Conto Erótico - A luz do seu olhar - Capitulos 41 e 42

A Luz do Seu Olhar ( Parte 2 )

Autora: Lara Smithe

Capítulo 41

Estrela

O medo é o pior dos conselheiros.
A primeira pessoa que vejo, ao entrar de maca no corredor branco do hospital, é um Alejandro barbudo e com olheiras profundas, mas a luz do seu olhar é maravilhosa de se ver. Assim que ele me vê, corre em minha direção, para a maca, e me puxa para os seus braços. — Você está bem, meu amor?  Ele a machucou, aquele crápula tocou em você? Seus olhos avaliam o meu rosto com extrema preocupação. E o meu coração acelera a cada beijo espalhado em meu rosto. Como eu quero acreditar que todo aquele amor e preocupação são para mim. Minha alma grita em desespero, pois ela sabe que em breve ficarei longe desses beijos, abraços, atenção.
Minha vontade é gritar, gritar para que ele me ame tanto quanto ele ama a Isabelle, contudo, esses meus pensamentos não podem se concretizar. Alejandro não pertence a mim, pertence a ela, a Isabelle. — Pequena Estrela — sua voz cálida me tira dos meus devaneios. O fito, e não posso controlar minhas lágrimas. — Estrela, não chore, estou aqui e nunca mais a deixarei sozinha, eu juro! Juro que onde você estiver, eu estarei também. Nossas bocas se encontram. Sinto sua língua tocar a minha. Deus! Não irei suportar ficar longe dele, eu não quero ir embora. Os enfermeiros o afastam de mim, mas ele segura minha mão e vamos juntos para o quarto. Sou examinada por um médico, e após algumas perguntas constrangedoras, dentre elas se fui abusada sexualmente, o médico constata que estou bem e já posso ir embora, mas aconselha Alejandro a contratar um psicólogo para me acompanhar por um tempo. Ele concorda na hora. Fico olhando o Alejandro conversar com o médico enquanto minha cabeça pensa em uma forma bem simples de lhe dizer adeus. Voltamos para Rio Alto no mesmo dia. No caminho fico sabendo de tudo, através de Alejandro, sobre o acidente de Alfonso. Ele me diz que o Frank planejou tudo, o que ele queria mesmo era se vingar dele. Pergunto sobre o Alfonso. — O Alfonso está bem, vai precisar fazer fisioterapia por algum tempo, mas ficará bom completamente e logo poderá retornar às suas atividades. Irá receber alta médica daqui a oito dias. — Fico feliz com a notícia. — É a única frase que consigo dizer. Recosto minha cabeça no banco do automóvel e tento dormir.
Acordo gritando, desesperada. Sou desperta de um terrível pesadelo. Quando dou por mim, estou em nosso quarto e sendo embalada nos braços do Alejandro. Em meu pesadelo, eu estava sendo arrancada dos braços dele. Alguém me puxava com tanta violência, que ao acordar ainda sinto dores em meu corpo. A sensação real que alguém estava realmente tentando me levar à força é terrível. — Está tudo bem, meu amor, eu estou aqui. Não sairei de perto de você, tente dormir agora, o médico disse que precisa descansar. A dor volta com força. Não, eu não posso continuar fingindo que está tudo bem. Não vou continuar vivendo uma ilusão, chega! Se é para dar um basta nessa mentira, é melhor que seja o quanto antes. Afasto-me do seu corpo. — O que foi, Estrela? Ele me olha com tanto carinho, tanto amor. Entretanto, aquele olhar não é para mim, é para quem eu represento. — Eu preciso me levantar — balbucio, minha voz sai arrastada. Alejandro se afasta um pouco, mas não muito, só o suficiente para me ajudar a sair da cama. — Quer tomar um banho? Eu posso preparar a banheira... — Pare. Meus olhos fixam-se nos seus. Por um momento quase vacilo e me jogo em seus braços, mas não posso fazer isso, está na hora de dizer adeus. — Pare, não precisa mais fingir, chega! Chega de fingimentos, eu já sei de tudo! — Tudo? Tudo o quê? Estrela, o que está acontecendo? Seus olhos se arregalam quando escuta a minha voz. Olho para ele, mas quase baixo os olhos. Será que você terá coragem de ir em frente, Estrela? — Já sei sobre a Isabelle e eu. Por que você mentiu para mim? Por que não me contou a verdade quando descobriu sobre nós duas, por quê? — Do que você está falando, Estrela? Não estou entendendo nada! O que a Isabelle tem a ver com você? — Chega! Não vai conseguir mentir mais para mim. Chega! Corro do quarto e vou direto para a sala. Preciso ir embora, pois se continuar olhando para ele, não conseguirei dizer adeus. — Estrela! — Sua voz furiosa me acompanha — Não fuja, agora você vai me explicar o que está acontecendo! Meu coração começa a bater acelerado. Com o peito apertado, mordo meu lábio e, antes que ele tente me impedir de ir embora, grito: — Eu sei que você sabe que as córneas que recebi foram doadas pela Isabelle e é por isso que você se casou comigo. — O quê?! — Seus olhos marejam imediatamente — Que sandice é essa, ficou doida? Quem contou essa barbaridade para você? — O Frank, ele me mostrou a papelada do