te trata como princesa, quando eles não estão ele é curto com você, estou certo?
- Como sabe? Você viu?
- Não, não vi, mas sei que ele é assim… ele ficou assim depois do que aconteceu no seu passado, frio, individual, seco, mas no fundo ele é o cara que sempre foi, isso é só uma máscara que você aos poucos vai tirar.
- O que aconteceu com ele?
- Você não sabe?
- Não, mas eu preciso saber Ben, preciso entender o porquê dele ser assim…
- Eu vou lhe contar, mas eu nunca lhe contei isso está bem? Você nunca soube de nada.
- Tá bem, prometo… eu disse.
Me sentei de frente pra Manu e contei tudo sobre Bernardo e Isabela, ela me observava atenta e às vezes até se assustava com algumas coisas, quando terminei ela ficou paralisada olhando pro horizonte.
- É isso… ela o trocou por outro, ele se magoou tanto que nunca mais foi o mesmo.
- Nossa, isso explica tudo Ben…
- Agora você sabe o porquê dele ser esse cara fechado, que nada demonstra os seus sentimentos.
- Sim, agora eu entendi… obrigado por me contar Ben, prometo que não vou falar nada com ele.
- Tá certo… agora, mudando de assunto, eu marquei umas fotos pra você amanhã, está pronta?
- Amanhã já? Aí meu Deus, estou com medo de não me sair bem.
- Que nada, seja natural, você vai se sair muito bem.
- Vou tentar… disse ela.
Manuela
Depois da conversa com Ben eu fui pro quarto, finalmente eu descobri o porque de Bernardo ser do jeito que era, depois de sua noiva o trocar por outro ele se fechou, agora entendo porque ele agiu daquela forma quando viu Henry me beijando, ele com certeza viu aquela cena de passando de novo em sua vida. O que eu faria agora que sei de tudo? Agora que sei que ele já foi um cara extremamente apaixonado, que deu tudo de si pra ficar com alguém que o trocou por outro, que no fundo estava com medo de se envolver tão profundamente com alguém e ser novamente traído, magoado, ver seus sonhos e planos irem por água abaixo… eu não sei o que vou fazer, já que não posso contar a ele que sei de tudo, mas posso tentar fazer ele querer falar sobre isso, espero que eu consiga.
Depois de muito pensar eu tomei um banho, escolhi um look bonito pois eu tinha em mente pedir a Bernardo que me levasse pra sair hoje e tentar fazer ele falar alguma coisa do seu passado.
Depois de me arrumar eu desci para a sala, os pais de Be estavam sentados no sofá conversando, fui até lá e me sentei também.
- Boa noite… eu disse.
- Boa noite querida, está linda! Disse dona Lúcia
- Obrigado… sorri… quero chamar Bernardo pra sair hoje, espero que ele se anime.
- Chame sim, a noite está linda, vão namorar… disse ela.
- Vamos ver se ele vai querer ir… eu disse.
Ficamos conversando um pouco e depois de uns minutos ele chegou, entrou em casa e veio até a sala.
- Boa noite a todos… disse ele.
- Boa noite! Todos respondemos.
- Olá querida… está linda… disse ele sentando ao meu lado.
- Obrigado, foi exatamente o que sua mãe disse… eu sorri.
- Manuela estava dizendo que queria sair, porque não a leva para dar uma volta querido? Perguntou sua mãe.
- É mesmo? Quer sair um pouco? Disse ele.
- Queria sim… passear faz bem né, a noite está linda, eu queria ir ver o mar… eu disse.
- OK, eu levo você… só vou tomar um banho e colocar uma roupa mais leve.
- Está bem, eu espero… sorri e dei um leve selinho em Bernardo que retribuiu e logo subiu pro quarto.
Alguns minutos depois ele desceu vestindo uma blusa branca sem mangas e um shorts azul escuro, estava totalmente como um cara normal, eu até estranhava pois só o via de terno e se não estivesse de terno estava de cueca ou sem roupa, mas de roupa casual eu quase nunca tinha o visto.
- Vamos linda… disse ele pegando a chave do carro.