hospital. Não sei e nem me interessa saber como ele conseguiu isso, mas estava tudo lá. Eu li cada letrinha. Minha alma gela. Eu quero correr, quero ficar bem longe do Alejandro, se eu ficasse ali, vendo sua palidez com a surpresa da minha descoberta, terminaria jogando-me em seus braços e pedindo para que ele me amasse e esquecesse completamente a Isabelle. — Você acreditou naquele cretino? — A questão não é essa, ele só me mostrou a documentação, e agora eu percebi porque você disse tão rapidamente que me amava. Agora eu sei que esse amor repentino não é meu, é dela. A Isabelle continua viva dentro de você, e eu sinto muito, mas não posso disputar você com uma morta. Acabou, Alejandro, e, por favor não vá atrás de mim! Corro em direção à saída, escuto os gritos de Alejandro vindo em minha direção. No caminho, me choco com o senhor Lourenço. Ele me segura pelos ombros. Olho para ele em desespero, as lágrimas jorram por meu rosto. Soluçando, suplico: — Não permita que ele venha atrás de mim, por favor. Mantenho-o longe do meu caminho, pelo menos agora. — O que aconteceu, minha filha, por que você está indo embora? — Pergunte para ele! Eu só quero ficar longe dele, pelo menos por algum tempo, diga-lhe que depois virei assinar o nosso divórcio. Deixo o senhor Lourenço sobressaltado. Saio andando apressadamente em direção à cidade. Eu só preciso pensar no que eu farei de agora em diante.
Chego à cidade meia hora depois. Alejandro não veio atrás de mim, não sei se fico feliz ou morro de chorar, pois a dúvida paira em minha cabeça: ele não me seguiu porque quer encontrar uma maneira de me convencer a voltar ou realmente aceitou o fato de que eu não sou ela e desistiu de nós dois? Entro em minha casa. Ela está com cheiro de mofo, não é de se espantar, tanto tempo fechada é claro que a umidade e a poeira se apossariam do local. Vou direto ao quarto e junto algumas roupas, não posso ficar ali, pois se o Alejandro vir atrás de mim, aqui será o primeiro local onde virá me procurar. Junto o necessário: algumas roupas, lingerie e produtos de higiene pessoal. Na pressa de sair da casa do Alejandro, eu não peguei nada, deixei meus documentos e o meu celular, mas lembrei que eu sempre guardava dinheiro na mesinha de cabeceira. Vou até lá. Há alguns trocados, o suficiente para passar na farmácia e comprar um teste de gravidez, e o restante daria para me virar até conseguir um emprego. Mas para onde eu irei? Preciso de um lugar para passar alguns dias até encontrar coragem e encarar o Alejandro para pedir o divórcio. Lembro-me de dona Mariana, a proprietária da floricultura, ela sempre me disse que se precisasse de ajuda era para procurá-la, e hoje eu estou precisando. Caminho em direção à floricultura, a essa hora ainda está aberta. A rua está calma, não há movimentação de carros, e poucas pessoas estão na praça. Já tinha passado na farmácia e comprado o teste de gravidez, mesmo sabendo qual será o resultado, só comprei por desencargo de consciência. Dona Mariana está atendendo um cliente. O espero sair com o seu buquê de rosas amarelas. — Estrela! — Quando ela levanta os olhos e me vê, chama por meu nome com entusiasmo. Ela sai de trás do balcão e vem até mim, abraçando-me com carinho. — Como é bom vê-la novamente! — Seus olhos avaliam meu rosto. — Soube do seu casamento com o senhor Ortega, nossa! Ele parece estar muito apaixonado por você. Não suporto escutar isso; caio no choro. Dona Mariana me puxa para um abraço, ela me guia até uma porta onde pudemos nos sentar. — Minha filha, o que aconteceu? Por que está tão inconsolável? Paro de respirar por alguns segundos, depois respiro fundo. Meus olhos encontram o olhar curioso de dona Mariana, e então ela acaricia o meu rosto com as pontas dos dedos. — Seja o que for, meu amor, e eu puder ajudar, estou aqui e farei tudo o que estiver ao meu alcance. — Eu... eu me separei. — Digo, soluçando. Talvez fosse melhor me calar e não contar nada, poderia ser superficial, nunca gostei de me abrir para ninguém. Embora eu nunca tenha tido amigos para compartilhar alegrias e tristezas. — Vocês brigaram? — Assinto com a cabeça — Oh, meu bem! Isso é normal, casais sempre brigam. Logo, logo vai passar, você vai ver, daqui a pouco ele vem procurá-la. Se ela soubesse a verdade não diria isso. — Eu posso ficar em sua casa por uns dias? Eu não estou pronta para conversar com ele, preciso de um tempo sozinha, a senhora me entende? Ela me fita com olhos curiosos. — Foi traição? Ele a traiu, foi isso? Minha filha, os homens são todos iguais, só mudam a cara e o endereço, desde que o mundo é mundo eles são assim e não vão mudar nunca. Não termine seu casamento por causa de uma vagabunda... — Não! — A interrompo — Ele não me traiu, mas não dá mais, eu não posso continuar com esse casamento, só isso. Por favor, a senhora me recebe em sua casa? Eu não tenho para onde ir, se ficar em minha casa ele vai me encontrar. — Você tem certeza de que é isso que quer? Quer deixar escapar entre os dedos um homem como o senhor Ortega? — Não tenho certeza de nada, dona Mariana, é por isso que eu preciso ficar longe dele por um tempo, preciso pensar no que eu vou fazer da minha vida. Ela respira fundo. — Está bem, pode ficar quanto tempo quiser em minha casa, será maravilhoso tê-la como hóspede, afinal eu moro sozinha e não é sempre que tenho alguém para conversar. Ela me abraça apertado. — Obrigada! Eu juro que é só por alguns dias. — Quantos dias você precisar. — Ela tem um riso sincero. Meu rosto é beijado. — Vou fechar a loja e poderemos ir em 10 minutos. Dona Mariana me acomoda em seu quarto. Tento recusar, mas ela insiste tanto que me sinto constrangida em não aceitar. Na noite seguinte, quando ela chega em casa, me diz que dois homens estiveram na loja perguntando por mim. Diz que mentiu descaradamente, só não sabe se eles acreditaram nela, mas mesmo assim pediram para ela ligar para eles se por acaso me visse. Eles deixaram um cartão com vários números de telefone. Segundo dona Mariana, eles eram investigadores. No terceiro dia passo muito mal, não consigo levantar da cama, toda vez que eu tento, tenho a sensação que irei desmaiar. Os enjoos começaram, e a primeira coisa que enjoei foi o cheiro do café, só em escutar a palavra café corro para o banheiro. Minha protetora fica me olhando desconfiada, mas não me pergunta nada sobre o mal-estar, apenas passa a manhã inteira ao meu lado, só se permite ir trabalhar porque ameacei ir no seu lugar. Na manhã seguinte, não consigo comer quase nada, meu estômago só aceita suco de uva e biscoito Cream Cracker. Foi o meu café da manhã e o meu almoço. À noite, dona Mariana me oferece uma sopa de legumes, assim que sinto o cheiro a náusea vem forte, não dá nem tempo de chegar ao banheiro, é no chão da cozinha mesmo. Fico muito envergonhada, pois além de estar de favor em sua casa, ainda estou dando trabalho para ela. — Estrela... — ela olha rapidamente para mim enquanto limpa o chão com um pano seco. — Você sabe com quantos meses de gravidez está? Como ela sabe que eu estou grávida? Tento fingir que não escuto a pergunta. No entanto, ela termina de limpar o chão, fica de pé e me encara. — Responda minha pergunta. A voz firme e exigente me assusta.
— Segundo o teste de gravidez, estou com 5 semanas. Ela puxa uma cadeira e senta ao meu lado.
— O senhor Ortega sabe que vai ser pai? — Nego com a cabeça e baixo os olhos, os mantenho fixos em minhas mãos nervosas. — Minha filha, você não fez essa criança sozinha, ele precisa saber sobre sua gravidez, e pelo que eu estou vendo, ela não será nada fácil, você está sentindo os sintomas muito cedo — uma mão segura o meu queixo e ele é erguido, meus olhos se levantam e encaram um rosto preocupado — É hora de deixar o orgulho de lado, você vai precisar do seu marido. Agora não é mais você, nem ele, agora são vocês — sua mão vem até o meu ventre e o acaricia. — Pense nisso, meu anjo, seu filho vai precisar dos dois... e juntos. Não faça isso com este ser inocente, seja o que for que tenha acontecido não deve ser mais importante do que uma nova vida, você precisa contar para o senhor Ortega.
Ela levanta, anda alguns passos, para diante da porta da cozinha e fala sem se virar para mim: — Não quis contar a você, mas o senhor Ortega já foi de casa em casa à sua procura, ele está desesperado. Quando entrou em minha floricultura, me implorou para ajudá-lo a encontrá-la, ele sabe que você trabalhou para mim. Estrela, ele a ama desesperadamente, o homem vai terminar morrendo de tristeza. Se ele fez algo a você, esqueça, acho que ele já pagou o erro dele, está na hora de perdoar. — Não! — Levanto, aos prantos — Ele não me ama, não é a mim que ele está procurando, é a outra, é a ex-noiva dele. Ele só me quer porque carrego um pedaço dela comigo! A senhora não entende, as córneas que foram doadas para o meu transplante eram da Isabelle — Dona Mariana olha para mim, espantada — Sim, eram dela, a noiva morta, ele só me quer por isso! Não serei uma substituta, eu o amo muito para aceitar isso. Corro para o quarto e me tranco. Dona Mariana bate na porta, chamando-me várias vezes, mas não respondo, só consigo chorar. Acordo no dia seguinte me sentindo muito mal, com uma dor aguda no baixo ventre e uma tremenda dor de cabeça. Não consigo nem abrir meus olhos direito. Mesmo assim, me esforço e vou tomar um banho. De banho tomado e com um pouco de coragem, vou procurar dona Mariana, preciso conversar com ela, já está na hora de voltar para casa e procurar o Alejandro. Ela tinha razão em uma coisa: não fiz esse filho sozinha, eu preciso de ajuda... e muita.