- Vamos… eu disse me levantando.
- Não viremos pro jantar mãe… disse ele.
- OK queridos, divirtam-se… disse ela.
Peguei a mão de Bernardo que estava entendida para mim e saímos em direção ao carro.
- Você foi esperta Manuela… disse ele entrando no carro, entrei em seguida.
- Obrigado, eu precisava sair um pouco, precisava pensar, nada melhor do que ir a praia a noite.
- Sério que você quer ir a praia pra pensar?
- Sim… você não tem um lugar que gosta de ir pra pensar?
- Não, não tenho.
- Que pena… eu disse.
Ficamos em silêncio até chegar na praia, chegando Bernardo estacionou e descemos do carro, fomos em direção a areia, tirei as sandálias e pisei firme sentindo a areia em meus dedos, sorri sozinha e corri para a beira da praia, molhei meus pés na água e estava muito fria, comecei a caminhar por ali, Bernardo vinha atrás de mim com as mãos no bolso, me observando bem sério.
- Está tão sério… eu disse.
- Eu sou assim… disse ele.
Parei e esperei ele vir até mim.
- Me deixa ser sua amiga, só por hoje… eu disse olhando pra ele.
- Você é a minha noiva, lembra? Disse ele.
- Lembro que é só um teatro… eu digo amiga pois amigos confiam um no outro e contam os motivos por estarem tristes, sérios, essas coisas…
- E noivos, não confiam e nem contam esse tipo de coisas?
- Sim… mas não somos noivos de verdade.
- Você gostaria que fôssemos? Perguntou ele me olhando.
- Vou te falar a verdade… se você fosse diferente, sim eu gostaria, você sabe dos meus sentimentos, mas não quero continuar vivendo da forma que você quer que seja.
- E como você gostaria que fosse?
- Ah, eu iria querer uma paixão que queima dentro do peito, um amor que cresce a cada dia, confiança, respeito, fidelidade, lealdade, cumplicidade, essas coisas…
- Manuela… a vida não é esse conto de fadas, isso não existe de verdade.
- Existe sim... vai me dizer que você nunca se apaixonou por alguém? Nunca pensou que seria pra sempre com alguém? Perguntei e Bernardo ficou em silêncio fitando o mar.
- Me conta Be… eu disse pegando em sua mão e ele voltou a me olhar.
- Be? Me chamou de Be? Perguntou ele.
- Sim… eu ri… desculpe.
- Espero que você me compense pois eu nunca fiz isso antes, nunca dei tanta moral a uma garota como a você.
- Tem certeza disso? Nunca mesmo? Nem quando era mais novo?
- Manuela o que você quer com isso? Que eu te conte o meu passado? Que eu te conte porque me tornei o homem que sou hoje?
- Não… bom… se você quiser dizer eu quero escutar.
- Certo, quer saber? Eu lhe falo… me apaixonei sim, muito, mas ela preferiu outro e então, eu preferi todas até hoje, simples.
- Por causa de uma mulher que não soube te valorizar você se vinga de todas que passam no seu caminho?
- Não é vingança, só não quero me apaixonar por nenhuma outra mulher, é só isso.
- Tem medo de acontecer o que aconteceu outra vez?
- Manuela… está bom por hoje OK? Vá dá sua volta, eu fico aqui te observando… disse ele.
- Tá bem… eu disse voltando a caminhar.
Caminhei bastante, tanto que nem via mais Bernardo me acompanhando, ele deve ter ido fazer alguma coisa… continuei caminhando e molhando os pés na água… distraída eu senti as mãos de alguém em minha cintura atrás de mim, eu sorri pensando que fosse Bernardo, mas não era… me assustei quando a voz de um homem sussurrou no meu ouvido.
- Oi gatinha, está perdida aqui, deixa eu te salvar… disse ele.
- Me solta! Eu disse tentando tirar as mãos dele mas ele me segurou firme.
- Calma linda, só vamos conversar…
- Me larga, socorro! Eu disse, mas ele tapou a minha boca com uma das mãos, eu me batia tentando me soltar mas ele era mais forte e me prendia, sua mão já subia por debaixo da minha saia e eu já chorava desesperada.