Arrumo minhas coisas e vou até a floricultura. Dona Mariana, assim que me vê, sorri. Vou até ela e a chamo para termos uma conversa. Vamos para a estufa, onde peço desculpas pelo modo como a tratei e digo-lhe que ela tem razão, o Alejandro precisa saber sobre o bebê, eu não tenho condições de seguir com essa gravidez sozinha. Agradeço o seu carinho e sua ajuda, e garanto que na segunda-feira vou procurá-lo e contar sobre o bebê. Ela sorri e me abraça. — Você não vai perdoá-lo, só vai contar sobre a sua gravidez? — Ele não me ama, se pelo menos eu estivesse enganada, mas não estou, ele... — começo a chorar, minha saudade do Alejandro e os hormônios da gestação estão me deixando sensível demais. — Estrela, ontem o homem que esteve aqui estava à procura da Pequena Estrela dele. — Olho para ela, surpresa. Ela ri — Sim, foi assim que ele a chamou, e as lágrimas que teimavam em sair dos seus olhos quando ele me implorou ajuda não eram por uma mulher morta, era por uma mulher muito viva e amada. Aquele homem a ama desesperadamente, não deixe a dúvida acabar com um amor tão lindo, meu bem. Corra atrás da sua felicidade, ele a ama, e ama muito. — Se a senhora soubesse como eu gostaria de acreditar nisso. Sim, eu quero muito acreditar que a luz daquele olhar quando me encara é para mim, e não para uma mulher que já havia morrido. — Pois acredite. — Sou abraçada com carinho. Dona Mariana me dá uma quantia em dinheiro para que possa comprar algumas coisas, já que eu estou decidida a voltar para a casa da minha avó. Aceito; não era hora de ter orgulho, eu preciso de dinheiro. Despeço-me dela e vou embora, mas antes de ir para casa, passo no supermercado para comprar alguns mantimentos. Durante o final de semana eu teria que encontrar as palavras certas, para acabar de vez com o meu casamento e contar ao Alejandro sobre a minha gravidez. Passo a tarde inteira me sentindo mal, começo a achar que não foi uma boa ideia ter saído da casa de dona Mariana, eu não posso ficar sozinha. As dores no meu baixo ventre aumentam.
Só então me lembro que estou totalmente incomunicável, não tenho telefone fixo e o meu celular ficou na casa do Alejandro. E agora, sua besta quadrada, se você passar mal o que vai fazer? No início da noite já me sinto melhor, a dor foi embora e o enjoo aliviou, então resolvo me deitar no sofá ‒ só nele eu consigo um pouco de conforto. Acho que cochilei, pois, acordo com batidas na porta. Deve ser dona Mariana, com certeza ela veio se certificar que estou bem. Nem pergunto quem é, pois eu tenho certeza de que é ela, mais ninguém sabe que estou aqui. Sem olhar pelo olho mágico, abro a porta. Não é dona Mariana. No lugar dela, está um homem alto, loiro, olhos verdes, com a barba grande e com um olhar triste. Aquele riso torto vem direto para mim.

Capítulo 42

Estrela

Ele está ali. O homem mais lindo do mundo e o mais amado também. Meus olhos se fixam naquele rosto tristonho. Como eu o amo, Alejandro, acho que não tem noção do tamanho do meu amor... A dor do meu coração é imensa. Embora eu dissera a ele para não me procurar e que eu iria pedir o divórcio, estou feliz em vê-lo em minha porta.
Agora a minha única vontade é me jogar em seus braços. De repente me sinto mal, meu estômago revira. Preciso de muita concentração para não deixar transparecer o meu mal-estar. — Podemos conversar, Estrela? — É transparente a sua consternação. Alejandro está muito abatido, posso dizer que está pior do que quando o vi pela primeira vez. Afasto-me da porta e lhe dou espaço para passar. Ele entra, cabisbaixo, não diz mais nada, apenas se senta no sofá da sala e continua olhando para o chão. Ficamos silenciosos por alguns segundos, acho que um esperando o outro tomar coragem para expressar as primeiras frases. Eu quero só escutar uma frase: Eu a amo, Estrela. Mas além de escutá-la, quero ver em seus olhos sinceridade. Fecho a porta atrás de mim, respiro fundo e aproximo-me dele. Ele levanta a cabeça, erguendo a sobrancelha. — Será que podemos conversar sem brigas? Será que você pode me escutar sem me interromper? Será que você pode simplesmente acreditar em tudo o que vou dizer? Acho que, no mínimo, mereço isso. — Sim, eu posso. — Sussurro. Já está na hora de acabar com isso tudo. — Você pode se sentar aqui, ao meu lado? — Ele bate levemente no assento do sofá. Eu não quero ficar tão próxima, mas sua voz suplicante corta o meu coração. Amo esse homem desesperadamente, e vê-lo tão derrotado me quebra. Sento-me e cruzo uma mão sobre a outra, apertando fortemente o dedo polegar. Evito olhar para ele, pois eu sei que se fizer isso todo o meu controle irá por água abaixo. Limpo a garganta e me recosto no sofá. Alejandro vira a cabeça em minha direção. Seus olhos estão marejados. Não faz isso, meu amor, não me olhe assim. — Estrela, eu não sabia sobre o transplante, e se eu tivesse descoberto sobre ele — sua mão cobre a minha. Olho para os seus olhos e posso ver sinceridade. — não estaríamos tendo esta conversa. Ele se levanta, caminha até a mesa, põe as mãos fechadas em punhos sobre o tampo e apoia o corpo, inclinando-se um pouco. Respira fundo, lentamente, então ele se vira e me encara.
— Estrela, não vou repetir esta conversa, só espero que acredite em mim. Não vou forçá-la a nada, se após tudo isso que eu te contar você continuar com a ideia de pedir o divórcio, aceitarei sua decisão, certo? — Certo — Alejandro volta a se sentar ao meu lado. — Como eu disse, se soubesse a verdade sobre o seu transplante nem estaríamos tendo esta conversa porque, com certeza, eu a teria expulsado da minha casa. — Desta vez, sou eu a fitá-lo com surpresa. Ele ri torto. — Na época fui completamente contra a doação dos órgãos da Isabelle, foi por isso que a joguei no chão quando nos esbarramos no hospital em nosso primeiro encontro. Briguei com o meu sogro quando descobri que ele havia autorizado. Fiquei cego de raiva, eu só queria sair daquele hospital e me esconder do mundo e de todos. Só aceitei e entendi esse ato de doar quando a conheci, e assim mudei de ideia. Hoje, eu sei o quanto a doação de órgãos é importante na vida de outra pessoa; para mim não é simplesmente doar órgãos, é doar amor. Alejandro segura minha mão, sinto o seu polegar acariciá-la lentamente. Nossos olhares se cruzam e fixam-se um no outro. — Eu não sabia, fui pego de surpresa tanto quanto você. Não vou negar que fiquei feliz por saber que um pedaço da Isabelle está em você, ela foi o primeiro amor da minha vida. Com ela, eu descobri o que é amar de verdade, ela... ela me preparou para você. Eu a amei muito, mas hoje o meu amor é só seu, meu coração, meu corpo, minha vida, são seus... Pequena Estrela, eu a amo, amo como nunca amei outra mulher. Você não é e nunca será substituta. Você é única, acredite em mim. Sentir aquela carícia quente no dorso da minha mão e aquelas brandas palavras fazem as lágrimas jorrarem por minha face. E agora? Acredito ou não acredito nele? Puxo minha mão da mão dele. Levanto-me apressadamente, afastando-me o mais longe possível do seu corpo. Você não é uma covarde e tampouco uma egoísta orgulhosa. Em lágrimas, o fito. — Per-perdoe-me, eu fiquei tão decepcionada, tão triste, pensei que eu era apenas uma substituta... Alejandro não me deixa completar a frase. Em segundos, seus braços cercam o meu corpo e a sua boca faminta devora a minha. Fico sem fôlego; o beijo é muito, muito possessivo, suas mãos passeiam por meu corpo tomando posse de cada pedaço meu. Elas demarcam o território como se estivessem falando “tudo isso aqui é meu”, e eu gosto de cada toque, de cada aperto dos seus dedos sobre minha pele. — Que saudade de você, meu amor! — Ele murmura, com a boca colada à minha. — Não conseguia parar de pensar em você por um segundo, esses últimos dias foram como viver no inferno com o capeta me cutucando a bunda com o tridente — sua testa encosta na minha, e ficamos nos olhando, ofegantes — Estrela, eu pensei que iria morrer. Fiquei louco à sua procura, revirei essa cidade de pontacabeça, até que a dona da floricultura me ligou contando onde você estava. Então foi dona Mariana, ela o avisou.