De repente ouvi Bernardo gritar…
- Solta ela desgraçado! Disse ele pegando o cara pela camisa e dando um soco em seu rosto… não encosta na minha mulher! Dizia ele enquanto batia no homem, mas ele conseguiu escapar e saiu correndo. Bernardo me levantou e me abraçou me apertando a ele, eu chorava,
estava muito assustada.
- Me perdoa, me perdoa eu fui comprar uma água de coco pra nós e nem percebi esse cara chegando perto de você.
- Me abraça, me abraça Be, por favor… eu disse.
- Calma, fica calma… disse ele… eu não vou deixar ninguém tocar em você.
Be me apertava como se estivesse me guardando em seus braços, minhas mãos se espalharam em suas costas, o coração dele batia acelerado assim como o meu, aos poucos eu fui direcionando meu rosto ao dele, ficamos nos olhando por alguns segundos, fui aproximando meus lábios dos dele já de olhos fechados, aos poucos eles foram se encostando e finalmente nós nos beijamos, um beijo lento e sincronizado, um beijo calmo e prazeroso, dessa vez era um beijo que ambos queriam pois não havia platéia assistindo, então não havia motivo para atuar.


Capítulo 16

Manuela

Depois do beijo maravilhoso que Be e eu trocamos, nós voltamos pra casa em silêncio, eu até queria dizer algo a ele, mas preferi deixar assim…
Chegando em casa todos já estavam dormindo, já era madrugada, subimos pro quarto.
- Toma um banho comigo? Perguntou ele.
- Está bem… Eu disse indo pro banheiro.
Tirei a roupa e prendi os cabelos em um coque, entrei no box do banheiro e abri o chuveiro, a água quentinha caia em meu corpo, Be entrou em seguida, me abraçou por trás e começou a se molhar também, ficamos abraçados assim só deixando a água cair em nós por um bom tempo, ele deitou seu rosto em meu ombro e sua respiração em meu pescoço me fazia arrepiar… depois de alguns minutos nós terminamos o banho e fomos pro quarto, ele vestiu uma cueca preta e eu a minha camisola preta, me deitei na cama e ele se deitou também.
- Obrigado Be, por ter me salvo hoje… eu disse me virando pra ele, suas mãos me puxaram pros meus braços e me abraçaram, eu sorri e deitei meu rosto em seu peito, fechei os olhos e fiquei sentindo o seu coração bater, sentindo com as mãos o seu peito que se erguia a cada respiração… eu começava a achar que eu estava mudando ele, que ele estava voltando a ser o que já foi um dia, um homem protetor, capaz de fazer tudo pela pessoa que gosta, eu realmente espero poder fazer ele gostar de mim como eu gosto dele, eu tenho fé que isso pode acontecer, não vou perder as minhas esperanças… essa atitude só despertou novamente o amor que eu sinto por ele.
Perdida em pensamentos eu peguei no sono.

Bernardo

Confuso… essa era a palavra certa pra mim nesse momento, minha mente estava a maior confusão… eu estava a cada dia criando carinho por Manuela, coisa que eu não queria deixar crescer, não enquanto eu não esquecesse o meu passado, enquanto eu não esquecesse o que Isabela me fez, isso me atormentava e enquanto isso não ficasse pra trás eu não podia confiar em outra pessoa, em outra mulher, não podia voltar a ser o cara que eu era, o medo de ser feito de bobo outra vez era horrível e eu não podia passar por isso de novo senão seria capaz de cometer uma loucura ainda pior que antes.
Em meio a minha confusão, tentando me encontrar eu acabei dormindo, com Manuela em meus braços, pois queria que ela se sentisse protegida por mim, embora minha razão me dissesse que isso era a coisa errada a se fazer.
No dia seguinte eu acordei bem cedo, me vesti e desci pra cozinha, tomei apenas um café e fui pro meu escritório.
Chegando eu subi pra minha sala, me tranquei e tentei me concentrar no trabalho mas não dava, eu só pensava no que aconteceu ontem com Manuela.
Manuela
Acordei e Be já havia saído pro trabalho, me levantei, tomei um banho e me vesti, hoje eu teria aquela sessão de fotos que Ben havia marcado pra mim.
Desci para a cozinha, Ben estava sentado à mesa tomando café.
- Bom dia… eu disse sorrindo.
- Bom dia Manu… disse ele… animada pras fotos?
- Sim, mas ao mesmo tempo nervosa, não sei se vou me sair tão bem assim.
- Claro que vai, e vai ser uma modelo internacional, acredita? Disse ele e eu ri.
- Aí Ben, até parece né… nem nunca pensei em ser modelo e além do mais eu sou muito baixa.
- Nada como um salto 15 pra deixar você alta e modelo fotográfica não precisa ser mega alta.
- Você sabe bem dessas coisas heim…
- Claro, sou fotógrafo também lembra?
- Pois é, senhor dois empregos! Eu disse rindo e ele riu também.
- Está mais feliz hoje não está? Perguntou ele.
- É, eu tô sim… ontem eu e Bernardo demos um passo a mais, ele está se abrindo pra mim, me contou sobre Isabela, mas não em detalhes sabe, apenas que ele um dia foi apaixonado e que ela o trocou por outro e por isso ele é do jeito que é hoje.
- Mas você não deu a entender que já sabia não é?
- Não, claro que não eu só pedi a ele que me levasse na praia é lá agente pode conversar.
- Ah, que bom, espero que ele continue assim, vai fazer bem pra ele e pra você, pros dois já que vão se casar não é.
- É sim… eu espero… eu disse.
Tomamos café e depois saímos, fomos até o estúdio onde eu tiraria as fotos.
Ben me mostrou tudo e o pessoal tratou logo de me arrumar, eram tantas roupa diferentes que iria colocar. Tiramos algumas fotos, todas foram ao ar livre com diferentes roupas, eu estava mesmo me sentindo uma super modelo e não foi nada desagradável eu até gostei de tudo.
Depois que terminamos eu vesti a minha roupa novamente e fui ver as fotos.
- Nossa, nem parece ser eu… eu disse.
- Ficaram lindas Manu, você com certeza tem jeito pra coisa… disse Ben.
- Você acha? Nossa, eu me senti tão bem, como se já tivesse feito isso inúmeras vezes.
- Sinal de você se daria bem sendo modelo… quer mandar sua fotos para agências?
- Ah, porque não né, manda sim, se eles aceitarem aí eu vou saber que levo jeito pra coisa mesmo.
- Tá certo, vou mandar.
Quando saímos de lá já era de tarde, então Ben e eu fomos direto pra casa, estávamos morrendo de fome e com certeza Lena fez bolo pro lanche e nós estávamos secos naquele bolo.
Chegando em casa nós fomos direto pra cozinhar, aquele cheirinho de bolo já estava no ar.
- Eu quero dois pedaços! Disse Ben puxando um banco e se sentando perto do balcão.
- Eu também quero… eu disse me sentando também.
- Calma meus amores, já já está saindo… disse Lena.
- E aí Manu, gostou do dia de modelo? Perguntou Ben.
- Gostei, não sabia que seria tão natural assim, nem fiquei com vergonha.
- Viu, eu disse que você levava jeito pra isso, e com certeza você vai ser chamada pra algum trabalho.
- Quem sabe né, vamos ver… Eu disse.
Lena trouxe o bolo que estava no forno, comemos feitos loucos, aquele bolo era maravilhoso, depois fui pro quarto tomar um banho e me deitar um pouco pra relaxar, depois do banho coloquei apenas uma lingerie e me deitei na cama… estava quase pegando no sono quando Be chegou, ele entrou no sem fazer barulho, então fingi que estava dormindo. Ele foi pro banheiro, tomou banho e voltou somente de cueca, foi se deitando ao meu lado e como eu estava de bruços ele deslizou sua mão pelo meu corpo, subindo pela minha coxa, passando em meu quadril e cintura e subindo pelas minhas costas, deslizando a ponta dos dedos sobre a mesma, eu me arrepiei bem de leve, como era boa aquela sensação, eu queria tanto que ele mudasse comigo e acho que finalmente eu tô conseguindo.