— Perdoe-me, eu fiquei... Mais uma vez, ele me cala com um beijo. Sou colocada em seus braços, e quando percebo estamos deitados no sofá, seu corpo sobre o meu e uma de suas mãos bem no meio das minhas coxas, explorando a umidade que já escorre do meu sexo saudoso. Seu polegar contra a minha virilha, acariciando-a por cima da minha calcinha molhada. — Eu preciso de você, minha pequena. Eu preciso me perder em seu corpo, em seus gemidos, em sua boceta quente. Meu Alejandro safado está de volta, aquela boca sedutora e sem medir palavras está direcionada a mim. Seu braço me puxa para mais perto do seu corpo, o aperto faz minha respiração diminuir. — Eu o quero tanto, Alejandro, tanto que às vezes me esqueço de mim mesma. — Nunca mais fuja de mim, e nunca mais duvide do amor que eu sinto por você. Uma boca quente se choca com a minha. Recebo um chupão na língua e uma mordida. Sua mão circula em meus seios e os meus mamilos são acariciados. Enquanto eles são acarinhados, ficamos nos olhando durante alguns segundos. Deixamos o nosso desejo cru crescer entre nós, até que sua linda boca se une à minha outra vez. A cada beijo dele, meu coração dispara. Alejandro tem o dom de me levar ao céu e à terra em milésimos de segundos. Suas mãos passeiam em meu corpo com uma desenvoltura gritante. Seria capaz de gozar só com suas carícias. Respiro tão profundamente que só sinto meu vestido sendo puxado para cima e minha calcinha sendo arrancada sem nenhuma delicadeza. — Cristo! — Respiro fundo mais uma vez, minhas pernas são separadas. — Alejan... Minha mão desliza sobre o seu cinto, meus dedos um pouco desajeitados soltam a fivela, e uma boca pressiona contra o meu pescoço, mordendo-o. Uma língua quente e molhada escorrega em minha pele, e enquanto seus lábios soltam leves beijos, ele sussurra: — Senti falta do calor da sua boceta, minha mulher. — Eu... eu senti falta do seu pin-pintão dentro mim, meu marido. — Ri. Aquele pinto enorme não deveria ser chamado de pau. Minha respiração acelera quando sinto suas mãos tão próximas ao meu sexo. Meu queixo é mordido duramente e sua respiração quente arrepia minha pele. Quase engasgo quando sinto dois dedos deslizando dentro da minha vagina, socando dentro e fora lentamente. — Inferno! Você é deliciosamente quente. Ele empurra mais profundamente, gemo baixinho quando sinto o tremor dentro de mim. Involuntariamente arqueio minhas costas enquanto meu clitóris é acariciado por seu polegar. Já estou quase gozando quando, de repente, ele tira os dedos de dentro de mim. — Deliciosa, é tão doce quanto um favo de mel. — Ele lambe os dedos lentamente. Sinto o seu sexo esfregar contra as minhas coxas, sua outra mão envolve minhas pernas em volta de sua cintura.
— Estrela, eu preciso estar dentro de você. Meu corpo está em fogo. Meu rosto é seguro por sua mão, e os seus lábios encontram os meus. Sinto a mordida fina em meu lábio inferior. — Tenho fome de você, necessito, preciso dos seus gemidos... Gemo em sua boca quando ele me beija novamente. Abrimos os olhos ao mesmo tempo e os mantivemos fixados. Ele olha para mim com uma expressão apaixonada, com um vislumbre que me aquece a alma. Sua mão mergulha por baixo do meu corpo e encontra a minha bunda, elevando o meu quadril. Seu corpo vai para frente, deslizando seu sexo em mim, minhas pernas pressionam o seu corpo ao meu. Meus dedos envolvem o seu pescoço e o agarram quando sinto o impacto do seu quadril contra meu sexo. Ele entra em mim com força, uma vez, e de novo... de novo... Arqueio o corpo, e assim que faço isso, sua boca circula o meu mamilo, sua língua o saboreia com precisão, um a um são chupados e mordidos. Sinto-me no céu, cada chupão, cada mordida me deixa em transe. Nossas bocas se encontram outra vez e ganho beijos possessivos enquanto sou fodida duramente. Estou a ponto de perder o controle. — Alejandro, eu o amo... — digo, entre gemidos. — Eu sei, eu sei, mas garanto que não ama mais do que eu. — Ele me olha fixamente, seu sexo afunda todo dentro da minha vagina — Quero você mais que qualquer coisa em minha vida. Meu corpo treme, meu coração acelera; sinto um arrepio percorrer toda a minha espinha. Aperto-o com mais força contra o meu corpo, minha vagina sente o pulsar do seu sexo. Minha boca é dominada pela sua, seus lábios apertam os meus e sua língua se encontra com a minha. Meus gemidos são abafados, o beijo é implacável. Perco o ar. Nossos olhares se encontram outra vez. Suplico com o olhar, e ele entende e afrouxa o beijo. Tanto eu como ele estamos enlouquecidos pelo desejo desvairado. Alejandro solta um grunhindo de libertação, e os seus espasmos ferozes fazem o meu corpo inteiro tremer. Ele junta sua boca à minha enquanto jorra o seu prazer dentro de mim, e eu grito o seu nome em meu último suspiro alucinante. Ficamos longos minutos atrelados um ao outro, seu sexo ainda pulsando dentro da minha vagina. Minutos depois, sinto dedos escovarem os meus cabelos e o meu rosto é beijado com carinho. Alejandro já respira com tranquilidade, e eu também. Com cuidado, ele sai de mim, mas não nos levantamos, ele só troca de lugar. Logo estou deitada sobre ele, com minha cabeça apoiada em seu peito. — Você está bem? — Suas mãos alisam os meus cabelos e seus lábios beijam o alto da minha cabeça. — Nunca estive tão bem quanto estou agora. — Respiro fundo. Ele faz barulho ao rir. Levanto a cabeça e o encaro. Meu nariz é beijado. — Nosso apartamento já está pronto, podemos nos mudar hoje mesmo, se quisermos. Apoio minha mão em seu peito e me sento entre suas pernas, com as costas apoiadas em seu peito. — Eu acho que vamos ter que fazer uma nova reforma, não vai dar para mudar agora. Bem, chegou a hora de lhe contar sobre a gravidez. Não tenho a mínima ideia da reação dele, mas acho uma ótima oportunidade. Alejandro me vira em sua direção e me olha com desconfiança, aquelas sobrancelhas arqueadas e o seu olhar intrigante avaliam cada traço do meu rosto. — Como é que é?! Qual o problema com o nosso apartamento, afinal foi você mesma quem escolheu tudo! Senhora Estrela Ortega, desembucha logo, por acaso não quer mudar para Lagoas? Se for isso, eu... O calo com dois dedos em seus lábios e sorrio para ele. Pego uma de suas mãos e a levo até a minha barriga, a firmo lá enquanto digo: — Amor, só teremos que reformar um dos quartos, ou o quarto de hóspedes, ou o seu escritório, pois em breve teremos companhia. Deslizo a sua mão em minha barriga e fixo os meus olhos aos seus, sorrindo. Enquanto ele alisa a minha barriga, seu olhar fica enevoado e o seu maxilar treme. Em segundos, uma lágrima escorrega por sua face e logo outra rola em seguida. — Aqui... aqui tem uma pessoinha? — Segura delicadamente minha barriga, olho para ela e para mim. — Tem uma pessoinha aqui?