Ele pegou em meus cabelos e tirou dos meus ombros dando um beijo leve.
- Manuela… sussurrou ele em meu ouvido.
- Huuum…? Eu disse fingindo estar sonolenta.
- Eu tô querendo você… acorda… vem ficar comigo… dizia ele enquanto dava leves beijos em minhas costas.
Me virei de frente pra ele devagar e ele estava me encarando com aqueles olhos lindos.
- O que você sente por mim Be? Perguntei olhando bem fundo em seus olhos.
- Você insiste nisso não é? Eu já te disse.
- Pois é, só que não parece, você me deixa muito confusa, às vezes me trata com maior carinho, mas depois é grosso e rude comigo, eu não entendo Be, porque você faz isso?
- Manuela, eu faço isso pra que você se sinta bem, para que você não se sinta usada, é só isso tá, não insiste nessa coisa de sentimento, de paixão, de amor, isso só existe na sua cabeça.
- Sabe Bernardo, um dia você pode se arrepender de não se deixar viver o que você sente… eu disse.
- Eu não sinto nada que possa me fazer ficar arrependido… disse ele.
- Você não vai mudar nunca, eu tentei, mas… não consigo.
Empurrei ele pro lado e me levantei.
- Manuela é tão difícil pra você entender que eu não quero romance com você e nem com ninguém? Eu te deixei claro desde o começo.
- Se você não quer não me faça criar esperanças, não me trate com carinho, não me beije com delicadeza, não me abrace como se quisesse me proteger, não faça amor comigo por pena de mim, não me deixe criar esperanças falsas Bernardo… eu disparei.
- Mas eu faço isso pra que você não se sinta mal, não se sinta somente usada, você criou esperanças sozinha, eu sempre te disse pra não fazer isso.
- Quer saber Bernardo? Me mata logo vai, me poupe dessa vida infeliz que eu vivo, me mata e eu vou ficar muito mais feliz.
- Matar eu não mataria, mas iria te manter no seu cargo, só que não aqui, na sua antiga casa, lembra?
- Me deixa ir, me deixa em paz, eu imploro, me deixa ser feliz do jeito que eu quero, eu não aguento mais ser seu objeto.
- Temos um trato, casa comigo e eu lhe deixo ir.
- Então casa comigo amanhã, mas por favor me deixa ir.
- Amanhã? Está maluca? Não dá pra ser amanhã.
- Daqui a um mês então? Pode ser?
- Tá, pode ser.
- Mas será discreto, eu não quero fazer o maior show pra depois me separar.
- OK, eu concordo.
- Certo, e aí você me deixa em paz.
- Vai ser difícil, mas promessa é promessa.
- Enquanto isso, nós só fingiremos na frente da sua família, por trás seremos como dois estranhos, sem intimidade, sem conversa, sem nada.
- Você quer assim? Então não vou ficar te implorando, até porque não tenho só você pra me satisfazer, você é a melhorzinha é claro, mas eu tenho outras lembra?
- Seu ridículo, eu não vou mais perder o meu tempo com você Bernardo, chega! Eu disse brava.
- Chega mesmo, eu tô indo, já que você não vai me dar o que quero, vou buscar em outro lugar… disse ele se levantando e se vestindo.
- Pode ir, pouco me importo, mas em mim você nunca mais vai tocar… eu disse.
- Que pena, você é uma delícia, não
queria te perder tão rápido…Disse ele saindo do quarto.
- Eu te odeio! Eu disse com muita raiva.
Eu estava extremamente nervosa, comecei a tremer e andar de um lado pro outro, Bernardo definitivamente não vai deixar de ser essa cara sem coração que eu conheci um dia… eu sei que ele nem sempre foi assim e que foram consequências de um passado ruim, mas eu não posso mais tentar fazer com que ele seja diferente, ele não quer isso, e eu já não tenho mais esperanças, pelo menos agora não mais, pode ser que ele sinta algo por mim mas ele jamais vai admitir e nem dar o braço a torcer e eu não vou mais esperar por isso, não aguento mais, eu sinto muito decepcionar os pais dele, decepcionar o Ben, mas eu não suporto mais essa vida, ou eu faço o que ele quer ou ele não me deixa ir nunca e viver assim pra sempre eu não aguento.