— Assinto com a cabeça. Estou tentando não chorar, mas quando o vejo em lágrimas, o acompanho. — Inferno! — Olha para mim, espantado — Desculpa, preciso começar a medir minhas palavras... Céus! Eu vou ser pai... caral... — ele se cala — Desculpa, filho, merd... ai, meu Deus! O que faço agora? Gargalho. Ele está completamente desorientado. — Calma, amor. Eu também não sei o que fazer, estamos no mesmo barco, acho que vamos ter que aprender juntos. Alejandro se senta e passa a perna por cima de mim. Ficamos lado a lado, ele não larga minha barriga. Seus olhos brilham ao me encarar, e o seu riso é o sorriso mais lindo do mundo. Sua cabeça se inclina em direção ao meu ventre e sua boca fica bem próxima a ele. — Meu filho ou filha — sussurra — você vai nos ensinar a sermos bons pais, não vai? Em seguida, ele beija minha barriga e se agarra a mim com força, chorando compulsivamente. Seus soluços sonoros me assustam, pois não esperava essa reação. Minha atitude é segurar em sua cabeça e alisar os seus cabelos até os seus soluços cessarem. Ele suspira e se vira para mim. — Família, somos uma família agora, eu, você e ele. Há alguns meses, eu pensava que tinha perdido tudo na vida, e agora eu tenho vocês. Obrigado, Estrela, obrigado por me fazer tão feliz. — Minha barriga é beijada por diversas vezes. Meia hora depois, já tinha sido banhada e estava dentro do carro sendo levada de volta para casa.
Chegamos à casa de campo em quinze minutos. Alejandro não me deixou pisar no chão. E assim que sou colocada na cama, ele liga para o hospital. — Vou marcar nossa primeira consulta prénatal — é o que ele diz. A consulta é marcada para às dez horas da manhã da semana seguinte. Quando desliga o celular, corre para fora do quarto, sou proibida de me levantar. Bem, ele está demorando, então resolvo verificar o que meu marido está aprontando. Quando ponho os meus pés no corredor, sinto o cheiro de comida. Meu estômago embrulha e fica pior quando vejo o que ele está preparando para o jantar: sopa de ervilhas. Foi tudo muito rápido, em segundos vomitei todo o meu almoço. Alejandro é rápido; corre ao meu socorro, levando-me imediatamente para o banheiro mais próximo. Demora uma porção de tempo para o enjoo passar, pois é só pensar na sopa de ervilha ‒ aquele troço verde ‒ a ânsia de vômito volta quase de imediato. No fim das contas, meu jantar foi chá com biscoitos salgados. Chego à conclusão que minha gravidez não será nada fácil, não por causa dos enjoos e incômodos consequenciais de uma gestação, mas por ter um marido protetor, mandão e extremamente apaixonado, e de quebra ganho um sogro que não deixa nada a desejar em relação ao seu filho do coração.
Três dias após a primeira consulta com o obstetra, Alejandro liga para o Lourenço e lhe conta a novidade, dois dias depois meu sogro e sogra, estão em nossa casa de malas e cuias. Enquanto o Alejandro está no trabalho, é o meu amado sogro quem cuida de mim. Mal consigo pôr o pé no chão, e lá está ele com uma tigela de sorvete, biscoitos salgados ou salgadinhos de milho. Recomendações médicas, para aliviar os meus enjoos terríveis. Mas o que fazer quando uma grávida tem desejos loucos e os dois homens da sua vida não dizem não? A bem da verdade até gosto, pois não fico sozinha e tenho uma mulher para me ensinar tudo sobre bebês. Alejandro cogitou a ideia de chamar a Maria, uma antiga empregada da família, mas quando ele ligou para ela, nossas esperanças foram jogadas ao vento: ela estava cuidando de uma irmã muito doente e não poderia deixá-la sozinha em hipótese alguma. Portanto, quando o Lourenço chegou cheio de sorrisos e de mudança, fiquei feliz, mas às vezes, ele me tira do sério. Não, ele não, os dois, tanto o pai como o filho. Às vezes, fico com vontade de gritar com ele, mas quando o Lourenço me olha com aquela cara de felicidade, eu me lembro das suas palavras emocionadas no primeiro dia em que ficamos cara a cara, assim que voltei para casa. Foram exatamente essas: — Estrela, posso roubar o seu tempo só um pouquinho? — Lourenço, você pode roubar o tempo que quiser de mim — sorri para ele e o abracei.