Respirei fundo, tentando relaxar, então decidi ir na piscina um pouco, pra literalmente esfria a cabeça que estava fervendo.
Vesti um roupão e saí do quarto, desci as escadas e fui para a cozinha saindo pelo fundos até a piscina.
Tirei o roupão ficando somente de lingerie e mergulhei na piscina nadando até o outro lado… me apoiei na borda da piscina e subi, quando subi Ben estava me observando sentado em uma cadeira bem no fundo do jardim, eu me assustei e tentei tapar o meu corpo com as mãos mas foi inútil.
- Ben, porque não disse que estava aqui… eu disse correndo até uma toalha e enrolando em meu corpo.
- Você nem me deu chance, chegou e já mergulhou de uma vez… Disse ele rindo.
- Que vergonha… eu disse.
- Relaxa, eu finjo que não vi nada, OK?
- Para com isso, assim eu fico mais envergonhada ainda.
- Só fingir que isso é como um biquíni, pra mim é como se fosse, só muda a textura do tecido e o formato é claro.
- Enfim Ben… eu disse… tá fazendo o que aqui?
- Sem sono… e você? Onde foi Bernardo? Eu vi ele saindo.
- Longa história, nem queira saber… eu disse respirando fundo.
- Nem vou perguntar então… disse ele rindo… bom, eu vou cair, você vem? Disse ele tirando a camisa.
- Mas eu tô assim né, fico sem jeito…
- Ah, que isso, não vou ficar reparando eu juro… disse ele rindo e mergulhando na piscina.
- Tá bom vai, confio em você… eu disse tirando a toalha e me jogando também.
Ficamos nadando e brincando de jogar água um no outro, depois nos sentamos na beira da piscina.
- Sabe Manu… vou ser sincero com você, eu acho que Bernardo não sente por você o que você sente por ele, desculpe, é o meu ponto de vista… disse Ben.
- Sabe Ben… eu disse e ele riu… eu também acho… desabafei.
- Mas não entendo porque vocês estão juntos ainda…
- É complicado demais pra entender Ben… mas eu quero que você saiba que eu tentei, eu tentei fazer com que fosse diferente, é que eu não tenho escolha em relação a isso.
- Como assim não tem escolha?
- Por favor Ben, não me pergunta isso, deixa tudo como está, você vai entender um dia.
- Pelo jeito a coisa é séria, confia em mim Manu… disse ele pegando em minha mão.
- Eu confio Ben, mas não posso dizer nada, não cabe a mim falar e sim ele.
- Eu te vejo tão infeliz, queria poder te ajudar…
- Ninguém pode, só eu mesma e é isso que eu vou fazer, vou me casar com seu irmão e tudo vai mudar.
- Ainda quer casar com ele? Depois de me dizer que sabe que ele não sente por você o que você sente por ele?
- Sim eu vou, e eu confio que tudo vai mudar.
- Você não pode fazer isso Manu, não pode se prender a ele sendo que ele não se importa com você.
- Ben, eu já me decidi, é isso… eu disse… mas, eu quero que saiba que eu faço isso muito mais por mim do que por ele.
- Você só pode está louca Manu, como vai se casar com ele desse jeito? Ele nem se importa com esse casamento.
- Ele se importa bem mais do que eu acredite, e eu vou fazer isso.
- Manu olha… disse ele olhando fixo pra mim… eu… eu queria te dizer antes mas, eu pensei que Bernardo te levava a sério, mas quando vi que não eu decidi falar… eu sinto algo por você, você me cativou desde a primeira vez que conversamos, mas você é a noiva do meu irmão eu não poderia fazer nada pra mudar isso, você é encantadora, é linda, meiga, gentil, uma menina mulher, eu sinto uma coisa forte quando te vejo, mas não posso manifestar isso, não até agora que sei que meu irmão não te leva a sério, eu só queria que soubesse que eu sim quero te fazer se sentir feliz, mas só posso se você deixar… disse Ben.