Não fazia ideia do que escutaria a partir daí. — Bom saber disso — ele riu e passou a mão em meu cabelo, bagunçando-o. — Filha... eu posso chamá-la assim, posso? — Sim, e eu posso chamá-lo de pai? Com o olhar emocionado, ele me fitou. Seus olhos permaneceram em meu rosto por longos minutos. — Não imagina o quanto isso me faria feliz. — Pigarreou, tentando disfarçar a emoção — Pois é... Uhum! Estrela, quando o Alejandro me contou sobre... — pigarreou novamente — sobre o... o transplante... as córneas... você sabe, as... — As córneas da Isabelle. — o interrompi, pois se não fizesse isso ficaríamos por longas horas com essa conversa. — Sim, é isso... bem, você não imagina a minha emoção por saber que um pedaço da minha filha estava tão perto de mim, era... era como um presente de Deus, uma segunda chance para poder amá-la novamente. Por isso agora eu entendo, porque quando a conheci tive a certeza que você seria a garota certa para ajudar o Alejandro, e sei que a minha insistência em a manter ao lado dele foi por razões maiores do que o amor que eu sinto por ele. Não se assuste com o meu amor e meus cuidados, para mim você é como se fosse minha filha querida. Eu sei que não é, mas de alguma forma ela está com você e isso me deixa feliz, pois minha Isabelle doou todo o amor que existia dentro dela, e hoje, um pouco desse amor está aqui diante dos seus olhos e prestes a me dar um neto... Depois de uma pausa cheia de emoção, ele continuou:
— Amo você, Estrela. Amo como se fosse minha filha Isabelle, você entende isso? Entende esse meu sentimento por você? Ele não surgiu quando eu descobri que você recebeu as córneas dela, surgiu no dia em que a conheci. Meus hormônios já estavam uma bagunça, e ao escutar tamanha declaração, desmoronei. — Eu entendo, entendo, senhor Louren... Papai. Também o amo, e já chega de me fazer chorar. Fui abraçada com carinho, meus cabelos foram bagunçados novamente. — É melhor mesmo, ou corro o risco de ser mandado de volta para Paris, pois se o Alejandro a encontrar soluçando desse jeito, é o mínimo que ele fará comigo.
Dois homens superprotetores, uma sogra zelosa e extremamente amável, mas quando os três implicavam com os meus desejos, só recorrendo às minhas armas secretas: os seguranças! Sempre recorro ao Alfonso quando preciso, ele já está de volta ao lar, e o meu fiel escudeiro nunca me nega ajuda. No terceiro mês de gestação, comecei a sentir desejos de comer manga verde com sal, caju com sal, e comer pétalas de rosas vermelhas... Alejandro e companhia, só em escutar tais palavras, só faltaram mandar cortar todas as mangueiras, cajueiros e roseiras de Rio Alto, portanto, fiquei quieta, e quando o desejo vinha forte, o tio Alfonso estava lá para ajudar o sobrinho ou sobrinha. Como ele não podia subir nas árvores, deu ordens aos seguranças para fazerem isso por mim. E foi assim até o dia em que o Alejandro me pegou com a boca na botija. Foi briga para uma semana, quase ele despede o coitado do segurança. Com muito charme e dengo, eu consegui convencê-lo a não fazer isso, jogando toda a culpa em mim ‒ menti vergonhosamente. Disse que ameacei despedi-lo se não fizesse o que estava pedindo. Não sei se o Alejandro acreditou, mas o segurança continuou no emprego. Por causa das minhas travessuras, nos mudamos para Lagoas antes da data prevista, o quarto do bebê ainda estava sendo reformado. Despedi-me de dona Mariana, e ela prometeu me visitar assim que o bebê nascesse.
Alejandro comprou um apartamento para o Alfonso no mesmo prédio que o nosso, um andar abaixo. Após o acidente, a amizade entre os dois ficou muito mais fortalecida. O Lourenço e a Lorena, depois de insistirmos muito, aceitaram o nosso convite em vir morar conosco, pelo menos até o bebê nascer. Estava gostando de viver em Lagoas, pensei que não iria gostar de viver presa em um apartamento, mas me enganei. Com o marido atencioso que eu tenho, é impossível me sentir entediada; ele é surpreendente a cada segundo. Fico imaginando quando ele souber o sexo do bebê. Amanhã será mais uma tentativa, todas as vezes que vamos a uma consulta com o obstetra e ele tenta ver o sexo, o bebê não permite e saímos frustrados do consultório, talvez amanhã ele nos deixe saber.

Amanhã tem os capitulos finais do conto

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