Eu fiquei paralisada olhando pra ele, isso não podia tá acontecendo, não podia meu Deus, o que Bernardo faria quando soubesse disso?
- Fala algo Manu… disse ele me fazendo reagir.
- Ben… eu disse nervosa… meu Deus Ben, você não pode gostar de mim.
- Porque não? Você é maravilhosa, qualquer cara que busca uma mulher como você ficaria assim como eu tô agora.
- Ben, eu vou casar com seu irmão, isso é um fato, por favor se esqueça disso.
- Não Manu, não faz isso, não estraga a sua vida por um cara como ele, que é frio com você que só te trata bem na frente das pessoas.
- Ben por favor, nada que você fale vai me fazer mudar de opinião.
- Será que… dessa forma eu consigo convencer você… disse ele aproximando seu rosto do meu, meu coração palpitou.
- Ben, não por favor… eu disse desviando o rosto mas ele segurou com uma mão o meu queixo, sua testa tocou a minha e os lábios dele se aproximaram dos meus até tocá-los calmamente, eu senti um frio enorme na barriga, era um frio de medo e nervoso ao mesmo tempo, seus lábios pareciam acariciar os meus de tão leve e suave que era o seu beijo, sua língua deslizava em minha boca em perfeita sintonia, eu não sei o que me deu, mas eu não queria que aquele beijo parasse… Ben pegou em minha cintura me puxando pra ele, minhas mãos seguraram em sua nuca, nossos lábios se enroscava cada vez mais, o beijo ia ganhando ritmo mas continuava suave e apreciável… aos poucos nós fomos parando o beijo.
- Ben, não podemos, não podemos… eu disse me levantando rápido.
- Manu, por favor… disse ele se levantando também.
- Não Ben, isso não tá certo… eu disse indo em direção a porta, mas ele segurou meu braço me puxando pra ele.
- Então o que foi isso? Essa química? Esse beijo perfeito que trocamos agora? Disse ele segurando meu rosto.
- Eu não sei… só sei que isso não pode acontecer mais… eu disse tirando suas mãos de meu rosto, mas ele me segurou pela cintura e me beijou novamente, agora com mais vontade, com mais desejo, eu não consegui evitar, não consegui negar aquele beijo, meu corpo não reagia, eu estava tremendo nos braços dele, ele estava me dominando, me conduzindo, eu não tinha reação, somente de fazer o que ele queria e ele queria me beijar, e eu senti um medo tremendo dentro de mim, por não conseguir negar esse beijo, era o que eu deveria ter feito, mas eu não conseguia…
- Ben, não, por favor… eu disse parando o beijo… não faz isso, eu estou muito frágil, vamos nos arrepender depois.
- Eu não vou me arrepender por isso… eu gosto de você Manu, ele não, não se sacrifique pelo que você acha que ele um dia possa sentir por você… disse ele.
- Você não entende Ben, por favor, me deixa ir… eu disse correndo até a porta e entrando em casa, corri o mais rápido que eu pude pro meu quarto, entrei e fechei a porta me encostando atrás da mesma, respirei fundo e deslizei até o chão me sentando… Meu Deus, porque isso agora? Porque ele tinha que gostar de mim? Porque eu não neguei aquele beijo? Será que eu queria aquele beijo? Não, eu não posso querer isso, Bernardo jamais pode saber disso, ele me mataria dessa vez… tudo que ele me fez quando me viu beijando Henry me veio à mente agora, as lágrimas já escorriam em meu rosto, eu estava tão confusa, talvez eu tenha aceitado aquele beijo por estar precisando de carinho, de cuidado, de atenção como naquela vez, mas no fundo eu gostei, mas está errado, isso não pode acontecer, eu tenho que me casar com Bernardo e ter a minha liberdade pra poder sumir daqui, agora mais do que nunca eu tenho que sumir daqui.

Continua amanhã...